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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro

Campus Duque de Caxias


Disciplina: Língua Portuguesa
Prof.: Luciana Vialli

Texto 1: Você sabe o que está comendo?


A dica da vovó, o anúncio da televisão e até mesmo interesses políticos se misturam com pesquisas sérias e confundem o
consumidor, ávido por receitas para emagrecer e viver mais. Essa mistura de interesses se transformou em um grande refogado de
mitos.
Os enganos começam pela carne. E a principal vítima dos preconceitos é a de porco. Originalmente, ela era gordurosa.
Mas há tempos perdeu medidas. A indústria mudou até o nome do produto para ''carne suína'', mas nem assim a população confia
no emagrecimento. ''Entre 1963 e 1990, houve a diminuição de 77% da gordura e 53% das calorias do suíno'', afirma Luciano
Roppa, veterinário especialista em nutrição animal. ''A seleção genética segue a tendência light do mercado e dá preferência aos
animais magros.'' É por isso que pessoas mais velhas reclamam que não se fazem mais toucinhos como antigamente. Antes, a capa
de gordura tinha em média 5,5 centímetros - agora tem 1,5 centímetro. O bife de pernil tem hoje a metade da gordura saturada de
um bife de filé mignon com o mesmo tamanho. E praticamente metade do colesterol presente na mesma medida de uma coxa de
frango com a pele.
( Adaptado de BOCK, Lia. Época, 25/07/2005)

Texto 2: O porco passado a limpo


A humanidade adora bacon e linguiça, mas deposita tudo o que é de ruim e nojento na reputação dos suínos. Será que
esses espertos animais merecem ser tratados tão mal?
por Marcos Nogueira
Sujo, imundo, grosseiro, torpe, imoral, parou ao descobrir que o porco é mais saboroso.
obsceno, malfeito. Eis alguns dos sentidos que os Segundo, a associação com os humanos foi lucrativa
principais dicionários atribuem à palavra “porco”. para a espécie. A dinâmica da evolução não dá a
Então a humanidade odeia porcos? Nem tanto. mínima para o indivíduo: graças ao sacrifício de seus
Especialmente se falarmos de linguiças, salames, semelhantes, os porcos se espalharam por todos os
presuntos e afins – neste ano, os rebanhos suínos do continentes e hoje somam 1 bilhão no mundo inteiro.
mundo inteiro devem ser transformados em 103,6
milhões de toneladas da carne favorita do planeta. A sociedade suína
Enquanto isso, a imagem do animal vivo Em The Whole Hog, Lyall Watson propõe
patina para sair da lama. Babe, o leitão-prodígio do uma definição bastante ampla de porco. Ela inclui os
cinema, ganhou a simpatia da audiência, mas ter um porcos domésticos, suínos selvagens como o javali e
porco de estimação ainda é coisa para gente muito até mesmo a queixada e o cateto, animais das Américas
excêntrica – inclua nessa lista o superastro George que têm cara e focinho de porco, mas apresentam
Clooney. No meio acadêmico, os estudos concentram peculiaridades anatômicas que os colocam em outra
esforços na melhoria da produção de carne. O família, os taiassuídeos. Em comum, todas essas
naturalista Lyall Watson, que passou a infância na espécies desenvolveram estruturas sociais complexas e
companhia do javali-africano Hoover, é uma exceção: sistemas de comunicação engenhosos.
admirador sincero dos suínos, dedicou a eles o livro O porco carrega a fama de ser sujo e
The Whole Hog – Exploring the Extraordinary fedorento. Não é bem assim. “Eles usam a lama para
Potential of Pigs (em tradução livre, “De Cabo a Rabo reduzir a temperatura corporal”, diz a engenheira
– Explorando o Potencial Extraordinário dos Porcos”, agrônoma Jacinta Ferrugem Gomes, da USP,
inédito no Brasil). especialista em suínos. Descendente do javali eurásico,
Na opinião do sul-africano Watson, o porco é o porco doméstico se sente à vontade em temperaturas
tão vilipendiado quanto incompreendido. “A triste entre 16 e 20 graus Celsius. Acima dos 25 graus, o
verdade é que sabemos muito pouco sobre porcos; e calor fica insuportável para o bicho, que, para piorar,
pouco do que pensamos que sabemos é verdadeiro.” A não tem glândulas de suor. Nessa situação, qualquer
lama dos chiqueiros esconderia um animal dotado de um mergulharia de trampolim numa piscina de lama –
inteligência notável – comparável à dos golfinhos, embora os suínos dêem preferência a tocas cavadas no
elefantes e grandes primatas. Anos-luz à frente de solo quando estão em condições selvagens.
cabras, vacas e ovelhas. Um degrau acima dos Até para usar o banheiro o porco tem suas
cachorros. inibições. “Eles defecam somente em alguns lugares,
Por falar nisso, Watson sustenta que caninos e estabelecem ‘latrinas’ em pontos consensuais, mesmo
suínos foram domesticados mais ou menos à mesma em ambientes severamente limitados”, diz Lyall. Isso
época, entre 12 mil e 10 mil anos atrás. Se o porco não pode ser verificado em criações comerciais.
é o melhor amigo do homem, pelo menos é um dos “Construímos as baias respeitando o comportamento
mais antigos. Mas que raio de amizade é essa, em que do animal: o comedouro fica sempre do lado oposto ao
um dos camaradas quase sempre acaba na panela? Em do local de defecar e urinar”, afirma Jacinta. Se alguns
primeiro lugar, há evidências arqueológicas de que o chiqueiros são imundos, é porque os homens os
homem primitivo usava cães como alimento – e só mantêm assim.

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E os cheiros? Eles são essenciais na para localizar fontes de alimentos, mas também para
comunicação entre os suínos, que os produzem aos achá-las novamente depois de longos intervalos.
montes. Cada animal possui, espalhadas pelo corpo, Porcos brincam entre si, mesmo quando
nove glândulas que secretam substâncias odoríferas adultos. “Alguns animais, nos momentos de tédio
fundamentais para a coesão do grupo. “Membros do aparente, começam a correr atrás dos outros, simulando
mesmo bando, que compartilham muitos dos mesmos brigas”, afirma a bióloga Cibele Biondo, da USP, que
genes, acabam por ter um tipo de ‘odor de colméia’, estuda o comportamento dos catetos. A engenheira
algo que permite a membros de uma vara reconhecer agrônoma Jacinta, que trabalha com porcos
uns aos outros em um nível inconsciente”, afirma domésticos, também observa esse comportamento:
Watson. São códigos que nós não temos a capacidade “Eles ‘jogam bola’ e são capazes de usar um pneu
de decifrar – talvez porcos achem repulsivo o aroma do pendurado no teto como balanço”. Para Lyall, as
Chanel n° 5. brincadeiras são pré-requisitos para aquisição de uma
Uma vara de porcos -– domésticos ou série de habilidades sociais. “Brincar parece ser uma
selvagens – deixa suas marcas cheirosas por onde quer atividade necessária para o cérebro saudável – tanto de
que passe. Além do mais, suínos não são porcos quanto de humanos”, diz.
particularmente silenciosos. Tudo isso, em tese, ajuda E às vezes o cérebro do porco pode nos dar
os predadores, pois faz da localização dos animais uma rasteiras. Em 1914, o psicólogo Robert Yerkes, da
tarefa fácil. Mas o benefício de manter o grupo unido Universidade Yale (em Connecticut, Estados Unidos),
acaba por ser maior que o custo. Estar no meio da submeteu diversos animais – incluindo porcos e
multidão sempre aumenta as chances de sobrevivência. humanos – a um teste de memorização de padrões em
Há também aqueles que contra-atacam, como as que uma recompensa era escondida em diferentes
queixadas da América do Sul. Essas criaturas vivem compartimentos a cada vez. Os suínos foram
em bandos de até 200 indivíduos equipados com dentes excepcionalmente bem na prova, matando a charada
fortes o bastante para quebrar castanhas-do-pará. mais rapidamente que muitos dos voluntários humanos.
Quando acuadas por jaguatiricas, onças ou humanos, as Não, porcos não são mais inteligentes que nós.
queixadas põem-se em formação circular e fazem um Mas um olhar atento pode revelar similaridades
“arrastão” contra o predador -– que pode se dar muito assombrosas entre as duas espécies. “Se queres
mal caso não consiga fugir. conhecer teu corpo, mata um porco”, diz um provérbio
Porcos domésticos não costumam ser tão português. As semelhanças anatômicas estão no trato
agressivos, mas têm lá seus rompantes de delinquência. digestivo, nos dentes, no fígado, no coração. Porcos
Como conseguem delimitar um círculo social de até 30 também são suscetíveis a algumas das mesmas doenças
animais, entram em parafuso em grupos grandes que acometem os humanos – como câncer, reumatismo
demais. “Eles começam a formar subgrupos e adotar e artrite –, além de responder da mesma forma a muitos
um comportamento de gangues, em que um bando medicamentos. Por isso, eles se destacam entre as
hostiliza o outro”, diz Jacinta. A hierarquia da cobaias nas pesquisas médicas de transplantes ou de
sociedade suína é linear: há um indivíduo dominante, novas drogas.
um segundo mais poderoso e assim até chegar àquele A humanidade encara o porco como um bicho
que não apita nada. No topo da sociedade, alguns que está aí para nos servir. Milhões deles são
machos constituem haréns com dez “esposas”, em sacrificados o tempo todo, seja para nos prover
média. Os outros aguardam a vez de desafiar os alimento, seja para salvar as vidas de nossos doentes. É
machões do pedaço e conquistar seu próprio mulherio. perturbador perceber que esse animal tem muitas coisas
Ou não: “Machos subjugados por todos os outros em comum conosco – e enxergar que já houve vida
podem passar a agir como fêmeas”, diz Jacinta. “Mas o inteligente nos pertences de uma feijoada.
homossexualismo é mais comum em fêmeas com
tendência dominante.” O porco em números
• Uma corda feita com todas as linguiças e salsichas
Um animal especial produzidas no planeta em um ano seria longa o
O porco leva uma enorme desvantagem em suficiente para ir 3 vezes da Terra à Lua e voltar
relação ao gorila e ao chimpanzé, animais mais • No Brasil, há um porco para cada 5 habitantes
comumente associados à noção de inteligência: não • 1 bilhão é a população global de suínos
possui patas capazes de manipular objetos ou criar • A Dinamarca é campeã mundial em consumo de
instrumentos. Para explorar o mundo, ele se vale de seu carne suína: cada cidadão consome em média 77 quilos
focinho, que está longe de ter o tamanho e a por ano
diversidade de movimentos da tromba do elefante. • 48 leitões diferentes foram usados para “interpretar” o
Suínos também carecem da agilidade e da rica papel principal do filme Babe, o Porquinho
expressão corporal do golfinho. Porcos são animais Atrapalhado
presos a um corpo muito pouco especializado. • 20 mil dólares é o preço que um porco de estimação
Por isso, precisam se adaptar para aproveitar da raça potbelly pode custar
ao máximo o ambiente. A chave da inteligência suína, • Morto e desmembrado, um porco se
segundo Watson, é o hábito de comer de tudo. divide em: 18% de pernil, 16% de toucinho,
“Onívoros nunca param de investigar e estão sempre à 15% de lombo, 12% de copa-lombo, 10% de
procura de qualquer coisa que possa lhes trazer alguma banha, 3% de costelinhas e 26% de outros
vantagem.” Essa curiosidade requer uma memória cortes
espacial desenvolvida: porcos são aparelhados não só (Adaptado de NOGUEIRA, Marcos.
Superinteressante, 02/2005)

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Questionário

1) Os textos 1 e 2 ressaltam características dos suínos, no entanto, eles possuem focos


diferentes. Explique qual o enfoque dado por cada texto ao mundo suíno, retirando deles
trechos que comprovem sua resposta.

2) Indique as definições encontradas nos textos para o PORCO.

3) Qual o tópico frasal1 do 2º parágrafo de A Sociedade Suína?

4) Observe a expressão enquanto isso (segundo parágrafo). Qual a relação de significado


estabelecida com o parágrafo anterior?

5) Quais as explicações que a engenheira Jacinta Ferrugem Gomes expõe para justificar a
sujeira e o odor do porco?

6) De que modo o autor articula o 3º e 4º parágrafos com o 2º parágrafo de A Sociedade


Suína?

7) Elabore um esquema do texto lido, transformando cada parágrafo numa frase que contenha
suas ideias principais.

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A ideia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal. Esse período orienta ou governa o resto
do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do parágrafo;
ele é o período mestre, que contém a frase-chave.

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