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UFSM / CESNORS / PAISAGISMO E FLORICULTURA

Profa. Adriana Graciela Desiré Zecca

UNIDADE 2 – ESTILOS DE JARDINS


2.1 – Estilos da Antigüidade e Idade Média.
2.2 – Estilo Renascentista e Pós-renascentista.
2.3 – Estilo Paisagista.
2.4 - Estilos Orientais.

HISTÓRIA DO PAISAGISMO

Para nos reportarmos às origens históricas do paisagismo, vamos regredir no


tempo até a Pré História, onde os estudos arqueológicos encontram nas pinturas
primitivas das paredes das cavernas, o desenho de espécies de plantas representadas
pelos seus habitantes há milhões de anos passados. Tais espécies foram exaustivamente
estudadas por renomados botânicos de nossa época, os quais chegaram à conclusão que
algumas das espécies enquadravam-se entre famílias do reino vegetal cujas propriedades
podem ser consideradas comestíveis, outras, porém, para surpresa geral, não teriam
outra serventia que não fosse a figurativa, para não terem que admitir o qualificativo de
decorativa.
Na realidade, nenhum antropólogo, conseguiu ainda, até nossos dias, determinar
com clareza os tipos de raciocínios ou instintos que moveram os primórdios da evolução
comunitária dos nossos distantes antepassados primitivos, entretanto, podemos levantar
a tese de que, ao se deslocar das matas para as cavernas em busca de abrigo mais seguro
contra os animais predadores e da ação das violentas intempéries, o homem primitivo,
sentindo falta do elemento vegetal das matas onde nasceu, tenha levado consigo alguns
exemplares de espécies das plantas representativas do seu anterior habitat. Podemos,
portanto, seguindo a lógica dessa linha de raciocínio, chegar à conclusão que aqueles
nossos longínquos ancestrais, poderiam ter levado consigo para as proximidades das
cavernas, os tipos de vegetação que mais lhes agradavam, iniciando assim os primórdios
do paisagismo pré-histórico.
Fica perfeitamente entendido que tais seres humanos não conheciam ainda
sequer os rudimentos da mais primitiva agricultura, não sabendo, pois, como
transplantar ou mesmo cultivar uma planta, por isso passaram a expressarem sua figura
na tela natural das paredes das cavernas através de pinturas rudimentares.
Como ocorreu na codificação das mais expressivas religiões dos vários povos do
mundo, através do Jardim do Éden, onde habitavam Adão e Eva em meio à paisagem
paradisíaca formada por vegetações que lhes proporcionavam cenário de prazer e
deleite.
Além dos conceitos religiosos e filosóficos, vários outros fatores formadores da
cultura das civilizações ao longo do tempo, imprimiram no homem os diferentes estilos
da expressão artística em suas obras de pintura e escultura, devidamente documentadas
pela história da evolução das artes humanas. Como não poderia deixar de acontecer, a
jardinagem surgiu como uma forma artística do homem modificar a paisagem natural,
dispondo a vegetação como melhor lhe aprouvesse, condicionado a cada época de sua
evolução. Assim foram surgindo os estilos de jardinagem, hoje denominada mais
corretamente como paisagismo, conforme passaremos a descrever a seguir, na ordem
cronológica do período histórico de cada estilo:

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JARDINS DA MESOPOTÂMIA – Há mais de 2000 anos antes de Cristo, todos os reis
da Mesopotâmia - situada entre os rios Tigre e Eufrates - possuíam seus jardins reais,
onde sempre aconteciam banquetes e cerimônias.
Nos jardins dos templos se plantavam frutas e legumes para se oferecer aos
deuses, além de servirem como alimento aos serviçais. Os jardins eram plantados sobre
os terraços dos prédios de vários pavimentos onde se celebravam os rituais.
Com o trabalho de manutenção e irrigação, realizados manualmente, esses asilos
de fecundidade e frescor tornaram-se ainda mais maravilhosos. Assim, os príncipes
babilônicos puderam conhecer o prazer de aclimatar espécies, entre elas, destacam-se as
palmeiras. Cada planta era disposta dentro de uma espécie de vaso preparado com
antecedência para recebê-la, isoladamente, e onde se mantinha o grau de umidade
necessário através de uma irrigação constante. A história das civilizações relata que os
assírios foram os mestres das técnicas de irrigação e drenagem, criando vários pomares
e hortas formados pelos canais que se cruzavam.

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Pouco a pouco, à medida que o mundo babilônico crescia, os jardins ganhavam
uma maior importância, com a formação de verdadeiros ‘parques de aclimatação’ e de
‘jardins botânicos’. Os jardins mais famosos da Antiguidade foram os Jardins
Suspensos da Babilônia, considerados uma das Sete Maravilhas do mundo antigo.
Segundo os historiadores, esses jardins foram construídos pelo Rei Nabucodonosor II
(605-562 a.C) e dedicados à sua esposa, Rainha Semiramis. A Rainha era de origem
persa, tinha saudades das montanhas e colinas cobertas dos bosques do seu país (região
noroeste do atual Irã) e essa construção tinha a intenção de amenizar esse sentimento.
De acordo com os resultados de pesquisas e descrições de historiadores, os
Jardins Suspensos eram seis montanhas artificiais (terraços). Os terraços eram feitos de
tijolos e foram construídos um encima do outro, sendo que os inferiores desbordavam
bastante sua área em relação aos superiores, a superfície no alto chegava a 120 m2.
Apoiados em colunas de 25 a 100 m de altura, ficavam ao sul do rio Eufrates. Eram
impermeabilizados por camadas de junco, betume e chumbo. Seus construtores
evitavam assim as infiltrações da rega. Assim, eles formavam verdadeiros patamares
onde eram plantadas diversas espécies de árvores e outras plantas de menor porte, que
eram protegidas pela sombra das árvores. Inspirados nesses jardins suspensos, os
romanos passaram a cultivar plantas nas partes altas das casas.

No eixo dos dois terraços superiores, havia uma grande escada entre duas series
de planos levemente inclinados, onde corria a água da irrigação. A água era levada até o
terraço superior através de baldes presos a uma corrente. Depois, essa água era
distribuída entre os vasos de plantação e o excesso era drenado dentro de um sistema

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complexo de canais subterrâneos. Os escravos trabalhavam em turmas, movimentando
engrenagens que funcionavam continuamente para captar a água do rio para irrigação.

As espécies utilizadas eram as tamareiras (com a finalidade de fornecer um


microclima favorável a outras espécies), o jasmim, as rosas, as malva-rosa, as tulipas e
também álamos e pinos que não suportariam viver num clima tão árido e quente, mas só
foi possível devido ao complexo sistema de irrigação desenvolvido. O sentimento

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religioso estava presente na arte dos jardins, onde se acreditava que os jardins
dependiam da vontade dos deuses.
Com a decadência do império, a Babilônia provocou o afastamento da
Mesopotâmia da cultura ocidental, o que fez que os jardins suspensos da Babilônia se
tornassem uma lenda.

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ESTILO EGÍPCIO – Surgido há mais de 2.000 a.C., originou-se na agricultura,
passando a figurar nas casas mais abastadas como ornamentação. As características dos
jardins egípcios seguiram os mesmos princípios utilizados na arquitetura deste povo.
Eles só surgiram quando as condições de prosperidade no antigo império
permitiram às artes (arquitetura e escultura) um notável desenvolvimento.
De um modo geral, o jardim egípcio desenvolvido de acordo com a topografia
do Rio Nilo era constituído de grandes planos horizontais, sem acidentes naturais ou
artificiais. As características dos monumentos egípcios – com a rigidez retilínea e a
geometria – fizeram com que os jardins tivessem uma simetrização rigorosa. Tudo de
acordo com os quatro pontos cardeais, sendo a vegetação sempre contida intramuros. O
traçado obedecia rigidamente às motivações astrológicas determinadas pelos sacerdotes,
configurando as normas religiosas daquela época. O critério de plantio seguiu as
tradições de suas atividades agrícolas na planície do Nilo.
Os jardins não eram construídos unicamente para o lazer, assim como os jardins
da Mesopotâmia, mas produziam também vinho, frutas, legumes e papiros, produtos
destinados ao consumo da população.

Fig.: Pintura egípcia 18a dinastia (representa um jardim do antigo Egito).

Nos jardins egípcios eram cavadas bacias nas beiradas do rio onde a água era
captada por infiltração. Essas bacias eram transformadas em tanques retangulares,
repletos de plantas aquáticas e pássaros, com árvores dispostas em traçado regular. O
jardim regular era símbolo da fertilidade, sintetizava as forças da natureza e era a
imagem de um sistema racional e arquitetural baseado no monoteísmo. Osíris para os
egípcios era o deus da vegetação.

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Nos jardins criavam-se íbis, flamingos e pombos, todos em liberdade. No meio
das folhagens via-se o cimo dos pavilhões, torres denteadas, em formas maciças,
características da arquitetura egípcia, e que mais tarde apareceriam como fabriques
(pequenas construções que criavam cenários nos jardins) nos jardins romanos. Assim,
alguns dos temas do jardim egípcio foram modelos diretos do jardim ocidental antigo.
Seu destaque foi, sobretudo, por causa do desenvolvimento de canais e da presença de
água. Esses jardins se caracterizavam por serem planos, fechados por muros e
subordinados a uma propriedade, com seus pavilhões dispersos em vários locais para
aproximar o visitante da natureza. Muitas dessas formas reaparecem no sul da Itália
onde exerceram por muitos séculos sua influência.

ESTILO PERSA – Os persas não criaram no mundo das artes monumentos originais. A
sua arquitetura foi, nas suas grandes manifestações, obra de gregos. Os jardins dos
antigos persas estavam, como as demais produções artísticas, condicionados à
influências estranhas e revelavam, nos caracteres essenciais da composição, elementos
retirados dos jardins gregos e egípcios, uma espécie de estilo "misto". Jardins
estritamente formais, uma versão modificada do plano egípcio; bastante elaborados no
seu aspecto cênico e utilitário, servindo não só para a contemplação como também para
o deleite daquele povo. Espelhos de água figuravam em meio às alamedas onde foram
introduzidas espécies perfumadas; árvores frutíferas compunham na paisagem
compartilhando a presença de roseiras, jasmins, ciprestes ou murtas no mesmo espaço,
tendo como forração espécies exóticas e floríferas. São introduzidas as espécies
floríferas tais como tulipas, lírios, prímulas, narciso, jasmins. A introdução destas
espécies floríferas no jardim criou um novo conceito na arte de construí-los, passando a
vegetação a ser estimada pelo valor decorativo das flores, sempre perfumadas, do que
pelo aspecto de utilidade que possuíam anteriormente.

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Os jardins persas procuravam recriar uma imagem do universo, constituindo-se
de bosques povoados por animais em liberdade, canteiros, canais e elementos
monumentais, formando os "jardins-paraísos" que se encontravam próximos aos
palácios do rei. A associação dos reinos animal e vegetal completava a idéia do paraíso.
Era característica a presença de dois canais principais em cruz dividindo o jardim em
quatro zonas (quatro moradas do Universo: terra, fogo, água e ar); ao centro: tanques
com fontes, revestidos de azulejos azuis para acentuar o frescor da água. Não havia
estátuas, pois o islamismo não permitia a reprodução de imagens humanas.
O jardim persa cercado de altos muros feitos de tijolos, estritamente formal, era
um lugar de retiro privado, destinado ao prazer, ao amor, à saúde e ao luxo.
Nestes jardins havia:
 Construções (tipo quiosques) dispersas entre as árvores;
 Postos de tiro para os caçadores;
 Áreas para descanso, onde se realizavam recepções ou simplesmente serviam
como locais de frescor para o verão.
Eles exerceram grande influencia sobre a historia ulterior dos jardins. Agiram
diretamente sobre a estética dos jardins muçulmanos, que por sua vez transportaram
certos temas até o extremo ocidente.

Fig.:Jardim da Praça Naghshi Jahan em Isfahan, Irão.

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Fig. Taj Mahal, Índia – estilo Persa.

Fig. Taj Mahal (Mapa), Índia.

ESTILO GREGO – As raízes fundamentais da cultura ocidental se encontram,


não há dúvida alguma, na civilização desenvolvida na Grécia Antiga. O cuidado com as
plantas provavelmente foi fruto do amor à vida em pleno ar livre, obrigando a uma
constante aproximação com a natureza. Os jardins gregos, apesar de fortemente
influenciados pelos jardins egípcios, apresentaram diferenças notáveis em razão da
topografia acidentada da região e o tipo de clima. De solo rochoso e montanhoso, clima
quente e seco, a Grécia nunca foi uma região ideal para uma jardinagem organizada. Os
jardins possuíam características próximas das naturais, fugindo da simetria dos egípcios.
Na realidade, os jardins gregos eram, sobretudo até a época clássica, um jardim
sagrado, cultivado próximo a algum santuário e consagrado a uma das divindades da
fecundidade. Os gregos criaram o conceito de Bosque Sagrado, um lugar natural,

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abençoado e dedicado aos deuses, com vegetação virgem e sem intervenção humana.
Eles não procuravam a beleza nos jardins.
Os gregos se mostraram contra a moda dos jardins importados do oriente e o que
eles fizeram foi seguir uma tradição bem estabelecida, da cidade democrática. Os sábios
se expressavam da seguinte forma sobre os pavões e rouxinóis: “Existem pessoas que
embelezam as culturas com vinhas, trepadeiras, e arbustos de mirto; eles criam pavões,
pombos, perdizes e rouxinóis para cantarem para eles! Em tal situação, não tardará
para estarmos a pintar um monte de lixo!”.
Era este o aspecto do espírito grego, racional, ponderado e, determinantemente
intelectual. Eles repugnavam os jardins e tudo aquilo que estava ligado ao prazer em
torno dos objetos da natureza. Nos jardins gregos, então, se cultivavam legumes para
consumo, trigo para confeccionar pão, mas as flores eram destinadas aos deuses.
Cultivavam também peras, romãs, maças, figos, uvas e azeitonas.
Foram ainda os gregos que criaram as praças públicas e os primórdios da
urbanização, proporcionando através do plantio ordenado da vegetação nos prédios
públicos e ruas, um maior conforto à população. Os ginásios, inicialmente devassados,
foram então completados com bosques e passeios. Árvores também foram plantadas
próximo aos mercados e aos locais de reuniões como a Academia de Platão e o Liceu de
Aristóteles.
Na época da conquista romana, os gregos apresentavam a arte de jardins em sua
fase inicial, mas foram esses conquistadores que a terminaram, unindo todas as
tendências e criando uma nova estética, na qual, absorveram parte do estilo dos jardins
egípcios quanto ao traçado das formas simétricas e rígidas, com a funcionalidade dos
jardins persas. Como diferenciação dos estilos anteriores, surgem os jardins em
ambientes internos. A introdução de colunas e pórticos fazia uma transição harmoniosa
entre o exterior e interior e o jardim era um prolongamento das partes da casa, às quais
ele se ligava. A sua principal característica era a simplicidade. Os jardins também
ficaram marcados por possuir esculturas humanas e de animais mais próximas da
realidade, instaladas em nichos e fontes. As plantas mais utilizadas nos jardins privados
eram as rosas, íris, lírios, cravos, bulbosas floridas e as ervas. Encontravam-se também
pequenas frutas.

Fig.: Acrópole, Atenas – Grécia.

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ESTILO ROMANO – O império romano se estendia da Espanha (oeste) até a
Mesopotâmia (leste) e do Egito (sul) até a Inglaterra (norte). Compreendia variedade de
paisagens, climas e raças. Os romanos não podiam ser incluídos no grupo dos povos que
tiveram a arte como forma de expressão. Eles se encaminharam para a história, o Estado
e o Direito.
O nascimento da arte dos jardins na civilização romana, teve diversas causas,
sendo que uma das mais profundas está associada a certas tradições e características
deste povo, como por exemplo, o fato de que os romanos, mesmo após tantas
conquistas, jamais se esqueceram de suas propriedades familiares. Após vencerem suas
batalhas, eram para esses lugares que os generais retornavam. A vida política os
obrigava a permanecerem nas cidades, então eles começaram a adquirir suas casas de
campo nos arredores de Roma. As mais tradicionais famílias da aristocracia possuíam
grandes propriedades rústicas próximas a Roma. Estas terras foram se dividindo e aos
poucos se transformando em Villas onde surgiram os Jardins dos Prazeres.
A casa romana repetiu basicamente o modelo grego, sendo construída no nível
da rua, com as habitações voltadas para dentro, possuíam um pátio interno rodeado por
colunas que eram adornadas por espécies como rosas trepadeiras ou outras de caráter
expressivamente ornamental, servindo para o desfrute dos visitantes e dos habitantes, e
abertas a uma praça anterior. Os jardins foram objetos de atenção, mas apesar disso, são
falhos quanto à originalidade. O jardim romano é uma mistura da criatividade dos
romanos com as artes gregas (eles quando saquearam Grécia carregaram consigo
também seus monumentos e estátuas, e como não sabiam o que fazer com a grande
quantidade de estátuas distribuíram-nas pelos seus jardins, de tal forma, que a
ornamentação se generalizou nos jardins romanos da época).
Os jardins eram metódicos e ordenados, integrando-se às residências,
características visualizadas nas Villas romanas onde havia a interpenetração casa-
jardim: as paredes eram pintadas como paisagens e os muros revestidos com
trepadeiras. Os romanos também prezavam as composições de paisagens. As plantas, a
água e o solo se tornaram suporte para pesquisas de composições plásticas.
Como características de tais jardins podem-se ressaltar a grandiosidade e a
magnificência da composição, as perspectivas vastas, que empregaram como prioridade,
a decoração pomposa, a valorização para fins exclusivamente recreativos. Os jardins
eram principalmente santuários sociais, onde se desfrutava de proteção frente às
moléstias do sol, vento, poeira e ruído das ruas. A sombra projetada pelas galerias com
arcos reduzia necessidade de arvoredo. As plantas, quando existiam, eram colocadas em
maciços elevados e os pátios se ornamentavam com tanques de pedra para água, mesas
de mármore e estátuas. Como exemplos, temos as cidades de Pompéia e Herculano.
Naqueles jardins figurava ainda um espelho de água alimentado pela captação
das águas de chuvas, servindo como elemento decorativo e funcionando como uma
reserva hídrica e para a refrigeração ambiental. A maioria dos jardins romanos também
possuía uma pequena horta. Talvez por isso, a irrigação era planejada.
Nos primeiros textos em latim, o jardineiro era chamado de topiarus, ou seja,
paisagista. Sua arte era chamada arte topiária, palavra que os historiadores modernos
sempre restringem o sentido, afirmando que ela designava apenas a poda pitoresca de
arbustos. Na verdade, a poda pitoresca foi inventada e praticada pelos jardineiros
romanos, mas era somente um dos procedimentos da arte topiária da época e que só
apareceu 50 anos após o inicio do jardim paisagista romano. Para essa arte, os romanos
utilizavam ciprestes, buxos e loro-anão, as mesmas plantas dos jardins gregos e persas.
Na parte externa, os jardins eram grandiosos, geralmente em terrenos de nível
irregular, compostos por vegetação suntuosa, as plantas utilizadas eram: coníferas,

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plátanos, frutíferas como amendoeira, pessegueiro, macieira, videira e outras. A maioria
possuía horta. Os canteiros eram plantados como bordaduras.
Os elementos decorativos como esculturas, estátuas, pérgulas e espelhos de água
(lagos que possuíam o fundo escuro para causar efeito de espelho), também eram
incluídos no paisagismo. Existiam ainda jardins privativos no interior das residências,
dedicados aos deuses familiares.
Os jardins romanos eram obras de arquitetos e estavam, portanto, subordinados à
arquitetura. Eles completavam a casa romana com passeios e pórticos dispostos em
todas as orientações para gozar do sol, da sombra e da natureza em todas as horas do
dia. Construíam-se também varandas que serviam como locais de lazer.
O esplendor romano de suas Villas pode ser registrado na Villa do imperador
Adriano (117-138 d.C.), a "Villa Adriana", construída em Tívoli, que perdurou até antes
da guerra de 1939, onde se tem o exemplo máximo de Topia, jardim concebido como
um lugar imaginário. Esse jardim era uma reconstrução de monumentos e construções
admirados pelo Imperador nas viagens que realizava pelo seu império. Assim como em
diversos outros jardins romanos, na "Villa Adriana" se exploraram as perspectivas
naturais da paisagem como os vales que eram vistos dos terraços e as construções que
eram abrigadas em pequenas grutas.

Fig: Villa de Adriano, Tiboli – Itália.

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Estas vilas darão um impulso definitivo para o grande estilo italiano. O jardim
romano pode ser considerado uma síntese original destinada a exercer uma influencia
durável sobre a arte e a civilização ocidentais.

ESTILO MEDIEVAL (SÉC. XIII A XV) – Após a invasão e domínio dos povos
bárbaros orientais, o mundo ocidental teve sua cultura totalmente arrasada e fadada ao
desaparecimento, salvando-se apenas os textos do Evangelho Cristão dentre os
documentos culturais.
A concepção de jardins foi bastante modificada na Idade Média. A cultura pagã
foi renegada, e todos os povos eram considerados pagãos: egípcios, persas, etc. As
guerras devastaram grandes áreas e cidades e, somava-se a isso, a crença de que as
florestas e jardins densos eram habitados por demônios.
Um retorno à economia rural e a simplicidade de hábitos concretizou-se neste
período. O luxo e o requinte foram abandonados e criou-se uma nova hierarquia de
valores. As construções feitas neste período eram rudes e pesadas. O verde foi
praticamente banido na vida urbana. Devido à segurança das comunidades, a vida
passou a se desenvolver sempre cercada pelas fortificações nos castelos e ou mosteiros,
O jardim medieval tinha como característica marcante a simplicidade, reflexo do
retraimento que se seguiu à decadência de Roma. Havia, na Idade Média, três tipos de
jardins: o jardim dos prazeres fechado, a horta utilitária e o jardim de plantas
medicinais, explorado pelas ordens monásticas. Os jardins eram cultivados nos
mosteiros e castelos, em pequenos espaços planos, quadrados e fechados por muros
revestidos de trepadeiras. Os passeios eram retos, cobertos de pérgolas e se cortavam
em ângulos retos, em alusão à cruz, contando sempre com a presença de símbolos
religiosos colocados em nichos, além de uma fonte central em forma de pia batismal no
eixo central. Os assentos eram rústicos, feitos com troncos. As cercas mais baixas eram
recobertas de rosas e as mais altas por romãs. Neles se cultivavam plantas úteis para
alimentação, medicinais e flores, que eram utilizadas para ornamentação dos altares. As
plantas medicinais eram a base para fabricação de perfumes, cosméticos e remédios.
Os mosteiros e as igrejas tornaram-se centros difusores das artes e ciências.
Eram os próprios religiosos que cultivavam os jardins e estes monges tinham um real
senso da natureza, incentivado pelo paraíso bíblico. Pelo trabalho com a terra,
purificava-se a alma. Nos jardins dos monges se cultivavam apenas ervas medicinais.
Nos jardins dos padres e nos pequenos jardins domésticos (cultivados pelas mulheres),
se cultivavam flores, legumes, plantas medicinais e árvores frutíferas.
O jardim medieval se destacava por suas formas mais artificiais e pelas
ambições paisagísticas e simbolistas dos grandes jardins à moda italiana da época
clássica, e nos parques pitorescos, muito empregados pelos paisagistas ingleses, na
segunda metade do século XVIII.
Há ainda o testemunho das miniaturas dos séculos XIV e XV, onde se podia ver
um pátio fechado com uma dama assentada e do outro lado do muro, a imensidão do
campo. Do lado de dentro ficavam alguns canteiros de flores, plantados em jardineiras
formadas por quatro muretas acima do nível do solo, quase na altura do joelho da dama.
Outros canteiros pareciam contornar a muralha, sem, no entanto, escondê-la. O restante
do piso era pavimentado, com exceção de alguns quadrados, e contornados com
bordaduras. Encontrava-se sempre uma fonte ou um pote sobre o pavilhão, ornamentado
e cuja arquitetura foi ficando cada vez mais complexa, à medida que o tempo avançava.
Às vezes, podia-se encontrar, ao longo de um dos lados da horta ou de do pequeno
jardim, uma longa treliça. Nessa época, a arte de dobrar os galhos como da tília para

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formar alamedas cobertas ou passeios ornamentados de verde ainda era desconhecida.
As roseiras-trepadeiras eram colocadas sobre armações em forma de roda. Estes
motivos eram frequentemente encontrados nas pinturas de mestres franceses e
flamengos. As pinturas, no entanto, não testemunharam grande desenvolvimento na arte
dos jardins. Essa pobreza da imagem por atribuída à falta de técnica dos pintores, pois
eles ainda não dominavam a técnica da perspectiva, não lhe permitindo reproduzir
jardins mais complexos que, provavelmente, já existiam naquela época.
A horta ou o pequeno jardim que havia no interior dos castelos era sempre
complementado por um pomar e um bosque de árvores sempre verdes, que se estendia
livremente para o exterior das muralhas e onde viviam os animais selvagens.

Fig.: Jardim Medieval. Claustro de Alcobaça – Portugal.

Fig. Anônimo, Idade Média – Romance of the Rose Garden.

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ESTILO RENASCENTISTA (SÉC. XV- XIX) – Passada a fase de domínio dos povos
bárbaros sobre o ocidente, inicia-se o ressurgimento da mentalidade clássica na Europa.
O início do Renascimento data de meados do século XV e tal época ficou assim
conhecida devido ao ressurgimento da cultura de um modo em geral. Houve uma
renovação do pensamento no que diz respeito às artes, às ciências, à literatura e a
filosofia. Dos descobrimentos veio a nova concepção da Terra, da Humanidade e do
Universo. O caráter conquistador e imperialista toma conta da Europa. Houve o
renascimento também dos jardins e os países que mais expressaram esta renovação
foram Itália, França e Inglaterra.
Os muros que antes cercavam as comunidades deixam de terem sua função
protetora e com isso ocorre uma natural expansão das artes e seu aperfeiçoamento. Os
estilos rebuscados com o uso de rendilhados, filigranas e adereços multitrabalhados em
arabescos.
Naquela fase da evolução humana, os jardins passam a assumir a importância de
complementação da arquitetura monumental, figurando sempre, em meio à vegetação
dominada pela topiária – poda escultural das vegetações, fontes, lagos, chafarizes,
estatuas e pérgolas ou caramanchões. Isso ocorreu após o ano de 1.500, principiando na
Itália e depois se espalhando por toda a Europa.

ESTILO CLÁSSICO
A criação do jardim clássico começa com o renascimento italiano. Foi na Itália
que surgiram os primeiros exemplos deste novo estilo. Florença foi, desde os meados do
século XIV, a capital dos jardins, assim como era também a capital da pintura. Os
arredores de Florença se encheram de Villas e castelos onde banqueiros e comerciantes
ricos se retiravam durante o verão.
Retomaram-se ainda os motivos dos mitos da Antiguidade. Assim, as divindades
pagãs ressurgiram nos jardins, simbolizadas em estatuas. As fontes foram outro
elemento desta continuidade medieval, na época do renascimento.

JARDIM ITALIANO
No período renascentista, os italianos começaram a se retirarem para o campo,
procurando locais mais frescos e de vista agradável, sobretudo no verão e, para tanto,
construíram diversas Villas. Os sítios se encontravam nas colinas e nas encostas, em
razão das vistas panorâmicas e também do clima. Essas propriedades pertenciam a
homens prósperos e cultos que apreciavam a natureza. Iniciou-se neste período, a
intervenção dos arquitetos na arte dos jardins.
Os jardins italianos desta época se inspiraram nos jardins da Roma Antiga que
possuíam muitas estátuas e fontes monumentais. Para o aproveitamento das
irregularidades do terreno se fez uso de escadarias e terraços acompanhados de
corredeiras de água. O jardim se caracterizava pelos seus passeios retos, coincidindo a
avenida principal com o eixo central da residência, que servia de marco da Villa e se
situava na parte mais alta do terreno. Chegava-se à residência através de uma sucessão
de escadarias, rampas, terraços, grutas e fontes. Os jardins eram exuberantes e
mostravam opulência. Deixaram de ser canteiros para cultivar e colecionar plantas e
passaram a serem construídos em áreas externas para realização de atividades diversas
de lazer. Os jardins eram tidos como centros de retiro intelectual, onde sábios e artistas
podiam trabalhar e discutir no campo, longe do calor e das moléstias da cidade.
Em terrenos acidentados formavam-se platôs, interligados por escadarias
monumentais de pedra com corredeiras de água. Nos terraços haviam fontes, estatuas,
pórticos, belvederes (mirantes), balaustradas (gradeado com pequenos pilares), arcadas,

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pérgolas com trepadeiras, aléias sombreadas. A alvenaria dominava e por isso os jardins
não eram demasiado grandes.
As casas eram construídas em locais com vistas panorâmicas, geralmente no alto
do terreno e circundadas com os terraços bastante formais, onde haviam canteiros
baixos cultivados com ervas e arbustos podados; a vegetação era considerada secundaria
e recebia cortes adquirindo formas determinadas, conhecidas anteriormente nos jardins
romanos por topiárias. À medida que o jardim se distanciava da casa, se tornava mais
verde e sombreado. A variedade de plantas utilizada era pequena: ciprestes, tuias,
buxinho (topiarias), louros, azinheiros, oliveiras.
Nas cascatas, a água descia pelos muros e caía em bacias amplas onde haviam
esculturas. Nos terraços existiam escadarias de pedras e os patamares eram decorados
com fontes. Em alguns jardins, haviam grutas que marcavam as nascentes de água. A
água não era utilizada apenas como adorno, mas também para realçar as mudanças de
nível, os cruzamentos dos caminhos.
Os muros de alvenaria foram substituídos por sebes podadas e estatuas livres e
eretas, denominadas “termos” e eram colocadas nas extremidades dos corredores,
arrematando a vista do jardim.
Nestes jardins a paisagem era desenhada com régua e compasso, caracterizando
a simetria de linhas geométricas. Havia também muito contraste entre as formas naturais
e as criadas pelo homem.
Na Itália iniciou-se a restauração dos mais belos parques e dos jardins das “vilas
romanas”, como Villa Médici (Roma, 1417); Villa D’Este (Tivoli, 1549) e Villa
Borghese (Roma, 1606).

Fig.: Villa D’Este, Tivoli, Itália.

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JARDIM FRANCES
Os países da Europa seguiram à França no século XVII, período no qual teve sua
maior riqueza e poder. A principio, o estilo francês se baseou nos jardins medievais, que
utilizavam canteiros com flores e ervas medicinais, sendo que havia também a horta que
lhes concedia o abastecimento. Mas, com o passar do tempo, novas idéias foram sendo
introduzidas por arquitetos italianos que trabalhavam na corte francesa.
Na França, os reis e os grandes senhores do Renascimento quiseram também
possuir seus próprios jardins. Todos os jardins apresentavam as principais
características dos jardins italianos, apesar da tradição nacional francesa ter passado a se
impor com o tempo. De maneira geral, a parte descoberta dos jardins era ocupada por
canteiros em broderie (bordado) e no centro encontrava-se uma fonte, que era dominada
por um pavilhão em forma de cúpula, geralmente em estilo gótico. Pode-se citar a rígida
distribuição axial, a perspectiva, a sensação de grandiosidade. As formas geométricas
podiam ser percebidas tanto nos caminho e passeios quanto na vegetação, admitindo-se
poucos desníveis. Havia ainda as plantas podadas em topiarias. O jardim clássico
francês era caracterizado por plantações baixas, permitindo uma maior visão das
construções.A maior parte desse plano podia ser visto em um único golpe de vista, com
intuito de provocar admiração e expressar respeito.
Apesar de no inicio ter sido bastante influenciado pelo estilo italiano, no século
XVII o jardim clássico em estilo francês se tornou uma “febre”. Os jardins desse estilo
foram construídos com bastante arrogância e empregando um grande numero de
trabalhadores, como por exemplo, para a construção do palácio e jardim de Vaux-le-
Vicomte, se arrasaram três aldeias e nele trabalharam 18.000 pessoas. Nos jardins de
Versailles trabalharam 22.000 homens e 6.000 cavalos, que drenaram pântanos,
construíram terraços e canais. Em Marly, um local de retiro de Luis XIV, remodelou-se
as colinas, plantaram-se e replantaram-se árvores adultas e construiu-se um jogo com
rodas de água.
Os principais jardins foram construídos pelo famoso arquiteto/paisagista de Luis
XIV, André Le Nôtre, que trabalhava com simplicidade, elegância e requinte, no
entanto, sem excessos. Seu primeiro trabalho importante como paisagista foram os
jardins do castelo Vaux-le-Vicomte, pertencente ao Ministro das Finanças de Luis XIV,
Nicolas Forquet. Nele haviam parterres padronizados com o gramado, sebes perenes de
porte baixo e espelhos d’água. O uso de alvenaria era mínimo: Le Nôtre utilizava as
plantas para criar estruturas, como teixos podados em forma de cone. Nos bosques que
circundavam o jardim, foram criadas pequenas áreas para alivio do calor e para
descanso da vasta extensão dos parterres. Este se tornou um dos modelos do jardim em
estilo francês.
Ao visitar os jardins de Vaux-le-Vicomte, Luis XIV, ficou enciumado com tanto
bom gosto e grandiosidade. Mandou então prender o seu proprietário sob alegação de
desvio de dinheiro publico e contratou Le Nôtre para construir um jardim ainda mais
magnífico, próximo a uma antiga cabana de caça, em Versailles, com dimensões
espetaculares, a qual foi sua obra mais marcante. A área total era de 732 hectares, com 3
km de comprimento e 1.400 fontes.
O jardim ficava em torno de um eixo central de grande comprimento (2 km),
proporcionando uma aparência infinita. Os parterres foram dispostos simetricamente ao
eixo e separados dos bosques por cercas vivas. Havia estatuas de mármore branco,
fontes, canteiros floridos, gramados. Os jardins foram estruturados em uma serie de
terraços planos e abertos. Nesses terraços foram construídos parterres (broderie
parterre), onde o chão era todo bordado com buxinhos podados. Os espaços eram

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completados com pedras trituradas ou pó de tijolo, além de possuírem vasos plantados
com flores.
No jardim francês as plantas faziam parte da arquitetura, sendo elementos fixos
da paisagem para proporcionar grandiosidade e isso era conseguido através da poda. O
gramado era impecável e por isso denominado ‘tapete verde’.

Fig: Castelo Vaux-le-Vicomte, França.

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ESTILO PITORESCO - PAISAGISTICO
O termo Pitoresco (=Pinturesco) se refere a um jardim construído de maneira
idêntica a uma pintura. Os jardins ingleses, também denominados de pitorescos, eram
construídos dessa forma, reproduzindo pinturas de artistas famosos. Esses jardins se
voltaram para as concepções do império chinês: imitação da natureza, com traçado livre
e sinuoso, com água correndo livremente, enfim, a simplicidade.

JARDIM INGLÊS (1700) – No reinado de Luiz XV, o estilo francês entrou em


decadência devido à busca exagerada da forma e simetria. Após a revolução francesa,
com inicio da Era da Razão, começou a ser extinto o estilo anterior e os artistas que
antes se voltavam exclusivamente à observação dos nobres, passaram a notar melhor o
homem comum e seu estilo de vida popular, revolucionando completamente o estilo das
artes e abandonando as expressões artísticas adotadas no estilo renascentista, ou seja,
simplificando as formas antes mantidas sob domínio irracional. Na Inglaterra isso
ocorreu com o protestantismo.
Os jardins passaram a receber uma concepção mais liberada em suas formas sob
a influencia dos ideais protestantes, os ingleses passaram a inovar nas disposições das
vegetações que passaram a figurar em estilo mais romântico, com as espécies
desenvolvendo-se nas suas formas livres e naturalmente, sem a interferência das podas.
Os jardins são concebidos com formas mais leves em coloridos maciços florais e
grupos de árvores e ou arbustos, figurando em maciços ou isolados, compondo sempre
um retorno à natureza. Havia uma grande diversidade de plantas como arbustos floridos,
plantas herbáceas e anuais, bulbosas, flores silvestres e forrações. Em razão da pequena
diversidade de plantas do período da Idade Média, no Renascimento houve um
crescimento no interesse de se ter diversidade, assim, havia excursões, viagens para
todo o mundo com o objetivo de trazer espécies exóticas.
A principio, o jardim inglês parecia ser informal, pelo cultivo livre e de grande
número de variedades de flores. Ao contrário, tinha um esquema bem detalhado e
planejado. Possuía muros, sebes, canteiros, bordaduras e caminhos pavimentados. São
esses elementos que proporcionam escala, forma e coerência. No jardim inglês era
fundamental a presença de muros e sebes, que delimitavam os espaços, protegiam as
plantas e serviam de fundo.
Grupos de árvores e arbustos de espécies variadas eram utilizados para limitar os
espaços abertos irregulares. Cada espaço deveria ser projetado a partir de um ponto
especifico a ser destacado: podia ser uma árvore, um lago ou uma vista panorâmica.
O movimento e a imaginação eram estimulados por caminhos curvos, que
desapareciam por linhas de vista encobertas por galhos. A ordenação assimétrica da
paisagem provocava uma complexidade visual enquanto que nos jardins formais com
traçados rígidos, todo ele poderia ser observado em um só lance visual. Os desenhos
assimétricos eram mais difíceis de compor, devendo-se sempre buscar o equilíbrio.
Nos espaços abertos se utilizava a água e a grama. A água era sempre atrativa e
estava presente disposta em lagos e riachos.
A característica mais marcante do jardim paisagístico eram os gramados
extensos e bem cuidados, não havendo canteiros de flores, parterres com balaustradas
ou outras plantações. Este cenário simples influenciou diversos outros paisagistas e
jardineiros, principalmente nos Estados Unidos.
O projeto global era definido pelos grupos de árvores, onde se fazia inclusão ou
exclusão de espécies de acordo com o traçado ou a vista desejada.

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Os elementos arquitetônicos impunham ao jardim uma característica da época e
ainda indicavam que o jardim constituía uma característica projetada, trabalhada. No
século XVIII, templos e ruínas, em homenagem à Antiguidade eram utilizados. Com o
tempo, essas estruturas foram substituídas por formas mais exóticas, como os Pagodes
Chineses, pontes indianas, abrigos rústicos, ruínas e arcos góticos. Destacava-se ainda o
que se denominava “natureza sublime”, onde se valorizavam árvores com formas
irregulares, cenários com características selvagens (penhascos, cachoeiras) e até troncos
de árvores mortas.
Os jardineiros ingleses tentaram imitar as sinuosidades e as irregularidades das
alamedas do modelo chinês, adaptando-os aos conceitos ocidentais, criando o jardim
anglo-chinês.
Nos jardins ingleses a geometria das curvas substituiu a geometria das linhas
retas. Esse tipo de traçado não se adaptou à concepção pura de um jardim chinês, pois
ele não era projetado num plano por ser absurdo para o chinês.
A Inglaterra também teve seus mestres paisagistas como William Kent e
William Chambers, este último foi quem introduziu a idéia chinesa nos jardins de seu
país.
Os ingleses acabaram dando origem aos parques e jardins públicos que tiveram
por finalidade refrescar as áreas urbanas. Os jardins eram caracterizados pela presença
de bosques, gramados extensos, rochas, árvores secas, lagos, ruínas, plantas nativas e
plantas isoladas. Sempre havendo a presença de algo florido durante todo o ano. Um
dos objetivos deste estilo descrito era que as pessoas percebessem como jardim, toda a
natureza que estava ao seu redor. Este estilo foi utilizado na Inglaterra e em alguns
locais da Europa, por quase dois séculos.

Fig.: Jardim inglês – Estilo paisagístico.

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ESTILO ORIENTAL: CHINÊS E JAPONÊS – A arte do jardim na China e Japão,
sempre foi independente da arte ocidental. Os jardins criados neste meio completamente
diferente, com outras crenças, foram destinados pelos habitantes à obtenção de uma
possessão e uma compreensão mais intima da natureza. O ponto comum entre eles era
presença de uma montanha ou um lago.

JARDIM CHINÊS – O inicio da jardinagem da China não é muito preciso,


provavelmente data de 2.000 a.C. Tem sua origem numa paisagem de rara beleza e flora
riquíssima. Os parques das casas dos antigos imperadores não eram mais do que uma
porção da paisagem cercada, onde a tarefa do jardineiro limitava-se a ordenar o já
existente. Claro que este tipo de jardim do éden terminou quando a população cresceu e
os bosques foram talhados.
Para o verdadeiro jardim chinês não havia uma distinção muito clara da
residência, sendo um incorporado ao outro. A delimitação entre a casa e jardim era às
vezes feita por apenas uma cortina de bambu. O jardim chinês era antes de tudo um
jardim de contemplação, de imobilidade e de silencio.
Acreditava-se que no norte da China havia um lugar para os imortais. Como na
realidade não existia, o Imperador Wu, da dinastia Han, contemporâneo de César
Augusto de Roma, decidiu cria-lo na fantasia na forma de um jardim. Dessa maneira
surgiu o Jardim “Lago-Ilha”, que por diversas vezes foi copiado, tanto na China como
no Japão. No mito, algumas ilhas só poderiam ser atingidas se transportado por um
pássaro, a cegonha gigante. Nos jardins, essas cegonhas eram representadas por rochas.
No extremo oriente, o jardim era concebido baseado na lei dos detalhes. Para
elaborar um jardim devia-se entregar à meditação daqueles detalhes que não se
destacavam para o visitante ocidental, como a forma de uma flor, de uma rocha, o
reflexo de um riacho ou de um ramo que cedia ao vento.
Os caminhos nunca eram retilíneos, não tinham vias de comunicação, nem
perspectivas praticáveis. Os jardins eram construídos em função da topografia, clima e
vegetação existentes, sem se prenderem a formas rígidas ou simétricas. Essa concepção
acabou por influenciar os jardins ingleses do século XVIII.
No final do século VI, com o surgimento de um novo imperador, um novo
jardim "lago-ilha" foi criado: o Parque Ocidental, com perímetro de 113 km e contendo
quatro imensos lagos cobertos de lótus e rodeados de chorões. Trabalharam na sua
construção um milhão de pessoas. Monumentais palácios de cor vermelha se ergueram
no meio da vegetação e das rochas.

Elementos característicos:

Pedras e montanhas – todo jardim chinês possuía uma montanha; para isto
procuravam-se rochas calcarias que foram formadas em lagos ou córregos e acabaram
adquirindo formas estranhas. Essas rochas eram utilizadas para contornar bacias,
margear canais, ou quando agrupadas se construíam montanhas. As pedras eram
consideradas elementos de grande beleza no jardim, por isso muitas vezes eram
colocadas sobre um pedestal, como uma estatua ou um objeto a ser cultuado.
Água – estava presente em todos os cantos do jardim chinês, constituía um espelho
onde as sombras eram refletidas. Com a montanha e lago, o jardim chinês representava
uma imagem de paraíso.
Edificações – o jardim chinês compreendia também os pavilhões, pórticos, pontes,
quiosques, que contribuíam para dar o aspecto tão característico. A primeira razão dessa
interpenetração entre o jardim e a arquitetura expressava o desejo de unir a vida

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quotidiana à natureza. Apesar disso, foram dispostas no jardim, de maneira excessiva,
edificações puramente ornamentais. Os telhados tinham seus desenhos típicos, cobertos
de telhas de barro de cores vivas.
Pontes – muito pitorescas e normalmente em arco, eram numerosas sobre os canais dos
jardins. Podiam ser de mármore ou mesmo de pedra, mas o material mais comum era a
madeira.
Lanternas – á noite, o jardim era iluminado, e por essa razão as lanternas se tornaram
motivo ornamental. A forma delas imitava as lanternas sagradas dos templos.
Normalmente eram de pedra. A localização era calculada para que clareassem o
caminho e ressaltassem as belezas dos ornamentos de uma ponte ou de um
embarcadouro sobre o lago.
Vegetação – os jardins orientais apresentavam uma ornamentação arquitetural e
paisagística muito rica. Neles, as árvores, plantas e flores não eram tão fundamentais
como a montanha e a água. Entre as flores mais frequentemente representadas citam-se
as flores da cerejeira do Japão, que são consideradas o “primeiro sorriso da primavera”,
pois se abrem quando ainda se tem neve sobre o solo. Cultivavam ainda pessegueiros,
romãzeiras, hibiscos, macieiras, crisântemos, camélias, rosas silvestres, papoulas, lírios,
limoeiro e muitas outras espécies. Em todos os riachos ou lagos se cultivava o lótus. As
árvores preferidas eram as coníferas, e principalmente o cipreste. Sempre se
encontravam bambus e bananeiras.
Nos jardins, tanto as flores como as árvores não eram utilizadas em maciços nem
em canteiros. Elas formavam massas integradas na paisagem. Algumas eram cultivadas
de maneira que seu desenvolvimento normal fosse conduzido e/ou restringido, e os
jardineiros criavam formas contorcidas e anãs para ficarem na mesma escala das
montanhas rochosas e dos lagos em miniaturas.

Fig.: Jardim chinês.

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JARDIM JAPONÊS – A origem do jardim japonês data do século VIII a.C. Era um
lugar para descanso, convidativo à meditação religiosa. Nos seus jardins, os japoneses
colocavam princípios filosóficos e doutrinas religiosas através de seus símbolos.
Sempre se representavam suas leis, a harmonia, os cinco elementos, princípios de causa
e efeito, ativo e passivo, luz e sombra, masculino e feminino. Havia ainda um
agrupamento de pedras, regido por regras bastante complicadas.
O jardim japonês procurava ser natural, sem artifícios. Era um ambiente de paz e
repouso, onde a alma podia descansar. No Japão também foram construídos jardins
lago-ilha (séc. VII).
O principio da arte nos jardins japoneses consistia em concentrar a atenção no
essencial, seja nas formas precisas ou na sutileza dos matizes, valorizando sempre todas
as plantas do jardim. Somente se utilizavam plantas perenes para se ter uma estabilidade
na paisagem o ano todo.
Os elementos do jardim tinham distribuição muito elaborada, em formas
simples, com aparência de casualidade. Havia água, vegetação, símbolos, pedra,
cascalho. As flores anuais eram vistosas e proporcionavam movimento, renovação. O
movimento podia ser proporcionado também por efeito de cor, som e luz-sombra.
Possuíam um grande tanque, com cascata, um riacho, uma ilha, grupos de pedras e
árvores colocados para embelezar a casa.
As portas de entrada tinham grande importância nos jardins japoneses e eram
bem características. Assim como as pontes, essas portas podiam ser de pedras ou
madeira. Na estrutura dos jardins, encontravam-se ainda as valas, as pias de água, os
pagodes e principalmente as lanternas de pedra.
Os japoneses não admitiam os parterres nem os maciços de flores. Dentre as
árvores a preferência era o ácer, com suas variações de folhas e cores e o pinus com as
folhas sempre verdes. Entre as fruteiras cultivavam cerejeira e amendoeira.
A forma e a disposição de seus elementos eram minuciosamente escolhidas e
geralmente determinadas por razoes religiosas. O rio de um jardim deveria correr de
leste para oeste, simbolizando o sentido do lado puro do mundo para o impuro. As
pedras dispostas em pequenos caminhos traçavam itinerários calculados. No centro,
sempre havia uma pedra para adorar os deuses. Outros elementos também possuíam
simbologia característica, como as carpas caracterizavam a fecundidade, o fluxo de água
que, quando lento simbolizava os momentos calmos da vida e quando em corredeira,
momentos de agitação. A areia era utilizada para representar a água nos jardins que não
a possuíam.
Em 1894, para comemorar os 1.100 anos da capital de Kyoto, foi construído um
desses jardins, ficando conhecido como Santuário Heian. Trata-se de um dos jardins
mais alegres e de melhor traçado do mundo. Os jardins dos palácios imperiais do Sento,
no coração de Kyoto, a Vila Imperial de Katsura e a vila Shugakuoin, nos arredores de
Kyoto, são, ainda hoje, exemplos vivos.

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Fig. Jardim Japonês.

JARDINS CONTEMPORÂNEOS (SÉCULOS XIX E XX) – Nos séculos XIX e XX,


praticamente não se criou nenhum estilo novo de jardim. Na verdade, os jardins se
caracterizavam por serem uma fusão ou mescla dos grandes estilos já criados.
No século XIX, muito se usou dos quiosques, das passarelas e pavilhões de
estilos exóticos, adaptando-os aos jardins da época, formando um estilo que consistia na
mistura dos grandes estilos do passado. Este estilo consistia em rodear a casa com um
jardim regular e este por sua vez, era rodeado por um parque em estilo inglês.
No século XX houve uma decadência na arte dos jardins. O que se observou foi
que os jardins deixaram de ser luxo de alguns para se transformarem em necessidade de
todos. Passaram a ser parte das novas exigências da população, da saúde publica. A
praticidade moderna era refletida também na arte dos jardins, onde se utilizava com
maior freqüência o estilo paisagista em detrimento dos estilos francês ou italiano, por
serem mais baratos de se implantar.
Nos jardins públicos contemporâneos, geralmente de estilo paisagista, não há
construções exóticas como tumbas, ruínas, castelos, etc. Ao contrario, existem obras
mais práticas como estufas, cafés, restaurantes, salões de chá ou espetáculos, etc.
Nos parques públicos que existem na maioria das grandes cidades, há um maior
destaque para as flores, em comparação ao que se utilizava nos jardins históricos, que
são continuamente renovadas.

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ESTILO IDEAL – É o que hoje desponta com o surgimento do paisagismo como arte e
ciência, voltado à reconstrução lógica e funcional da paisagem através da reimplantação
ordenada e natural das vegetações, visando acima de tudo recompor a indispensável
presença do elemento vegetal nos ambientes devastados pelo progresso, principalmente
nas grandes cidades do mundo onde as populações sentem o peso avassalador das
grandes massas de concreto e vidro sobre negro manto asfáltico. Está acontecendo o
nascimento do mais importante de todos os estilos de paisagismo, jamais imaginado,
pois, o ser humano sente e entende que para uma melhor qualidade de vida, terá que
voltar sua atenção para a reconstrução da natureza se quiser sobreviver. Por isso, o
paisagismo passa agora a representar seu importante e fundamental papel de construir
um caminho de ligação entre os homens e a natureza nos vastos domínios impostos pelo
progresso metropolitano das cidades.

PAISAGISMO NO BRASIL

Os primeiros sinais do paisagismo no Brasil tiveram inicio com a dominação


holandesa. Na primeira metade do século XVII, em Pernambuco, por obra de Maurício
de Nassau, quem introduziu laranjeiras, tangerinas e limoeiros, para urbanizar as
cidades de Olinda e Recife.
Também nas caravelas que faziam rotas da Europa e das Índias vieram outras
espécies: Chapéu-de-sol (Terminalia catappa), coco-da-Bahia (Cocus nucifera),
nogueira-de-iguape (Aleurites moluccana) e a tiririca (Cyperus communis), cujas
sementes eram liberadas quando se trocava a madeira dos navios.
Nas residências do período inicial de colonização havia predomínio de plantas
aromáticas, medicinais ou destinadas à alimentação. No período colonial, as casas
ocupavam totalmente os lotes, não havendo recuo do passeio, nem divisas laterais,
ficando apenas algumas áreas no fundo. É o casario típico das cidades históricas. Não
havia um estilo ou uma tendência paisagística marcante. A vegetação, sobretudo as
árvores eram utilizadas como forma de amenizar o calor. Há evidencias de jardins
ligados à cultura religiosa. Nos mosteiros e conventos cultivavam-se plantas para
ornamentação das igrejas.
No final do período colonial foram criados os primeiros passeios públicos:
Passeio público do Rio de Janeiro (criado pelo Mestre Valentim - 1773); Passeios
públicos de Belém, Olinda, Ouro Preto e São Paulo.
No século XIX, D. João VI iniciou um processo de mudança nas características
da colônia, procurando se adequar ao progresso do mundo europeu. Esse processo foi
mais intensificado com a vinda da família real ao Brasil. A história documentada do
paisagismo iniciou-se com a chegada de Dom João VI em 1807, quando criou o Jardim
Botânico, no Rio de Janeiro, que constituía um horto para aclimatação de plantas onde
se cultivavam espécies para chá, produção de carvão e matéria-prima para fabricação de
pólvora – Albizzi lebeck (Coração-de-negro), Eucaliptus gigantea (eucalipto), Melia
azedarach (Cinamomo), Anadenanthera pavonia (Carolina); cultivo em geral de plantas
e ainda produção de especiarias (cravo, canela).
Mais tarde, com a transformação do Jardim Botânico em Horto Real pelo
próprio Dom João VI, outras espécies foram introduzidas:
Cinnamomum ceylanicum - Caneleira do Ceilão; C. canphora – Canfoeira; Murraya

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exotica - Falsa murta, utilizada como aroma para chá; Gardenia jasminoide – Gardênia;
Aglaia odorata – Aglaia; Michelia champaca – Magnólia; Osmanthus fragans -
Jasmim-do-imperador; Carludovica palmata- palmeirinha anã do Panamá, fornecerora
da fibra para chapéu Panamá; Calamus rotang – palha para assentos em cadeiras.
Em 1809, Dom João VI invadiu a Guiana Francesa, revidando a ocupação de
Portugal. Como despojos dessa guerra, chegaram ao Brasil espécies frutíferas como:
abacateiro, lichieiro, caramboleira, jamboeiro, jaqueira, tamarindeiro, noz-moscada,
fruta-pão, dilênia e flor-de-abril.
Imigrantes portugueses vindos da Ilha de Madeira, introduziram nos jardins
plantas exóticas como alamandas, amarílis, begônias, biris, primavera, brunfelsias,
tinhorões, petúnias, onze-horas e sálvias. Portugueses libertados da Ilha Mauritius
troxeram a palmeira imperial (Roystonia regia) que Dom Pedro plantou no Horto Real
(esse exemplar viveu 163 anos atingindo 40 m). já a palmeira real (Roystonia
oleraceae), nativa de Cuba e Porto Rico, de porte mais baixo e tronco mais grosso, foi
introduzida quase um século depois.
Contratado por Dom João VI, o agrônomo francês Paul German introduziu
inúmeras espécies entre elas: Acalifas, Crotons, Datura, Dombeia, Furcraea, Ixora,
Resedá, Jasmim-manga, Bico-de-papagaio, Flamboyant, Árvore-do-viajante. Muitas
espécies floríferas foram trazidas pelos cônsules e embaixadores, alguns exemplos:
Agapantos, copos-de-leite, dálias, dracenas, hibiscos, jasmins, lírios, margaridas,
cravos, rosas.
Mesmo tendo sido construído em 1808, somente em 1822, o Jardim Botânico foi
aberto à visitação. Antes disso, este era o local onde Dom João e Carlota Joaquina
passeavam nos fins de semana.
O paisagismo ganhou forças com os preparativos para o casamento de D. Pedro I
com a arquiduquesa da Áustria. O arquiteto paisagista alemão Ludwig Riedel foi
contratado para arborizar as ruas de Rio de Janeiro. A dificuldade encontrada para este
trabalho que ocupou o período de 1836 a1860, foi que o povo acreditava que a sombra
formada pelas árvores era a responsável por doenças como maleita, febre amarela,
sarampo e até a sarna dos escravos.
Em 1858, Dom Pedro II contratou Auguste Marie François Glaziou, formado em
engenharia civil, estudou botânica no Museu de Historia Natural de Paris, aprofundando
seus conhecimentos em agricultura e horticultura, e participou da reforma do Jardim
Público de Bordeaux, na França. Glaziou ocupou durante longo periodo o cargo de
Diretor Geral de Matas e Jardins da Casa Imperial e Inspetor dos Jardins Municipais,
além de integrar a Associação Brasileira de Aclimatação. Foi o principal paisagista do
Império. Aqui projetou os parques da Corte, entre eles o da Quinta da Boa Vista, o de
São Cristóvão, o do Palácio de Verão de Petrópolis, o do Barão de Nova Friburgo em
Nova Friburgo, o Parque São Clemente e muitos outros, e ainda a requalificação do
Passeio Público.
Sua obra, de alta qualidade, incorporou a tradição anglo-saxônica do tratamento
da paisagem à tropicalidade da vegetação local, criando uma simbiose perfeita entre a
rica flora existente e os cânones românticos de seu modo de projetar. Entre suas obras se
destacam o Campo de Santana e a Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, cujo estilo
era inspirado no jardim paisagístico inglês do século VIII. Havia grandes gramados,
lagos sinuosos, caramanchões em estilo de templo grego, e a preocupação de situar o
jardim dentro da paisagem, não havendo cercas ou outras estruturas que limitassem a
visão.

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Com sua relevante atuação em projetos de jardins, praças e parques, Glaziou
transformou a paisagem brasileira na segunda metade do século XIX. Devemos a ele
também a descoberta de diversas espécies que receberam o seu nome, como a Glaziovia
bauhinioides, da família das Bignoniáceas, descrita na Flora Brasiliensis, e a Manihot
glaziovii (maniçoba), bem como a adoção de plantas brasileiras em praças e ruas do
país. Pela primeira vez, usou árvores floríferas no paisagismo. Começava o uso de:
sibipiruna, pau-ferro, cássias, paineira, jacarandá, suinã, cedro, embaúva, oiti,
mirindiba, quaresmeira e ipês. O efeito urbanístico do Rio de Janeiro espalhou-se por
outros estados porém, pela falta de técnicos especializados, nem sempre com um estilo
coerente e bom gosto. Assim, até hoje sobrevivem alguns arbustos tosados de diversas
formas. Outros erros foram cometidos, como o plantio de jaqueiras, coqueiros e
figueiras em praças públicas; sem contar o uso de flamboyants na arborização de ruas.
A Europa sempre fora considerada modelo de civilização e desenvolvimento.
Assim sempre serviu de modelo para a arquitetura e para os jardins nacionais. Isto foi
ainda mais acentuado com as imigrações, principalmente, italianos, portugueses,
franceses, alemães, que trouxeram e implantaram aqui seus modelos de jardim. As
espécies mais cultivadas eram as rosas, dálias, crisântemos, avencas e samambaias.
Muitos foram os paisagistas que trabalharam com o paisagismo no século XIX e
no século XX. Durante a Primeira República, especialmente no Rio de Janeiro e São
Paulo, como Paul Villon, Arsene Puttmans e Reynaldo Dierberguer, produzindo tanto
para particulares como para o Estado. Houve grande influência dos jardins franceses nas
praças brasileiras. A Praça Paris, por exemplo, no Rio de Janeiro, obra do urbanista
Alfred Agache, 1929, serviu de modelo para muitas outras. A simetria se tornou um
ponto comum e em muitos projetos havia demonstrações da arte topiária, com estranhas
esculturas como poltronas, jogadores de futebol, camelos, cavalos esferas.
O século XX é um período de rupturas formais no paisagismo, a primeira delas
originando o que denominamos de Escola Modernista, com forte influência do trabalho
geometrizado e funcionalista dos paisagistas californianos, como Church, Eckbo e
Halprin e dos fortes e pessoais traçados plasticamente rocambólicos ou por vezes
também geométrico de Roberto Burle Marx.Este foi o primeiro paisagista a romper os
cânones tradicionais do Ecletismo, em obras de porte para o governo do Estado Novo.
Sua obra, baseada em um sentimento nacionalista forte e formalmente diferenciada, se
tornou ícone da modernidade de então.
O grande marco no paisagismo brasileiro foi devido ao trabalho de Burle-Marx,
no século XX. Roberto Burle-Marx nasceu em São Paulo em 1909 e mudou-se para o
Rio de Janeiro em 1913. Estudou na Alemanha entre 1928 e 1929. Ainda era estudante
de pintura em Berlim, quando visitou o Jardim Botânico de Dahlem e descobriu a
riqueza da flora tropical, com vários exemplos de plantas nativas brasileiras.
De volta ao Brasil, ele foi convidado para fazer os jardins da casa da família
Schwartz, projetada em 1932, a primeira do Rio de Janeiro em estilo moderno.
Entre 1934 e 1937 foi Diretor de Parques no Recife, onde projetou e executou os
primeiros jardins com plantas que ocorriam naturalmente em diversas formações
fitogeográficas do Brasil. Utilizou plantas da caatinga na Praça Euclides da Cunha e da
flora amazônica nos jardins da Casa Forte.
Em 1943, com a associação com o botânico Henrique Lahmeyer de Mello
Barreto, a tendência de valorização da flora nativa foi acentuada, observando, sobretudo
o comportamento das plantas em seu habitat, como se associavam com pedras,
diferentes tipos de solo e outras plantas. Também coletou diversas plantas nas diferentes
regiões brasileiras, algumas desconhecidas e as valorizou, utilizando-as em seus
projetos. As plantas desconhecidas foram classificadas, recebendo o seu nome:

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Heliconia burle-marxii, Anturium burle-marxii, Begonia burle-marxii, Mandevilla
burle-marxii, Vellozia burle-marxii, Philodendron burle-marxii, Pleurostima burle-
marxii, Burlemaxia spiralis, são alguns exemplos.
O complexo arquitetônico da Pampulha e o parque da cidade de Araxá são
importantes obras paisagísticas realizadas por Burle-Marx. Nessas áreas ele procurou
utilizar e valorizar espécies da flora nativa regional.
A definição de um estilo ou uma tendência não depende unicamente das plantas
utilizadas, mas da forma de compor a vegetação, criando um movimento inovador.
Como um artista moderno, Burle-Marx não poderia aceitar as formas e traçados rígidos
impostos por outros estilos importados pelo país. “Detesto a fórmula, adoro princípios”.
Assim, Burle-Marx utilizou em seus projetos curvas amplas, traçados sinuosos e livres,
com a proporção relacionada com a paisagem do entorno, sem perder a sua relação com
a arquitetura no qual o jardim está inserido. Não havia compromisso com regras
preestabelecidas. Preocupou-se sim em manter uma coesão entre as peças de suas
composições, sempre com uma visão global.
Apesar disto, e como é característico do jardim eclético, aproveitaram-se os
conceitos de outros estilos, nos seus pontos mais importantes e marcantes. Burle-Marx
utilizou, por exemplo, na residência de Odete Monteiro, os conceitos dos parques
ingleses, onde o jardim fazia parte da paisagem local. O uso de volumes justapostos
caracterizava a transição entre a arquitetura e a paisagem natural, sem, no entanto, haver
limitações físicas visíveis. No Centro Cívico de Santo André, utilizou a geometrização
do traçado dos jardins franceses e os parterres.
Burle-Marx projetou inúmeros jardins no Brasil e também no exterior, tendo
trabalhado nos Estados Unidos, Chile, Argentina, Venezuela, Uruguai, Equador,
Paraguai, Porto Rico e França.
Roberto Burle-Marx faleceu em 04 de junho de 1994, aos 84 anos.
O século XX marca a consolidação da atividade paisagística no país, com o
aumento das demandas de espaços tratados paisagisticamente pela população urbana,
em constante expansão. Neste século as transformações sociais e urbanas são constantes
e o Brasil chega ao século XXI como uma nação totalmente urbana, possibilitando,
principalmente após os anos 1950, a ampliação do mercado de trabalho, tanto dentro do
âmbito público como privado.
Ao mesmo tempo em que aumentam as opções e a diversidade do lazer para a
sociedade em geral, maiores são os segmentos sociais a demandar espaços para
atividades ao ar livre e a recreação é um dos motes para a organização do espaço livre,
tanto público como privado. Os equipamentos específicos para o lazer se tornam
comuns, primeiro os playgrounds e quadras esportivas, depois as piscinas
(principalmente nos prédios de classe média e residenciais de classe média-alta) e o
banho de mar e o encontro na praia, se tornam hábitos em todas as cidades praianas
brasileiras. O tratamento do espaço do pedestre, das calçadas, começa a ser discutido
com a implantação de vastas áreas pedestrianas, como um modo mais eficiente de
circulação.
Praças e parques já não são mais redutos das elites, que esporadicamente e em
locais pré-determinados a eles se dirigem, sendo solicitada sua instalação e gestão nos
bairros e subúrbios populares distantes, carentes de qualquer estrutura espacial mínima
de lazer.
A segunda ruptura, de caráter estritamente formal, a qual origina o que
designamos Linha Projetual Contemporânea, começa embrionariamente nos anos
1980, com a introdução dos conceitos ecológicos no país e com a achegada de
informações das novas obras feitas no exterior, em especial Estados Unidos, França,

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Espanha e Japão, e se estrutura em duas correntes básicas. A primeira nitidamente
ecologista, na qual se valorizam os cenários rústicos, a conservação e o contato com a
natureza e cênica, produzindo verdadeiras colagens, que vão de um radical, chegando a
situações de irreverência formal absoluta.
São exemplos desta forma de projeto a maioria das intervenções do projeto Rio-
Cidade (anos 1990 na cidade do Rio de Janeiro), a nova orla de Salvador, alguns
parques de Curitiba, centenas de jardins particulares e a Praça Itália em Porto Alegre, de
autoria de Carlos Fayet e equipe (1992), o marco desta nova geração projetual.
O jardim contemporâneo, como o próprio nome indica, é um retrato da vida
moderna. Os elementos arquitetônicos – os pisos por exemplo – normalmente são lisos
e confeccionados com materiais nobres e caros, como o mármore. Já os moveis,
próprios para áreas externas, são assinados por designers da moda e zelam pelo
conforto.
O conceito principal desse estilo é a liberdade no uso de determinadas espécies
de plantas. Pode-se, por exemplo, usar plantas topiadas, exclusivas dos jardins clássicos
europeus, ao redor de uma palmeira tropical; ou cultivar arbustos de clima frio, como
azaléias e hortênsias, oriundas da china e Japão, junto com mini-ixoras, tropicais por
excelência.
Outra característica do jardim contemporâneo é o uso de plantas exóticas,
conhecidas como esculturais. Elas normalmente são plantadas em local em destaque no
jardim, com pouca ou nenhuma interferência de outras espécies ao seu redor.
O jardim contemporâneo tanto pode usar traços geométricos retilíneos quanto
traços irregulares ou curvilíneos, os chamados traços orgânicos. Esses conceitos são
muito explorados nos caminhos, nos formatos das piscinas e, por fim nos canteiros.

Bibliografia consultada

ARAUJO, R.[Coord.] Manual natureza de paisagismo: regras básicas para


implantar um belo jardim. São Paulo: Editora Europa, 2009.154p.

FROTA, L.C. Burle Marx: Paisagismo no Brasil. São Paulo: Câmara Brasileira do
Livro, 1994. 127p.

PAIVA, P.de O.D. PAISAGISMO. Conceitos e Aplicações. Lavras: Editora UFLA,


2008. 608p.

WINTERS, G.H.M. Apostila do curso avançado de paisagismo. Holambra,


1992.112p.

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