VOLTAR
1. QUE TIPO DE PESSOA TEM VOCAÇÃO PARA CRIAR
OVINOS
O ovino foi um dos primeiros animais a ser domesticado
pelo homem. Após a domesticação, uma relação de
dependência passou a existir entre eles. O ovino se tornou
essencial por produzir carne e leite como alimento, e lã para a
confecção de roupas. O homem por sua vez, proporcionou um
ambiente favorável para o desenvolvimento desta espécie e
protegeu os ovinos contra predadores, o que tornou este animal
dependente de seus cuidados.
Normalmente, o que se encontra são informações sobre formas de manejo destes animais,
mas por causa da relação existente entre os ovinos e o homem, um ponto chave para o
sucesso deste negócio, é saber se identificar ou reconhecer que tipo de pessoa tem potencial
para atingir o sucesso com a produção de ovinos. Algumas características que marcam um
bom criador de ovinos são as seguintes:
Um forte interesse na natureza e um desejo em trabalhar com o que é vivo. Estas pessoas
apreciam lugares abertos, e respeitam a vida porque a consideram preciosa.
Amam os animais e se sentem responsáveis por eles. Se você detestar a aparência, o ruído,
o cheiro de um ovino, e somente considera-lo como um produtor de dinheiro, seria melhor
escolher outra espécie para criar. A vida é muito curta para ser perdida com um trabalho
considerado desinteressante e irritante.
Bons criadores são cuidadosos observadores. Percebem através de um sinal do animal, do
ruído que ele faz e até mesmo pelo cheiro, se alguma coisa está errada. Quem tem intimidade
com este animal, nota facilmente por exemplo, se um cordeiro perdeu-se de sua mãe, através
do comportamento e do som emitido por ambos. Sabe se todos os animais estão se
alimentando. Observa as pastagens e determina se estão no ponto de pastejo ou se é hora de
mudar os animais de piquete. Está sempre atento, porque uma semana que se descuida de um
rebanho ovino, é tempo suficiente para se ter prejuízos com ele. O ovino é uma espécie que
necessita do olho do dono.
Como um pastor, o criador de ovinos tem um comportamento de proteção do seu rebanho.
Uma imaginação bem desenvolvida é importante. A habilidade de visualizar uma situação e
antecipar os problemas ou as oportunidades é imprescindível.
Paciência, tanto com os animais quanto com as pessoas. Força de vontade para atingir as
metas propostas e uma visão otimista da vida.
Uma mente organizada e habilidade para estabelecer rotinas e segui-las.
Natureza analítica. Nenhuma decisão é tomada sem a devida consideração dos fatos,
alternativas e conseqüências. Julgamentos repentinos são feitos somente em circunstâncias
especiais, quando uma decisão rápida é exigida.
VOLTAR
2. FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA
DECISÃO DE CRIAR OU NÃO OVINOS
Mercado
A questão comercial continua a ser um problema para muitos produtores. É importante
buscar informações se o produto vai ser facilmente aceito pelo mercado. Quem trabalha com
animais não pode esperar uma fase favorável para vender o produto. Não há como guardar os
animais e simplesmente esperar. O consumo de alimento além do necessário para atingir o
peso de abate de um cordeiro, significa prejuízo. Se você quer produzir cordeiros Karakul (raça
produtora de peles nobres), busque informações sobre os detalhes do processamento e venda
das peles, antes de iniciar o negócio. Se você gostaria de ser um cabanheiro e produzir raças
puras, estude qual é a expectativa de venda e se as raças escolhidas são bem aceitas na
região. A falta de conhecimento do mercado é responsável por muitas falências.
Condições Climáticas
Os ovinos são animais que se adaptaram nas mais diferentes condições climáticas. É
possível encontra-los no deserto, na neve, nas montanhas, enfim, espalhados por todo o
mundo. Entretanto, é importante observar quais raças se adaptam melhor à condição climática
de uma determinada região. Um bom exemplo, é a raça Romney Marsh que apresenta um
ótimo desempenho mesmo em condições de alta umidade, situação considerada indesejável
para a criação ovina. Embora, uma grande parte das raças ovinas são de regiões de clima
temperado, existem raças, como as deslanadas e algumas produtoras de lã, que melhor
respondem em regiões de clima quente. Parece estranho, mas a melhor lã é produzida por
raças especializadas e criadas em regiões áridas, com baixos índices pluviométricos.
É necessário conhecer a história climática da região. Invernos muito rigorosos com chuva
podem causar altas taxas de mortalidade de cordeiros, principalmente em sistemas extensivos
de criação. Secas prolongadas aumentam as perdas no rebanho. Calor excessivo é
responsável pelo baixo desempenho reprodutivo de machos e fêmeas. As instalações podem
propiciar condições ambientais mais favoráveis para os animais, mas o homem não consegue
manipular todo o ambiente. É bom ter uma previsão do que pode acontecer em termos
climáticos.
Disponibilidade de Água
A disponibilidade de água de qualidade é importante em qualquer atividade agropecuária.
Instalações
A infra-estrutura mínima necessária para iniciar uma criação de ovinos se constitui em um
curral, para manejo dos animais, e piquetes com pastagens formadas. Para separar o rebanho
em categorias, um mínimo de 5 piquetes é necessário. Para controlar a verminose e trabalhar
com rotação de pastagens, é preciso um número maior de piquetes. Os piquetes devem ter
sombreamento para proteção dos animais, bebedouros ou aguádas e cochos para
fornecimento de sal mineralizado e para suplementação alimentar. Ao sentir que a atividade vai
se fortalecendo, outras instalações podem ser construídas como apriscos e currais de engorda
de cordeiros (produção de carne).
Predadores
O ataque do rebanho ovino por predadores, como cães e até mesmo onças, em
determinadas regiões, pode trazer grandes prejuízos. Por isso, a troca de informações com
outros criadores da região sobre este problema entre outros, é importante para tomar as
medidas necessárias e corretas para evitar estas perdas. Neste caso, as utilizações de cercas
elétricas ou áreas protegidas para recolher o rebanho durante a noite podem ser necessárias.
Objetivo da Criação
Determinar qual o objetivo da criação está relacionado diretamente com o mercado.
Atualmente, a produção de lã tem diminuído em função da queda no preço deste produto. As
produções de leite ou pele ovina, ainda são atividades muito pouco exploradas no Brasil. O que
tem apresentado maior crescimento é a produção de carne ovina. Vale a pena ressaltar, que a
ovinocultura tem um grande futuro, entretanto, o mercado precisa ser mais bem organizado e
estruturado. Para conquistar o consumidor, é preciso que um produto de qualidade chegue ao
mercado de forma constante e uniforme. Para isso, a união de criadores e técnicos através de
associações é necessária.
VOLTAR
3. A ESCOLHA DOS ANIMAIS
Depois da aquisição dos animais, eles devem ser identificados através de brincos e/ou
tatuagens. Controlar os animais individualmente através de escrituração zootécnica é
fundamental em qualquer criação organizada. Na nova propriedade, os ovinos devem passar
por um período de constante observação em uma área de quarentena, para ver se nenhuma
doença irá se manifestar. É nesse período que exames de fezes devem ser realizados
juntamente com os testes de vermífugos. Um dos maiores problemas enfrentados pela
ovinocultura nos dias de hoje, é o uso indiscriminado de vermífugos e como conseqüência à
resistência dos vermes a diferentes princípios ativos.
Com relação ao tamanho do rebanho, se o objetivo da criação for apenas para consumo
próprio ou para manter a grama aparada ou como animais de estimação, não há necessidade
de muitos ovinos. Mas, para se esperar algum retorno econômico, é preciso atingir o número
mínimo de 300 matrizes se a criação for para a produção de carne.
TEMPERATURA CORPORAL
Os batimentos cardíacos e a respiração são mais acelerados nos animais jovens e diminuem
gradativamente com a maturidade.
· Freqüência respiratória em ovinos adultos – 12 a 20 / minuto
· Freqüência cardíaca em ovinos adultos – 70 a 80 / minuto
CARACTERÍSTICAS DIGESTIVAS
Rúmen 23,65
Retículo 1,89
Omaso 0,95
Abomaso 2,81
As fezes dos ovinos, com formato de síbalas, são normalmente mais secas do que as fezes
dos bovinos, a menos que a dieta seja rica em alimentos com altos teores de água. A urina é
usualmente mais concentrada do que a dos outros animais, principalmente sob condições de
pouca disponibilidade de água. Portanto, os ovinos apresentam uma ótima capacidade de
retenção e aproveitamento de água.
CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS
A maioria dos ovinos é poliéstrica estacional, isto é, eles apresentam uma estação
reprodutiva definida durante o ano, quando ocorrem os ciclos reprodutivos e as fêmeas
mostram os sinais do cio. A estação reprodutiva natural dos ovinos ocorre no outono e no
inverno, entretanto, a época e duração da estação de monta não seguem um padrão e variam
com as diferentes raças. Por exemplo, a raça Merino apresenta uma estação reprodutiva mais
longa do que raças de lã grossa como a Romney Marsh. A raça Dorset e as raças que se
originaram de regiões próximas da linha do equador, são pouco estacionais, apresentando cios
praticamente ao longo de todo o ano. A altitude, latitude, comprimento dos dias, temperatura,
umidade e nutrição afetam os ciclos reprodutivos das ovelhas. Os carneiros também sofrem
influência dos fatores ambientais, mas são menos sensíveis do que as ovelhas.
· PUBERDADE – puberdade é o estágio sexual no qual a reprodução já pode ocorrer. As
fêmeas apresentam os primeiros cios férteis e os machos as primeiras coberturas com
espermatozóides viáveis. A puberdade indica que já é possível a reprodução, mas não quer
dizer que os animais estejam aptos para manter uma gestação ou então serem utilizados como
reprodutores em uma estação de monta. Em média a puberdade é atingida com 5-6 meses de
idade. A idade ideal para a primeira cobertura está relacionada com o estado nutricional e o
peso dos animais.
· ESTRO (CIO) – é o período dentro do ciclo estral em que a fêmea se torna receptiva ao
macho. O estro tem uma duração média de 29 a 30 horas e a ovulação ocorre no final deste
período. A duração do ciclo estral é de 14 a 19 dias, em média 17 dias. Portanto, dentro da
estação reprodutiva, a fêmea ovina apresentará cio a intervalos de 17 dias (se não for
fecundada).
· GESTAÇÃO – o período de desenvolvimento do feto no útero da ovelha é chamado de
gestação e dura em média 147 a 150 dias.
O peso ao nascer dos cordeiros pode variar de 1,36 a 11,4 Kg, com uma média de 3,6 a 4,5
Kg. Os fatores que afetam o peso ao nascer são os seguintes:
· Tamanho dos pais
· Número de cordeiros por parto – cordeiros de parto gemelar nascem mais leves do que
cordeiros de parto simples.
· Idade da ovelha – ovelhas mais velhas tem cordeiros mais pesados.
· Sexo do cordeiro – machos nascem normalmente mais pesados do que fêmeas.
· Nutrição – níveis inadequados de nutrientes, principalmente no terço final de gestação,
diminuem o peso ao nascer dos cordeiros.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Há variação entre as raças e tipos de ovinos com relação à idade a maturidade. Raças de
menor porte atingem o peso adulto mais rapidamente do que as raças de maior estatura. No
geral, os ovinos atingem 80% do peso adulto com um ano e 100% com dois anos de idade.
Os ovinos podem viver até 16 -18 anos, mas nos sistemas de produção não permanecem
nos rebanhos por mais de 7 – 8 anos.
VOLTAR
VOLTAR
CORDEIRO
BORREGA
CARNEIRO
OVELHA
CAPÃO
VOLTAR
OVINOS PRODUTORES DE LÃ
São ovinos pertencentes a raças cuja aptidão é a produção de lã. O velo destes animais
é de alta qualidade. O peso e rendimento são elevados e a coloração é branca. As fibras
são uniformes e resistentes. A ausência de pêlos e fibras escuras entre as mechas de lã
é fundamental.
EXEMPLO DE RAÇA PRODUTORA DE LÃ
MERINO
Atualmente, no Brasil, o número de animais com aptidão para a produção de carne tem
aumentado, ao contrário do que acontece com ovinos produtores de lã. As produções
de leite e peles ainda são pouco exploradas no país.
VOLTAR
VOLTAR
Ao longo do ano, os ovinos e, em especial, as ovelhas, passam por diferentes ciclos
produtivos e/ou reprodutivos que alteram as suas exigências nutricionais. A
disponibilidade de alimento, também varia em decorrência das mudanças climáticas.
Com isso, os animais podem perder ou ganhar peso. Esta mudança na condição
corporal afeta o desempenho do animal e, portanto, deve ser controlada. O peso é um
bom indicador do estado nutricional, entretanto, há uma larga variação do tamanho
adulto entre os indivíduos e entre as diferentes raças, o que significa que nem sempre
um animal pesado apresenta uma boa condição corporal. A avaliação desta condição
somente através da visualização, também não é uma boa opção, principalmente nos
animais lanados. A lã pode dar uma falsa idéia de um bom estado nutricional.
A avaliação da condição corporal através de escores obtidos pela palpação da região
lombar, auxilia no manejo nutricional e reprodutivo do rebanho. Para identificar a região
da palpação, deve-se localizar a última costela e subir com os dedos até encontrar a
vértebra lombar. Nesta, sente-se dois processos denominados de apófises espinhosa e
transversa. O escore obtido varia de 1 a 5 e se baseia na sensibilidade da palpação à
deposição de gordura e músculo na vértebra. O escore 1 significa que o animal
apresenta uma pobre condição corporal. Neste caso, sente-se muito as apófises
espinhosa e transversa na palpação. Por outro lado, o escore 5 representa uma
deposição excessiva de gordura, impedindo a sensibilidade das apófises.
Nas figuras a seguir, é possível visualizar a forma de realizar a avaliação corporal
através da palpação.
O sistema de avaliação corporal tem por base uma escala de 1 a 5. Pode-se trabalhar com
intervalos de 0,5 (1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0). Os 5 escores principais estão
demonstrados nas figuras a seguir:
As apófises espinhosa e
transversa estão proeminentes e
bem definidas. No caso da apófise
transversa, é possível colocar os
dedos sob o final dela. O músculo
lombar tem pouco volume e não
possui cobertura de gordura.
ESCORE 2 (MAGRO)
ESCORE 3 (MÉDIA)
A apófise espinhosa se apresenta
de forma suave e arredondada. O
músculo lombar está mais volumoso
e possuí uma boa cobertura de
gordura. Sente-se a apófise
transversa, mas somente com uma
firme pressão consegue-se colocar
os dedos sob o seu final.
ESCORE 4 (GORDO)
A apófise espinhosa só é
detectada através de pressão, como
uma linha dura. As apófises
transversas não podem ser sentidas.
O músculo lombar é volumoso e
possui uma espessa camada de
gordura.
ESCORE 5 (OBESO)
As apófises espinhosa e
transversa não podem ser
detectadas. O músculo lombar é
muito volumoso e a camada de
gordura sob o músculo é muito
espessa.
REPRODUÇÃO 3–4
Para que os ovinos possam apresentar uma ótima performance produtiva, é necessário
propiciar condições ambientais favoráveis. Isto pode ser conseguido através da utilização de
instalações. As instalações devem proteger os animais da chuva e do frio, oferecer áreas
sombreadas para os dias de calor, proteger do ataque de predadores, oferecer áreas secas e
bem drenadas, permitir a estocagem de alimentos e equipamentos e facilitar o manejo dos
animais. Atualmente, o custo da mão de obra é elevado e, portanto, o trabalho humano deve
ser mínimo e eficiente. Instalações bem planejadas permitem que o trabalho com os animais
seja executado de forma eficaz, rápida e com um número reduzido de pessoas.
Como a construção de instalações tem um alto custo, é importante analisar a propriedade e
o rebanho, e se perguntar até que ponto este gasto vai ser compensado com um aumento na
produção. Não pensar somente na estética, mas principalmente na funcionalidade. Utilizar
quando possível, as instalações já existentes, fazendo apenas reformas, e prever futuras
ampliações.
PIQUETES OU POTREIROS
VOLTA
Todos os piquetes devem ser ligados a corredores de acesso. Os corredores bem como os
portões devem ser largos o suficiente para a passagem das máquinas, que serão utilizadas na
formação e manutenção das pastagens. Os piquetes devem ter aguadas, sombreamento e
proteção contra ventos através de árvores. Dependendo da topografia, é interessante distribuir
os piquetes de forma que eles tenham partes altas e baixas, permitindo que de acordo com as
condições climáticas, os ovinos possam escolher o melhor lugar de conforto para eles. O
tamanho dos piquetes varia em função do sistema de criação. No sistema extensivo os
piquetes são grandes, já no sistema intensivo, o ideal é trabalhar com piquetes pequenos, em
torno de 2 ha, o que permite um melhor manejo das pastagens. O número mínimo de piquetes
deve ser suficiente para dividir o rebanho em categorias e permitir a rotação de pastagens. Um
número superior a 10 piquetes facilita o manejo dos animais e dos pastos, entretanto, aumenta
os custos com cercas. A utilização de cerca elétrica subdividindo os piquetes auxilia nos
sistemas de rotação de pastagens e no controle da verminose, bem como, reduz os custos com
cercas fixas.
Figuras 5 e
6–
Corredores
de acesso
aos
piquetes.
VOLTA
CERCAS
Falar de cerca para ovinos é complicado, construir é mais difícil ainda. O número de fios de
arame necessários é superior ao das cercas construídas para bovinos, por exemplo. Se a cerca
não for bem feita, os animais passam facilmente por ela, dificultando o manejo principalmente
nas épocas de reprodução e nascimento de cordeiros. O número de fios de arame varia de 6 a
8 e a altura de 0,90 m a 1,20 m. Um exemplo de distanciamento dos fios de uma cerca para
ovinos é o seguinte:
Distância entre o 1o. fio e o solo – 10 cm
Distância entre o 2o. fio e o 1o. –10 cm
Distância entre o 3o. fio e o 2o. –10 cm
Distância entre o 4o. fio e o 3o. –10 cm
Distância entre o 5o. fio e o 4o. – 15 cm
Distância entre o 6o. fio e o 5o. – 20 cm
Distância entre o 7o. fio e o 6o. – 20 cm
Esta cerca tem uma altura de 0,95 m. O distanciamento entre palanques deve ser de 6 a 8 m
e entre os balancins de 2 m. Os palanques devem ser enterrados 40-60 cm no solo.
Para ovinos a utilização de cercas teladas é interessante, entretanto, o custo alto nem
sempre permite o uso. A cerca elétrica é uma outra opção. Ela pode ser formada por 2 fios,
sendo o primeiro distante do solo 10-15 cm e o segundo distante do primeiro 20 cm. No caso
da cerca elétrica com 2 fios, a lã pode proteger o ovino do choque na hora que ele tentar
passar. Se isto acontecer, recomenda-se deixar os animais por algumas horas em uma área
pequena de aprendizado, com vários fios de arame eletrificados, para fazer com que
posteriormente o rebanho respeite a cerca elétrica de 2 fios no piquete. O primeiro fio não deve
encostar-se ao pasto para não ocorrer o aterramento.
VOLTA
CURRAL DE MANEJO
O curral de manejo deve ser planejado para a realização de atividades, tais como: pesagem,
vermifugação, vacinação, banho sarnicida, casqueamento, tosquia, corte de cauda, apartação
entre outras. A área é calculada em função da categoria mais numerosa que irá se trabalhar no
curral, provavelmente a das ovelhas. Recomenda-se 1m2/animal desta categoria. Não há
necessidade de toda esta área ser coberta, mas, se possível, deve ser cimentada. O curral é
composto por baias, seringa, brete, pedilúvio, balança, banheira sarnicida e escorredouro.
b) BAIAS
O curral é formado por baias interligadas de forma a facilitar a condução dos animais até o
brete e a separação quando necessária.
c) SERINGA
A seringa é uma área no curral de manejo que afunila fazendo com que os animais entrem
um a um no brete.
Figura 7 – Seringa
VOLTA
d) BRETE
As medidas do brete são de fundamental importância para o manejo. Se o brete for muito
largo os animais podem se virar dentro e complicar o trabalho. Um brete alto demais não
permite uma boa contenção, dificultando aplicações de vacinas e vermífugos, visualização do
brinco e/ou tatuagem...Por isso, as medidas abaixo devem ser respeitadas no momento da
construção:
LARGURA SUPERIOR – 50 cm
LARGURA INFERIOR – 35 cm
ALTURA – 80 cm
COMPRIMENTO – 5 a 11 m
As laterais do brete devem ser de tábuas colocadas na horizontal, sem espaço entre elas.
Quando bretes com tábuas espaçadas são utilizados, o risco dos animais machucarem ou
fraturarem os membros é maior.
Figuras 8 e 9 – O brete contém um espaçamento entre o solo e a primeira tábua para facilitar a
limpeza como na figura da esquerda. No final do brete pode ser vista a entrada da balança.
e) PEDILÚVIO
O pedilúvio tem a função de combater problemas de casco, através de soluções como o
sulfato de zinco, onde os cascos dos animais têm que ficar submersos por alguns minutos. É
uma depressão que pode estar localizada no piso do brete. A profundidade é de 12-15 cm,
sendo que a solução não deve baixar os 7 cm, pois os cascos devem ficar totalmente
submersos.
VOLTA
f) BANHEIRA SARNICIDA
Em regiões onde o problema com ectoparasitas é freqüente, recomenda-se a construção da
banheira sarnicida. Como é uma estrutura de alto custo, outros métodos como o da
pulverização são utilizados para combater piolho e sarna. Porém, o tratamento através da
imersão em banheiras é o mais eficaz. Existem vários modelos de banheiras, o mais conhecido
é o formato arredondado como pode ser visualizado nas figuras 11 e 12. Entretanto, pode-se
trabalhar com modelos semelhantes aos utilizados para bovinos no combate ao carrapato,
apenas deve-se adapta-los ao tamanho dos ovinos.
VOLTA
g) ESCORREDOURO
O escorredouro é composto por duas baias de 8 m2 cada uma, localizadas na saída da
banheira sarnicida. Os animais devem permanecer após o banho neste local, por
aproximadamente 10 minutos, para que a água do banho escorra, passe pelos tanques de
decantação e volte para a banheira.
APRISCO
O aprisco é uma instalação para recolher os ovinos durante a noite ou para confina-los.
Dependendo do tempo que os animais irão permanecer neste local, eles devem ter acesso a
cochos de ração e sal mineralizado e bebedouros. Tem grande importância na proteção do
rebanho contra predadores e contribui para diminuir a taxa de mortalidade de cordeiros devido
a condições ambientais desfavoráveis.
a) LOCALIZAÇÃO
A localização do aprisco deve ser escolhida cuidadosamente. O local deve ser alto, seco,
próximo dos silos ou depósitos de ração e de fácil acesso por caminhões. O ideal é que seja
feita a construção próxima da casa da pessoa que irá cuidar do rebanho, calculando uma
distância mínima e observando a direção do vento para evitar o mau cheiro. O acesso ao
corredor principal dos piquetes e ao curral de manejo dever ser fácil. Eletricidade e água devem
estar disponíveis.
b) TIPO DA CONSTRUÇÃO
Não há um modelo padrão de aprisco. O material utilizado depende do custo, da
durabilidade e disponibilidade na região. O custo é fator decisório na escolha, mas a
construção deve ser funcional, durável e exigir pouca manutenção.
VOLTA
c) FLEXIBILIDADE
Durante o ano ocorrem mudanças no número de animais de cada categoria. Na época de
reprodução são formados lotes de fêmeas com os reprodutores. Na época de nascimentos são
necessárias baias pequenas para ovelhas com cordeiros recém nascidos e outras maiores para
colocar todo o rebanho de ovelhas com cria ao pé. Ainda, para cordeiros em aleitamento, pode-
se utilizar algumas baias como creep feeding. Na terminação de cordeiros, o número de
animais por lote confinado pode variar. Em função destas mudanças, é interessante trabalhar
com divisórias de baias móveis, ou planejar o aprisco com portões que permitam aumentar ou
diminuir o tamanho das baias de acordo com o número de animais de cada lote.
d) VENTILAÇÃO
Em função das condições climáticas no Brasil, não há necessidade de construir apriscos
totalmente fechados. Em regiões de clima frio, pode-se trabalhar no inverno, com cortinados
para barrar o vento.
e) ELETRICIDADE
O aprisco deve ter tomadas e iluminação. As tomadas são necessárias para os
equipamentos de tosquia, corte de cauda entre outros. Elas devem ser instaladas a cada 6 a 9
m. Uma iluminação satisfatória é obtida quando se utiliza uma lâmpada de 100 watts para cada
37,2 m2 de área no piso. Nas baias maternidades, podem ser colocadas campânulas elétricas
para manter os cordeiros recém nascidos aquecidos em regiões de clima frio.
f) ÁGUA
Os apriscos devem ter bebedouros com bóia. A falta de água prejudica a performance
produtiva e reprodutiva dos animais. Para evitar perdas causadas pela falta de água é
interessante ter um reservatório com capacidade de armazenar água o suficiente para atender
a demanda de três dias. Para isso, é necessário calcular a água consumida pelos animais e a
utilizada para limpeza e outras atividades. Na tabela 1 pode-se observar o consumo médio
diário de água de acordo com as diferentes categorias. Este consumo pode variar em função
do tipo de alimento consumido, condições climáticas, tamanho do animal, função produtiva e
temperatura da água.
CATEGORIA LITROS/DIA
CARNEIRO 7,5
VOLTA
g) ÁREA DO APRISCO
A área do aprisco está relacionada com o número e tamanho dos animais, tipo de piso,
tempo de permanência e necessidade de suplementação alimentar na instalação. Na tabela 2
pode ser visualizado o espaço médio por animal, considerando o piso ripado, sem retenção de
urina e fezes onde os animais pisam.
CATEGORIA m2/animal
CARNEIRO 1,3-1,9
Obs.:
Ø No caso do piso não ser ripado, deve-se trabalhar com áreas maiores do que as
recomendadas na tabela 2.
Ø A super lotação nos apriscos deve ser evitada, principalmente para ovelhas em final de
gestação e lactação, a fim de evitar mortes de cordeiros por pisoteio.
Ø Cordeiros confinados precisam de mais espaço do que cordeiros em terminação que
permanecem no aprisco somente durante a noite.
VOLTA
h) ESPAÇO NO APRISCO PARA O COCHO DE SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR
Se os animais permanecem por muitas horas no aprisco, é interessante que sejam
suplementados. Para isso, tem que ser calculado quantos metros de cocho são necessários,
em função do número de animais que as baias comportam. Na tabela 3 observam-se quantos
cm de cocho são necessários para cada animal.
CATEGORIA cm/animal
CARNEIRO 30-41
i) PISO DO APRISCO
O melhor piso é o ripado, o qual permite que as fezes e a urina caiam e fiquem distantes dos
animais. A altura deste piso do chão deve ser o suficiente para que a limpeza seja realizada
com facilidade, no mínimo 1,5 m. Recomenda-se que o chão seja cimentado e com um
declive de no mínimo 2%. É importante construir um ripado uniforme, seguindo corretamente as
medidas para evitar problemas de aprumo, fraturas nas patas dos cordeiros e retenção de
fezes. A largura recomendada para as ripas é de 5 cm e a espessura de uma polegada. O
espaçamento entre as ripas deve ser de exatamente 2 cm. Um espaçamento menor faz com
que ocorra acúmulo das fezes e um espaçamento maior provoca problemas de aprumos. Para
cordeiros recém-nascidos seria interessante reservar algumas baias forradas com palhada
(cama), para evitar que o animal prenda a pata ficando sem mamar ou até mesmo se
machucando. O ripado não permite um bom desgaste dos cascos, por isso animais que ficam
por muito tempo em apriscos com pisos ripados (reprodutores de cabanhas), podem apresentar
achinelamento. Neste caso, o casqueamento freqüente é recomendado, bem como soltar os
animais em áreas asfaltadas ou com cimento rugoso para manter o casco sem deformidades.
Quando se utilizam apriscos com piso ripado suspenso do chão para recolher o rebanho,
deve-se evitar que os animais tenham acesso no local abaixo do aprisco. O piso ripado auxilia
no controle da verminose, mas não vai adiantar se os ovinos tiverem acesso as fezes que
caem do aprisco. O interessante é cercar a área onde está o aprisco para evitar que durante o
dia os animais entrem embaixo da instalação.
Figuras 17 e 18 – Piso ripado, suspenso 1,5 m do chão, com espaçamento entre ripas de 2cm.
Figura 19 – Área destinada à suplementação alimentar ou confinamento, com cochos cobertos, e
piso asfaltado que facilita o desgaste dos cascos.
VOLTA
j) DIVISÓRIAS DAS BAIAS
As divisórias podem ser feitas de diferentes materiais. No caso da madeira, as medidas são
as mesmas das divisórias utilizadas no curral de manejo. A altura recomendada é de 1,0 a 1,3
m.
k) PORTÕES
A largura dos portões de baias pequenas, com no máximo 20-25 m2,é de 50 cm. Entretanto
portões por onde vai passar um grande número de animais (como é o caso do portão de
entrada do aprisco), devem ter 1,0 a 1,5 m de largura.
Figuras 21 e 22 – Entradas de apriscos com rampas. As rampas apresentam pequenos degraus
com 5 cm de largura para os animais não escorregarem. O centro da rampa é liso para subir com o
carrinho de mão. Os portões de entrada são largos devido ao número de animais que irão tentar
entrar ao mesmo tempo.
Figura 23 – Portão interno do aprisco. Quando totalmente aberto transforma duas baias em uma
única bem maior.
Figura 24 – Baias maternidades, com capacidade para 5 ovelhas e portões menores com 50 cm de
largura. Na época de nascimentos estas baias são forradas com palhadas (cama).
VOLTA
DEPÓSITO DE RAÇÃO
Principalmente nos sistemas mais intensivos de criação, em algumas épocas do ano é
necessário suplementar os animais com ração, feno, rolão de milho entre outros tipos de
alimentos. Por isso, é importante reservar uma área para armazenar estes produtos. Neste
local, tem que se prever a utilização de triturador e a saída do pó que se forma na moagem do
feno e outros alimentos.
SILOS
A utilização de forrageiras conservadas tem uma grande importância para quem trabalha
com confinamento ou na suplementação alimentar do rebanho em períodos críticos. A silagem
de milho é a mais utilizada e o silo trincheira é a instalação comumente necessária para
armazenar adequadamente este produto.
FARMÁCIA E ESCRITÓRIO
Local para guardar medicamentos, equipamentos, registros, escrituração zootécnica...
Manter sempre limpo e em ordem.
Figura 29 – Farmácia e escritório
VOLTA
A subfertilidade em borregas é uma das principais causas que contribuem para reduzir a
produtividade de um rebanho ovino. Embora a taxa de fertilidade sofra influência de vários
fatores, em torno de 20 a 40% das borregas falham em produzir o seu primeiro cordeiro. Em
borregas os sinais comportamentais do cio são usualmente fracos e a intensidade é menos
marcante do que em ovelhas adultas. Além disso, a duração do cio é normalmente mais curta
em borregas do que em ovelhas. O número de ciclos estrais pode variar de um a onze durante
a estação de monta, dependendo da raça, meio ambiente e desenvolvimento sexual das
borregas. As ovelhas adultas apresentam em média 6 a 11 cios durante a época de reprodução
e as borregas 2 a 6. Os ciclos estrais são menos regulares e a incidência de cio silencioso é
mais freqüente, principalmente em borregas com uma taxa de crescimento baixa. Além disso, a
taxa de ovulação é menor e a taxa de mortalidade embrionária mais elevada em borregas do
que em ovelhas Aparentemente a baixa taxa de ovulação e os altos índices de mortalidade
embrionária em borregas estão relacionados com uma deficiente produção de hormônios.
A idade em que uma fêmea ovina é coberta pela primeira vez pode variar de 31 meses,
quando as condições de criação são muito adversas, até 7 meses, quando as borregas são
criadas em sistemas intensivos de alta produção, ocorrendo, em média, aos 19 meses. São
idades que coincidem com a época do ano de maior fertilidade para a maioria das raças ovinas.
VOLTA
FATORES QUE AFETAM A PUBERDADE
GENÉTICA
O desenvolvimento sexual é afetado pela genética, por fatores ambientais e pela interação
entre eles.
Existem diferenças entre as raças no que diz respeito à idade e peso corporal ao primeiro
cio. Raças precoces, como as de origem inglesa, atingem a puberdade com idade menor.
Também existe a variabilidade genética que é observada entre os indivíduos de uma mesma
raça. Esta variabilidade permite a prática da seleção genética . Se a seleção das borregas que
apresentam melhor performance reprodutiva for associada com uma boa alimentação, os
índices reprodutivos de um rebanho podem melhorar, entretanto, borregas com baixas taxas de
ovulação na sua primeira estação reprodutiva podem alcançar uma elevada taxa de ovulação e
alta incidência de partos gemelares durante a sua vida reprodutiva futura. Neste caso, corre-se
o risco de descartar animais de elevado mérito reprodutivo, quando a taxa de ovulação de
borregas é o único critério de seleção.
As características reprodutivas mostram uma heterose mais elevada do que as características
produtivas, isto significa que elas podem ser melhoradas através dos cruzamentos entre
diferentes raças. Borregas resultantes de cruzamentos planejados podem apresentar uma
melhor performance reprodutiva do que borregas de raças puras.
EFEITO MACHO
Embora a atividade reprodutiva em ovelhas seja influenciada pela introdução do carneiro, o
efeito macho para induzir o cio da puberdade é pouco estudado. A introdução de carneiros em
rebanho de borregas durante a transição do período não reprodutivo para o reprodutivo pode
resultar em uma significativa sincronização dos cios e das primeiras coberturas.
TIPO DE PARTO
Normalmente, as borregas nascidas de parto gemelar apresentam um menor
desenvolvimento e podem ter a sua puberdade retardada. Se estas fêmeas receberem
suplementação alimentar na fase de aleitamento, através do creep feeding, poderão ter um
desempenho similar ao de borregas nascidas de parto simples. Com este tipo de manejo não
ocorreria um retardo na idade à puberdade de borregas oriundas de partos gemelares.
VOLTA
VOLTA
Representação esquemática dos eventos reprodutivos e sua duração média em ovelhas
VOLTA
ESTACIONALIDADE REPRODUTIVA
OTTO DE SÁ, C. & SÁ,J.L.
VOLTA
ESTACIONALIDADE REPRODUTIVA EM OVELHAS
O processo reprodutivo dos mamíferos, tanto domésticos como selvagens, é marcado por
períodos alternados de atividade e inatividade reprodutiva. Nas fêmeas, estas alternâncias são
organizadas dentro de fases distintas. Estas mudanças incluem os períodos de atividade
sexual e de quiescência associados com os estágios de estro e diestro do ciclo estral. A
alternância entre a fertilidade e a infertilidade está associada a mudanças na estação do ano e
com a gestação e lactação. Ocorre também, uma contínua mudança sexual associada com a
maturação, idade adulta e envelhecimento dos animais. Todos estes fatores interagem entre si.
A regulação natural dos fenômenos fisiológicos ligados à reprodução dos animais teve
origem na sua adaptação às condições climáticas inerentes ao meio em que habitavam. As
maiores possibilidades de sobrevivência das espécies recaem sobre aquelas capazes de
gestar e parir em épocas favoráveis ao desenvolvimento de suas crias. Enquanto o período de
nascimento nas espécies selvagens acontece invariavelmente na primavera ou no final do
inverno, a concepção, ao contrário, tem lugar em diferentes estações do ano. A razão deste
fato reside em que, não sendo o período de gestação igual para todas as espécies, a época da
atividade sexual e, portanto, da cópula também varia ao longo do ano.
Com base no fotoperíodo, os animais foram classificados em dois tipos: animais de dias
longos, no qual se incluem os eqüinos e os bovinos, cuja atividade sexual se manifesta após o
solstício de inverno, ou seja, quando os dias crescem, e animais de dias curtos, no qual são
inseridos os ovinos, caprinos e suínos, cuja atividade sexual se manifesta após o solstício de
verão, ou seja, quando os dias decrescem.
Os eqüinos podem conceber na primavera, dado que seu período de gestação de onze
meses possibilita nascerem suas crias na mesma estação no ano seguinte, pois se mantêm
protegidos pelo ventre dos rigores do inverno. Já os caprinos e ovinos, por perderem
sistematicamente suas crias nascidas no inverno, têm como única opção de sobrevivência a
parição na primavera, resultante das fecundações de outono. Em algumas espécies, como a
bovina e a suína, entretanto, as modificações impostas pela domesticação foram tão intensas,
que estes animais passaram a conceber e parir em qualquer período do ano. Em todos os
casos, porém, as espécies domésticas conservam subjacentes os mecanismos fisiológicos
ligados a estacionalidade apesar dos muitos milhares de anos da domesticação. Por isso, é
possível um retorno ao estado primitivo, desde que o processo seletivo venha a ser
interrompido. Os ovinos, apesar de séculos de domesticação, ainda exibem uma marcada
estacionalidade reprodutiva.
Apesar da estacionalidade ser de grande importância para animais selvagens, muitas vezes
ela é um obstáculo para o aumento na produtividade ovina. A incapacidade das ovelhas de
regiões temperadas ciclarem na primavera limita a realização de programas acelerados de
parições e a obtenção de mais partos na vida de uma fêmea ovina. Além disso, fica difícil a
comercialização dos animais. Se a reprodução é estacional em ovinos, conseqüentemente, a
produção de cordeiros também será, causando um severo problema para organizar e
estabilizar o mercado da carne ovina.
A origem geográfica dos animais e a latitude na qual se encontram são importantes fatores
que condicionam o efeito da luz sobre a atividade reprodutiva dos ovinos. Aqueles que se
originaram ou que estão localizados em uma região próxima da linha do equador, a
estacionalidade reprodutiva não é tão evidente. A influência do fotoperíodo é maior quanto
maior for a latitude. Por isso, as raças de lã grossa, originárias de regiões mais próximas do
pólo, mostram-se mais sensíveis ao fotoperíodo do que as raças de lã fina ou as deslanadas,
que têm origem em zonas mais próximas do equador. Por se tratar de uma condição
transmissível, raças derivadas de cruzamento lã grossa x lã fina mostram comportamento
intermediário.
As ovelhas também apresentam o anestro pós-parto. Na fase de lactação, dificilmente
observa-se ocorrência de cios. Este anestro é mais intenso porque existe um fator fisiológico: a
lactação, e um fator ambiental: o aumento no comprimento dos dias (primavera), que impedem
as fêmeas de ciclarem. O comprimento do anestro pós-parto é afetado pela estação do ano,
pela raça, pela presença do cordeiro e pela lactação.
A maior ocorrência de cios ocorre no final do verão e no outono, entretanto, existe variação
principalmente em função da raça. Raças mais estacionais, como por exemplo a Romney
Marsh (lã grossa), apresentam um período reprodutivo curto, com uma duração de 9 semanas,
o que permite a ocorrência de no máximo 3 cios. Já as raças menos estacionais, como a
Merino (lã fina), apresentam um período reprodutivo mais prolongado, de 25 semanas.
Considerando que as ovelhas entram em cio a cada 16-17 dias, 25 semanas permitem a
ocorrência de uma média de 10 cios (se elas não forem cobertas).
VOLTA
Figura 1 – Representação esquemática da concentração de cios de ovelhas das raças Merino e
Romney Marsh ao longo do ano.
Outros fatores além da luminosidade e da raça, podem afetar a duração do período
reprodutivo. Por isso, existem técnicas naturais de manejo, que são utilizadas na tentativa de
induzir o cio das ovelhas em período de anestro sazonal, tais como: desmame precoce, efeito
macho e nutrição adequada.
DORSET
RABO LARGO
Obs.: Fatores como o ambiente, a nutrição, o efeito macho, podem alterar a duração da
estação reprodutiva e do anestro sazonal das diferentes raças.
VOLTA
SISTEMAS DE REPRODUÇÃO
VOLTA
Os sistemas de reprodução variam nas diferentes regiões e até mesmo entre os rebanhos. A
monta pode ocorrer ao longo do ano, sem controle das coberturas, ou então, através de
métodos mais sofisticados, como o da inseminação artificial.
ESTAÇÃO DE MONTA
Em rebanhos comerciais a reprodução deve ocorrer em uma determinada época do ano,
concentrando desta forma, os nascimentos dos cordeiros. O cuidado na escolha do período
reprodutivo, conhecido como estação de monta, é importante por influenciar positivamente ou
negativamente as taxas de fertilidade, nascimento e desmame de cordeiros. Alguns fatores
devem ser lembrados ao se determinar o período ideal de reprodução:
b) Alimentação - as coberturas devem ser programadas de forma que na fase final de gestação
e início da lactação, exista disponibilidade de alimentos. Portanto, se na propriedade as
pastagens são de campo nativo ou de pastos perenes de verão, onde a maior disponibilidade é
na primavera e verão, as coberturas devem se concentrar nos meses de abril e maio, para que
os nascimentos ocorram a partir de setembro. No caso de propriedades localizadas em regiões
de clima temperado, onde se faz o plantio de pasto de inverno (aveia, azevém), os nascimentos
podem ocorrer em pleno inverno, para que este tipo de pastagem de alta qualidade, seja
aproveitado para as ovelhas no final da gestação e na lactação. Para isso, as coberturas
devem se concentrar nos meses de fevereiro e março e os nascimentos em julho e agosto.
d) Mercado – se existir um maior consumo de cordeiros no final do ano, por causa do natal, as
coberturas devem ocorrer o mais próximo possível do início do ano, para que se tenha tempo
suficiente para a gestação, nascimento, aleitamento e engorda dos cordeiros até dezembro.
Para se conseguir peso de abate dos cordeiros em dezembro, as coberturas deve se
concentrar em fevereiro e os nascimentos em julho. Os cordeiros devem ser criados em
sistemas mais intensivos de produção.
A duração da estação de monta deve ser suficiente para que as ovelhas apresentem pelo
menos 3 cios, ou melhor, tenham 3 chances de serem fecundadas. Como na época
reprodutiva, a ovelha ovula e apresenta os sinais do cio a cada 16-17 dias, a estação de monta
deve ter uma duração de 49 a 56 dias. Este é o único período do ano em que os reprodutores
permanecem junto com as ovelhas neste sistema de reprodução. A relação macho:fêmea varia
largamente. Quando reprodutores adultos são utilizados, trabalha-se em média com 1 macho
para 40 a 50 fêmeas, podendo chegar a 1:100 quando os piquetes são pequenos ou 1:30 em
áreas grandes e acidentadas. A relação macho:fêmea precisa ser ajustada quando são
utilizados borregos, quando se faz a estação de monta no período de anestro sazonal ou
quando o cio das ovelhas é sincronizado. Nestes casos, não se deve trabalhar com mais de 25
fêmeas para um único macho. Os carneiros podem servir 10 ovelhas por dia por um período de
4 dias ou 8 a 10 ovelhas em 24 horas no campo. Os carneiros podem ejacular 11 a 17 vezes
por dia se forem estimulados pela presença de fêmeas em cio, sendo capazes de manter a
qualidade do sêmen por um período de 6 dias. Entretanto, alguns animais reduzem o número
de espermatozóides no ejaculado, abaixo da quantidade ideal para a fertilização, quando
submetidos a uma atividade sexual intensa. Portanto, se o número de fêmeas por macho for
reduzido de 100 para 25, mais carneiros poderão montar nas ovelhas em cio, e mais fêmeas
serão fertilizadas nas primeiras duas semanas da estação de monta. Dois picos diários de
atividade reprodutiva são observados: das 4 às 8 horas e da 16 às 20 horas, coincidindo com o
amanhecer e o entardecer.
O ideal seria trabalhar com um único reprodutor para cada lote de 30-40 fêmeas em cada
piquete. Isto permitiria conhecer a paternidade dos cordeiros e evitaria possíveis brigas e
dominâncias de reprodutores. Entretanto, nem sempre isto é possível. Por isso, quando mais
machos são colocados em um mesmo piquete, deve-se lembrar que brigas podem ocorrer e
não se recomenda fazer lotes muito grandes de fêmeas que exijam mais de 3 reprodutores.
Uma forma de conhecer a paternidade dos cordeiros e trabalhar com um número elevado de
fêmeas para cada macho, seria realizar a monta controlada ou dirigida. Neste tipo de
procedimento, as fêmeas permanecem no campo com os rufiões. Todo dia, é passado no peito
do rufião uma mistura de tinta xadrez com graxa. Ao montar, ele marca a fêmea em cio e esta é
levada até o reprodutor que fica alojado em uma baia do aprisco. O reprodutor recebe somente
as ovelhas em cio não tendo o desgaste de andar no campo identificando estes animais. As
ovelhas permanecem com o reprodutor por 48 horas e depois retornam para o lote das ovelhas
com o rufião. A cada 14 dias troca-se a cor da tinta do rufião. Se a fêmea for novamente
marcada com outra cor é porque ainda não foi fecundada e deve retornar para o reprodutor.
Utiliza-se em média 1 rufião para cada 50 ovelhas. Mão de obra qualificada é exigida para
trabalhar em um sistema de reprodução que utiliza a monta dirigida. Se este manejo não for
realizado com atenção e responsabilidade poderá resultar em uma menor taxa de fertilidade.
VOLTA
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
A inseminação artificial tem uma grande importância quando se deseja disseminar as
características de um grupo selecionado de animais em uma população de ovinos. Técnicas
adequadas estão disponíveis e os resultados com sêmen fresco são positivos. O cio das
ovelhas é induzido e/ou sincronizado e detectado através de rufiões, normalmente
vasectomizados. O sêmen é colhido dos reprodutores através de vagina artificial ou, em
algumas circunstâncias, obtido através de estímulos elétricos pela utilização do
eletroejaculador. A qualidade do sêmen é checada e este é diluído e utilizado imediatamente. O
uso de sêmen congelado na inseminação implica em uma menor taxa de fertilidade.
A inseminação artificial em ovinos não é comumente utilizada devido à dificuldade causada
pela anatomia da cérvix da ovelha, a qual é tortuosa e estreita, dificultando a passagem de
pipetas para deposição do sêmen. Para se obter melhor resultado com a inseminação, técnicas
mais sofisticadas têm sido estudadas, como a laparoscopia, que consiste na deposição do
sêmen diretamente nos cornos uterinos, através de procedimento cirúrgico. Entretanto, estas
técnicas exigem mão de obra qualificada e o custo é alto, compensando apenas para animais
de cabanha.
A taxa de concepção de ovelhas submetidas à inseminação artificial tem sido mais baixa
quando comparada com a monta natural. Isto se deve a falha da inseminação em propiciar um
número suficiente de espermatozóides ativos no oviduto no momento da fertilização. Um
número adequado de espermatozóides por dose a ser inseminada é necessário para o sucesso
da fecundação. No geral, recomenda-se não se utilizar menos do que 100 x 106
espermatozóides / ovelha quando o cio ocorreu naturalmente e 200 x 106 espermatozóides /
ovelha quando o cio foi induzido através do tratamento com progesterona. Se o sêmen foi
congelado, um número mínimo de espermatozóides móveis de 400 x 106 / ovelha é exigido no
caso de inseminação vaginal, e 25 a 40 x 106 / ovelha na inseminação intra-uterina.
O tempo ótimo para a inseminação é o meio do estro. No caso de duas inseminações /
ovelha, recomenda-se que a primeira seja realizada 12 a 14 horas e a segunda 23 a 25 horas
após o início dos sinais e identificação do cio. Como normalmente utilizam-se esponjas
vaginais para induzir e sincronizar o cio das ovelhas a serem inseminadas, a inseminação deve
ser realizada 56 horas após a remoção das esponjas.
VOLTA
EFEITO MACHO
SINCRONIZAÇÃO DE CIOS
Para sincronizar o cio das fêmeas através do efeito macho, deve-se manter as ovelhas
distantes dos reprodutores por mais de 6 semanas antes da estação reprodutiva. Duas
semanas antes da data marcada para o início das coberturas, as ovelhas são colocadas em
contato com rufiões, que liberam feromônios, mas não são capazes de fecundar (normalmente
um rufião é obtido através de vasectomia). Os rufiões estimulam o primeiro cio da estação de
monta que é irregular e de baixa probabilidade de fecundação. Após as duas semanas, os
rufiões são retirados do rebanho de ovelhas para a entrada dos reprodutores. Com esse
manejo, a maioria das ovelhas será coberta no segundo ou terceiro cio, o que permitirá que a
estação de monta tenha uma duração mais curta, de no máximo 35 dias, mas com uma alta
taxa de fertilidade e uma concentração dos partos. A sincronização de cio é de grande
importância por facilitar o manejo, produzir lotes uniformes de cordeiros, auxiliar na implantação
de programas acelerados de parição e beneficiar o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa.
EXEMPLO:
VOLTA
INDUÇÃO DE CIOS NO PERÍODO DE ANESTRO SAZONAL
A indução de cios através do efeito macho é realizada como descrito acima, na sincronização
de cio em ovelhas. Entretanto, este manejo ocorrerá em período de anestro sazonal, quando
os dias estão ficando mais longos e as noites mais curtas. Neste período, a maioria das raças
de regiões distantes da linha do equador não ovulam, sendo necessário um estímulo, que pode
ser através do efeito macho, para induzir a ocorrência de cios.
EXEMPLO:
EXEMPLO:
VOLTA
FLUSHING
OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.
VOLTA
A prática de aumentar o aporte nutricional ou o efeito
dinâmico que influencia o peso e a condição corporal durante a
fase reprodutiva é chamada de flushing. Sua finalidade é
aumentar a taxa de ovulação e, conseqüentemente, a taxa de
natalidade. Há pouca informação disponível com relação à
duração mínima que deve ter o flushing para produzir um
aumento ovulatório significativo. GUNN et al., (1984)b, utilizando
uma alimentação rica para ovelhas com escore de 1,5 a 2,0,
obtiveram bons resultados quando o flushing foi realizado por 18
dias antes da cobertura. Embora o flushing seja uma prática já
utilizada entre os criadores,
o seu resultado pode ser muito variável. O flushing parece afetar o nível hepático de enzimas
que metabolizam esteróides (EMS), elevando sua degradação. A diminuição dos esteróides na
corrente sangüínea, acarretará um aumento no nível de gonadotrofinas e, portanto, elevação
da taxa de ovulação. Um maior consumo de nutrientes, principalmente de proteína, promove
um aumento dos níveis hepáticos de EMS e de gonadotrofinas na circulação.
O efeito do flushing sobre a taxa de fertilidade é causa tanto do aumento no número de
óvulos fertilizados como da maior taxa de sobrevivência embrionária, os quais determinam o
número de fêmeas parindo. O primeiro mês após a fertilização é crítico para a sobrevivência
embrionária. Daí a importância de continuar o flushing por um período de 30 dias após a
cobertura já que este é o tempo necessário para a implantação do embrião no útero. As perdas
de ovos fertilizados neste período de implantação resultam em uma elevada repetição de cios.
Figura 1 – Período recomendado para a realização do flushing em ovelhas com baixo escore
corporal.
VOLTA
FLUSHING
15-20 DIAS ANTES DO INÍCIO DA ESTAÇÃO DE 30 DIAS APÓS A COBERTURA OU 45 DIAS APÓS
MONTA OU DA COBERTURA O INÍCIO DA ESTAÇÃO DE MONTA
Referências Bibliográficas
VOLTA
ABECIA, J.A.; FORCADA, F.; ZARAZAGA, L. e LOZANO, J.M. Effect of plane of protein after
weaning on resumption of reproductive activity in Rasa Aragonesa ewes lambing in late spring.
Theriogenology, v.39, p.463-473, 1993 b.
DYRMUNDSSON, O.R. Natural factors affecting puberty and reproductive performance in ewe
lambs: a review. Livestock Production Science, v.8, p.55-65, 1981.
GUNN, R.G.; DONEY, J.M. e SMITH, W.F. The effect of different durations and times of hight-
level feeding prior to mating on the reproductive performance of Scottish Blackface ewes.
Animal Production, v.39, p.99-105, 1984 b.
GUNN, R.G.; DONEY, J.M. e SMITH, W.F. The effect of level of pre-mating nutrition on
ovulation in Scittish Blackface ewes in different body conditions at mating. Animal Production,
v.39, p.235-239, 1984 a.
HARESIGN, W. The influence of nutrition on reproduction in the ewe. Animal Production, v.32,
p.197-202, 1981.
HULET, C.; BLACKWELL, R.L.; ERCANBRACK, S.K.; PRICE, D.A. e HUMPHREY, R.D.
Effects of feed and length of flushing period on lamb production in range ewes. Journal of
Animal Science, v.21, p.505-510, 1962.
MONTGOMERY, G.W.; SCOTT, I.C. e JOHNSTONE, P.D. . Seasonal changes in ovulation rate
in Coopworth ewes maitained at different liveweights. Animal Reproduction Science, v.17,
p.197-205, 1988.
N.R.C. Nutrient Requirements of Sheep, Anonymous Washington,D.C. ed.National Academy
Press, 6 ed. p. 30-32, 1985.
THOMAS, D.L.; CRIKMAN, J.G.; COBB, A.R. e DZIUK, P.J. Effects of plane of nutrition and
phenobarbital during the premating period on reproduction in ewes fed differentially during the
summer and mated in the fall. Journal of Animal Science, v.64, p.1144-1152, 1987.
VOLTA
VOLTA
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E O CONTROLE DA VERMINOSE
As espécies de nematódeos intestinais e suas prevalências são muito variáveis, já que
dependem dos fatores topográficos, temperatura, precipitação pluviométrica, pastagem e
outros que predominam em uma área em estudo.
Em regiões de criação ovina com estações climáticas bem definidas, o uso de medicações
estratégicas pode ser aplicado. Nos países de clima tropical, geralmente, a média de
temperatura anual não varia substancialmente. Possivelmente, o fator decisivo na
prevalência das espécies de parasitos gastrointestinal seria a quantidade e a freqüência das
chuvas. Onde as estações de chuva e seca são bem típicas, as derverminações táticas antes
da estação chuvosa e na estação seca, visando diminuir a contaminação das pastagens,
podem ser indicadas de acordo com dados epidemiológicos locais. Entretanto, em lugares
onde o índice pluviométrico se mantém alto ao longo do ano, a aplicação estratégica de
vermífugos é praticamente impossível. Por isso, o controle da verminose ovina com suporte
laboratorial, é considerado o método mais prático e seguro.
VOLTA
ANIMAIS SUSCEPTÍVEIS À VERMINOSE
A verminose acomete todos os ovinos em um rebanho, mas existem algumas categorias que
são mais sensíveis.
IDADE - os cordeiros jovens sofrem mais com a verminose. Com 14 dias eles começam a
consumir alimentos sólidos e, conseqüentemente, a ingestão de pasto vai aumentando
gradativamente a partir desta idade. Em casos de alta lotação das pastagens, é comum
cordeiros com 45 dias de idade, diminuírem sua taxa de crescimento e até morrerem por causa
dos vermes.
ESTADO NUTRICIONAL - animais mal nutridos podem apresentar sinais de verminose e
morrerem por causa de um grau de infestação por vermes que em animais bem nutridos
poderia passar despercebido.
ESTRESSE - o estresse contribui para uma queda de resistência dos animais o que pode
torna-los mais susceptíveis a problemas com a verminose. Portanto, é importante estar
preparado para esta situação quando se realiza transporte de ovinos ou diante de qualquer
situação estressante.
ESTADO FISOLÓGICO - O terço final da gestação é um dos períodos em que o animal
necessita de altos níveis de nutrientes, pois é o momento destinado ao crescimento fetal. Desta
forma, a alimentação canaliza-se prioritariamente ao cordeiro, e a ovelha torna-se mais
sensível à verminose. O stress provocado pelo parto também contribui para o aumento na
postura de ovos de parasitas. Este mesmo fato ocorre com fêmeas lactantes, destacando-se,
principalmente as de parto gemelar. Como a urgência após o parto é a produção leiteira, estas
fêmeas chegam a perder peso e, dificilmente as suas exigências nutricionais são
completamente atendidas. Este momento também se agrava com o desenvolvimento de larvas
hipobióticas, com o estabelecimento de novas larvas infectantes e com o aumento da
fecundidade dos vermes adultos. Já com relação aos cordeiros no pós desmame, a interrupção
da lactação leva a uma condição de stress, tornando estes animais também mais sensíveis à
verminose e, se houver como agravante um manejo sanitário inadequado, culminará no
aumento da mortalidade. Desta forma, cria-se um ciclo que produz um rápido aumento no grau
de infestação dos animais e dos campos, sendo maior o problema quando o cordeiro
permanece por um período prolongado de tempo com a mãe, estabelecendo-se uma
competição entre mães e filhos pelos pastos e concentrados disponíveis, sendo que, a própria
ovelha contamina com ovos de parasitas as pastagens que servem de alimento para os
cordeiros.
VOLTA
CONTROLE DA VERMINOSE ATRAVÉS DA COLETA DE FEZES E EXAMES
LABORATORIAIS
A coleta de fezes deve ser feita a cada 28 dias, por categoria e/ou por piquete. Em rebanhos
pequenos devem ser colhidas no mínimo 10 a 15 amostras. Em rebanhos grandes deve-se
colher 10% de cada categoria ou lote. As fezes devem ser retiradas diretamente do reto,
acondicionadas individualmente em frascos ou sacos de plásticos identificados e preservadas
no gelo até a chegada no laboratório. Quando a contagem média de opg (ovos por grama de
fezes) for superior a 500, a aplicação de vermífugo é recomendada. Sete dias após a
desverminação deve-se realizar outra coleta de fezes, dos mesmos animais, para verificar a
eficácia do verrmífugo utilizado, que deverá ser superior a 90%. Em casos de dúvidas quanto
ao resultado do opg, principalmente quando não há redução do mesmo na coleta de fezes
seguinte, recomenda-se fazer o cultivo de larvas, para se verificar o gênero do helminto
responsável pelo suposto fracasso da medicação utilizada.
O uso de vermífugos através deste critério permite a manutenção de uma carga residual de
vermes no rebanho que funciona como uma pré-munição e permite a sobrevivência de vermes
sensíveis à medicação, os quais competem naturalmente com as estirpes resistentes, o que
não acontece com as medicações regulares supressivas. Tem-se verificado que quanto maior
for a pressão anti-helmíntica nos rebanhos, mais rapidamente se estabelece a resistência. Por
isso, a desverminação mensal do rebanho não é adequada, por tornar os vermes
resistentes aos diferentes tipos de vermífugos.
Figura – Ovos de diferentes parasitas que são encontrados nas fezes.
VOLTA
PERÍODOS ESTRATÉGICOS DE DESVERMINAÇÃO
* DOSE DO VERMÍFUGO
A subdosagem tem que ser evitada, por isso, quando pistolas dosificadoras são utilizadas,
tem que se verificar se estão dosando corretamente. Quando não há como pesar os animais,
deve-se estimar a dose com base no animal mais pesado da categoria e utiliza-la para todos os
animais. Nunca aplicar doses abaixo da recomendada por ser uma das causas da resistência
dos parasitas.
* MANEJO NA DESVERMINAÇÃO
Aplicar corretamente o vermífugo e se certificar para que todos os animais sejam
desverminados quando for necessário.
* HORA DA APLICAÇÃO DO VERMÍFUGO
Quando no manejo de uma propriedade os animais são recolhidos durante a noite em
apriscos com piso ripado, a desverminação deve ser realizada no fim da tarde para que os
animais permaneçam por no mínimo 8 horas presos, eliminando os ovos de parasitas em local
apropriado e não contaminando as pastagens.
* CONTATO COM AS FEZES
O piso ripado, que permite que as fezes caiam e fiquem distantes dos animais, é indicado
em instalações para controlar a verminose. O local onde as fezes ficam depositadas deve ser
isolado. O confinamento é recomendado para evitar a verminose em cordeiros, mas se o piso
não for adequado e a alimentação for contaminada com os ovos dos parasitas, este tipo de
manejo não será eficiente.
* AQUISIÇÃO DE OVINOS
Animais adquiridos de outras propriedades ou região devem ser avaliados através dos
exames de fezes e, se necessário, desverminados antes de serem colocados junto com outros
animais e nas pastagens.
* PASTAGENS
Atenção especial deve ser dada aos animais quando forem colocados em novas pastagens
que estavam sem animais por um longo período. Coletas de fezes e desverminações são
recomendadas antes dos animais entrarem nos piquetes, para evitar a contaminação.
As pastagens utilizadas principalmente por ovelhas e cordeiros podem ser descontaminadas
utilizando-se bovinos adultos por um período mínimo de 3 meses. O rodízio das áreas de
pastejo com a agricultura é outra opção para reduzir a utilização de vermífugos no rebanho. É
importante ter em mente que não se consegue manter um rebanho sadio em pastagens
doentes.
* DESMAME PRECOCE E CONFINAMENTO
Em criações intensivas onde a lotação das pastagens é elevada, os cordeiros são muito
prejudicados pela verminose. Entretanto, existem técnicas de manejo que contornam este
problema. O desmame precoce, a aplicação de vermífugo nos cordeiros e o confinamento dos
mesmos em instalações apropriadas, são exemplos do controle da verminose ovina através do
manejo.
* OBSERVAÇÃO DOS ANIMAIS
Sempre que os animais forem manejados para tosquia, pesagem, casqueamento, deve-se
observa-los cuidadosamente com relação ao comportamento, consistência das fezes, e
verificar se a mucosa ocular se encontra de coloração rósea, indicando ausência de anemia.
VOLTA
CLOSTRIDIOSES
ENTEROTOXEMIA
VOLTA
A enterotoxemia é uma doença de origem nutricional que causa a morte dos animais devido
a uma toxina produzida por uma bactéria denominada de Clostridium perfringens tipo D
(ocasionalmente pode ocorrer o tipo C em cordeiros em aleitamento com 2 a 4 semanas de
idade). Este organismo é naturalmente encontrado nas pastagens e no trato gastrointestinal de
ovinos sadios. Entretanto, sob condições de consumo elevado de carboidratos (dietas ricas em
grãos, ingestão de grande quantidade de leite, consumo de forragens imaturas), a bactéria
multiplica-se rapidamente e produz uma toxina. Portanto, esta doença afeta principalmente
cordeiros em aleitamento, cordeiros recebendo suplementação no creep feeding, cordeiros
confinados e ovelhas recebendo dietas ricas em grãos. É um problema que ocorre em
rebanhos bem nutridos.
O aparecimento é brusco. Os animais apresentam sinais de ataxia, opistótono e convulsões,
podendo morrer subitamente. Na necrópsia observa-se líquido coagulado no saco pericárdico,
congestão da mucosa intestinal e rins aumentados de volume (polposo).
O controle da enterotoxemia baseia-se na prevenção da doença pela vacinação. No Brasil
não existem vacinas específicas para a enterotoxemia. A proteção é obtida pela vacinação de
ovinos com vacina contra a Clostridiose de modo geral, a qual inclui o Clostridium perfringens
tipo D na sua formulação. Ovinos adultos deverão ser vacinados com duas doses de vacina,
com um mês de intervalo, seguindo-se de revacinação anual. Ovelhas gestantes devem ser
vacinadas 2 a 4 semanas antes do parto para transferir imunidade passiva aos cordeiros pela
ingestão de colostro. Os cordeiros ficarão protegidos por 4 a 6 semanas após o nascimento
quando então deverão ser vacinados. Duas doses da vacina são recomendadas para os
cordeiros com intervalo de um mês.
TÉTANO
VOLTA
O tétano é uma doença caracterizada por convulsões tônicas de toda a musculatura ou de
alguns grupos musculares e, por uma marcada exaltação dos reflexos, que é originada como
conseqüência da formação de toxina pelo Clostridium tetani no lugar de sua penetração no
organismo. O agente é encontrado em terrenos cultivados do que nos campos nativos. Seus
esporos estão presentes nos jardins adubados com esterco, no pó da rua e em diversos
alimentos, em especial no feno. São menos freqüentes nos solos com elevada proporção de
areia. O Clostridium tetani é encontrado no conteúdo intestinal de diversas espécies animais
onde se multiplica e cai no solo com os excrementos, onde os esporos conservam sua
vitalidade durante longo tempo. Nas zonas de clima temperado, a doença aparece
esporadicamente, enquanto nas regiões tropicais pode adotar marcado caráter epidêmico.
Circunstâncias que, freqüentemente, originam a apresentação de infecções pelo bacilo
tetânico são os ferimentos de castração, cirurgias, contaminação do ferimento umbilical nos
recém nascidos, ajuda aos partos difíceis, ferimentos da mucosa bucal causados por dentes
defeituosos e corte de cauda. Portanto, o tétano pode ser evitado tratando adequadamente
qualquer tipo de ferimento com antissépticos. Nas regiões em que o tétano apresenta-se com
freqüência, os animais devem ser vacinados ativamente com vacina antitetânica. As ovelhas
devem ser vacinadas 8 semanas (1a. dose) e 4 semanas (2a.dose) antes do parto e
revacinadas anualmente 4 semanas antes do parto. Os cordeiros são vacinados com 6
(1a.dose) e 10 semanas de idade. A vacinação deve ser repetida a cada ano.
VOLTA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEER,J. Doenças Infecciosas em Animais Domésticos. 1a.ed. Vol.2. Livraria Roca Ltda.
380p. 1988.
KIMBERLING,C.V. Diseases of Sheep. 3a.ed. Lea & Febiger. Philadelphia. 394p. 1988.
Cordeiro em posição anormal - a posição correta para o parto ser normal, é aquela que
o cordeiro se encontra com as patas dianteiras e o focinho juntos e se apresentando por
primeiro. Casos em que o cordeiro fica com uma das patas para trás, ou se apresenta
primeiro com o posterior são comuns. Outras posições difíceis para o parto também
podem ocorrer. Por isso uma palpação cuidadosa para verificar a posição do cordeiro é
importante. Sempre que possível e, sem machucar a ovelha, o cordeiro deve ser
colocado na posição correta para depois ser tracionado. Em algumas situações quando
o cordeiro se apresenta com o posterior, se a ovelha apresentar dilatação suficiente,
convém retira-lo tracionando as patas posteriores, sem tentar coloca-lo na posição
normal de parto.
VOLTA
Idade da ovelha - as borregas, fêmeas ovinas de primeira cria, apresentam maior
dificuldade de parto do que as ovelhas, principalmente se os cordeiros forem grandes.
Se for decidido pelo parto auxiliado, alguns cuidados devem ser tomados:
Higiene das mãos e do local - o local deve ser limpo e as mãos bem lavadas.
A tração para retirar o cordeiro não deve ser muito forte e só pode ser realizada se a
fêmea apresentar dilatação que permita a passagem do cordeiro. O cordeiro deve ser
colocado na posição correta antes de se tracionar. Se isto não for possível, é necessário
solicitar o auxílio de um veterinário.
Sempre que for necessário tracionar uma pata que está para trás, procurar envolver o
casco do cordeiro com a mão para proteger o útero da ovelha.
IDADE DA OVELHA
Ovelhas de primeira cria e ovelhas muito velhas podem perder mais cordeiros. As
borregas só devem ser colocadas em reprodução quando atingirem 60% do peso adulto,
caso contrário, elas não conseguem manter a gestação até o final e se mal alimentadas,
além de terem o seu desenvolvimento prejudicado podem vir a parir cordeiros de baixa
viabilidade.
NUTRIÇÃO INADEQUADA
Provavelmente, esta é a principal causa da mortalidade de cordeiros. O maior
desenvolvimento do feto (85% do total), ocorre nas últimas 6 semanas de gestação. Se
neste período, a ovelha não for alimentada corretamente, o peso ao nascer dos cordeiros
será muito baixo (inferior a 3,0 Kg). A taxa de mortalidade de cordeiros aumenta a
medida que o peso ao nascer diminui.
VOLTA
CONSEQÜÊNCIAS DO BAIXO PESO AO NASCER
ALTA MORTALIDADE
A alta mortalidade dos cordeiros é a mais grave conseqüência do baixo peso ao
nascer.
VOLTA
VOLTA
PESAR O CORDEIRO
IDENTIFICAR O CORDEIRO
VOLTA
DATA DO PARTO
NÚMERO DA MÃE CONTROLAR OS NASCIMENTOS
PESO DA MÃE NO DIA DO PARTO Os nascimentos devem ser controlados
NÚMERO DO CORDEIRO através de um livro ou pelo computador. As
PESO AO NASCER DO CORDEIRO principais informações obtidas no dia do parto
SEXO DO CORDEIRO são as seguintes:
OBSERVAÇÕES
VOLTA
ANIMAIS
O Corte de cauda não é recomendado para os seguintes animais:
IDADE
A idade ideal para o corte de cauda é quando o cordeiro tem em torno de 3 a 10 dias.
LOCAL DO CORTE
FACA
O corte deve ser realizado, com a faca limpa e aquecida.
A faca é forçada para cortar a cauda, de forma a dar
tempo para que ocorra a cauterização.
É um método muito grosseiro e pouco prático.
PÁ DE DESCOLE
O método da pá de descole é semelhante ao da faca.
Utiliza-se uma pá limpa com uma borda cortante e cabo
de madeira.
Deve ser aquecida e pressionada sobre a cauda para
cortar e cauterizar.
VOLTA
ELÁSTICO
DESCOLADOR ELÉTRICO
O descolador elétrico é o melhor método para se fazer o
corte de cauda.
É um aparelho que corta e cauteriza, mantendo a
temperatura constante durante o manejo.
Tem a desvantagem de não estar disponível no mercado
brasileiro, sendo feito somente por encomenda.
CUIDADOS
Nos métodos que utilizam
metais quentes, deve-se cuidar
para não queimar a região do
ânus e/ou da vulva do cordeiro,
no momento do corte.
No momento do corte não se
deve puxar a cauda. Isto faz com
que a pele, que iria ficar para
proteger a região, saia com a
cauda, deixando a vértebra
exposta.
Após o corte e depois, três
vezes por semana, deve-se fazer
curativos, com pomadas
repelentes e cicatrizantes.
VOLTA
RISCOS
Hemorragias por má cauterização
Miíases (bicheiras)
Infecções
Se a infecção atingir a medula causando uma mielite, vai ocorrer queda do trem
posterior. O tratamento é pouco eficaz.
Perda de peso
Morte
VOLTA
CREEP FEEDING
OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.
VOLTA
O QUE É CREEP FEEDING?
O creep feeding, também conhecido por alimentação privativa, é a suplementação de
cordeiros em aleitamento com rações de alta qualidade, em locais que suas mães não
tem acesso.
VOLTA
CREEP FEEDING NO APRISCO
Para rebanhos de ovelhas que são recolhidos à noite em apriscos, pode-se utilizar
uma baia do aprisco como creep feeding. Para isso, retira-se o portão da baia e coloca-
se outro com ripas verticais espaçadas 20 cm.
LOCALIZAÇÃO DO CREEP FEEDING
O local escolhido para o creep feeding deve ser perto de bebedouros ou cochos de
sal, onde as ovelhas ficam mais concentradas. O cordeiro não vai abandonar a sua mãe
por longas distâncias, mesmo que seja para consumir ração. O creep feeding noturno
em apriscos tem ótimos resultados porque fica próximo das ovelhas em áreas pequenas.
VOLTA
CONSUMO DE RAÇÃO NO CREEP FEEDING
Nos primeiros dias de vida o cordeiro vai apenas entrar no creep feeding por
curiosidade. O consumo de ração começa com 14 dias de idade, em quantidades bem
pequenas (10 g), até que com 60 dias atinge mais de 500 g por dia. Com esta idade e este
consumo tem que ser feito o desmame.
VOLTA
OTTO de SÁ e SÁ,J.L.
1. INTRODUÇÃO
VOLTA
A capacidade produtiva dos ovinos tem evoluído a passos largos nos últimos 20 anos como
fruto do melhoramento genético praticado nesta espécie, principalmente no que diz respeito à
produção de carne. À medida que os ovinos passaram a apresentar maior ritmo de
crescimento, maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e maior rendimento de
carcaça, as suas necessidades nutricionais tornaram-se naturalmente mais elevadas.
Conseqüentemente, tendo em vista a limitada capacidade de consumo de alimentos e as
particularidades do processo digestivo desses pequenos ruminantes, tais exigências
nutricionais nem sempre são atendidas na sua totalidade, sendo que alguns nutrientes podem
tornar-se limitantes à máxima expressão do potencial genético de produção, principalmente
quando se consideram os sistemas tradicionais de alimentação baseados quase que
exclusivamente em alimentos volumosos.
Portanto, no cálculo de uma dieta alimentar para ovinos deve-se pensar em como atender as
exigências nutricionais dos animais, bem como na forma mais econômica para estabelecer o
arraçoamento, já que o custo maior na produção é com a alimentação. Entretanto, é necessária
atenção especial ao fator nutricional, pois, embora seja muitas vezes, considerado de alto custo
no processo produtivo, ele é também a base de todo o sistema. Um rebanho mal nutrido além
de apresentar queda na sua produção terá também, problemas de ordem reprodutiva e
sanitária.
2. PRINCÍPIOS DA NUTRIÇÃO
VOLTA
Na nutrição de ovinos deve-se considerar o tamanho do animal, o estágio de produção, bem
como o valor nutritivo dos alimentos. Entretanto, na prática não é possível ter todos os animais
com o mesmo tamanho em um rebanho e nem com o mesmo estágio de produção e, ainda,
não é possível conhecer a composição química exata do alimento. Portanto, os dados de
exigências tabelados, nada mais são do que guias úteis à nutrição adequada; porém não são
padrões a serem rigidamente seguidos.
3.1. ÁGUA
VOLTA
É considerado um nutriente essencial, pois representa 71-73% do peso corporal livre de
gordura. Apresenta numerosas funções e sua deficiência tem efeitos mais imediatos e drásticos
na fisiologia animal do que qualquer outro nutriente.
FUNÇÕES E METABOLISMO
a) Solvente de vários compostos.
b) Transporte de fluidos no organismo.
c) Transporte da ingesta no trato gastro-intestinal.
d) Transporte de materiais no sangue e outros tecidos do corpo, para dentro e fora da célula.
e) Eliminação de resíduos do organismo (urina, fezes, etc).
f) Regulação da temperatura corporal.
ELIMINAÇÃO DA ÁGUA
a) Urina
b) Fezes
c) Pulmões
d) Sudoração e vapor de água
As perdas de água são maiores em climas quentes pela sudoração e pulmões, para manter
o equilíbrio térmico. As perdas aumentam com o maior consumo de proteína, quando é
necessária mais água para que ocorra a excreção urinária. Também há uma maior perda de
água quando há um aumento no consumo de fibra e/ou de alimentos. Quando a água é
limitante é melhor diminuir o fornecimento de alimento antes que a água se torne um fator
crítico.
QUALIDADE DA ÁGUA
A qualidade e a quantidade de água disponível, podem afetar o consumo de alimento e a
saúde animal, uma vez que a baixa qualidade da água, provoca diminuição no consumo da
mesma, resultando também, em redução no consumo de alimentos.
3.2. ENERGIA
VOLTA
A falta de energia limita a produção e o desempenho de ovinos mais do que qualquer outro
nutriente. Esta falta pode resultar de quantidades insuficientes de alimento ou de alimentos de
baixa qualidade.
O alimento consumido pode ser de tão baixa qualidade e digestibilidade que o animal não
obtem a energia suficiente para suprir as suas necessidades. A forragem de baixa
digestibilidade também conduz a uma redução de consumo. Ainda, a forragem pode ter um teor
de água tão alto que limita o consumo de energia.
SINAIS DE DEFICIÊNCIA
Dependendo da severidade, pode ocorrer:
a) Redução ou parada do crescimento
b) Perda de peso
c) Redução da fertilidade
d) Diminuição na produção de leite e na duração da lactação
e) Diminuição na quantidade e qualidade da lã
f) Aumento da mortalidade
g) Queda da resistência a infecções parasitárias
A deficiência de energia pode ser complicada pela deficiência de proteína, minerais e
vitaminas.
3.3. PROTEÍNA
VOLTA
Dentre os nutrientes a serem supridos, a proteína tem recebido especial atenção por ser
requerida em quantidades relativamente altas e ser de elevado custo. Reconhece-se que as
necessidades proteicas dos ovinos e de outros ruminantes são um reflexo das exigências do
hospedeiro e dos microorganismos do rúmen. Nos conceitos mais antigos da nutrição animal,
afirmava-se que a qualidade da proteína não era importante, uma vez que toda a proteína
fornecida para o ruminante era degradada no rúmen e seus aminoácidos constituintes
utilizados para a síntese da proteína microbiana. Esta proteína, de qualidade superior à
proteína dos volumosos, é que seria utilizada pelo hospedeiro, não havendo, portanto, razões
para preocupar-se com a qualidade da proteína, mas sim com a sua quantidade. Entretanto,
sabe-se hoje que a proteína microbiana, sintetizada no rúmen, não atende as exigências do
hospedeiro de elevada capacidade de produção, principalmente no que diz respeito ao perfil e
à quantidade de alguns aminoácidos. Embora uma parte da proteína ingerida pelo ruminante
passe pelo rúmen sem sofrer degradação, essa proteína normalmente apresenta baixo valor
biológico quando se trata de proteína de forragens. Desta forma, o ruminante de alto potencial
genético sempre apresentará pequenas deficiências em determinados aminoácidos, os quais
não são supridos tanto pela proteína microbiana como pela proteína não degradada da dieta,
em quantidades suficientes para atender as exigências, limitando conseqüentemente, a sua
capacidade produtiva. Assim sendo, para ruminantes de alta produção, é importante a
suplementação de quantidades adicionais de proteína de boa qualidade e de baixa
degradabilidade no rúmen como forma de complementar as exigências em aminoácidos do
animal, assim como estimular a síntese de proteína microbiana.
SINAIS DE DEFICIÊNCIA
O baixo consumo de proteína resulta na redução do apetite, no baixo consumo alimentar e
na reduzida utilização dos alimentos. O baixo consumo de alimento resulta em redução do
crescimento e desenvolvimento muscular e, conseqüentemente, perda de peso. A deficiência
severa provoca severos distúrbios digestivos, anemia e edema.
3.4. MINERAIS
VOLTA
São 15 os elementos minerais necessários para os ovinos sendo 7 macroelementos e 8
microelementos.
MACROELEMENTOS- Na, Cl, Ca, P, Mg, K e S.
MICROELEMENTOS- I, Fe, Cu, Mo, Co, Mn, Zn e Se.
3.5. VITAMINAS
LIPOSSOLÚVEIS- A, D, E, K.
HIDROSSOLÚVEIS- complexo B, C.
VOLTA