Anda di halaman 1dari 4
PORTAL, "Nota Série, Vols, XVIEXVI, 19961997 A CULTURA CASTREJA - ONTEM E HOJE * C. A. Ferreira de ALMEIDA F. ACUNIA CASTROVIEJO A cultura castreja do Noroeste Peninsular, sobretudo na sua ditima grande fase, quando ela se evidencia mais como uma aguerrida civilizagao de pedra, quando mos- tra aspectos arcaizantes, fortemente assumidos, e uma vincada personalidade, teste- munhada por multiplicados povoados que ocupam cimos de outeiros ou espordes de montes, os quais ajudam a simbolizar a paisagem da regio, cedo ganhou, internacio- nalmente, um grande prestigio e um sistematico relevo de referéncia. Todo este prest- gio arrancou dos trabalhos de Martins Sarmento, do percurso da excelente e resis- tente Revista de Guimaraes e da vincada impressao que os vestigios € as ruinas dos castros de Briteiros e de Sabroso causaram no grupo de participantes do Congresso Internacional de Antropologia e de Arqueologia Pré-historicas, de 1880, quando as visi- taram, conforme testemunha 0 relato/compte-rendu que nos deixou o ilustre congres: sista, Virchow. Ligada, no inicio, por Martins Sarmento, a civilizagdo micénica, a cultura castreja foi, depois, ganhando os seus foros de cultura atlantica € céltica, ao mesmo tempo que ia sendo modelada pelos testemunhos das importantes estacdes arqueol6gicas de Briteiros e de Sabroso (M. Cardozo), de Terroso (Serpa Pinto), de Santa Luzia (Abel Viana), de Santa Tecla (Mergelina), de Sanfins (A. do Paco), de Trofa (Pericot), de Castromao (grupo de Ourense), de Barofia e de Borneiro (Sebastian Gonzalez e, depois, J. M. Luengo) e de Coafia (Garcia y Bellido e outros). A cultura castreja, a dos guerreiros e das imponentes muralhas, a dos monumentos com forno, das ostensivas Joias de ouro, das ceramicas escuras, gravadas e estampadas, do estanho e do bronze, de cronologias curtas e muito incertas, forse padronizando em textos funda- mentais, ainda hoje com valias. Foi a época da Citénia e Sabroso, de M. Cardozo, do “Texto prepara para acopanhar a pubicaco ds ins dC. Hawkes, ra sogutnia da expsioe Sesslo oe Horenagem 3 Chistonier Hawkes, que tee lugar ne Sodedade Mains Samerto, Gumares, a 24 de Junta ce 1993, comissarsda por Francisco ueiogs 97 PORTAL grande manual que foi La Civilizacion Céltica en Galicia, de Lopez Cuevillas, de diver. Sos trabalhos de Maluguer de Motes, dentre os quais avultam dois capitulos no volume da Historia de Espafia de Menendez Pidal, de Mergelina, La Citania de Santa Tecla, no BSAA (1944). Estas as obras mais destacdveis, entre muitos outros textos de diferentes autores, também importantes. E nesta fase, marcada por um grande interesse internacional relativamente a esta Cultura arqueologica, que nos aparece C. Hawkes na estagao de Sabroso ¢ na do cas. tro de Ancora. Interessadissimo pela cultura castreja por ela ser atlantica e ter aspec. tos equiparaveis a outras de Inglaterra, pelos problemas dos seus povos e da sua economia, mormente a do estanho, sentindo as incertezas cronolégicas dos seus tes. temunhos ¢ uma auséncia de periodizagao fiavel até porque se escrevia que nos cas tros nao havie estratigrafia, Hawkes realiza as suas escavacdes em Sabroso e no cas. ‘tro de Ancora, valorizando a estratigrafia e a evolugao e estudo das formas, como o ‘seu espélio, em boa hora exposto e legado a esta Sociedade, confirma. A periodizacao que nos deu da cultura castreja, baseada em factos historicos rela- tivos & conquista © a0 dominio romano do Noroeste peninsular, aparece-nos, hoje. como algo mecanica e exterior a cultura material que os castros evidenciam, mas fepresentou um grande avanco para a sua época. E este notavel arquedlogo sentiu bem a possibilidade de desfazamento e a inseguranga das suas hipéteses, ao hesitar tanto na publicacao dos relatorios destas suas escavagées, certamente muito limita, das para tanta pretensao. Ha, porém, que reconhecer 0 mérito e a modernidade deste arquedlogo e a sua grande importancia na teorizacao da evolugao da cultura castreja, Fol pena que 0 seu trabalho tenha ficado quase totalmente inédito, até hoje. A sua Publicacao, outrora, teria sido muito importante mas ainda o é agora. E este @ mais um servigo que ficamos a dever a benemérita Sociedade Martins Sarmento e ao Doutor Francisco Queiroga, A presente geracao de arquedlogos que se tem interessado pela cultura castreja, devido a intensidade de trabalhos de campo que nos revelaram muitos outros povoa. dos, porque conhece melhor muitos dos seus artefactos e porque apurou as analises estratigraficas e dispde de outros meios, enriqueceu imenso as possibilidades do nosso conhecimento sobre esta civilizagao. Foram solucionadas algumas das impor. tantes questées que a geracdo passada nos deixou, caso dos monumentos com forno, a diacronia desta cultura, desde a Epoca do Bronze esta, hoje, perfeitamente reenchida com a ajuda de materiais foraneos que se encontram cada vez mais. pelo C 14, pela ceramica ¢ pela evolucao da construcao, embora haja muito que apurar afinar. Hoje ja se nao pode fazer a teoria da cultura castreja, apoiando-nos apenas na meia dizia de estagdes escavadas até a década de 60. 0 castro de Mozinho (Penafie!) confirmou quanto a cultura castreja se desenvolveu € se recriou sob o impulso da romanizacao, durante o século | da nossa era, Terroso mostra-nos formas e estruturas caracteristicas de tempos anteriores. A escavacao da Facha evidenciounos uma longa diacronia castreja, particularmente bem seriada, até a Epoca do Bronze, apoiada em excelentes estratigrafias e em objectos. 0 castro da Pena (Caminha) serve para evidenciar as relagdes maritimas e meridionais que esta cultura teve. Os castros de Faria, de Sao Julido, de Barbudo e outros voltam a confir- mar a diacronia desta civilizagao, desde 0 século Vill, e as suas radicals ligagdes com a cultura do Bronze Final, dada a sucessao de sitios, de povoados e até de formas. Penices (Famalicao), com os seus sucessivos niveis castrejos de cabanas de madeira parece confirmar quanto, em certos povoados, foi tardia a pettificacdo das paredes das casas e como tao cedo se chegou a forma das imponentes muralhas que sao um elemento essencial na caracterizacao desta cultura, Uma longa série de castros, sistematicamente pequenos, de Ribeira Lima e da margem de outros rios, como o Cavado, assentes em elevagdes muito ligeiras e distri buidas entre varzeas e agros, uns com ocupacao pré-augustea e outros ja da nossa 98 A CULTURA CASTREJA - ONTEM E HOR era, com interesses manifestamente agricolas, veio enriquecer a problematica da cul: tura castreja e reforgar o relevo que a agricultura tinha nesta civilizacdo. As escavagdes da presente geracdo de arquedlogos galegos fornecem-nos pers- pectivas semelhantes. Neix6n confirma a ligacao da cultura castreja a do Bronze, as relacdes foraneas, desde o seu inicio, a imponéncia das antigas muralhas e 0 cuidado da defesa que a caracteriza desde 0 primeiro momento. Torroso @ Penalva ligam-se também ao Bronze e Castromao patenteia-nos bem, pelo menos, duas grandes fases, uma arcaica e outra ja sobre a nossa era. A revisdo de Borneiro, de Barona e de Trona confirmam o grande desenvolvimento da cultura castreja no século | a.C. e ainda depois de Augusto. S. Cibrén de Las e a Graiia so dois outros castros que nos evi denciam a recriagao do castrejo jé dentro da nossa era. Alguns castros de Caurel, assim como outros asturianos, tém sido clasificados como scastros mineiross, de época romana. Também em Trés-os-Montes os ha. Eles testemunhamnos 0 desenvolvimento deste tipo de povoados fortificados em ligagao com as exploragdes auriferas romanas. 0 castro de Viladonga, como a Curalha e outros em Portugal, mostram-nos uma peculiar recriagao de povoados, a laia castreja, nos tempos inseguros dos séculos IV e V da nossa era. Os relatorios destas escavacoes e de muitas outras e uma longa série de estu dos, com realce para os ligados a carreira universitaria e a doutoramentos, aparecidos nesta dltima vintena de anos, enriquecem muito os nossos conhecimentos sobre esta cultura, preencheram muitas lacunas, realgaram as variagdes regionals ¢ cronologicas © ampliaram a sua problematica. Relativamente a evolucao da cultura castreja, C. Hawkes propos uma periodizacao algo exterior @ arqueologia, buscada na histéria da conquista romana. Hoje vamos tendo ideias bem mais precisas sobre a evolugao da civilizagao material castreja e dos seus diferentes rit mos. Mas foi com este objectivo que Hawkes veio trabalhar nos nossos Castros, oferecendo-nos apesar da limitacéo das suas campanhas, um impor tante passo nesse sentido. Antes de terminar, queremos associar a esta lembranca de Hawkes a memoria de Maluquer de Motes, arquedlogo catalao, que tanto se entu- siasmou pela cultura castreja e que tanto ajudou a formar a actual geracao de estudio- 80s desta civilizagao. 99

Anda mungkin juga menyukai