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Ao longo dos anos 70 e 80, o Estado brasileiro busca organizar um "'arremedo' de Estado de

bem-estar social", na tentativa de satisfazer algumas demandas da população desprotegida.


Entretanto, desde do início, jamais o Brasil considerou os gastos com políticas sociais como
"investimento" produtivo, no sentido preconizado por Gunnar Myrdal, sendo a maior parte das
políticas adotadas no Brasil mais semelhantes às antigas políticas "assistencialistas" européias
destinadas mais a "remediar a pobreza" do que a políticas efetivamente capazes de criar uma
maior eficiência econômico-produtiva e assim gerar novas e maiores riquezas. A criação do
Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), do Funrural e, posteriormente, das Ações
Integradas de Saúde (AIS) do SUDS, do SUS, dos mecanismos de seguro-desemprego, são
exemplos claros dessa "tentativa de marcha" rumo à frustrada universalização dos direitos
sociais.

Apesar desse artigo fazer uma análise histórica e comparativa do vitorioso modelo de bem-
estar social sueco, como foi defendido por Gunnar Myrdal e foi implantado em seu país, (a
Suécia atingiu e manteve, por mais de sete décadas, os melhores Índices de Desenvolvimento
Humano - IDH do planeta), é preciso não alimentarmos ilusões: devido às imensas diferenças
culturais, sociais, demográficas, religiosas, geográficas e econômicas que há entre o Brasil de
hoje e a Suécia de 1932, não há a menor condição de se copiar o modelo sueco em nosso país.

Mas o modelo de desenvolvimento econômico e a base de sustentação financeira das políticas


sociais no Brasil têm sido organizados de forma incompatível com os ideais de universalização.
Como corolário, tem-se uma universalização que na prática é excludente.

Em outras palavras, a política social brasileira, além de ser insuficiente para cobrir as
necessidades da população de mais baixa renda de maneira a evitar a perpetuação dos bolsões
de pobreza e gerar novas riquezas, no conceito originalmente proposto por Gunnar Myrdal,
não somente em termos de quantidade, mas também de qualidade, exclui, na prática, os
segmentos de alta e média renda, fator distintivo do tipo de universalismo que se implantou
na maioria dos países europeus na fase áurea do Estado do bem-estar social. Estes fazem o uso
cada vez mais freqüente dos sistemas privados autônomos, seja no campo da saúde, seja no
campo das entidades (abertas ou fechadas) de previdência privada.

A Constituição de 1988 consagrou o ideário da universalização das políticas sociais no Brasil,


numa fase onde as condições econômicas para chegar a um universalismo de fato se tornavam
cada vez mais precárias; o Brasil passou toda a década de 1990 "dependurado" em
empréstimos do FMI e sujeito às regras do Consenso de Washington, que privilegia os
interesses dos capitais financeiros internacionais e são avessas a quaisquer políticas sociais.
Sendo assim, crise econômica, crise nas finanças públicas e direitos constitucionais adquiridos
passam a ser, desde meados dos anos 90, um dos conflitos a serem enfrentados numa
eventual reforma do Estado. A crise do Estado do bem-estar social no Brasil chegou antes que
ele pudesse ser, de fato, implantado em sua plenitude.

O grande dilema do universalismo dos países europeus, a partir da crise dos anos 70, consistia
em manter uma política social igual para iguais, num contexto de aumento da
heterogeneidade social. Tal condição só foi possível em função do alto grau de
homogeneidade conquistado através de políticas de rendas e políticas sociais desenvolvidas
sob a égide do conceito de cidadania nos anos 50 e 60. No entender de Esping-Andersen, que
definiu "três mundos" quanto às políticas de bem-estar social, foi o foco sueco no
"produtivismo", com suas políticas sociais concebidas para aumentar a capacidade produtiva
dos indivíduos, (por oposição à visão neoliberal, que conceitualiza as políticas sociais como
sendo "custos" ou meras transferências de renda "daqueles que produzem para aqueles que
não produzem") que permitiu à universalização das políticas sociais na Suécia (Esping-
Andersen, 1990). Em países que não mantiveram esse foco "produtivista" em suas políticas
sociais, onde a população ficou, em conseqüência, mais vulnerável aos efeitos do discurso
neoliberal, mesmo nos países mais ricos, como os Estados Unidos, esta universalização dos
benefícios sociais não foi obtida.[3]

No Brasil, a desigualdade social é de grandes proporções. Dados de 1991 mostram que cerca
de 30,7% das famílias brasileiras recebiam renda total inferior a dois salários mínimos. No
Nordeste essa proporção atingia 53%. Os 10% mais ricos no Brasil abarcavam 51,7% da renda,
enquanto os 10% mais pobres ficavam somente com 0,7%. Cerca de 49,4% das pessoas
ocupadas não contribuíam para nenhum instituto de previdência social.

Um primeiro programa de política econômica para tentar diminuir as distorções causadas por
essa desigualdade de renda exacerbada foi o PIS/PASEP. Na área rural foram tomadas, na
década de 1960, as primeiras iniciativas para estender a cobertura previdenciária aos
trabalhadores rurais. O Estatuto do Trabalhador Rural, de 2 de março de 1963, regulamentou
os sindicatos rurais, instituiu a obrigatoriedade do pagamento do salário mínimo aos
trabalhadores rurais e criou o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural -
FAPTR, posteriormente, em 1969, denominado FUNRURAL). Entretanto a cobertura
previdenciária aos trabalhadores rurais só veio a se concretizar na prática em 1969, já no
governo militar, pois os recursos (financeiros e administrativos) necessários à sua efetivação
não haviam sido previstos na legislação original. Em 1971, no Governo do General Medici, foi
lançado o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), ligado ao FUNRURAL, que previa
benefícios de aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde até então concedidos aos
trabalhadores rurais. Entre outras medidas, o PRORURAL previa a aposentadoria por velhice e
por invalidez para trabalhadores rurais maiores de 70 anos de idade, no valor de ½ salário
mínimo; pensão, equivalente a 70% da aposentadoria, e auxílio funeral, para dependentes do
beneficiário; serviços de saúde, incluindo assistência médico-cirúrgico-hospitalar e tratamento
odontológico; serviço social em geral. As mulheres só seriam beneficiadas diretamente caso
fossem chefes de família (algo muito raro no Sul do Brasil) ou assalariadas rurais. A efetividade
do programa estava garantida, uma vez que a legislação que o criou também previu a forma de
obtenção de recursos para sua implementação.[8]

Mais recentemente, no governo Fernando Henrique Cardoso, uma série de programas de


distribuição de renda foram implantados, e posteriormente unificados pelo governo Lula, sob a
forma de Bolsa Família, que em 2006 atendeu 11 milhões de famílias, cerca de 48 milhões de
pessoas, e o projeto Renda básica de cidadania que, embora agindo numa direção acertada,
foram apenas capazes de redistribuir menos de 1% do PIB brasileiro, e os valores distribuídos
individualmente por esses programas ainda são nitidamente insuficientes para alterar para
melhor a capacidade produtiva dos seus beneficiários.

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