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TRÂNSITO MUNICIPALIZADO: VALIDADE DE MULTAS

Por Gilvan Pereira de Oliveira – Ten PM

Este breve artigo objetiva refletir sobre a questão da legalidade de multas aplicadas
quando do cometimento de algumas infrações de trânsito ocorridas em municípios que ainda não
estejam integrados ao Sistema Nacional de Trânsito.

Didaticamente para facilitar o desenvolvimento deste trabalho vamos analisar um


caso hipotético, mas que certamente deve existir aos montes pelo Brasil a fora.

João estaciona seu veículo em frente à agência do Banco do Brasil da cidade de


Ribeira do Pombal/BA, apressado, não atenta para a existência de uma placa de trânsito posta no
local que indica: Proibido Parar e Estacionar - das 10h às 15h. Ao retornar da agência, João se
surpreende ao verificar a existência de uma autuação de infração de trânsito presa no pára-brisa
de seu carro, lavrada por um Policial Militar.

Assim, para verificar a legalidade deste ato administrativo, imprescindível se faz


evocar alguns conceitos que ajudarão a elucidar esta questão.

O primeiro deles é o princípio da legalidade, externado no artigo 5º, inciso II, da


Constituição Federal, que estabelece que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei. Logo, as obrigações dos indivíduos só podem ser criadas
por espécies normativas produzidas em conformidade com o devido processo legislativo.

Ora, a infração cometida no caso hipotético acima está perfeitamente positivada na


lei, especificamente no Artigo 181, inciso XIX, “Estacionar o veículo: em locais e horários de
estacionamento proibidos pela sinalização (placa – Proibido Parar e Estacionar), do Código
de Trânsito Brasileiro.

Ainda conforme a referida lei de trânsito compete às Polícias Militares dos Estados e
do Distrito Federal a execução da fiscalização de trânsito, portanto, em tese, a ação policial no
caso narrado está revestida de legalidade, pois há previsão legal da infração, a sinalização foi de
fato descumprida e um agente estatal, no exercício regular de direito autorizado por lei lavrou o
respectivo auto de infração de trânsito, deixando, inclusive, a segunda via deste para que o
infrator tivesse ciência do ocorrido.
À primeira vista, no caso acima nada mais há a refletir, “João errou, foi multado e
vai ter que pagar, diriam alguns e ponto final”. No entanto, outros pontos, propositadamente
não especificados no caso hipotético acima foram omitidos, pois algumas outras questões
precisam ser respondidas e, somente assim, ter-se-á efetivamente os elementos a uma conclusão
sólida e consistente.

A Primeira pergunta é: O município onde o fato ocorreu tem seu trânsito


municipalizado?

A Segunda questão: Há convênio de delegação de atribuições entre o município onde


se deu o fato e a Polícia Militar?

Caso a resposta seja negativa à primeira pergunta, a multa aplicada deverá ser nula,
pois está eivada de vício insanável, pois o exercício das competências atribuídas aos órgãos
executivos de trânsito dos municípios está condicionado a sua inserção formal ao Sistema
Nacional de Trânsito, a chamada municipalização do trânsito, tal qual positivado no Código de
Trânsito Brasileiro em seus Artigos 5º e 24, parágrafo 2º, senão vejamos:

Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e


entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de
planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e
licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de
condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário,
policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e
aplicação de penalidades.

Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos


Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
...

III – implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os


dispositivos e os equipamentos de controle viário;
...
§ 2º Para exercer as competências estabelecidas neste artigo, os
Municípios deverão integrar-se ao Sistema Nacional de Trânsito,
conforme previsto no art. 333 deste Código. (grifo nosso)

Aliás, este é também o entendimento do Conselho Nacional de Trânsito CONTRAN,


ao publicar em 28 de outubro de 2008 a Resolução nº 296, que estabelece as exigências
necessárias para a integração dos municípios ao Sistema Nacional Trânsito e conseqüente
habilitação destes ao exercício das vinte e uma atribuições conferidas no Artigo 24 do CTB,
senão vejamos o texto:
RESOLUÇÃO N° 296, DE 28 DE OUTUBRO 2008

Dispõe sobre a integração dos órgãos e entidades executivos de


trânsito e rodoviários municipais ao Sistema Nacional de Trânsito.
Considerando o disposto no § 2° do artigo 24 do CTB, que
condiciona o exercício das competências dos órgãos municipais à
integração ao SNT, combinado com o artigo 333 do CTB e seus
parágrafos, que atribui competência ao CONTRAN para
estabelecer exigências para aquela integração, acompanhada pelo
respectivo Conselho Estadual de Trânsito – CETRAN;

I – havendo perfeita conformidade, certificará a existência das


condições mínimas para o pleno exercício de suas competências
legais ao Município e ao DENATRAN; (grifo nosso).

Portanto, toda e qualquer infração de trânsito relacionada às matérias de competência


exclusiva dos municípios, tais como parada e estacionamento, onde estes entes federados não
tenham efetivado sua integração, conforme as exigências do CONTRAN, não tem validade, são
totalmente irregulares, nulas, mesmo aquelas que tenham sido flagradas e autuadas por prepostos
da Polícia Militar.

Agora, se a resposta for positiva para a primeira questão e negativa à segunda, ou


seja, o município assumiu a responsabilidade do trânsito, mas inexiste convênio entre este e a
Polícia Militar, igualmente o ato administrativo não terá validade, será nulo de pleno direito,
desta vez com base no quanto positivado no Artigo 23, do Código de Trânsito Brasileiro, pois
condiciona a competência da Policia Militar em executar a fiscalização de trânsito a existência
e conformidade do convênio, senão vejamos:

Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito


Federal:
...
III. executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio
firmado, como agente do órgão ou entidade executivos de trânsito ou
executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes
credenciados; ( grifo nosso).

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