Este breve artigo objetiva refletir sobre a questão da legalidade de multas aplicadas
quando do cometimento de algumas infrações de trânsito ocorridas em municípios que ainda não
estejam integrados ao Sistema Nacional de Trânsito.
Ainda conforme a referida lei de trânsito compete às Polícias Militares dos Estados e
do Distrito Federal a execução da fiscalização de trânsito, portanto, em tese, a ação policial no
caso narrado está revestida de legalidade, pois há previsão legal da infração, a sinalização foi de
fato descumprida e um agente estatal, no exercício regular de direito autorizado por lei lavrou o
respectivo auto de infração de trânsito, deixando, inclusive, a segunda via deste para que o
infrator tivesse ciência do ocorrido.
À primeira vista, no caso acima nada mais há a refletir, “João errou, foi multado e
vai ter que pagar, diriam alguns e ponto final”. No entanto, outros pontos, propositadamente
não especificados no caso hipotético acima foram omitidos, pois algumas outras questões
precisam ser respondidas e, somente assim, ter-se-á efetivamente os elementos a uma conclusão
sólida e consistente.
Caso a resposta seja negativa à primeira pergunta, a multa aplicada deverá ser nula,
pois está eivada de vício insanável, pois o exercício das competências atribuídas aos órgãos
executivos de trânsito dos municípios está condicionado a sua inserção formal ao Sistema
Nacional de Trânsito, a chamada municipalização do trânsito, tal qual positivado no Código de
Trânsito Brasileiro em seus Artigos 5º e 24, parágrafo 2º, senão vejamos: