Elenara Litz*
Ângela da Rocha Rolla**
RESUMO
CONCEITO DE CONTO
associados a ações humanas que se organizam num espaço determinado de tempo e de uma
determinada unidade de ação. O conto se caracteriza por ter em sua estrutura apenas uma
dramático.
No conto, realidade e ficção não têm limites. Não importa ver se há verdade ou
falsidade nas palavras que estão dentro dele, o que permanece é a arte de inventar um modo
de representar algo. Alguns textos têm essa intenção de registrar com mais fidelidade à
vivência do ser humano ou ainda fantasiá-la como vemos no texto de Marina Colasanti “A
Moça Tecelã”, em que a autora se utilizou de palavras permitindo que o texto tomasse forma
literária, estruturando-o de maneira que o leitor mergulhasse na leitura e se imaginasse dentro
da história.
CONCEITO DE PERSONAGEM
O FEMINISMO
O conto dirige-se ao público infantil, não é neutro nem inocente. Em lugar de conduzir a
uma acomodação, investiga. No conto, a fantasia desmistifica o real, em vez de camuflá-lo. O
imaginário é uma ferramenta convincente. Em sua riqueza e abertura há várias leituras, o
conto dá ênfase entre algumas questões abordadas, à importância de se repensar o conceito de
um relacionamento conjugal, bem como o relacionamento da personagem consigo mesma.
Inicia com a personagem feminina sozinha, sentada em frente do tear, tecendo sua
manhã, numa situação de equilíbrio, com todas as necessidades físicas e existenciais
satisfeitas por ela própria, com a ajuda de um tear mágico. A moça até nesse momento era
sujeito de sua vida, pensava que o pouco que possuía a fazia feliz. “Tecer era tudo o que
fazia... tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha”. (Colassanti:
1982, p.20). Através de seu tear mágico, tece então um homem para afastar a solidão de sua
vida e alegrar os seus dias com filhos que porventura iriam ter. Mas a partir daí instala-se um
desequilíbrio decorrente das exigências do marido, contradizendo os desejos da tecelã: ele
obcecado pelo desejo de ter sempre mais, não contente com pouco, ela realizada no ser e no
fazer. Em seu desejo de adquirir riqueza e descobrindo o poder mágico do tear, ela isola a
esposa, obrigando-a a realizar os seus caprichos. Triste e frustrada, pois percebe que o seu
desejo de companheirismo e amor não se concretiza, oprimida e vendo que nada do que havia
sonhado torna-se realidade, ela nota que teceu a solidão mais amarga – estava sozinha mesmo
estando ao seu lado o marido almejado. “E pela primeira vez pensou como seria bom estar
sozinha de novo” (Colassanti: 1982, p.22). A idéia do casamento como fórmula de felicidade
se acaba e atinge seu ponto máximo no trecho “tecia e entristecia” (Colassanti: 1982, p.22)
quando o ato de tecer, agora ligado às vontades exclusas do esposo deixa de apresentar para
ela um sentido de satisfação existencial. O retorno ao equilíbrio acontece e a moça percebe
que o marido pode ser eliminado de sua vida. Decidida, retorna ao papel de sujeito: desfaz o
tecido. No final, outra vez sozinha, a moça tece para si uma nova manhã.
Nesta narrativa, a autora questiona a alternativa imperativa do casamento, da família e
permitindo a opção de sua personagem adentrar o processo de individualização,
permanecendo sozinha, através de um comportamento de rebeldia, destruindo o parceiro.
Manifesta o desejo de liberdade e independência, ressaltando, desta forma, uma personagem
que, embora conscientemente incompleta e descontínua, possui a escolha de um “estar feliz”
mesmo dispensando a companhia de um marido.
Marina Colassanti, ela também uma – moça tecelã – tece seu texto habilmente, por meio
de elementos lexicais, sintáticos e coesivos bem entrelaçados – ideologia e linguagem
costurada de maneira indissolúvel. .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFÍCAS
IMBERT, Enrique Anderson. “ Métodos de Crítica Literária”. Tradução de Eugênia
Maria M. Madeira de Aguiar e Silva. Coimbra: Alemanha, 1971.
GOTLIB, Nádia Battella. “Teoria do Conto” Ed. Ática - São Paulo – 2000.