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Identificação Projetiva: Uma Visão Kleiniana

Ivana Mello

O presente trabalho refere-se à parte do itinerário teórico da importante


contribuição de Melanie Klein acerca do conceito de identificação projetiva.
Muitos foram os legados de Klein. Entre eles destacamos a concepção de um
mundo de objetos internos se relacionando dinamicamente por meio de fantasias
inconscientes; o papel dessas fantasias na construção das realidades internas e externas
por meio do interjogo entre projeção e introjeção; o conceito implicitamente dialético de
posição, e a diferenciação das posições depressiva e esquizoparanoide; o papel de
pulsão de morte na determinação da angustia primária; a dinâmica entre amor e ódio e
reparação; a dialética entre inveja e gratidão; o conceito de identificação e por fim, a
criação da técnica de análise infantil.
O termo identificação projetiva foi originariamente apresentado por Klein
(1946/1955), elaborada por Rosenfeld (1965/1987) e Bion (1965/1960), seguido Kyrle
(1956), Segal (1971) e Joseph (1989). Embora de grande importância na literatura
psicanalítica, o termo identificação projetiva teve pouca divulgação até os meados dos
anos 50. Todavia, foi Bion o responsável por um acréscimo substancial ao termo no que
se refere à distinção entre identificação normal e patológica.
Retomando nossa trajetória acerca da identificação projetiva, nos deteremos a
desenvolver um breve percurso. Foi ao tentar definir a posição esquizo-paranóide1, em
contra-oposição a posição depressiva, que Klein em seu artigo ”Notas sobre alguns
mecanismos esquizóides” (1946), introduziu o conceito de identificação projetiva. De
forma resumida, ela propõe que a baixa ansiedade de aniquilação, vinda de dentro da
pulsão de morte, o eu, para se defender, cinde os impulsos sádicos orais e anais,
separando amor e ódio, e projetando-o sobre o objeto primário, seio da mãe, criando
objetos parciais bons e maus. Dessa forma, a ansiedade de aniquilação torna-se
ansiedade persecutória. A idealização procura exagerar os aspectos bons do objeto para
defendê-lo do mal, mas no mesmo processo, esse também se torna exagerado. Esse

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Esquizo-paranóide é o mecanismo defensivo de cisão dos objetos e dos impulsos, projeção e introjeção
de aspectos parciais dele idealizado, e a negação da realidade individual psíquica.
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mecanismo é reforçado então pela negação do objeto mal, da frustração e da própria


realidade psíquica e pela identificação projetiva.
Hanna Segal (1975) avalia esse conceito como sendo amplo, todavia o define
como: ”Na identificação projetiva, parte do self e do objeto interno, são clivados e
expelidos e projetado para dentro do objeto externo, que se torna então possuído e
controlado pelas partes projetadas, e com elas se identificam” (p.10).
A identificação projetiva no sentido Freudiano é visto como uma modalidade da
projeção, como também um mecanismo de natureza psicótica (encontrada em todo
sujeito). Klein (1987) vinculou esse mecanismo ao sadismo infantil, e em suas palavras
ela afirma: ”a criança não quer simplesmente destruir a mãe, porém apossar-se dela”
(p.150).
A identificação projetiva para Klein (1946/1987) é vista como: ”... junto com os
excrementos daninhos, expelidos com ódio, também são projetados na mãe, ou como
prefiro dizer, dentro da mãe, partes excindida do eu. Estes excrementos e partes más do
eu não só serve apara danificar o objeto senão também para controlá-lo e tomar posse
dele. À medida que a mãe passa a conter as partes más do eu, não a sente como ser
separado, senão como eu mal. Muito do ódio contra partes do eu se dirige agora contra
a mãe. Isto leva a uma forma especial de identificação que estabelece o protótipo de
uma relação agressiva de objeto. Sugeri para este processo identificação projetiva.
Quando a projeção deriva do impulso para danificar ou controlar a mãe, a criança
sente esta como um perseguidor. A projeção de sentimentos bons e de partes boas do eu
dentro da mãe é essencial para capacidade da criança desenvolver boas relações de
objeto e de integrar seu eu. Mas se este processo de projeção for excessivo, sentem-se
perdidas partes boas da personalidade e deste modo a mãe se transforma em ideal do
eu; este processo debilita e empobrece o eu” (p.18).
De acordo com o observado por Klein (1987), o resultado da identificação
projetiva é a dependência excessiva do depositante (o agente da projeção) com relação
ao depositário, e o temor a ter perdido a capacidade de amar, pois o individuo ignorante
de se mesmo, passou a amar o próprio eu no outro.
Para Kernberg (1989/1995), a identificação projetiva é um mecanismo de defesa
primitiva, o sujeito projeta uma experiência intrapsiquica intolerável sobre um objeto,
mantêm empatia com aquilo que ele projeta, tenta controlar o objeto no esforço
continuado para defender-se contra a experiência intolerável e inconscientemente, numa
interação que ressalta o objeto, levando a vivenciar o que foi projetado sobre ele.
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A identificação projetiva como foi apresentada, difere do mecanismo de


projeção, que consiste um realçamento de uma experiência intrapsiquica aceitável; o
qual é deslocado para outro objeto, ha falta de empatia com que é projetado favorecendo
um distanciamento quanto ao objeto propiciando a eficácia do esforço defensivo.
Em linhas gerais a identificação projetiva se baseia em uma estrutura do ego
centrado na clivagem (dissociação primitiva) como sua defesa essencial, enquanto a
projeção esta pautada em uma estrutura do ego centrado no realçamento como defesa
básica.
A identificação projetiva ganhou relevância pelos Kleinianos, pela importância
dada ao conceito associando os aspectos patológicos. Todavia Klein o classificou como
da ordem positiva e negativa, e acentuou que pode ser excessivo ou normal. Contudo a
identificação projetiva é vista como derivada da clivagem do ego e da projeção de partes
do self para dentro de outras pessoas. Trata-se de uma fantasia de expulsão onipotente a
fim de controlar e tomar posse do objeto. Grande parte dos pensadores Kleinianos
reconheceu, até certo grau, o caráter basicamente psicótico da identificação projetiva e
os aspectos de fragmentação do self, da difusão da identidade e pela diferenciação do
self e do objeto que ela implica.
Mas até que ponto podemos considerar que a identificação projetiva (IP) seja um
mecanismo psicótico? Acredito que não necessariamente a IP seja um mecanismo
psicótico, e que somente poderemos considerar psicóticas quando as relações objetais
internalizadas e externalizadas se mostrem sob condição de obscurecimento, ou
confusão de representação de self e de objeto, e de falta de diferenciação entre self e
outras pessoas. Desta forma ela é considerada uma operação defensiva primitiva, mas
não necessariamente relacionada às psicoses. Podemos dizer que predomina nas
psicoses onde esta acompanhada pela perda do teste da realidade, e do ponto de vista
estrutural pela falta de fronteira entre a representação do self e do objeto.
O conceito de identificação projetiva sofreu ampliação com os trabalhos de
Bion, o qual o classificou como um mecanismo básico no processo esquizofrênico, e
reflete a reconstituição regressiva da posição esquizoparanóide. Bion e Klein viam a IP
como representante da fantasia onipotente, que partes indesejadas da personalidade, ou
dos objetos internos, podem ser repudiadas, projetadas e contidas dentro do objeto para
o qual são projetadas.
Bion, com a metáfora do continente e contido, faz acréscimos ao conceito de
identificação projetiva, e explica que a metáfora é baseada na imagem do bebê a expelir
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conteúdo destrutivo para dentro da mãe, que aceita a projeção, recebe e modificando-a
de maneira que sua destrutividade até certo ponto é neutralizada, permitindo a
reintrojeção modificada. A reintrojeção feita pelo bebê é mais tolerada, e
potencialmente integrável, e metabolizada pelas qualidades boas da maternagem do
objeto materno. Com essa teorização, Bion amplia o significado do IP, particularmente
com referência ao processo terapêutico. Assim, segundo Klein, os pacientes procuram
despertar no analista sentimentos que não podem tolerar em si mesmos; mas que
inconscientemente, desejam expressar e que podem ser compreendidos pelo analista
como uma comunicação.
Joseph, em 1989, citado por Spillius em 1994, aprofunda a idéia de Bion,
segundo a qual os pacientes buscam induzir sentimentos e pensamentos no analista de
forma sutil de modo a provocar que o analista possa agir de maneira compatível com
as suas projeções.
Para esses autores, o objetivo do analista é que se permita experimentar a
pressão provocada pelos pacientes, de modo suficiente a tomar consciência da pressão
do conteúdo para interpretá-la, sem, entretanto impelir uma atuação grosseira.
Spillius (1994), em seu artigo “Experiências clínicas de identificação
projetiva”, aponta como Bion (1956) utiliza o conceito de IP para o desenvolvimento da
técnica psicanalítica, como também Kyrle (1956), Rosenfeld (1971), Britto (1989), Bola
(1989) entre outros. A argumentação que esses autores assumiram é que toda projeção
inclui identificação, e, inversamente, que toda identificação inclui projeção. Assim, os
autores Kleiniano afirmam: ”temos de experimentalmente projetar para fora partes do
nosso conteúdo psíquicos interiores a fim de sermos receptivos ao objeto para
introjeção e, subsequentemente para formar uma identificação com ele. Quando
começamos pela projeção, é necessário que haja algum processo de identificação ou
internalização em geral, pois, senão, podemos dar conta da projeção... Uma projeção,
por se, parece ter sentido, a menos que o individuo possa reter certo contato com o que
é projetado. Esse contato é um tipo de ineternalização ou afrouxamento falando uma
identificação (p. 77)”.
Esta conceituação reflete a idéia de IP no contexto das interações no setting
analítico ao que se refere à transferência e contratransferência. São baseados no
mecanismo de projeção e da introjeção, ou em termos Kleinnianos, identificação
projetiva ou introjetiva. Segundo Sipillius, Bion ao longo de sua obra fez acréscimos
substanciais ao conceito, ao estabelecer a diferença entre IP normal patológico, ao
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propor ao modelo continente-contido, e mostrando a participação da mãe e do analista


no resultado da inter-relação, ao ressaltar o papel da comunicação afetiva
desempenhado por esse mecanismo defensivo, e por isso a relevância da IP normal para
compreensão empática e uso positivo no trabalho analítico.

Referências.
Sandler, J. Projeção, identificação, identificação projetiva. Porto Alegre: Artes Médicas,
1989.
Segal, H. Introdução a obra de Melanie Klein. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Klein, M. 1946. Notas sobre alguns mecanismos esquizóides. In Klein, M. Obras
completas de Melanie Klein. Buenos Aires: Paidós. 1987.
Spillius, E. 1994. Experiências clinicas de identificação projetiva. In: Anderson, R.
Conferências clinicas sobre Klein e Bion. Rio de Janeiro: Imago.
Kernberg, O. F. Agressão nos transtornos de personalidade e nas perversões. Porto
Alegre: Artes Médicas. 1995.

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