Ivana Mello
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Esquizo-paranóide é o mecanismo defensivo de cisão dos objetos e dos impulsos, projeção e introjeção
de aspectos parciais dele idealizado, e a negação da realidade individual psíquica.
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conteúdo destrutivo para dentro da mãe, que aceita a projeção, recebe e modificando-a
de maneira que sua destrutividade até certo ponto é neutralizada, permitindo a
reintrojeção modificada. A reintrojeção feita pelo bebê é mais tolerada, e
potencialmente integrável, e metabolizada pelas qualidades boas da maternagem do
objeto materno. Com essa teorização, Bion amplia o significado do IP, particularmente
com referência ao processo terapêutico. Assim, segundo Klein, os pacientes procuram
despertar no analista sentimentos que não podem tolerar em si mesmos; mas que
inconscientemente, desejam expressar e que podem ser compreendidos pelo analista
como uma comunicação.
Joseph, em 1989, citado por Spillius em 1994, aprofunda a idéia de Bion,
segundo a qual os pacientes buscam induzir sentimentos e pensamentos no analista de
forma sutil de modo a provocar que o analista possa agir de maneira compatível com
as suas projeções.
Para esses autores, o objetivo do analista é que se permita experimentar a
pressão provocada pelos pacientes, de modo suficiente a tomar consciência da pressão
do conteúdo para interpretá-la, sem, entretanto impelir uma atuação grosseira.
Spillius (1994), em seu artigo “Experiências clínicas de identificação
projetiva”, aponta como Bion (1956) utiliza o conceito de IP para o desenvolvimento da
técnica psicanalítica, como também Kyrle (1956), Rosenfeld (1971), Britto (1989), Bola
(1989) entre outros. A argumentação que esses autores assumiram é que toda projeção
inclui identificação, e, inversamente, que toda identificação inclui projeção. Assim, os
autores Kleiniano afirmam: ”temos de experimentalmente projetar para fora partes do
nosso conteúdo psíquicos interiores a fim de sermos receptivos ao objeto para
introjeção e, subsequentemente para formar uma identificação com ele. Quando
começamos pela projeção, é necessário que haja algum processo de identificação ou
internalização em geral, pois, senão, podemos dar conta da projeção... Uma projeção,
por se, parece ter sentido, a menos que o individuo possa reter certo contato com o que
é projetado. Esse contato é um tipo de ineternalização ou afrouxamento falando uma
identificação (p. 77)”.
Esta conceituação reflete a idéia de IP no contexto das interações no setting
analítico ao que se refere à transferência e contratransferência. São baseados no
mecanismo de projeção e da introjeção, ou em termos Kleinnianos, identificação
projetiva ou introjetiva. Segundo Sipillius, Bion ao longo de sua obra fez acréscimos
substanciais ao conceito, ao estabelecer a diferença entre IP normal patológico, ao
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Referências.
Sandler, J. Projeção, identificação, identificação projetiva. Porto Alegre: Artes Médicas,
1989.
Segal, H. Introdução a obra de Melanie Klein. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
Klein, M. 1946. Notas sobre alguns mecanismos esquizóides. In Klein, M. Obras
completas de Melanie Klein. Buenos Aires: Paidós. 1987.
Spillius, E. 1994. Experiências clinicas de identificação projetiva. In: Anderson, R.
Conferências clinicas sobre Klein e Bion. Rio de Janeiro: Imago.
Kernberg, O. F. Agressão nos transtornos de personalidade e nas perversões. Porto
Alegre: Artes Médicas. 1995.