Os títulos da dívida interna emitidos pelo governo são mais caros e de prazos mais
curtos. O governo paga aos títulos da dívida interna juros de 12,8% ao ano,
maiores que a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,25%. Desta forma,
a dívida só aumenta. Em dezembro de 2006 era de R$ 1,092 trilhão. Doze meses
depois somava R$ 1,224 trilhão. A dívida pública total, interna e externa, estava
em R$1,311 trilhão em janeiro deste ano. Só em 2008 vencem R$ 400 bilhões em
títulos da dívida.
Não por acaso, o anúncio de que o país se tornara “credor” foi realizado em meio à
crescente crise financeira e econômica que se espalha no mundo a partir dos EUA.
O esforço é apresentar o Brasil como uma ilha de tranqüilidade imune aos efeitos
da crise, alcançando o chamado grau de investimento (investiment grade), espécie
de selo de qualidade concedido pelas agências internacionais de classificação de
risco aos países bons pagadores de suas dívidas.
Reservas internacionais
Um dos principais feitos do governo, segundo a propaganda maciça desencadeada
nos últimos dias, refere-se às chamadas reservas internacionais. Ela serviria para
conferir tranqüilidade aos investidores estrangeiros, garantindo o pagamento em
dia da dívida.
Economia dependente
O ufanismo comprado por boa parte da imprensa dá conta que agora “os gringos é
que devem ao Brasil”, conforme estampou na capa o jornal Correio Braziliense. No
entanto, nunca a economia do país foi tão dependente quanto no governo Lula. O
real valorizado em relação ao dólar, assim como a economia desnacionalizada,
impulsionam a remessas de lucros ao exterior. Em 2007, as filiais das
multinacionais remeteram R$ 21,2 bilhões às suas matrizes, um recorde. Com a
crise econômica nos EUA, essa tendência vai se aprofundar.
Em 1999, quando a dívida externa atingiu seu pico, totalizando US$ 225 bilhões, o
governo pagou US$ 60,7 bilhões só de juros.