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Álvaro de Campos VS Fernando Pessoa

Comparação de poema “Ode


Triunfal” de Álvaro de Campos
com “Ela canta, pobre ceifeira,” de
Fernando Pessoa.
Álvaro de Campos
“Nasceu em Tavira, teve uma
educação vulgar de Liceu; depois
foi mandado para a Escócia
estudar engenharia, primeiro
mecânica e depois naval. Numa
das suas férias fez a viagem ao
Oriente de onde resultou o
“Opiário”. Agora está aqui em
Lisboa em inactividade.”
Fernando Pessoa
Entre todos os heterónimos, Campos foi o único a
manifestar fases poéticas diferentes ao longo de
sua obra.

1ª Fase - Decadentista

2ª Fase – Futurista/Sensacionista

3ª Fase – Intimista/Pessimista
2ª Fase – Futurista/Sensacionista
“Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza
disto, / Para a beleza disto totalmente desconhecida dos
antigos“.
“Ode Triunfal“

“sentir tudo de todas as maneiras”


“Ode Triunfal“

Walt Whitman
Marinetti
Ode Triunfal
 Irregularidade das estrofes (Existem estrofes de quatro versos, de
dez, de onze, de dezasseis, etc. )

 Irregularidade de sílabas métricas (há versos de cinco a vinte e uma


sílabas)

 Orações coordenada (ritmo rápido) – Cada oração coordenada


exprime um fenómeno da vida moderna que cruzou o pensamento
do sujeito de enunciação.

 Vocábulos de índole técnica (“fábrica”, “maquinismos”,


“dissecados”, “correias de transmissão”, “êmbolos”, “cargas de
navios”, “guindastes”, “chumaceiras”, etc.)
O uso recorrente de exclamações, interjeições e onomatopeias:
“r-r-r-r-r- eterno!”
“Eh-lá-hô elevadores dos grandes edifícios”
“Hup-lá, hup-lá, hup lá hô...”

As apóstrofes:
“Ó fazendas nas montras”,
“Ó manequins!”
“Ó últimos figurinos! Ó cais, ó portos, ó comboios!....”

As enumerações:
“Couraças, canhões, metralhadoras, submarinos, aeroplanos!”
“guerras, tratados, invasões, Ruído, injustiças, violências”
Acrescente-se ainda o recurso a comparações
inesperadas:
“Possuo-vos como a uma mulher bela”

Sequências de três ou mais adjectivos:


”Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável”
“Em vós ó grandes, banais, úteis, inúteis”
“Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem
maus”
O poema inicia-se com a iluminação das lâmpadas
eléctricas. Somos colocados no meio de um ambiente
fabril, em que o sujeito poético escreve num estado
febril. Estamos num tempo de modernidade.
O poeta tanto manifesta o desejo de humanizar as
máquinas, através de apóstrofes:

"Ó rodas, ó engrenagens, ó máquinas!...”

como também de se materializar ao identificar-se com


as máquinas:

“Ah! Poder eu exprimir-me como um motor se exprime!


Ser completo como uma máquina!”
Ah, e a gente ordinária e suja, que parece sempre a mesma,
Que emprega palavrões como palavras usuais,
Cujos filhos roubam às portas das mercearias
E cujas filhas aos oito anos -- e eu acho isto belo e amo-o! --

Masturbam homens de aspecto decente nos vãos de escada.


A gentalha que anda pelos andaimes e que vai para casa
Por vielas quase irreais de estreiteza e podridão.
Maravilhosa gente humana que vive como os cães,
Que está abaixo de todos os sistemas morais,
Para quem nenhuma religião foi feita,
Nenhuma arte criada,
Nenhuma política destinada para eles!
Como eu vos amo a todos, porque sois assim,
Nem imorais de tão baixos que sois, nem bons nem maus,
Inatingíveis por todos os progressos,
Ao longo do texto há um desfilar irónico dos
escândalos da época: a desumanização, a corrupção,
a miséria, a pilhagem, os falhanços da técnica
(desastres, naufrágios), a prostituição de menores,
entre outros.

O mais surpreendente no poema é que, depois de


o poeta ironizar os ridículos da sociedade moderna,
ele identifica-se com eles:

Ah, como eu desejava ser o souteneur disto


tudo!"
Campos aproxima-se de Caeiro no recurso ao
verso livre e na importância conferida à sensação.
Mas o que no mestre é a “sensação das coisas como
são” em Campos, o que salta à vista é a fome de um
mundo de sensações novas. Daí que sinta o bem
como sente o mal, o mórbido como sente o
saudável, o normal como sente o anormal, única
forma de “ser toda a gente e toda a parte” e “sentir
tudo de todas as maneiras”.
Fernando Pessoa (ortónimo)
Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,

Ondula como um canto de ave


No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,


Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.

Ah, canta, canta sem razão!


O que em mim sente ‘stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando!

Ah, poder ser tu, sendo eu!


Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!
Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve!


Entrai por mim dentro!
Tornai Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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