Jornal do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre - Ano XIX - Edição nº 68
Editorial
Varig: 180 dias para a decisão final
Durante os
últimos anos,
viemos lutan-
do, através do
Sindicato e da
mobilização
dos trabalha-
dores, contra
a falta de
políticas
públicas de
regulamentação e
incentivo ao setor e frente às
dificuldades das companhias
aéreas. Perdemos a Transbrasil,
conseguimos evitar a fusão
Varig-TAM, garantimos a
intervenção judicial na Vasp e
tentamos, por todos os meios, a
recuperação da maior empresa
de aviação comercial em nosso
país, a Varig, em defesa de seus
mais de 20 mil postos de
trabalho.
Mas se o quadro já era dificil,
devido ao endividamento
acumulado da companhia, tudo
parece ter piorado depois das
mudanças no Conselho de
Administração e no Conselho de
Curadores da FRB. Os
"notáveis", como costuma
denominar a imprensa,
chegaram com a missão de
negociar as ações da empresa
com investidores e credores e
por fim à crise. A companhia
vinha obtendo lucro operacional
positivo, esperava receber cerca
de R$ 3 bilhões do governo
como ressarcimento de perdas
com planos econômicos. Mas
vem acumulando dívidas e
perdendo credibilidade, pagando
com atraso os funcionários,
parcelando salários, protelando o
cumprimento dos reajustes.
No dia 17 de junho, depois da
ameaça das empresas de
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leasing de retirada de 11
aeronaves, a Varig decide, em
reunião da diretoria executiva e
Conselho de Curadores, pedir a
recuperação judicial da
companhia, dando início à
contagem regressiva. Nós,
trabalhadores, soubemos pela
imprensa da decisão, mas fomos
convidados pelo atual
presidente, Henrique Neves,
para uma reunião em 20 de
junho, onde nos foi reafirmada a
necessidade dessa tomada de
decisão. Seria a única saída para
não perder as aeronaves, o que
resultaria em um prejuízo que a
empresa não poderia suportar.
Os "notáveis" receberam dez
propostas de investidores.
Descartaram todas, menos a da
TAP, que não resultaria em
aporte de recursos diretos para a
Varig. Agora, com a recuperação
judicial, a TAP e outros
investidores desistiram de suas
ofertas. Tudo corre mais lento do
que a empresa necessita.
Mesmo um encontro de contas
com o governo, se fosse
possível, poderia demorar mais
tempo do que a empresa dispõe.
Agora, todos os dias estão
contados, até o final do prazo,
em seis meses.
O pedido de recuperação
judicial teve vários reflexos
negativos, dentre eles a
paralisação das negociações
com os possíveis investidores.
Como vantagem, permite à Varig
respirar durante esse período,
sem ser pressionada para o
pagamento das dívidas
acumuladas, que somam R$ 6
bilhões. Mas isso não significa
que a empresa esteja imune à
cobrança dos contratos de
leasing, cujos pagamentos estão
atrasados. E sobre esse
aspecto, a sua frota de aviões
segue em risco. Aliás, foi esse
risco - o de perder onze de seus
aviões - que levou a companhia
a entrar com o pedido de
recuperação judicial, sem ao
menos ter um plano elaborado. A
estratégia coordenada impediu o
arresto das aeronaves, mas a
questão ainda não está
resolvida. Felizmente, a Varig
obteve vitória na Justiça norte-
americana, que prorrogou o
prazo da liminar, impedindo o
arresto dos aviões até 12 de
setembro. No Brasil, o Judiciário,
após o pedido feito pela Varig,
também determinou a
suspensão, por seis meses, de
todas as ações judiciais e
execuções contra as empresas
do grupo.
Os trabalhadores do grupo
Varig, portanto, tem todos os
motivos para estarem apreensi-
vos. Se o plano de recuperação
não der certo, só restará a
falência à companhia. "Isso é
tudo o que nós não queremos",
afirmou a presidente do Sindi-
cato Nacional de Aeronautas,
Graziella Baggio, em entrevista à
revista Isto É. Uma opinião que
é, com certeza, semelhante a de
todos os trabalhadores que atu-
am em suas empresas. Durante
esse processo de negociação
com os credores, os aeroviários
estarão representados pelo Sin-
dicato, que acompanhará todas
as discussões e levará as
propostas ao conhecimento da
categoria. Agora somos credores
da Varig e é muito importante
que estejamos unidos, ao lado
do Sindicato, neste momento tão
decisivo para as nossas vidas e
para o futuro da Varig.
 Trabalhadores paralisam setor de embarque
em SP e Rio para alertar população
João Zinclar/Ag. Virya
No dia 23 de junho, depois do
pedido de recuperação judicial,
estivemos organizados e
unificados - aeronautas,
aeroviários e aeroportuários -
protestando contra a inércia do
governo e a grave crise do setor.
O ato paralisou o trânsito e
fechou a sala de embarque no
aeroporto Santos Dumont, no
Rio. No dia seguinte (24/6),
estivemos mobilizados no
aeroporto de Congonhas, em
São Paulo, paralisando o
trânsito no acesso ao aeroporto,
30 dias
apresentação
de um plano de
recuperação
pelos credores
Furtos na Vasp
Cerca de 700 carros da Vasp
foram retirados por funcionários antes
da intervenção e até agora não foram
devolvidos. Quem tem posse de um
desses veículos deve devolvê-lo à
comissão de intervenção da empresa,
ou poderá ser processado. Em
março, já haviam sido "surrupiados"
computadores da companhia. Depois
da descoberta de uma turbina e
outros equipamentos em um galpão,
dois caminhões e um carro já foram
devolvidos. Esse último, abandonado
em frente à sede da empresa, à noite,
com a chave na ignição.
A comissão de intervenção judicial
na Vasp, integrada por trabalhadores,
é o espaço legítimo de discussão e
defesa de nossos interesses. Ficar
com um bem da Vasp é crime
passível das medidas legais cabíveis.
AEROFolha é uma publicação do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre - Rua Augusto Severo, 82
São João - Porto Alegre - RS - 90240-480 - Fone: (51) 3343.4302 - www.aeroviarios.org.br
e-mail: info@aeroviarios.org.br - Edição e Proj. Gráfico: Virya Comunicação - (51) 3028.8111 - www.virya.com.br
Redação: Kalinka Kaminski (10182), Henrique Lessa (10083) - e-mail: redacao@virya.com.br
Edição finalizada em 29/06/2005 - Tiragem: 2500 exemplares
Atos em defesa do Setor:
Primeiro foi em:
Brasília, Rio e São Paulo
alertando a população sobre as Agora é em:
conseqüências da crise que os Guarulhos: 7/7 Quinta, e
trabalhadores da aviação estão Porto Alegre: 14/7 Quinta
enfrentando.
Os protestos contaram com
ampla mobilização das três Má notícia
Ao contrário da expectativa, a Varig
categorias do setor e de não irá pagar a integralidade do salário
dirigentes sindicais, representan- da folha de maio no dia 29 de junho. A
do a CUT e outras entidades de data foi prorrogada para o dia 1° de
classe. As mobilizações foram julho. Para quem tem saldo a receber
maior que R$ 3.300,00, a integralização
também noticiadas pela do salário só deverá ocorrer no dia 7, ou
imprensa e tiveram a contribui- seja, dois meses depois do período
ção de atores teatrais e o apoio trabalhado. A recuperação judicial, que
da população, apesar da contra- supostamente aliviaria as finanças da
empresa, não serviu para o cumprimento
riedade de alguns passageiros, do pagamento dos funcionários. Em
que tiveram de esperar para reunião com o Presidente da VEM, Eng.
entrar no setor de embarque. Evandro, este afirmou que o pagamento
Além dos protestos, dos salários serão normalizados em
julho. Pagamos outra vez pela
realizados em São Paulo e no incompetência da atual administração da
Rio de Janeiro na semana companhia, que mais uma vez não
passada, também aconteceu um priorizou os trabalhadores.
ato em Brasília, em 17 de maio.
Agora é a nossa vez em Porto Boa notícia
Alegre, no dia 14 de julho. Segundo o relator do projeto de
criação da Anac, senador Delcídio
Confira as fotos dos protestos no site do Sindicato. Amaral (PT-MS), a matéria deve receber
60 dias 180 dias
emendas permitindo o acerto de contas
A Varig tem, a contar do dia 22 de junho, 30 dias para com o governo. As mudanças devem
aprovação apresentar seu plano de recuperação, que deverá ser ocorrer durante a recuperação judicial da
implementação
(ou não) aprovado por, no mínimo, 75% de seus credores em
do plano, Varig.
do plano 60 dias. Se aprovado, a empresa tem 120 dias para
ou falência
implementá-lo, ou pode ter a falência decretada pela
Justiça.
Não esqueçam!
Os sindicatos são os legítimos
representantes dos trabalhadores e as
Atenção ao regime de únicas entidades com amparo legal para
negociar em nome das categorias que
tributação do Aerus representam, em meio aos processos de
intervenção da Vasp e recuperação
Os fundos de previdência privada, judicial da Varig.
incluindo o Instituto Aerus, querem
prorrogar para dezembro deste ano o Aerosinos descumpre CCT
prazo para que seus integrantes Na visita a oficina Aerosinos, que
possam aderir ao novo regime de presta serviços de manutenção no
tributação criada pela Receita Federal aeroclube localizado em Eldorado do
(imposto de renda regressivo). Sul, o Sindicato constatou que a
Atenção: só é vantajoso para os empresa vem descumprindo a CCT. O
trabalhadores optarem pelo novo IR, Sindicato irá ajuizar ação para o
se tiverem certeza de que irão cumprimento da Convenção e denunciar
o caso à DRT.
permanecer mais dez anos
contribuindo com o fundo.
A opção também é irretratável, ou Médica do Trabalho
seja, o optante não poderá voltar A Dra. Virginia Dapper passará a
atrás na escolha posteriormente. atender, sempre às terças-feiras, os
associados que buscam assistência na
Para acompanhar essa discussão e
aprofundar esse tema, confira área de Medicina do Trabalho. O horário
de atendimento vai das 16h30min às
maiores informações no site
www.anapar.com.br. 18h30min, no Sindicato.
NÃO FIQUE SÓ, FIQUE SÓCIO!