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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR

CAPÍTULO 30
EMERGÊNCIAS GERIÁTRICAS

1. Introdução

Considera-se idoso a pessoa maior


de sessenta anos de idade. No Brasil,
apenas a partir da década de 80 houve a
preocupação com a pessoa idosa, coinci-
dindo com processo de intensificação das
desigualdades sociais.

O envelhecimento, processo normal


de mudança relacionada com o tempo, co-
meça ao nascimento e continua ao longo
de toda a vida. A idade avançada é a fase
final do ciclo da vida. Com uma crescente
população idosa, mais pessoas estão vi-
vendo até uma idade muito senil, desafian-
do os profissionais de saúde a lidar com
uma prevalência mais alta de doenças que Fig 30.1
ocorrem nessa população.

De acordo com Brasil (1999) na Portaria nº. 1.395/GM, as projeções estatísticas da


Organização Mundial da Saúde (OMS), referem que o grupo de idosos no Brasil deverá
ter aumentado em 15 vezes, enquanto a população total em 5. O país ocupará assim, o
sexto lugar quando contingente de idosos, alcançando 32 milhões de pessoas com 60
anos ou mais de idade até o ano de 2025.

O atendimento pré-hospitalar do idoso apresenta desafios, suplantados apenas


pela atenção destinada às crianças. As manifestações súbitas de doença e o trauma apre-
sentam dimensões diferentes do cuidado pré-hospitalar do idoso em comparação com o
atendimento às pessoas mais jovens.

Comparados ao restante da população, os idosos são mais suscetíveis a doenças


graves e ao trauma. Em razão disso, o socorrista deve atentar para uma gama maior de
complicações, durante a avaliação e atendimento iniciais desse doente.

Em se tratando de vítima idosa, a avaliação na cena do incidente pode levar mais


tempo do que em vítimas jovens, na medida em que o idoso apresenta uma grande varie-
dade de incapacidades. Além disso, déficits auditivos e visuais, alterações de conduta de-
vido à senilidade e as modificações fisiológicas próprias da idade são fatores que dificul-
tam sua avaliação.

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Em conseqüência dos avanços na ciência médica e da adoção de estilos de vida


mais saudáveis, ocorreu um aumento da população acima de 65 anos nas últimas déca-
das. Embora o trauma encontre sua maior freqüência em pessoas jovens e as emergênci-
as geriátricas serem em geral clínicas, é crescente o número de idosos traumatizados.

Recentes progressos não apenas aumentam a expectativa de vida, mas também


melhoram sua qualidade, ampliando o tipo de atividades físicas praticadas nas idades
mais avançadas. Na medida em que a população vive mais e com boa saúde, atividades
como dirigir, viajar e se exercitar aumentam a possibilidade do trauma. Além disso, as de-
correntes mudanças de ordem social o número de idosos que vivem sozinhos e de forma
independente ou mesmo em comunidades de aposentados, asilos ou em ambientes mais
controlados e limitados, sugere um provável aumento da incidência de trauma doméstico
simples, como por exemplo, as quedas.

Ao longo dos últimos anos tem-se ainda observado um aumento no número de ido-
sos vítimas de crimes, que ocorrem tanto em casa como nas ruas.

É evidente que os idosos, além de comporem uma grande parte da população,


constituem uma parcela de risco, razão pela qual o socorrista deve atender as necessida-
des específicas do doente idoso traumatizado.

2. Anatomia e Fisiologia do Envelhecimento

O processo do envelhecimento determina alterações na estrutura física, na compo-


sição corporal e no funcionamento orgânico, as quais podem determinar dificuldades para
o atendimento pré-hospitalar. O envelhecimento influencia diretamente o aumento das ta-
xas de morbimortalidade.

O envelhecimento é um processo biológico natural, algumas vezes chamado de re-


versão biológica, começa durante os primeiros anos sucedem o início da vida adulta. Nes-
te período, os órgãos e sistemas alcançam a maturação e funcionam completamente. A
partir de então gradativamente o corpo vai perdendo a capacidade de manter o estado de
constância relativa de equilíbrio interno (homeostase), com declínio da viabilidade por
anos até a morte.

A idade avançada geralmente é caracterizada por fragilidade, processo mental


mais lento, alterações de funções psicológicas, diminuição de energia, surgimento de do-
enças crônicas e degenerativas, além da diminuição da acuidade sensorial. Habilidades
funcionais encontram-se diminuídas e surgem os conhecidos sinais e sintomas superfici-
ais da velhice, que são:

2.1. Envelhecimento Intrínseco (dentro da pessoa)

Refere-se às alterações causadas pelo processo normal de envelhecimento pro-


gramadas geneticamente. É o principal critério na distinção entre o envelhecimento nor-
mal do anormal.

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2.2. Alterações Extrínsecas

Resultantes de influências externas à pessoa, tais como poluição do ar e luz solar,


os quais podem acelerar o processo de envelhecimento.

2.3. Pele e Tegumentos

Perda da gordura subcutânea princi-


palmente nas extremidades e na elasticidade
(enrugamento); as glândulas sudoríparas e
sebáceas diminuem de atividade e número,
tornando-se mais frágeis devido à perda de
capilares; células pigmentares se hipertrofi-
am causando manchas do fígado (hiperpig-
mentação); o cabelo torna-se ralo e as raízes
se atrofiam; as unhas ficam mais espessas,
mais quebradiças e com o crescimento retar- Fig 30.2 – Alterações visíveis
dado.

2.4. Órgãos dos Sentidos

2.4.1. Visão

Diminuição da capacidade de focalizar objetos próximos; sensibilidade aos reflexos


luminosos; dificuldade de ajustamento a alterações de intensidade luminosa; diminuição
da capacidade de distinguir cores.

2.4.2. Audição

Diminuição da capacidade de ouvir sons de alta freqüência (presbicusia), consoan-


tes de alta freqüência (letras f, s, ch, b, t, p) soam iguais; capacidade auditiva diminuída.

2.4.3. Paladar e olfato

Diminuição da capacidade do paladar; paladar obnubilado (preferência pelos salga-


dos fortemente temperados).

2.5. Aparelho Respiratório

É o que sofre mais mudanças com a diminuição da função. Caixa torácica diminui,
assim como todos os músculos ligados à respiração. As costelas ficam menos móveis e
as articulações costais se calcificam. Menor ação dos cílios, dilatação dos bronquíolos e
diminuição do número de alvéolos. Reflexo da tosse e sua eficiência diminui. Essas mu-
danças resultam em:
● Menor profundidade da respiração;
● Menor ventilação;
● Menor capacidade vital;
● Menor oxigenação de todos os tecidos do corpo.

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2.6. Aparelho Cardiovascular

O aparelho respiratório e o cardiovascular estão intimamente ligados, qualquer alte-


ração em um deles, influi diretamente sobre o outro. O músculo cardíaco torna-se mais
espesso e com menor complacência (elasticidade). Há maior rigidez e espessamento das
válvulas cardíacas e diminuição do retorno venoso do coração. A artéria aorta torna-se
menos elástica, alarga-se e alonga-se. A circulação coronária diminui. A pressão sistólica
geralmente aumenta até 64 anos e após diminui.

No idoso traumatizado, a diminuição da circulação contribui para a hipóxia celular,


resultando em arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca aguda e até mesmo morte súbi-
ta. A capacidade do corpo de compensar perdas sanguíneas ou outras causas de choque
é significativamente diminuída no idoso, devido a diminuição da resposta de contração
cardíaca.

A circulação e as respostas circulatórias reduzidas, associadas a insuficiência car-


díaca crescente, representa um grande problema no tratamento do choque no idoso. A
ressuscitação com fluídos deve ser cuidadosamente vigiada, devido a redução da compla-
cência do sistema cardiovascular e ventrículo direito “enrijecido”. Deve se tomar cuidado
no tratamento da hipotensão e do choque, para não causar sobrecarga de volume na res-
suscitação agressiva.

2.7. Aparelho Gastrointestinal

As principais alterações no estômago relacionadas com a idade, bem como no in-


testino delgado e cólon, são uma menor motilidade e peristaltismo. Diminuição na produ-
ção de secreções gastrointestinais. Esvaziamento esofágico e gástrico retardado. Diminui-
ção no número de células na superfície de absorção do intestino delgado. O fígado torna-
se menor, com diminuição no peso e no fluxo sanguíneo hepático, a função declina com a
idade. A vesícula biliar fica com o tempo de esvaziamento maior e a bile torna-se mais es-
pessa e com menos volume.

2.8. Aparelho Músculoesquelético

O número de células musculares e teci-


dos elásticos diminuem. A musculatura esque-
lética se atrofia e diminui em força e tamanho.

Os tecidos cartilaginosos se atrofiam e


tendem a ficar amarelos. As articulações tor-
nam-se menos móveis. A massa dos ossos di-
minui e desmineraliza, resultando em ossos
que se tornam quebradiços. Fig 30.3 – Osteoartrite

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A coluna vertebral muda por inteiro com a idade pelos efeitos da osteoporose (per-
da óssea) e da calcificação dos ligamentos de suporte. Esta calcificação causa redução
da amplitude de movimentos e estreitamento do canal medular, o que coloca estes doen-
tes em alto risco para lesões medula-
res, mesmo nos traumas menos com-
plexos. A coluna tóraco-lombar tam-
bém degenera progressivamente e a
combinação da osteoporose e altera-
ções da postura leva ao aumento das
quedas. O socorrista deve ter alto nível
de suspeita para lesões raquimedula-
res durante a avaliação do doente, pois
mais de 50% das fraturas por compres-
são vertebral são assintomáticas.
Fig 30.4 – Curvatura da coluna

2.9. Sistema Nervoso

O cérebro diminui de tamanho e peso. Ocorre uma diminuição de neurotransmisso-


res, resultando na lentidão dos reflexos. Menor capacidade para reagir a estímulos múlti-
plos.

Funções intelectuais que envolvem compreensão verbal, raciocínio matemático,


fluência de idéias, avaliação de experiências e conhecimento geral tendem a aumentar
depois de 60 anos nas pessoas que mantêm atividades de aprendizagem. São exceções
aqueles que desenvolvem demência senil e outras doenças, como o mal de Alzheimer.

O envelhecimento biológico normal do cérebro não é indicador de doença cerebral.


Entretanto, as reduções estruturais do córtex cerebral podem estar relacionadas com dis-
funções mentais. À medida que ocorrem alterações estruturais no cérebro, pode ocorrer
comprometimento da memória, mudança na personalidade e outros déficits funcionais. Ao
avaliar um doente idoso traumatizado, qualquer alteração da atividade mental deve ser
considerada como decorrente de insulto traumático agudo, como choque, hipóxia ou lesão
cerebral.

2.10. Sistema Renal

Redução dos níveis de filtração pelos rins (os rins diminuem de tamanho e perdem
a capacidade de concentrar urina, especialmente à noite) e redução da capacidade de ex-
creção. Estas alterações devem ser consideradas quando se administra drogas depura-
das pelos rins. A perda crônica da função renal, que habitualmente é encontrada no idoso,
contribui para a deterioração da saúde geral do doente e sua capacidade de resistir ao
trauma.

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2.11. Sistema Imunológico

O sistema imune diminui sua habilidade de funcionar com o envelhecimento. Com


isso, ocorre a redução das respostas celulares. Associada a quaisquer outros problemas
nutricionais preexistentes comuns no idoso, isto leva ao aumento da suscetibilidade a in-
fecções. A sepse (infecção generalizada) é causa comum de morte tardia após trauma
grave ou mesmo insignificantes nos idosos.

3. Avaliação

A avaliação pré-hospitalar do idoso traumatizado é baseada no mesmo método uti-


lizado para os demais traumatizados.

4. Mecanismo do Trauma

4.1. Quedas

De acordo com Brunner; Suddarth (2000) os acidentes estão em sétimo lugar como
causa de óbito entre as pessoas idosas. As quedas ameaçam a saúde e a qualidade de
vida. As conseqüências normais e patológicas do envelhecimento contribuem para a mai-
or incidência de quedas. As alterações visuais, como perda de percepção de profundida-
de, suscetibilidade a maior intensidade da luz, perda de acuidade visual e dificuldades de
acomodação à luz, os déficits neurológicos incluindo a perda do equilíbrio, do sentido de
posição e tempo maior de reação aos problemas cardiovasculares decorrentes de hipóxia
cerebral e hipotensão postural, as alterações cognitivas e muscoloesqueléticas. Muitos
medicamentos e álcool podem causar tonteiras e falta de coordenação. Em relação às fra-
turas, os fatores de risco mais importantes são as quedas e a redução de massa óssea. A
diminuição da massa óssea deve-se a três causas: baixo pico de massa óssea na idade
adulta, resultante de fatores genéticos, ingestão insuficiente de cálcio e falta de exercíci-
os.

As fraturas em ossos longos


são responsáveis pela maior parte das
lesões, como fraturas no quadril, de-
terminando as maiores taxas de mor-
bimortalidade. A taxa de mortalidade
por fraturas de quadril alcança 20% no
primeiro ano após o evento traumático
e se eleva para 33% no segundo ano
após o trauma. A mortalidade é fre-
quentemente secundária à embolia
pulmonar e aos efeitos de diminuição Fig 30.5 – Idosos Atletas
de mobilidade (PHTLS, 2004).

As circunstâncias que determinam maior mortalidade devido às quedas estão asso-


ciadas à idade avançada, permanecer muito tempo caídos, sexo feminino, além de ocor-
rência de quedas anteriores.

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As conseqüências dividem-se em:


● Fraturas (as mais freqüentes são de rádio, úmero, pelve e as de quadril
devido às complicações que geram);
● Contusões e feridas: são freqüentes, dores que produzem e podem
desencadear uma situação de imobilidade;
● Lesões neurológicas: hematomas subdural, comoção e contusão cerebral;
● Lesões associadas a longa permanência no chão: fator de mal prognóstico,
devido a complicações graves como a hipotermia;
● Seqüelas de imobilização: perda de movimento – acamados.
4.2. Trauma por Veículos Automotores

As colisões envolvendo veículos automotores são as principais causas de morte na


população geriátrica entre os 65 e 74 anos. Em colisões automobilísticas a intoxicação
por álcool é raramente envolvida em comparação com pessoas mais jovens. Somente 6%
dos idosos com lesões fatais estão alcoolizados, comparados com 23% nas demais faixas
etárias (PHTLS, 2004).

4.3. Agressão e Abuso Doméstico

O idoso é altamente vulnerável ao crime, estima-se que 2 a 4% dos idosos sofram


maus tratos. Das agressões denunciadas, as mais freqüentes são os maus tratos físicos,
seguidos pelas agressões verbais e pela negligência.

De acordo com PHTLS (2004) as agressões violentas são responsáveis por 10%
das admissões de idosos traumatizados. A necessidade de cuidado contínuo pode predis-
por uma pessoa idosa ao abuso por parte do cuidador.

4.4. Queimaduras

As mortes por queimaduras decorrem nos idosos, mais frequentemente, de lesões


de tamanho e gravidade menores, comparadas com as de outras faixas etárias. A taxa de
morte é sete vezes maior do que em vítimas de queimaduras mais jovens.

A presença de doenças pré-existentes como as doenças cardiovasculares e diabe-


tes, resulta em pouca tolerância ao tratamento. Colapso vascular e infecção são as cau-
sas mais comuns de morte por queimadura.

4.5. Lesão Cerebral Traumática

Em função da atrofia cerebral, uma hemorragia subdural pode existir com achados
clínicos mínimos. O trauma cranioencefálico associado ao choque hipovolêmico resulta
em taxa de mortalidade mais alta.

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5. Tratamento

5.1. Vias Aéreas

A avaliação do idoso começa com o exame da via aérea. Alterações na atividade


mental podem estar associadas com obstrução da via aérea pela língua. A cavidade oral
deve ser examinada buscando-se corpos estranhos como dentaduras que foram desloca-
das.

Geralmente as dentaduras devem ser mantidas no local para garantir uma melhor
vedação ao redor da boca com a máscara. Contudo, próteses dentárias parciais (pontes)
ou quebradas devem ser removidas, pois durante uma emergência podem ser deslocadas
e causar obstrução total ou parcial das vias aéreas.

A colocação de dispositivos para manter a via aérea desobstruída (cânulas), pode


ser complicada por sangramento significativo, se o paciente estiver tomando anticoagu-
lantes, como aspirina.

5.2. Respiração

Doentes idosos com freqüência respiratória abaixo de 10 rpm ou acima de 30 rpm


terão volume minuto (quantidade de ar trocado nos pulmões em um minuto. É calculado
multiplicando-se o volume de ar em cada respiração (volume corrente) pelo número de
respirações por minuto (freqüência respiratória)) inadequado, necessitando de ventilação
com pressão positiva. Para a maioria dos adultos, uma freqüência ventilatória entre 12 e
20 rpm é normal. Entretanto, num idoso doente, a capacidade e função pulmonares redu-
zidos podem resultar em volume minuto inadequado, mesmo com freqüência entre 12 e
20 rpm.

A população idosa tem alta prevalência de doença pulmonar obstrutiva crônica


(DPOC). Na presença desta doença o estimulo ventilatório de alguns pacientes não de-
pende do nível de dióxido de carbono (CO2) no sangue, mas de níveis sanguíneos de oxi-
gênio diminuídos. Nunca se deve deixar de oferecer oxigênio a um doente que necessite
dele. A saturação de oxigênio no sangue (SaO2) deve ser mantida acima de 95%.

Os idosos apresentam enrijecimento aumentado da caixa torácica. Além disso, a


redução de força da musculatura da parede torácica e o enrijecimento da cartilagem a tor-
nam menos flexível. Estas e outras alterações são responsáveis por redução dos volumes
pulmonares. O paciente pode necessitar de suporte ventilatório, por meio de ventilação
assistida com máscara associada a balão dotado de válvula unidirecional.

5.3. Circulação

O tempo de enchimento capilar retardado é comum no doente idoso em razão da


circulação menos eficiente; portanto não é bom indicador de alterações circulatórias agu-
das nestes pacientes. Algum grau de redução da sensibilidade distal, motricidade e da cir-
culação das extremidades é achado comum normal nos pacientes idosos.

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A freqüência cardíaca não é bom indicador de trauma no idoso em função dos efei-
tos de medicamentos e da inadequada resposta do coração às catecolaminas circulantes
(epinefrina). Informações quantitativas ou sinais clínicos não devem ser usados de forma
isolada de outros achados.

A hemorragia nos idosos é controlada de maneira um pouco diferente do que em


outras vítimas. Os idosos têm pouca reserva cardiovascular e os sinais vitais não são um
bom indicador de choque no idoso, pois normalmente a vítima hipertensa pode estar em
choque com pressão sistólica de 110 mmHg. O tratamento com medicamentos deve ser
orientado pelo grau de suspeita de grave sangramento, baseado no mecanismo de trau-
ma e nas manifestações que em geral se associam ao choque.

5.4. Avaliação Neurológica

O socorrista deve analisar todos os achados em conjunto e ter um alto nível de


suspeita do idoso. Grandes diferenças na atividade mental, memória e orientação podem
existir no idoso. Lesão cerebral traumática significante deve ser identificada, levando em
conta o status normal prévio do indivíduo. A menos que alguém no local do trauma possa
descrever este estado, deve-se presumir que a vítima tem danos neurológicos, hipóxia ou
ambos.

O socorrista deve selecionar cuidadosamente as perguntas para determinar a ori-


entação de tempo e lugar do doente idoso. Caso a vítima não consiga realiza-lo, pode-se
presumir que tenha algum nível de desorientação. Embora normalmente as vítimas orien-
tadas, podem não ser capazes de identificar o local onde se encontra atualmente. Confu-
são ou incapacidade de lembrar de fatos e de longa data pode ser um melhor indicador de
quanto tempo atrás os eventos aconteceram, em vez de quanto o indivíduo é esquecido.
As repetidas narrações de eventos de longa data, aparentando dar mais importância a fa-
tos passados que aos fatos recentes, apenas representam nostalgia prolongada pelos
anos e pelos fatos. Tais compensações sociais e psicológicas não devem ser considera-
das sinais de senilidade ou de capacidade mental diminuída.

5.5. Exposição & Ambiente

Os idosos são mais suscetíveis a mudanças ambientais. Têm capacidade reduzida


de responder a súbitas alterações, produzem menos calor, capacidade reduzida de livrar
o corpo de calor excessivo. Problemas de regulação térmica estão relacionados com de-
sequilíbrio eletrolítico, por exemplo: diabetes mellitus. Outros fatores incluem diminuição
do metabolismo basal, capacidade reduzida de arrepiar, arterioeclerose e efeitos de dro-
gas e do álcool. A hipertermia é influenciada por acidente vascular cerebral (AVC), diuréti-
cos anti-histamínicos e drogas anti-parkinsonianas. A hipotermia é influenciada pela dimi-
nuição do metabolismo, obesidade, vasoconstrição periférica menos eficiente e nutrição
deficiente.

A retirada das ferragens por tempo prolongado em dias de temperatura extrema


pode colocar o idoso em risco, devendo ser resolvida rapidamente.

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5.6. Imobilização

A proteção da coluna cervical, especialmente em vítima politraumatizadas, é o pa-


drão do atendimento esperado. Nos idosos este padrão deve ser aplicado não somente
em situações de trauma, mas também durante problemas clínicos nos quais a manuten-
ção de vias aéreas pérvias é prioridade. A artrite degenerativa da coluna cervical pode
ocasionar lesões raquimedulares por mobilização do pescoço, mesmo que a vítima não
tenha sofrido trauma de coluna. Outra consideração na inadequada mobilização da coluna
cervical é a possibilidade de oclusão de artérias que irrigam o cérebro, que pode ocasio-
nar inconsciência e até mesmo AVC.

Ao colocar o colar cervical em uma vítima idosa com cifose grave, o socorrista deve
assegurar que o colar não comprima as vias aéreas ou as artérias carótidas. Meios me-
nos tradicionais de imobilização, como uma toalha enrolada e coxins para a cabeça, po-
dem ser cogitados, se os colares cervicais padrão forem inapropriados.

Pode ser necessário acolchoamento sob a cabeça e entre os ombros ao imobilizar


o idoso em posição supina, devido à falta de tecido adiposo. O socorrista deve procurar
pontos de pressão onde o doente está apoiado na prancha e acolchoá-los adequadamen-
te. Ao aplicar tirantes de contenção para imobilização nestas vítimas é possível que não
possam ser capazes de estender completamente suas pernas, em vista da redução da
amplitude de movimentos do quadril e dos joelhos. Assim pode ser necessário acolchoa-
mento sob as pernas, para maior conforto e segurança do paciente durante o transporte.

5.7. Exame Secundário

Após o tratamento de condições urgentes que ameaçam a vida, na avaliação da


doença aguda é importante considerar os seguintes fatores:
● O corpo pode não responder de maneira similar aos pacientes jovens.
Achados típicos de doença grave, como febre, dor ou sensibilidade, pode
demorar mais para se desenvolver e tornam a avaliação da vítima mais
difícil e longa. Além disso, muitos medicamentos modificarão a resposta
corpórea. Com freqüência, o socorrista dependerá do histórico do paciente;
● É necessário ter paciência adicional, em razão dos déficits auditivos e
visuais da vítima;
● A avaliação das vítimas idosas requer questionamento diferenciado. Durante
a avaliação inicial devem ser formuladas questões específicas com
informações gerais, pois a vítima idosa tende a responder “sim” a todas as
questões;
● - Pode ser necessário o envolvimento de uma terceira pessoa (cuidador,
familiares, etc.);
● Alterações de compreensão ou distúrbios neurológicos são problemas
significativos para muitas vítimas. Esses doentes não somente têm
dificuldade de comunicação, mas também podem ser incapazes de
compreender ou ajudar na avaliação, podem estar inquietos e às vezes
agressivos;

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● Firmeza, confiança, e questionamento claro e simples podem ser úteis. Um


familiar ou amigo pode ajudar;
● Dê um aperto de mão no doente para avaliar a força da mão, turgor de pele
e a temperatura corpórea;
● Fique atento para problemas comportamentais ou manifestações que não se
ajustem à cena.
● Observe a aparência. As vestes e apresentação da vítima estão adequadas
ao local e como foi encontrado? A facilidade de levantar ou sentar deve ser
observada;
● Atente para o estado nutricional do doente;
● As vítimas idosas têm redução de peso dos músculos esqueléticos,
alargamento e enfraquecimento dos ossos, degeneração das articulações e
osteoporose. Têm maior probabilidade de fraturas com traumas leves e risco
acentuadamente maior de fratura das vértebras, do quadril, das costelas;
● Degeneração de células do músculo cardíaco e menos células no sistema
de condução (marcapasso cardíaco). O idoso é propenso a arritmias, como
resultado da perda de elasticidade do coração e das principais artérias.
Ataque cardíaco e diminuições do volume e da freqüência cardíaca bem
como da reserva cardíaca, todos levam a morbidade e mortalidade do
doente traumático idoso. Uma vítima idosa com PA sistólica de 120 mmHg
deve ser considerado como estando em choque hipovolêmico, até provem o
contrario;
● A capacidade vital de um doente idoso está diminuída em 50%. A hipóxia no
idoso tem mais probabilidade de ser conseqüência de choque quando
comparado com o que acontece em vítimas mais jovens.

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