Não sabemos ao certo se foram os romanos os responsáveis por "trazer para nós" informações sobre a
música, quer tocada ou escrita. Ou seja, em alguns casos, não se sabe ao certo quais as verdadeiras origens de
determinadas informações e dados.
Os instrumentos musicais usados na Antiga Roma eram, o aulo e a tíbia que exerciam papéis
importantes nos ritos religiosos (música religiosa), na música militar e no teatro. Seus tocadores eram chamados
de tibicinos. A tuba também era usada em cerimônias estatais e militares; a trompa em forma da letra G
chamava-se corno e buzina se em tamanhos menores.
A música estava sempre presente em manifestações públicas, em diversões particulares e na formação
do caráter individual. Quintiliano afirma que a música era considerada parte da educação do indivíduo, tão
essencial quanto o aprendizado da língua grega , como se nos dias de hoje a música fizesse parte da grade
curricular de um aluno junto às disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo.
Os primeiros séculos da era cristã foram os tempos áureos do Império Romano. Eles absorveram da
Grécia Antiga sua arte, arquitetura, música, filosofia, novos ritos religiosos e bens culturais (costumes). Foi esse
o período em que os romanos foram mais fortemente influenciados pela cultura grega.
Muitos imperadores, como Nero, desejaram alcançar fama como músicos e não com seus ofícios.
Porém, no século III e IV d.C., o Império Romano começou a se enfraquecer economicamente e esse desejo,
essa aspiração em se tornar músico acabou por desaparecer.
Em resumo,segundo Palisca, tem-se:
A) a idéia musical; a acepção romana de música era “despojada”, uma vez que estes absorveram grande
parte das concepções da Grécia Antiga;
B) a melodia das músicas era relacionada às palavras também no tocante à métrica e à rítmica;
C) a interpretação musical possuía como base o improviso, pois o intérprete executava uma mesma música
cada vez de uma forma um pouco diferente, porém, sem fugir de algumas "regras musicais" já existentes;
D) a música não era considerada só arte, e sim capaz de afetar o pensamento do homem (como Nero
afirmava, por exemplo);
E) a música como uma seqüência de sons, bem alicerçada, com um fundamento;
F) a música romana deu origem às escalas com base nos tetracordes;
G) termos musicais (nomenclatura)
As idéias da música foram transmitidas ao Ocidente, embora de forma incompleta e incerta, pela igreja cristã e
garças a uma série de tratados feitos no início da Idade Média.
Nasce o Cristianismo
Começou a surgir depois da invasão da Grécia pelos romanos e tem como primórdios os judeus, os 12
apóstolos.
Cristianismo é o conjunto de religiões cristãs: o catolicismo, o protestantismo e as ortodoxias orientais. É
baseado nos ensinamentos, na pessoa e na vida de Jesus Cristo, cuja prédica era o Reino de Deus, a justiça,
igualdade, perdão etc.Os judeus não acreditavam que Ele era o Messias prometido e então o denunciaram às
autoridades romanas, permitindo assim que depois fosse crucificado; porém alguns crêem que ressuscitou ao
terceiro dia.
Esta religião se expandiu por meio dos apóstolos que saíram pelo Império Romano aprimorando seus
ensinamentos.
Mateus 26.30
Marcos 14.26
Bizâncio
Devido ao crescimento do Cristianismo, as igrejas orientais acabaram por desenvolver liturgias, cultos
diferentes das igrejas do Ocidente, pois não havia entre elas alguém superior que exercesse determinada
autoridade (um Papa, por exemplo). Só há registros musicais destas igrejas do século IX em diante.
Bizâncio é o nome de uma cidade oriental que foi reconstruída por Constantino; ela também é conhecida
como Constantinopla e hoje é a região de Istambul. No ano de 330 d.C. ela foi a capital do "Império Constantino"
e em 395 foi promulgada a divisão entre Império do Ocidente e do Oriente. Após um período de quase mil anos
ela permaneceu como capital até a invasão dos turcos nesta região em 1453.
As práticas musicais nesta cidade e nas igrejas deixaram marcas no cantochão ocidental: mais tarde
viriam os oito modos e depois cânticos trazidos pelo Ocidente nos séculos VI até IX (lembrando que não há
registros históricos deste período). Outra importante atividade musical era os hinos e o principal é o kontakion.
O kontakion era uma elaboração poética sobre um texto bíblico. O mais importante "autor" é um judeu
chamado Romano Melódio.Os outros tipos de hinos tiveram suas origens nos responsos. Os versículos dos
Salmos eram recitados e entre eles se cantavam os hinos que ganharam gêneros musicais vindos da Síria ou da
Palestina. Esse tipo de hino ganhou independência tendo 2 principais: os Stichera e os Kanones.
Os Stichera eram hinos cantados entre os versículos dos Salmos.
Os Kanones eram hinos compostos por 9 partes, baseados nos 9 cânticos da Bíblia. Cada parte do hino
era uma ode (verso cantado). Cada ode tinha várias estrofes com a mesma melodia (troparia). A primeira estrofe
chama-se heirmos e as demais foram reunidas num livro chamado de hermologia. Alguns textos e melodias eram
"colados" dos cânticos. A melodia se apresentava com breves motivos e continha melismas.
Os tipos de melodias do kanon possuem traços regionais culturais. Recebiam diferentes nomes nas
diversas línguas:
rága _ _ _ _ _ _ música hindu
maqam _ _ _ _ música árabe
echos _ _ _ _ _ grega bizantina
modo _ _ _ _ _ hebraico
No geral, a música bizantina reunia melodias para kanones num sistema de oito echoi. Estes se
juntavam em 4 pares de notas: RÉ, MI, FÁ e SOL. Com isso pode se dizer que os modos tiveram origem oriental,
embora, mais tarde, fossem transmitidos por Boécio no Ocidente.
Liturgias Ocidentais
É provável que as igrejas do Ocidente tenham recebido influência das do Oriente nas diferentes formas
de canto litúrgico. Essas diferenças acabaram por se identificar em alguns aspectos e, com isso, deu-se origem a
vários cultos e cantos litúrgicos novos, diferentes. A maioria dos litúrgicos orientais desapareceu e os da
Ocidental acabou se romanizando, cada vez mais.
Entre os séculos VII e VIII a Europa Ocidental estava dividida entre Lombardos, Francos e Godos e cada
repartição tinha seus cânticos:
• na Gália (França atual) havia o canto galicano;
• no sul da Itália o benaventino;
• em Roma o canto romano antigo;
• na Espanha o visigótico ou moçárabe;
• em Milão o ambrosiano.
No canto litúrgico da França temos Carlos Magno impondo o canto gregoriano em seu domínio. Na
Espanha temos a liturgia moçárabe devido à conquista dos muçulmanos neste território no século VIII ; e em toda
Itália temos um grande repertório de cantos em manuscritos de Roma com datas dos séculos XI ao XIII. É
possível que algumas melodias mais antigas tenham-se conservado nos manuscritos do canto romano antigo.
Podemos deduzir que este tipo de música sofreu alterações antes de ser registrada sob a forma em que
a encontramos. O cantochão que temos hoje provém das zonas francesas baseados em versões romanas com
correções por músicos locais.
Voltando um pouco na linha do tempo, depois de Constantino temos no ano de 374 a 397 d.C. um bispo
de Milão chamado Santo Ambrósio. Este era responsável pelas igrejas e trouxe do Oriente diversos Salmos e no
Ocidente introduziu os seus – usados para a sua igreja – conhecidos como Salmos Ambrosianos ou Canto
Ambrosiano.
A preeminência de Roma
Constantino em 313 estabeleceu o Cristianismo como religião oficial do Império Romano. Com o passar
do tempo, seu prestígio como imperador declinou enquanto os bispos de Roma ganhavam respaldo. Logo houve
um número crescente de adeptos e a Igreja começou a construir grandes basílicas. Entre os séculos V e VIII
muitos Papas se empenharam em revisar a liturgia e a música (ver como "andavam" os cultos). Então nasceu um
conjunto de instruções para organização dos mosteiros, a Regra de S. Bento C.520.
No século XIII existia já em Roma uma "Schola Cantorum" que era uma escola de cantores e professores
incumbidos de formar rapazes e homens para músicos de igreja.
Em essência, os cânticos da igreja romana são preciosíssimos por contribuírem para boa parte da
música Ocidental até o século XVI. São os repertórios vocais em uso mais antigos no mundo inteiro e nas
realizações melódicas de todos os tempos.
Os Padres da Igreja
Eles acreditavam firmemente que a música poderia influenciar o caráter de quem a ouvia; que ela era
serva da religião. A princípio, os padres excluíram a música instrumental do culto público, (mais tarde debateu-se
acerca desta imposição) pois no livro dos Salmos havia várias referências ao saltério, à harpa, ao órgão e a
outros intrumentos musicais.
Em 387 d.C. Santo Agostinho escreve um tratado "Da Música" reunindo seis livros onde os cinco
primeiros tratam da métrica e do ritmo; o sexto aborda a psicologia, a ética e a estética da música e do ritmo.
Além disso, Agostinho difunde os salmos ambrosianos e "determina" como deveria ser executado o canto
litúrgico.
Boécio
A música no mundo antigo continuou acessível no ocidente ao longo dos primeiros séculos da era cristã,
embora ela fora sendo resumida e modificada. Os autores mais importantes foram Martianus Cappella em seu
tratado enciclopédico "As Núpcias de Mercúrio e da Folologia" e Anicius Manlius Severinus Boetius em seu
tratado "De Institutione Música".
A obra de Martianus era um pequeno livro sobre as 7 artes liberais:
1) gramática
2) dialética TRIVIUM = triplo caminho
3) retórica
4) geometria
5) aritimética QUADRIVIUM = quádruplo caminho
6) harmonia ↓
7) música designado por Boécio
Nos primeiros capítulos do tratado de Boécio, ele divide a música em 3 gêneros:
1) música mundana (cósmica): harmonia no macrocosmo;
2) música humana: união do corpo e alma no microcosmo;
3) música instrumental.
Boécio foi a autoridade mais respeitada e mais influente na Idade Média no domínio da música, o
primeiro a tratar a música como ciência. Algumas de suas frases:
"A música é a disciplina que se ocupa a encaminhar minusciosamente a diversidade dos sons agudos e
graves por meio da razão e dos sentidos."
"O verdadeiro músico não é o cantor ou aquele que faz canções por instinto sem cohecer o sentido
daquilo que faz, mas o filósofo, o crítico..."
A Liturgia é o ambiente natural para o canto gregoriano. Consiste em leituras, orações e certas ações.
Foi organizada em um sistema de práticas diárias.
O momento mais importante do dia litúrgico é obviamente a Missa, também chamada de Eucaristia.
Trata-se de uma celebração para todos os fiéis que dela participam. A essência é a refeição simbólica de vinho e
pão, comemorando e simbolizando o sacrifício de Jesus Cristo, que segundo os católicos, morreu na Cruz para
salvar a todos. A Missa em si é parte de uma estrutura maior. Sua contrapartida é o Ofício Divino. Este consiste
em um determinado número de momentos de oração, pré-estabelecidos para o decorrer do dia, em que os
monges e monjas oram a Deus. A Missa e o Ofício Divino são parte do ano litúrgico. Este ano tem dois
calendários separados: um estruturado com relação às festas principais (Natal, Páscoa e Pentecostes), e o outro
que comemora os Santos.
Na Igreja Primitiva, os bispos locais possuíam muita liberdade para organizar a liturgia de acordo com
suas próprias idéias. Entretanto, dois elementos emergiram em grande parte das tradições locais, já num estágio
precoce: a oração e a pregação.
O Papa Gregório Magno (540-604) foi o primeiro a dar alguma unidade a esta diversidade. Este estágio
preliminar do Ordo romano foi a Idade de Ouro do Canto Gregoriano. Na Idade Média, quando se instalou a
decadência, apareceram tropas e seqüências, junto com os dramas litúrgicos (peças religiosas sobre os temas
de Natal ou Páscoa, levadas ao palco dentro ou fora da Igreja). O Concílio de Trento (1545-1553) deu parecer
contrário a estas práticas consideradas extravagantes e restaurou tanto quanto possível as regras do Ordo
romano. Havia e ainda há, um competidor importante para esta tradição romana: a liturgia tridentina que tem
outras práticas.
O Papa Pio X fez uma tentativa de restaurar a liturgia em 1911, mudando radicalmente o Ofício Divino.
Em 1955, a liturgia da Semana Santa (a semana que antecede a Páscoa, comemorando os últimos dias de
Cristo) foi “enxugada”. Finalmente, no começo da década de 60, o Concílio Vaticano II (1962-1965) impôs um
novo ordo, embora a Congregação da Divina Liturgia logo tenha permitido o uso da liturgia tridentina em certos
casos (1984). Muitas pessoas pensam que o Vaticano II aboliu completa ou parcialmente, o canto gregoriano,
mas isto não é verdade.
Santa Missa
A Eucaristia é o ponto alto da prática litúrgica diária. Sua estrutura atual é resultado de um longo
desenvolvimento. A Missa tal como a conhecemos hoje, tem uma estrutura muito rígida, que consiste de uma
parte permanente, também chamada de Ordinário, e de uma parte variável, o Próprio. Muitos dos textos do
ordinário datam dos primeiros dias do Cristianismo, consistindo em aclamações, orações e do Credo dos
Apóstolos. O Próprio retirou muito de seus textos direto da Bíblia.
O Ofício Divino
O Ofício é o ciclo diário de louvor, realizado por monges e monjas. Consiste do Ofício diurno e do
noturno. A idéia subjacente é a de que Deus deveria ser louvado dia e noite. Os padres de Paróquia também têm
o dever do ofício, que eles fazem rezando o breviário em silêncio. Mas o mais antigo é a versão em gregoriano.
Infelizmente, muitas comunidades monásticas substituíram nas suas horas canônicas o latim pelo vernáculo, ou
simplesmente recitam os textos latinos em recto tono, isto é, numa única nota. Outras limitaram ao uso do
gregoriano às festas ou outras ocasiões importantes. Entretanto, algumas abadias ainda usam o canto
gregoriano no Ofício todos os dias.
O Ano da Igreja
O ano litúrgico tem dois calendários paralelos. O mais importante deles é o Proprium de Tempore, sendo
as ocasiões específicas do dia dispostas em torno de três festas mais importantes: o Natal, a Páscoa e
Pentecostes. O segundo, que corre através do ano, é chamado Proprium de sanctis e fornece a liturgia
específica para os santos específicos que são comemorados num certo dia. Os dois calendários podem interferir
ou complementar-se um ao outro. Nem todo santo ou santa tem uma liturgia específica. Se não se dispõem de
cantos específicos, usa-se o Commune Sanctorum, que serve para todos.
A Salmodia (*)
A salmodia é uma forma de cantar os Salmos nas diversas liturgias cristãs e judaicas. Posteriormente, as
liturgias cristãs adaptaram esta forma para os cantos das orações neotestamentárias (Magnificat, Benedictus,
etc) e para alguns hinos.
Este canto se realizava em forma recitada e alternada entre um solista e um coro, ou entre dois coros. A
salmodia tem uma estruturação silábica, segundo cada sílaba do texto corresponde um som da melodia.
A estrutura responsorial dos salmos vem de sua estrutura textual: cada salmo se organiza em versículos,
e cada versículo é composto por dois hemistíquios (sessões iguais). Na forma habitual do canto salmódico, o
primeiro hemistíquio de cada versículo é entoado pelo solista (ou primeiro coro) a quem o coro (ou segundo coro)
responde com o segundo hemistíquio.
Nos ritos cristãos, cada um dos outros modos eclesiásticos têm uma fórmula especial que se repete em cada
versículo. Uma fórmula salmódica completa consiste em:
• Entonação (Initium). Normalmente, cada salmo é precedido de uma antífona, que se canta no mesmo
modo que o salmo. A partir desta antífona se introduz o initium, pequeno inciso de várias notas,
separadas ou formando neumas, correspondentes a duas ou três sílabas do princípio do salmo que une
a antífona com a corda recitativa (tenor). A entonação do solo se canta no primeiro versículo do salmo.
Os demais versículos começam com o tenor. Quando se cantam vários salmos com uma só antífona, se
dá a entonação do princípio de cada um dos elos, sempre que terminarem com o Gloria Patri.
• Tenor (nota dominante da linha recitativa). A partir desta nota fundamental se organizam as diversas
cadências: variantes de tom para indicar acentuação no final de cada hemistíquio ou pontuação.
• Cadências. Podem ser de um acento (cuja fórmula melódica se adapta ao último acento principal ou
secundário) ou de dois (cuja fórmula melódica se adapta aos últimos acentos principais ou secundários).
Cada cadência pode levar uma ou várias notas preparatórias que se desviam da tônica.
o Flexa (no primeiro hemistíquio). É uma cadência sempre de um tom descendente -salvo quando
a tenor está imediatamente sobre o semitom, e é de tom e médio-e sempre de um acento. Ao
canta-la, sempre é preciso fazer uma pausa, ou considerar a última nota larga.
o Mediante (no médio do versículo, mediatio). Pode ser de um acento ou de dois.
o Terminação (no final do mesmo, terminatio). Pode ser de um acento ou de dois.
Cantochão
Cantochão é o canto litúrgico da Igreja Católica do Ocidente, essencialmente monódico e cujo ritmo, ou
ausência do mesmo, baseia-se apenas na acentuação e nas divisões do fraseado.
Está presente em centenas de manuscritos que datam do século IX em diante. É freqüente encontrar a
mesma melodia em manuscritos diversos, pois podem ter sido transmitido oralmente e registrado em momentos
diferentes. São caracterizados como música sem ênfase, sem ornamento e com rara repetição de palavras, pois
o objetivo não é emocionar, e sim, propiciar meditação.
O Papa Gregório Magno (590 a 604) compilou o livro litúrgico ou sacramentário, isto é, reuniu os
manuscritos num único livro. Diz a lenda que uma pomba (Espírito Santo) ditava as melodias para o Papa e este
as falava ao escriba.
A notação era composta em parte pela memória da pessoa e parte por meio da improvisação dos
ensaios.
Por tipo:
-Formas exemplificadas nos tons de salmodia (duas frases equilibradas);
-Forma estrófica (hinos): Mesma melodia para vários textos;
-Forma livre (engloba todos os tipos).
Tropos- Os tropos tinham geralmente um estilo neumático e com um texto poético. Os tropos serviam de
introdução a um cântico regular ou constituíam interpolações no seu texto e na sua música. Um dos centros mais
importante da composição de tropos foi o mosteiro de S. Galo, onde o monge Tuotilo (915) se destacou com
esse tipo de composição. Os tropos “floresceram” especialmente nas igrejas monásticas nos séculos X e XI, no
século XII começaram a desaparecer.
Antífonas: São numerosas. Iniciam e concluem a salmodia. Recorrem ao mesmo tipo melódico da
salmodia introduzindo apenas variantes para se adaptarem ao texto. As antífonas dos cânticos são menos
elaboradas que os salmos.
Salmodia Antifonal: Os versículos dos salmos na missa são ligeiramente mais elaborados do que os tons
dos salmos no ofício. O intróito é bastante animado e era originalmente um salmo completo com a respectiva
antífona, entoado no início da missa. O comúnio é um canto breve, geralmente um único versículo das Escrituras
entoado quase no final da missa.
Recitação e tons de salmodia: cantos para recitação de orações e leituras da Bíblia. Consiste em uma
única nota de recitação. A nota de recitação é também chamada de Tenor e pode ser precedida por uma
introdução de duas ou três notas, chamada Initium. Depois se segue a linha do Tenor, mediatio (meia cadência
no meio do versículo) e Terminátio (cadência final).
Hino - canto versificado, estrófico, sem refrão e regular. O hino é normalmente silábico e respeita uma
estrutura métrica fixa. A simplicidade da forma explica, de um lado, a sua origem popular e, de outro, contribuiu
para a sua fácil difusão. Os hinos litúrgicos encontram-se reunidos no hinário, livro normalmente anexado ao
saltério (conjunto de salmos bíblicos). Os hinos são normalmente cantados por toda a assembléia ou pelo coro.
Os versos dos hinos na liturgia católica não são tirados da Bíblia, tendo sido compostos por poetas como Santo
Ambrósio e Santo Hilário de Poitiers.
Responsório ou Responso: Antes de uma oração ou breve passagem das Escrituras, um versículo curto
é cantado pelo solista e repetido pelo coro. São os cantos que correspondem às leituras da Bíblia e dos Padres
durante o ofício noturno. É alternadoentre a estrofe cantada pelo solista e o refrão cantado pelo coro (responsa).
A forma musical que o caracteriza é ABA: refrão, estrofe e refrão.
A MISSA
A Missa (ou Eucaristia) se divide em duas partes: O Ordinário, que é a parte fixa, e o Próprio, que como o
nome diz, é próprio daquele dia.
Cantos do ordinário eram melodias silábicas muito simples cantadas pela congregação. Foram sendo
substituídas por outras composições a partir do século IX. Os que continuaram com o estilo silábico foram o
gloria e o credo, enquanto o kyrie, o sanctus e o agnus dei foram mais ornamentados.
A Kyrie eleison
B Christe eleison
A Kyrie eleison
Uma vez que cada exclamação è repetida três vezes, poderá surgir uma forma (aba) dentro de cada uma
das três partes principais. As versões mais modernas do Kyrie podem apresentar uma estrutura (abc).
O Próprio é constituído por peças que cantam segundo o tempo litúrgico ou segundo a festa que se
celebra (Páscoa, Natal), e é composto por:
Intróito: acompanha a entrada do celebrante até ao altar, e ajuda a criar o ambiente propício à
celebração. Pode utilizar-se a antífona própria, alternando-a com os versículos do respectivo Salmo.
Epístola: Assim se chama cada uma das 21 cartas que formam o terceiro grupo de livros do Novo
Testamento, sendo as 13 primeiras atribuídas a S. Paulo ou escritas em seu nome por discípulos seus; a carta
aos Hebreus; e as chamadas 7 epístolas católicas, atribuídas aos apóstolos Tiago, Pedro (1.ª e 2.ª), João (1.ª, 2.ª
e 3.ª) e Judas. Dado o carácter circunstancial e a diversidade dos destinatários, as cartas ou epístolas do Novo
Testamento pertencem a gêneros literários bastante diversos, que vão do tratado teológico a simples bilhetes de
recomendação. Na liturgia, assim se chamava à primeira leitura da missa, antes da reforma litúrgica, por
freqüentemente ser tirada de uma das epístolas do Novo Testamento. Na celebração de costas para o povo, o
celebrante lia-a do lado direito do altar (o “lado da epístola”), após o que lia o evangelho, do outro lado (o “lado
do evangelho”).
Gradual: É o atual Salmo Responsorial que se segue à primeira leitura da missa. Melodias mais
ornamentadas do que os Tractos. O moderno livro de cantochão é o responsório abreviado. Inicia-se com o
refrão pelo solista e continua-se com o coro. O versículo é cantado pelo solista acompanhado pelo coro na última
frase. Existem graduais dos sete aos oito modos.
Aleluia: Aclamação de alegria própria do Tempo Pascal, mas que se prolonga ao longo do ano, com
excepção do Tempo da Quaresma
é um refrão que utiliza a palavra “aleluia” e um versículo dos salmos. Um ou mais solistas cantam o vocábulo
“aleluia” com alguns ornamentos e o coro repete com o jubilus (melisma sobre o “-ia” de “aleluia”); em seguida o
versículo é cantado com melismas curtos e longos sendo acompanhado pelo coro na útlima frase, em seguida o
“aleluia” com jubilus é repetido pelo coro.
A repetição do aleluia e do jubilus é uma estrutura que se divide em 3 partes (aba) ou mais precisamente
(aa+bb) esse é o esquema quando se incorporam no versículo frases melódicas do refrão.Nos versículos de um
modo geral muitas vezes a ultima parte do versículo retoma,em parte ou na totalidade, a melodia do refrão.A
forma do aleluia è totalmente diferente de todos os outros tipos de canto pré-francos por que a sua forma musical
assenta na repetição sistemática de secções diferentes.Os aleluias continuaram a ser escritos ate o final da
idade media, e do século IX em diante desenvolveu-se a partir deles novas e importantes formas musicais.
Tracto: Salmo executado continuadamente depois da segunda leitura da Missa, quando se não cantava o
Aleluia. Na reforma litúrgica pós-conciliar é quase sempre substituído pelo versículo do Evangelho, normalmente
enquadrado por uma aclamação. São os cânticos mais longos da liturgia. Consistem em longos textos e melodias
com figuras melismáticas. As melodias podem ser do segundo ou oitavo modo. O primeiro versículo geralmente
começa com uma entonação melismática. O restante começa por melismas e termina com um melisma
ornamentado. A segunda metade do versículo inicia-se com uma entoação ornamentada e prossegue com uma
recitação e termina como um melisma. O último versículo poderá ter um melisma final longo.
Evangelho: livros que narram qualquer parte a vida de Jesus Cristo ou conta sobre seus ensinamentos
Ofertório: Nome impropriamente dado ao rito preparatório da liturgia eucarística (na missa), o qual, na
forma mais solene, inclui: o cortejo das oferendas, o cântico do “ofertório”, a preparação das oblatas (pão e
vinho) sobre o altar e a oração “sobre as oblatas”. O verdadeiro ofertório (oferecimento) do sacrifício de Jesus,
faz-se na Oração Eucarística, no decorrer da qual esse sacrifício se atualiza sacramentalmente para os fiéis nele
participarem mais ao vivo. No entanto, a oferta das oblatas já significa o desejo dos fiéis se unirem ao sacrifício
de Jesus, embora a expressão mais forte desta união seja a da comunhão sacramental. Tradicionalmente, além
do pão e o vinho, os fiéis contribuem para a ajuda aos necessitados, sustento do clero e despesas da Igreja (as
oferendas que levam ao altar).
Eram cânticos longos cantados pelas congregações e pelos clérigos durante a cerimônia do pão e vinho;
quando o tempo dessa cerimônia foi diminuído o ofertório se viu igualmente abreviado. Os ofertórios acabaram
ficando iguais ao “aleluia”, pois tinham as mesmas técnicas de repetição de motivos e rima musical. Os melismas
e ofertórios têm uma relação íntima com o texto porque desempenham uma função expressiva e não decorativa.
Prefácio: É o hino de louvor e ação de graças que introduz a Oração Eucarística, a parte central e mais
importante da Missa.
Comunio: Comunhão. É quando é oferecida a hóstia, que simboliza o corpo (a hóstia) e o sangue (vinho)
de Cristo.
Pos Comunio: É a oração presidencial de ação de graças na missa, depois da comunhão e de um tempo
de recolhimento. Nela se faz em geral referência ao mistério/sacramento celebrado
Notação
O sistema de notação sofreu muitas alterações significativas no curso dos séculos. A princípio, era
meramente uma combinação de linhas e de curvas escritas sobre o texto. A informação que elas continham se
perdeu por muitos séculos até que estudiosos contemporâneos a redescobriram: os neumas indicam o ritmo dos
cantos. A informação melódica contida dentro dos neumas é um pouco menos acurada, mas a maioria dos
cantores conhecia os cantos de cor, portanto isto não era problema. A evolução na notação se estende desde os
manuscritos do século X como St.-Gallen ou Laon até as edições contemporâneas Lagal ou Fluxus.
Para ilustrar o desenvolvimento dos neumas para notas, tomemos o ofertório Illumina do 101º Domingo.
A primeira versão pode ser achada no manuscrito de Mont-Renaud de Noyon (século X). Esta notação contém só
uma pequena informação melódica relativa (meramente indica se a melodia sobe ou desce), o que chamamos
adiastemática.
Laon 239 de Metz (cerca de 930) nos dá um pouco mais de informação quanto à melodia
e Chartres 47
Einsiedeln 121 de Sankt-Gallen (970) acrescentou letras, abreviações de certos termos musicais (como o t para
tenere, segurar, e l para levare: subir).
A primeira geração de manuscritos realmente diastemáticos, tais como o Paris B.N. 776 (de Albi, provavelmente
antes de 1079) ainda com os neumas in campo aperto (em campo aberto), em relação gráfica entre os neumas.
Manuscritos diastemáticos tardios, como o Paris B.N. 903 (de Saint-Yrieix) agrupam os neumas em torno de uma
linha.
Benevento 34 (término do século XI) é o primeiro manuscrito onde descobrimos linhas e claves indicando os
semitons (C e F)
O manuscrito mais extraordinário de todos é sem dúvida o Montpellier H159, tanto com neumas quanto letras
representando as notas.
O golpe
final contra qualquer tipo de sutileza foi levado a efeito pela edição Pustet em 1871, também chamada Neo-
medicea (do nome de uma edição vienense infame de 1614). Contudo, foi aprovada pelo Vaticano e os editores
ainda ganharam o monopólio papal de imprimir música de Igreja por 30 anos.
Em 1883, Dom Pothier publicou seu Liber Gradualis. A evolução mais notável foi o modo como as notas foram
agrupadas. Pothier baseou suas edições nos primeiros achados da pesquisa semiológica.
Em 1908, o Graduale renasceu na Editio Vaticana, principalmente sob a direção de Dom Pothier. A despeito do
grande progresso da Semiologia, o Vaticano se recusou a mudar as prescrições sobre a posição das notas,
grupos e pausas. Este é o motivo pelo qual a última edição (1974) tem o mesmo padrão do Graduale de 1908.
Os Neumas (**)
A escrita do canto gregoriana é feita por meio de neumas, com as notas cantadas numa única simples
sílaba.
Linhas verticais separam frases musicais e permitem uma pausa para respirar, como
Não existe tom maior ou menor, mas sim modos (alguns modos que podem soar como uma escala
moderna.).
: Marca onde o Do está no tetragrama. Aqui ele está na terceira linha de cima, então, se o Do está na
terceira linha, as notas são, da linha inferior para a superior, Fá, Lá, Dó e Mi.
: Significa que o Do está na linha superior, então, a seqüência de notas da linha inferior para a superior é Ré,
Fá, Lá e Dó.
: É uma clave de Fá, e indica onde o Fá está no tetragrama. Aqui, Do está no espaço superior.
Punctum
Esta é uma nota simples
Virga
Mesmo que um punctum.
Podatus (pes)
Quando uma nota é escrita em cima de outra,
a nota de baixo é cantada primeiro, depois a de cima.
Clivis (flexa)
Quando a nota de cima deve ser canta primeiro.
Scandicus
3 ou mais notas subindo.
Salicus
3 ou mais notas subindo, mas no meio há um episema
vertical:
esta nota é suavemente aumentada.
Climacus
3 ou mais notas descendo.
Scandicus flexus
4 notas subindo e depois descendo.
Porrectus flexus
Um porrectus com uma longa nota no final.
Climacus resupinus
O oposto de scandicus flexus.
Torculus resupinus
Lento -para cima - para baixo - para cima.
Pes subbipunctus
uma nota para cima de duas para baixo.
Virga subtripunctis
quatro notas em seqüência, descendo.
Virga praetripunctis
quatro notas em seqüência, subindo.
Liquescent Neumas
Porrectus liquescens
a pequena nota sempre vai por último.
Scandicus liquescens
A pequena nota é a mais aguda.
Quilisma
Isto é marcado por uma linha em zigue-zague no meio. A
primeira nota é mais longa do que a do meio.
A linha horizontal (episema) em cima de um neuma significa para segurar a nota, ou ralentar, como
Uma linha vertical (episema) escrita embaixo da nota significa uma pequena ênfase,como uma marca de
acentuação.
Existe um acidente que pode ser usado na notação, é o B-móvel que parece com o atual Bemol
Algumas vezes o bemol pode ser escrito no começo em vez de ser na frente da nota. Então será como uma
armadura de clave. Senão será válido somente para aquela palavra
No final da linha da Pauta, uma pequenina nota (custos) é escrita para indicar qual será a primeira nota
da pauta seguinte.
* texto originalmente escrito em inglês por Rick Kephart em http://lphrc.org/Chant/index.html, traduzido por este
grupo.
Tradução: “Para que nós, teus servos, possamos elogiar claramente o milagre e a força dos teus atos, absolve
nossos lábios impuros, ó São João”.
Estas escalas de seis notas (solmizaçâo), tinham a vantagem de incluir apenas um semitom e, mais
tarde, deram origem ao sistema de hexacordes. O hexacorde, ou seqüência de seis notas de ut a lá, podia
encontrar-se em diversos pontos da escala; começando em dó, em sol, ou em fá (com si bemol),. O hexacorde
em sol usava o si natural, designado por um ‘b’ quadrado (b quadrum), o hexacorde de fá usava o si bemol,
designado por um ‘b’ redondo (b rotundum). Embora estes sinais fossem os modelos do bequadro, sustenido e
bemol, a sua finalidade original não era a mesma de hoje: serviam para indicar as sílabas mi e fá. Como a forma
quadrada do si era chamada “dura” e a forma redonda era chamada “mole”, os hexacordes de sol e fá eram
chamados, respectivamente, hexacorde ‘duro e ‘mole’; o de dó era chamado hexacorde ‘natural’.
Mais tarde com o acréscimo de um sétimo som à escala fundamental, firmou-se a sílaba si, por serem as
iniciais das palavras Sancte Johanes, últimas palavras do referido hino. Em meados do século XVII, um músico
italiano, Doni, substituiu a sílaba ut, incômoda para o solfejo, pela sílaba dó, primeira de seu nome.
Para se aprender uma melodia que excedesse o âmbito de seis notas, mudava-se de um hexacorde para
outro, através da mutança. Por exemplo, começando uma melodia no hexacorde de dó, onde a sexta nota é lá e
a melodia continua subindo, passa-se para o hexacorde de sol, onde esta nota lá será agora representada pelo
nome da nota ré, fazendo-se o inverso se a melodia voltar a descer.
A Mão Guidoniana foi um recurso pedagógico utilizado para cantar os intervalos desse sistema que
compreendia vinte notas, representadas por cada uma das articulações da mão esquerda aberta, que eram
indicadas pela mão direita.
OS MODOS ECLESIÁSTICOS
Os modos eram um meio de classificar os cânticos e de os ordenar nos livros litúrgicos. Muitos cânticos
já existiam antes de se desenvolver a teoria dos modos. Este sistema se desenvolveu de forma gradual, sendo
impossível reconstituir claramente todas as etapas. Por volta do século XI, o sistema incluía oito modos,
diferenciados segundo a posição dos tons e semitons numa oitava diatônica construída a partir da finalis,
geralmente a última nota da melodia. Os modos eram identificados por números e agrupados aos pares. Os
modos ímpares eram designados autênticos (originais) e os pares por plagais (colaterais). Os modos autênticos
foram atribuídos a Santo Ambrósio. As duas principais notas de cada modo eram denominadas: final (ou tônica)
e dominante.
Seguindo apenas as teclas brancas de um teclado moderno, começando por exemplo pela nota ré,
atingindo uma oitava, teremos os semitons em uma determinada ordem. Esta ordem será alterada se tocarmos
de mi a mi, de fá a fá ou de sol a sol. O modo em que a melodia está escrita é identificado pela sua final, isto é
pela nota que começa e termina. Estes são os modos autênticos. Para conseguirmos os modos plagais é só
iniciarmos as séries uma quarta abaixo. As finales dos pares de modos, um plagal e um autêntico, são as
mesmas, mas a dominante ou tenores são diferentes. Nos modos autênticos o tenor situa-se uma quinta acima
da final e nos modos plagais o tenor fica uma terça abaixo do tenor do modo autêntico correspondente, porém
sempre que um tenor coincidir na nota si subirá para dó.
Os três elementos que contribuem para caracterizarem um modo são: a final, o ternor e o âmbito da
melodia.
O único acidente legitimamente usado na notação do cantochão era o si bemol. Ele podia ser usado no
primeiro e segundo modos e também ocasionalmente no quinto e sexto. Estes eram os prenúncios das modernas
escalas naturais, respectivamente, maior e menor. Se uma melodia modal for transposta, o acidente se tornará
necessário.
O teórico suíço Glarean concebeu em 1547 um sistema de 12 modos, acrescentando aos oito originais, 2
modos em lá e 2 em dó, designados respectivamente como eólico e hipeólico, jônico e hipojônico. Alguns
teóricos mais recentes reconhecem também o modo lócrio em si, mas este raramente é usado.
A CIVILIZAÇÃO ROMANA
Realeza: 735 a.C. a 509 a.C.
República: 509 a.C. a 27 a.C.
Império: 27 a.C. a 476 d.C.
Durante o período da Realeza (753 a.C. a 509 a.C.) Roma possuía um regime monárquico-aristocrático
com a economia baseada na agricultura e no pastoreio e a sociedade dividida entre patrícios (grandes
proprietários), clientes (parentes pobres dos patrícios) e plebeus (estrangeiros, artesãos, comerciantes,
pequenos proprietários e trabalhadores rurais).
Roma era governada por soberanos que dependiam do Conselho dos Anciãos, órgão formado por
patrícios. Com o advento dos reis etruscos , o Conselho foi marginalizado de maneira despótica. Com isso, os
patrícios depuseram o rei e implantaram a República (509 a.C. a 27 a.C.).
Durante este período de caráter essencialmente aristocrático, em que o poder concentrava-se nas mãos
dos patrícios, a guerra era uma forma de obter terras e escravos.
Em virtude dessa expansão imperialista, tiveram início as Guerras Púnicas. Por meio delas Roma
anexou diversos territórios, dentre eles a Grécia em 146 a.C.
Com o tempo, porém, a agricultura romana entrou em crise em virtude dos campos incultos e
subocupados. Assim os patrícios foram empobrecendo e surgiram os chamados homens novos ou cavaleiros
(comerciantes, banqueiros e cobradores de impostos).
A plebe passou a ser sustentada por essa nova classe porque foi marginalizada pelo aumento do número
de escravos. Os plebeus que recebiam apoio e proteção dos mais ricos passaram a ser chamados clientes.
Sucederam-se junto à crise da República, as guerras civis pelo poder político entre patrícios, clientes ,
cavaleiros e o Exército.
Primeiro os irmãos Tibério e Caio Graco tentaram realizar uma reforma agrária mas foram impedidos
pelos nobres e cavaleiros.
Em seguida, por volta de 60 a.C., os generais César, Pompeu e Crasso formaram o Primeiro Triunvirato,
impondo-o perante o Senado. Crasso morreu na Pérsia, Pompeu foi vencido por César e assassinado. César
então assumiu o poder como forma de ditadura, porém ele queria o título de rei. Por isso, foi assassinado por um
grupo de senadores liderados por Brutus e Cássio.
Lépido, Marco Antonio (amigo de César) e Caio Otávio (sobrinho de César), formaram o Segundo
Triunvirato. Otávio afastou Lépido, venceu Marco Antonio e apoderou-se do Egito. Quando retornou a Roma, foi
aclamado salvador da República e se estabeleceu o Alto Império. O Senado concedeu títulos que lhe permitiram
ter seu poder legalizado: cônsul vitalício, censor, imperador, príncipe de Senado e Augusto. Este último era um
título até então somente atribuído aos deuses e que permitia que Otávio Augusto escolhesse seu sucessor.
Seu poder apoiava-se no imperium (comando do Exército), poder proconsular (direito de indicar os
governadores da província) e poder tribunício (poder de interpretar a plebe).As províncias foram reorganizadas e
divididas em imperiais (militares) e senatoriais (civis).Criou um sistema de arrecadação estatal de impostos,
impedindo assim a cobrança por parte dos publicanos.
Dividiu a sociedade de acordo com a renda: a Ordem Senatorial (com renda acima de 1 milhão de
sestércios) vestia-se de púrpura, a Ordem Eqüestre (acima de 400 mil sestércios) possuía menos direitos
políticos e trajava azul, já a Ordem Inferior não gozava de nenhum direito político.
Augusto tentou reavivar os valores morais da Antiga Roma agrária em vão, também buscou conter a
influência das culturas oriental e grega (helenística) mas também fracassou.
IMPÉRIO BIZANTINO
Apesar do fim do Império do Ocidente em 476, o Império Romano do Oriente ou Império Bizantino
(Bizâncio era o antigo nome de Constantinopla) sobreviveu graças ao comércio internacional que foi mantido e
continuou apegado à cultura grega e ao orientalismo.
O Império Bizantino atingiu seu auge com Justiniano (527-565), que empreendeu a reconquista do antigo
Império do Ocidente. Porém, só conseguiu recuperar parte do território. Com sua morte,o Império foi perdendo
boa parte de suas terras.
OS REINOS BÁRBAROS
Os vândalos se fixaram no Norte da África mas este território foi anexado pelo império Bizantino durante
a Reconquista de Justiniano no século VI.
Os ostrogodos se estabeleceram na Península Itálica, mas também os bizantinos dominaram esta região,
posteriormente tomada pelos lombardos.
Os visigodos fixaram-se na Espanha e no sul da Gália, sendo posteriormente expulsos pelos francos.
A Britânia foi ocupada pelos jutos, saxões e anglos. Da unificação dos sete pequenos Estados deste
território, surgiu em 902 a Inglaterra.
Organização eclesiástica
Durante a Alta Idade Média, o clero se encontrava dividido entre secular (presbíteros, diáconos, bispos,
metropolitanos, patriarcas e papa) e regular (monges), sendo que este último surgiu depois daquele.
O clero regular era formado por monges ou frades, que viviam em mosteiros ou conventos.Os mosteiros
menores obedeciam a um maior, dirigido por um abade. O clero regular compunha várias ordens ou
congregações, cada uma com sua regra (regulamento). A primeira regra para monges na Europa foi elaborada
por São Bento, fundador da ordem dos beneditinos.Os primeiros monges apareceram por volta do século III, mas
foi São Bento quem organizou o primeiro mosteiro no Monte Cassino (Itália): era a regra beneditina, pela qual os
monges deveriam obedecer o abade, chefe do mosteiro, escolhidos por eles mesmos.
O clero secular era formado por arcebispos (chefes das províncias eclesiásticas ou arquidioceses),
bispos (chefes das dioceses) e padres comuns. Abaixo dos bispos e acima dos padres havia os curas, que
administravam as paróquias, que eram igreja locais, construídas em aldeias ou bairros de cidades menores.
Em termos sociais, havia o alto clero, composto por nobres que ingressavam na vida religiosa, e o baixo
clero, de origem mais modesta.Qualquer cristão podia ingressar no clero, exceto os servos, por estarem presos à
terra.
Os abades deveriam ser escolhidos pelos monges e os bispos, pelos presbíteros; porém, nem sempre
isso acontecia. Muitos bispos foram escolhidos por duques, reis, condes e imperadores, podendo ser muitas
vezes, senhores eclesiásticos (arcebispos, bispos e adabes) que usufruíam os rendimentos das abadias e dos
bispados. Essa era a chamada investidura leiga, que teve repercussões negativas sobre o clero, levando por
exemplo, monges a manterem relacionamentos amorosos.Tal desregramento moral do clero recebeu a
denominação de nicolaísmo (casamento e concubinato de membros do clero; recebeu este nome porque um
bispo chamado Nicolau pregou o direito de casamento entre os clérigos). Também nessa época, ocorreram
casos de simonia (comercialização de objetos sagrados e cargos eclesiásticos).
A cristianização da Europa
A fase de cristianização da Europa foi um processo lento, estendendo-se do século V ao XI e dividindo-
se em duas etapas: batismo e conversão. A primeira consistia em batizar chefes de tribos germânicas, e a
segunda em ensinar a doutrina.
O papel do Papado foi fundamental para tais empreendimentos religiosos. O primeiro verdadeiro chefe
político e religioso de Roma foi o papa Gregório Magno (540-604), que procurou reaproximar as igrejas cristãs e
os mosteiros de todo o mundo ocidental que sofreram separações após as invasões do século V.
Este papa estimulou a fé dos clérigos e a conversão dos pagãos e dos adeptos da seita ariana. Esta
tinha como base a afirmação do bispo Ário de que Cristo era uma criatura de natureza somente humana e não
divina.
Graças ao estímulo de Gregório, muitos monges seguiram para regiões como a Britânia (que contou com
a liderança de Santo Agostinho- não confundir com teólogo de mesmo nome), onde converteram alguns povos
bárbaros ao Cristianismo.
As ligações do Estado Franco em ascensão com a Igreja fortaleceram o Papado, mas também a colocou
em situação de dependência do poder temporal dos Carolíngios.Carlos Magno, por exemplo, interveio
freqüentemente na escolha dos bispos. Tal relação tinha seus pontos positivos e negativos para a Igreja: por um
lado o Estado leigo passava a se interessar pela difusão do cristianismo entre os pagãos, mas submetia o
Papado à autoridade temporal e estimulava a investidura leiga, desencadeando simonia e nicolaísmo.
No século X, o clero regular organizou-se em um movimento moralizador que culminou com a criação da
Ordem de Cluny. Esta visava estimular o clero a adotar os princípios da regra de São Bento (castidade, pobreza,
caridade, obediência, orações e trabalho) dando ela própria o exemplo. Assim, incitava-se o afastamento da
influência temporal sobre a Igreja.
Mas esta ordem acabou caindo no mesmo desregramento moral que pretendia combater, o que gerou
novas organizações reformistas, que também acabaram cometendo as mesmas faltas. Uma das regras mais
rigorosas foi a Ordem de Cister, fundada por São Bernardo Claraval.
No século XIII surgiram novas ordens que promoveram uma inovação considerável dentro do clero
regular: ordens mendicantes, que pregavam a pobreza absoluta, vivendo da caridade dos fiéis; franciscanos
inspirados por São Francisco de Assis, que em 1210 se desfez de seus bens materiais; dominicanos oriundos de
São Domingos, nobre espanhol que visava fortalecer a fé católica.
FEUDALISMO
Sociedade:
-estamental: a posição do indivíduo era determinada pelo seu nascimento, não havia mobilidade social
-senhores
-servos: presos à terra e subordinados aos senhores
-escravos
-vilões: homens livres que trabalhavam no feudo
-ministeriais: agentes do senhor feudal encarregados de cobrar obrigações
Política:
-relações de suserania e vassalagem: suserano era o rei ou nobre que dava a outro nobre um feudo ou benefício
em troca de certos compromissos; o que recebia o beneficio era chamado vassalo. Tais relações existiam por
causa da insegurança da época, uma vez que o período era cheio de instabilidade.
-muitas vezes havia subenfeudação, ou seja, um senhor feudal menor se tornava vassalo de um maior para obter
mais proteção e apoio militar. Assim, um senhor podia ser vassalo de um e suserano de outros
Instituições religiosas:
A Igreja era a única instituição realmente organizada dentro da Europa, influenciando enormemente toda a
sociedade, teorizando inclusive a respeito da divisão social. Segundo ela, Deus determinou a sociedade feudal
em três categorias: os que lutam (nobreza senhorial), os que rezam (clero) e os que trabalham (servos e vilões).
Durante o feudalismo, a Igreja condenava a Usura (cobrança de juros) pois o lucro era pecaminoso. Defendia o
justo preço: o comerciante deveria cobrar por uma mercadoria apenas o custo da mesma, acrescido somente do
necessário para sua própria manutenção.
Tal posição foi bastante favorável ao feudalismo dos séculos IX ao XI, pois a economia era de subsistência e
praticamente desmonetizada, havia problemas de escassez e preços altos seriam extremamente prejudiciais. Se
alguém precisasse de dinheiro, seria por um motivo muito grave e a Igreja considerava um grande pecado se
aproveitar da aflição alheia para cobrar juros. Dos séculos XII a XIV, porém, aconteceu o chamado Renascimento
Comercial e Urbano, em que os juros e o lucro voltaram a ser práticas em voga, apesar de a Igreja manter sua
posição contra a usura e a favor do justo preço.
O clero monopolizava a cultura e o ensino. Os nobres costumavam receber uma educação apenas elementar em
mosteiros ou escolas paroquiais. A base do conhecimento estava na Bíblia e os livros pagãos eram proibidos.
Após o século XI, as universidades começaram a organizar um currículo básico, denominado Escola de Artes,
que compreendia dois graus: o Trivium (Gramática, Dialética e Retórica) e o Quadrivium (Aritmética, Geometria,
Astronomia e Música). Trivium, em latim, tem o sentido de três ruas que desembocam em uma praça e
Quadrivium, quatro ruas que rumam também para uma praça, como encruzilhadas.
Vinham depois os estudos superiores, geralmente dedicados à Teologia (baseado nos pensamentos de Santo
Agostinho). Mas houve universidades que também implantaram o estudo de leis e medicina.
Baixa Idade Média
Com o fim das invasões na Europa, houve crescimento populacional durante o século XI e conseqüente
incompatibilidade com o sistema de produção feudal, acostumado a uma situação demográfica estável e
insuficiente para o consumo crescente.
Nesse período, duas entidades lutavam para impor sua supremacia no mundo cristão: o Império (Sacro
Império Romano- Germânico) e o Papado. Os papas, para consolidarem sua autoridade, patrocinaram as
Cruzadas (1096-1291), cujo objetivo era a conversão dos infiéis e a conquista da Terra Santa (Palestina) e da
Cidade Santa (Jerusalém).
As Cruzadas permitiram muitas conquistas de territórios e o fim do bloqueio mediterrâneo no século IX.
Após a última Cruzada, a ameaça aos mulçumanos não era mais os cristãos e sim os mongóis, oriundos da Ásia
Central. Com a pressão mongol, existiu certo caráter pacífico entre cristãos e mulçumanos, estabelecendo-se
comércio entre os mesmos.
As Cruzadas consolidaram a reabertura do Mediterrâneo e assim a economia européia se dinamizou,
houve circulação de mercadorias entre Ocidente e Oriente, as cidades se expandiram e o uso do dinheiro se
intensificou. Essas transformações compõem o período denominado Renascimento Comercial e Urbano.
Todos esses fatores associados ao crescimento demográfico, ao aumento de mercados e à
disponibilidade de mão-de-obra em virtude da marginalização de certas classes sociais com a crise do
feudalismo favoreceram o progresso das atividades comerciais. Nessa fase começou a se formar o que mais
tarde seria denominada burguesia.
As cidades passaram a ser centros de atividades mercantis e industriais (artesanato e manufaturas). Os
grandes comerciantes compunham a alta burguesia e organizavam-se em associações chamadas guildas. Havia
também a pequena burguesia, os empregados das oficias artesanais, indivíduos sem profissão definida e
mendigos.
A maior parte da produção era voltada para consumo local ou dos arredores, somente regiões mais
desenvolvidas como Flandres e Itália produziam para o mercado internacional.
Inicialmente a produção era artesanal, o mestre-artesão era dono de todos os meios de produção e
vendia suas mercadorias diretamente para os consumidores. Possuía certa quantidade de empregados
remunerados chamados oficiais ou companheiros, e os aprendizes, que trabalhavam entre sete e nove anos sem
remuneração.
Com a expansão do mercado, houve também aumento da produção e os mestres precisaram de mais
empregados, ampliando seus negócios. Com isso, a distância entre empregador e empregados
aumentou.Porém, como o mestre-artesão continuava a trabalhar em sua oficina com seus funcionários, a
produção manufatureira ainda existia.
Apesar disso, o crescimento do mercado alterou a relação direta existente entre produtor e consumidor,
havendo necessidade de um intermediário: um comerciante que dispusesse de capital para comprar o produto do
mestre-artesão e revendê-lo nos mercados nacionais ou internacionais. Dessa forma, surgiu a produção
manufatureira.A figura do mestre- artesão foi substituída pelo proprietário dos meios de produção que contratava
e supervisionava seus trabalhadores, não mais participando diretamente da produção junto a seus empregados.
Com o tempo, o trabalho passou a ser dividido em tarefas.
A diferença entre indústria e manufatura é que na primeira o mesmo trabalhador executa todas as etapas
da produção; já na manufatura, cada trabalhador executa apenas uma etapa do processo.
Com a expansão das manufaturas, muitos mestres-artesãos não conseguiram concorrer com elas,
portanto passaram a trabalhar em suas próprias casas.
Com a crise do feudalismo, a Europa Ocidental teve tendência a sofrer uma abertura, ou seja, uma
transição para o sistema capitalista. A ruptura das relações servis se deu de várias formas: o senhor vendeu a
liberdade de seu servo, expulsou-o da propriedade ou o servo fugiu.
Durante o século XIV, o crescimento econômico da Europa sofreu uma crise de retração por causa do
crescimento demográfico que exigia mais alimentos e os preços dos gêneros eram altos.
Com o Renascimento Comercial e Urbano vieram as universidades: a primeira foi fundada em Bolonha,
na Itália, especializada em estudos jurídicos; a Universidade de Paris se dedicava aos estudos teológicos;
enquanto a Universidade de Nápoles se especializou em Medicina.Todas elas tinham um curso preparatório
chamado Escola das Artes.
Em 1453 os turcos otomanos tomaram Constantinopla, dando início ao que hoje é denominado Idade
Moderna.
Bibliografia
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http://www.agencia.ecclesia.pt