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Malta

1940 – 1943
“O paraíso dos pilotos de caça”

Quando escrevemos a história de Malta durante a 2ª Guerra Mundial,


sempre lembraremos dos pilotos de caça e de suas aeronaves que
operaram a partir da ilha, do sofrimento da população civil e da
importância vital de Malta para as operações ofensivas Aliadas contra o
Eixo, bem como da eterna ameaça que a ilha representava para a ambição
inimiga no Norte da África e no Oriente Médio.

Introdução

As operações ofensivas aliadas eram tão eficientes, que o inimigo, numa


tentativa de reduzi-las ao máximo, tentou de tudo e com tudo que tinha
disponível – menos uma invasão (embora tenha sido até considerada em
certa época) – desde o bombardeio aéreo, passando por ataques navais,
bloqueio econômico e chegando mesmo a conseguir que a população maltesa
passasse fome. A provação desta pequena ilha durou de meados de 1940
até a vitória final dos aliados, no Norte da África em maio de 1943, um
longo período durante o qual os ataques das forças do Eixo foram
constantes e contínuos.

Quatro Gloster Sea Gladiatros formavam a defesa de caça inicial da ilha,


quando os italianos iniciaram os ataques em junho de 1940.
A aeronave acima é a de matrícula N5520 chamada de Faith (Fé)

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Após uma turbulenta história religiosa, política e militar, por mais de dois
mil anos, a Ilha de Malta, com seu grande porto em Valletta, foi capturada
pela Grã-Bretanha da França em 1801. Então, por mais de um século, ela
representou uma importante base naval e militar no Mediterrâneo Central,
posicionada a meio caminho entre dois grandes bastiões do Império
Britânico: Gibraltar e Alexandria. Enquanto a Grã-Bretanha e a Itália
permanecessem aliadas, a segurança de Malta não correria riscos, e por
isso, as tropas inglesas lá estacionadas eram relativamente poucas.

O Air Cheif Marshall Sir Arthur Tedder, C-in-C do Comando Aéreo do Mediterrâneo (à direita) é
recebido pelo Air Vice Marshall Sir Keith Park quando de sua visita à ilha.
Quando comandante do Grupo Nº 11, durante a Batalha da Inglaterra, Park utilizava como
transporte pessoal um Hurricane de matrícula OK-1.
Em Malta, ele utilizou um outro Hurricane de matrícula OK-2 (abaixo)

Em 1917, durante a 1ª Guerra Mundial, o Royal Navy Air Service instalou na


ilha, em Kalafrana, uma base de hidroaviões, a partir da qual aeronaves
britânicas realizavam missões regulares de patrulha anti-submarina
buscando encontrar eventuais naves das Potências Centrais que partiam dos
portos do Mar Adriático. Após a fusão do Royal Flying Corps com a Royal

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Navy Air Service, que resultou na criação da Royal Air Force em Abril de
1918, Kalafrana tornou-se uma base da RAF, que mais tarde passou também
a operar uma nova base em Hal Far, em Março de 1929. Kalafrana voltou a
ser uma base de hidro-aviões da RAF, durante a Guerra Civil Espanhola,
enquanto que as aeronaves da Fleet Air Arm eram mantidos na reserva da
Esquadra do Mediterrâneo. Pouca atenção foi dada à defesa da ilha antes da
2ª Guerra Mundial, apesar da importância dada pela Royal Navy, embora
dois esquadrões de caça da RAF tenham sido enviados para Hal Far durante
a crise na Abissínia entre 1935 e 1936, quando a Itália começou a
demonstrar seus primeiros sinais de ambição imperial no leste africano.

Este Ju 88A-4, fotografado quando rumando para Malta no dia 9 de abril de 1942, transporta
uma bomba GP SC1000 Hermann. No nariz da aeronave vê-se a insígnia do II ou do III./KG 77.
Além de serem empregados como bombardeiros, os Ju 88 realizavam ataques contra navios.

A Itália entre na guerra

Quando da entrada da Itália na 2ª Guerra Mundial no dia 10 de junho de


1940, como aliada dos alemães, dois novos aeródromos haviam sido
construídos na ilha: um em Ta Kali e outro em Luqa, embora ainda não
tivesse sido estabelecido uma defesa de caças. Na realidade, quatro
esquadrões de caças haviam sido previstos para Malta, mas as necessidades
domésticas ainda não tinham permitido a materialização do planejado,
quando pela primeira vez apareceu sob os céus malteses uma aeronave de
reconhecimento italiana. Mas as falhas não ficavam só na aviação, pois as
172 baterias anti-aéreas recomendadas ainda não haviam sido enviadas para
a defesa da ilha. De um modo geral, os ingleses tinham a seguinte opinião: se
a Itália demonstrasse algum interesse de conquista para com a Ilha de
Malta, pouco poder-se-ia fazer pela ilha. As únicas aeronaves militares na
ilha eram cinco torpedeiros biplanos Swordfish da Royal Navy, um Queen
Bee (aeronave radio-controlada utilizada como alvo anti-aéreo) e oito caças

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biplanos Sea Gladiators, ainda desmontados e empacotados, que serviriam
como reposição de aeronaves embarcadas de algum porta-aviões da Royal
Navy que as necessitasse. Alguns dias antes da Itália entrar na guerra,
quatro Sea Gladiators foram montados e passaram a ser voados por pilotos
voluntários do Quartel General da RAF na ilha, que era comandado pelo Air
Commodore Forster Herbert Martin Maynard. Um equipamento vital para os
meses seguintes havia sido instalado na ilha no final de 1939: tratava-se de
um radar AMES (Air Ministry Experimental Station) Mk 1 Tipo 6, instalado
em Fort Ta Salvatur e operado pela Transportation Radio Unit (TRU)
Nº 241 , capaz de realizar varredura em todas as direções até uma distância
de 100 milhas (160 km) e a uma altura de 8 mil pés (2.438 m). Uma segunda
unidade de radar estava em processo de instalação, e seria operada pela
TRU Nº 242.

Durante a 2ª Guerra Mundial os aeródromos de Luqa, Hal far e Safi eram bases
independentes, embora interconectadas por pistas de rolamento.
Hoje elas constituem o aeroporto internacional de Luqa. Kalafrana, era a base dos hidro-
aviões. As aeronaves de busca e salvamento operavam a partir de Grand Harbour.

Quando no dia 11 de junho, cerca de doze bombardeiros italianos SM 79


aparecerem sobre Malta, três Sea Gladiators decolaram para intercepta-
los, mas com ordens de apenas atrapalhar o ataque sem prolongar muito o
combate. Esse padrão de operações perdurou por alguns dias, sendo que
pelo menos um bombardeiro italiano foi derrubado. Os italianos estavam
convictos que pelo menos dois esquadrões de caças ingleses operavam na
ilha, visto que os relatórios dos pilotos indicavam a presença de caças
Hurricanes. Na realidade, quatro desses caças chegaram à Malta na manhã
do dia 14 de junho de 1940, e foram muito bem recebidos tendo em vista os

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fracassos obtidos pelos Sea Gladiators. No dia 10 de junho de 1940, após
uma ordem direta e pessoal de Winston Churchill, 12 Hurricanes Mk I,
equipados com tanques de combustível suplementares, decolaram de
Boscombe Dawn na companhia de um Blenheim como aeronave de auxílio
navegação, com orientação de voarem até o sul da França, onde seriam
reabastecidos. Infelizmente, ao chegarem ao aeródromo estabelecido,
descobriram que a população, com medo de represálias dos alemães, havia
obstruído a pista de pouso. O Blenhein e oito Hurricanes se acidentaram ao
pousarem e ficaram impossibilitados de prosseguir viajem. Os quatro caças
que restaram conseguiram se reabastecer, com os pilotos utilizando latas,
decolando no dia seguinte ruma à Tunísia, onde foram reabastecidos com
auxílio da população local. Decolaram, e finalmente alcançaram Malta,
quando então descobriram que seu armamento ainda não havia chegado
(seria trazido da Grã Bretanha por um Hudson, que ainda encontrava-se em
Gibraltar).

Introduzidos em serviço no final de 1941, o caça italiano Macchi MC.202, inicialmente foi
superior aos caças que defendiam Malta.

Receberam então ordens do comando britânico, para prosseguirem viajem


até o Egito, onde suas aeronaves seriam equipadas com as metralhadoras.
Assim que lá chegaram, receberam a notícia de que o Hudson havia
alcançado Malta, mas não prosseguiria viajem, por problemas mecânicos. Os
Hurricanes foram reabastecidos em Abu Sueir e retornaram para Malta,
onde finalmente tiveram suas armas instaladas e testadas, em menos de seis
horas após sua chegada, quando então passaram a fazer parte da defesa da
ilha. Em menos de uma semana, os Hurricanes destruíram nove aeronaves
italianas. Alguns meses depois, como resultado de uma propaganda
jornalística, os nomes Faith (Fé), Hope (Esperança) e Charity (Caridade),
apareceram nos jornais malteses, como referencia aos três Sea Gladiators
que teriam combatido sozinhos contra a poderosa Regia Aeronáutica. Uma

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bela estória que entrou para os mitos da 2ª Guerra Mundial, mas quem, em
tempos de guerra, teria coragem de denegrir os esforços para elevar a
moral dos ilhéus.

Adicionais aeronaves se fazem necessárias

Tendo consciência de que Malta assumiria um papel estratégico muito


grande para a Royal Navy num futuro muito próximo, e que também por sua
localização geográfica seria uma base muito importante para se atacar as
linhas de suprimento dos exércitos italianos que encontravam-se no Norte
da África, Maynard precisava obter mais aeronaves, de modo a poder atacar
os italianos. Assim, recebeu um esquadrão de Swordfish (o de Nº 830 da
Fleet Air Arm), um Hudson, um hidroavião francês Latécoère e dois
Sunderlands, que começaram a operar a partir de Kalafrana. Essas
operações obtiveram logo resultados, quando o Flight Lieutenant Willian
Weir Campbell do Esquadrão Nº 230 afundou o submarino italiano
Argonauta no Mediterrâneo Central. No dia seguinte um outro submarino
italiano foi afundado, o Rubino.

Apesar o evidente valor da ilha como base para operações ofensivas,


particularmente de missões de reconhecimento do território italiano, o Air
Ministry decidiu primeiro fortalecer a ilha com caças, objetivando a defesa,
para depois enviar bombardeiros e demais tipos de aeronaves. Assim, no dia
2 de agosto de 1940 o porta-aviões HMS Argus navegou até estar a 200
milhas de Malta e lançou 12 Hurricanes Mk I do Esquadrão Nº 418, que
conseguiram pousar com sucesso em Luqa. Essas aeronaves, juntamente com
seis Sea Gladiators (recém montados) e com os antigos quatro Hurricanes
passaram a formar o Esquadrão Nº 216, sob o comando do Squadron Leader
Duncan Whiteey Balden. O pessoal de apoio chegou a Malta por submarino.

Aos poucos, a aviação em Malta ia sendo reforçada. Três Marylands, foram


recebidos e passaram a compor o Esquadrão Nº 431, sob o comando do
Squadron Leader Eric Willian Whitely, cujo objetivo era a realização de
missões de foto-reconhecimento do Mediterrâneo Central, em particular da
Esquadra Italiana. No dia 10 de novembro, numa dessas missões, o Pilot
Officer Adrian Warburton obteve fotos evidenciando a presença de boa
parte da Esquadra Italiana no porto de Taranto. No dia seguinte, o porta-
aviões HMS Illustrous, patrulhando a área, lançou à noite um ataque com
seus 21 Swordfishs, que liderados pelo Lieutnant Commander Kenneth
Williamson, atacou o porto com bombas e torpedos, afundando o

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encouraçado Littorio, e danificando seriamente outros dois, sendo que um
deles, nunca mais pode navegar.

Uma semana depois deste ataque, o HMS Argus estava pronto para lançar
mais uma leva de caças para Malta, mas devido a relatórios confusos que
informavam sobre atividades da Esquadra Italiana na área, ele lançou 12
caças acompanhados por dois Skuas como guias, mas no limite do raio de
ação dos Hurricanes. Por falta de experiência dos pilotos em voarem sob
regime econômico, oito caças e um Skua ficaram sem combustível e foram
perdidos.

Dois Ju-87 Picchiatello

Apesar desses percalços, a RAF começou a enviar bombardeiros Wellingtons


para o Egito, que faziam parada em Malta, quando então realizavam algumas
missões contra portos italianos, antes de seguirem para seu destino final.
Os resultados obtidos foram muito bons, e por isso Maynard obteve
permissão para ficar com 16 desses bombardeiros, que passaram a compor o
Esquadrão Nº 148, e a operar a partir de Luqa. Suas primeiras missões
oficiais foram realizadas contra posições italianas na Albânia, em apoio aos
gregos, mas logo tiveram seu alvo modificado para os portos de Bengazi e
Trípoli na Líbia, em apoio a ofensiva do General Wavell no Deserto
Ocidental.

Os italianos tiveram alguns problemas nos Bálcãs e no Norte da África, bem


como foram incapazes de controlar o Mediterrâneo, evitando a circulação
de navios britânicos, e por isso foram socorridos pelos alemães. Logo, os
Marylands de reconhecimento, identificaram a presença de bombardeiros
alemães na Sicília. Inicialmente pensou-se tratar de aeronaves alemães pela
Regia Aeronáutica, já que alguns Ju-87, pilotados por italianos já haviam
atacado Malta. Finalmente, em janeiro de 1941, a realidade se fez presente,
quando aeronaves alemães passaram a aparecer nos céus malteses.

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O Illustrous

Embora Malta não tenha ficado imune aos sérios ataques da Regia
Aeronáutica, o esforço do Esquadrão Nº 261 forçou inicialmente os italianos
a bombardearem de elevada altitude, diminuindo a precisão do ataque e
depois a terem que enviar seus bombardeiros escoltados por caças
Fiat CR 42 e Macchi MC 200. Embora esses caças italianos fossem
inferiores em desempenho aos Hurricanes, esses tinham sempre a
desvantagem numérica.

Um Beaufighter abatido é visto nas águas de Valletta

A transferência do Fliegerkorps X para o Teatro do Mediterrâneo teve três


objetivos principais: assegurar as rotas de suprimento marítimo para a
África do Norte que estavam sendo atacadas pela Royal Navy, impedir a
liberdade de ação da Royal Navy e fechar o Canal de Suez. Juntamente com
esses três objetivos vinha também uma tarefa essencial, qual seja, a
destruição da base britânica em Malta. Deste modo, os italianos executavam
as missões de reconhecimento e os alemães os ataques, e assim, em janeiro
de 1941, um comboio inglês foi avistado, navegando nos estreitos da Sicília.
Tratava-se de parte da Operação Excess, cujo objetivo era enviar três
navios mercantes para a Grécia e um para Malta, com escolta da Força H
composta de um cruzador pesado, de um porta-aviões (Ark Royal), de dois

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cruzadores e 11 destroiers. Um outro comboio partira de Alexandria no
Egito, composto de dois navios mercantes escoltados por dois cruzadores
pesados, um porta-aviões (Illustrous), seis cruzadores e 12 destroiers, de
tal modo a encontrar com aquele outro comboio na altura da Sicília,
trocarem a escolta e continuarem a viagem. Ao mesmo tempo em que dois
cruzadores, o HMS Southhampton e o HMS Gloucester levavam tropas de
Alexandria para Malta e escoltariam oito navios mercantes vazios quando do
retorno.

A chegada dos Beauforts, deram à Malta melhores meios


de atacar os navios inimigos.

Logo após a Força H ter entregue seus navios mercantes e retornado para
Gibraltar, o Illustrous e os demais navios se encontraram com um par de
lanchas torpedeiras italianas. Imediatamente o Illustrous lançou dois
Fulmars (nome dado pelos ingleses para o Wildcat) para interceptar os SM
79 que haviam sido alertados, mas nessa hora 30 Ju 87R do I/StG 1 e do
II/StG 2, liderados pelos Hauptmanns Paul-Werner Hozzel e Walter
Ennecceurs chegaram sobre o porta-aviões e lançaram-se ao ataque. Os
alemães perderam três aeronaves, mas atingiram o Illustrous seis vezes,
que por causa de seu deck de vôo de metal, conseguiu sobreviver. Enquanto
o Illustrous dirigia-se para Valleta , os Ju-87 atacaram no dia seguinte os
cruzadores Southampton e Gloucester, afundando o primeiro.

Infelizmente, além de seis Fulmars cujos pilotos não conseguiram pousar de


volta no Illustrous e foram para Malta, nenhum dos comboios conseguiu
entregar caça algum à ilha. Com o grande navio atracado em Malta, a ilha
tornou-se alvo de inúmeros ataques dos bombardeiros do Eixo, sem que os
caças ingleses pudessem fazer grande coisa para defendê-la.

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Novos ataques da Luftwaffe

O mau tempo e a falta de bombas especiais, fez com que a Luftwaffe só


voltasse a atacar Malta no dia 16 de janeiro, enquanto que os reparos no
Illustrous eram realizados o mais rápido possível. Neste dia, a Luftwaffe
atacou inicialmente com os Ju-88A-3 do LG1 seguido dos Ju-87R dos StG 1
e 2, e apesar do intenso fogo anti-aéreo ter derrubado cinco aeronaves, o
porta-aviões recebeu outro impacto, assim como o cruzador HMS Essex,
cuja bomba não explodiu. Oito Hurricanes do Esquadrão Nº 261 e os Fulmars
do Esquadrão Nº 806 da Flee Air Arm, abateram outros cinco
bombardeiros. Dois dias depois, mais de 60 bombardeiros, com escolta
atacaram Valletta e o aeródromo de Luqa, e ao final do dia, apenas sete
caças da RAF e dois Fulmars estavam em condições de vôo, enquanto que
Luqa ficou temporariamente sem poder ser utilizado. No dia seguinte, seis
Hurricanes, um Sea Gladiator e um Fulmar decolaram para interceptar 50
bombardeiros inimigos, que atacavam principalmente o Illustrous, abatendo
cinco aeronaves, enquanto que a anti-aérea reivindicava outros onze
bombardeiros. As perdas britânicas foram de dois caças em combate e mais
dois no solo, além de um hidroavião Sunderland que estava atracado em
Marsaxlokk Bay. Desta vez o Illustrous não foi atingido, mas os trabalhos
de reparo não andavam, e assim, no dia 23 de janeiro decidiu-se que o porta-
aviões partiria para Alexandria do jeito que estava, onde chegou dois dias
depois, para um longo período docado. A partida do Illustrous não foi um
alívio para Malta, apenas representou um alvo a menos a ser atacado.

Entre os equipamentos recém chegados á malta, estavam dois radares de


baixa-altura, que foram instalados em Ta Silch ao sul e em Fort Madalena na
costa norte a oeste de Valletta. Enquanto que os Ju 87R e os Ju 88A
continuavam a atacar os aeródromos de Luqa e Hal Far (de onde os
Hurricanes do Esquadrão 261 operavam), uma nova unidade alemã juntou-se
ao ataque, a 4./KG4 e a II./KG 26 operando com aeronaves He 111, que
sistematicamente lançavam minas em torno do Grand Harbour, de
Marsamxett Harbour e de Marsaxlokk Bay. Caças Messerchmitt Bf 109E do
7./JG 26 comandados pelo famoso Oberleutnant Joachim Muncheberg e
caças-noturnos Messerchmitt Bf 110C do 1./NJG 3, começaram a aparecer
nos céus malteses, fazendo com que Maynard reiterasse suas ordens para
que os caças evitassem combates prolongados e se concentrassem nos
bombardeiros. Felizmente, o Air Chief Marshall Sir Arthur Longmore,
decidiu liberar para Malta seis de seus Hurricanes que estavam na reserva
tática no Egito, e assim, no dia 30 de janeiro de 1941, eles decolaram de

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Gazala na Líbia, agora em mãos inglesas, e pousaram com segurança em
Ta Kali, fazendo com que o efetivo do Esquadrão Nº 261 se completasse.

A superioridade aérea alemão era praticamente total sobre a área central


do Teatro do Mediterrâneo, desencorajando o Almirantado inglês de tentar
qualquer tipo de operação com porta-aviões, de modo a reforçar as defesas
de Malta, preferindo utilizar o HMS Argus e o Furious na rota até Takoradi
na costa oeste da África, de onde os caças podiam voar em total segurança
até o Oriente Médio. Os ataques alemães e italianos à ilha continuavam sem
trégua durante o mês de fevereiro de 1941, sendo que no dia 26 de
fevereiro foi particularmente selvagem, quando 30 Ju 87 e 12 Ju 88
destruíram seis e danificaram sete Wellingtons do Esquadrão Nº 148.
Embora os caças defensores tenham conseguido penetrar na escolta dos
Bf 109 e MC.202, derrubando dois bombardeiros, Maynard chegou a
conclusão que a força de ataque da ilha havia sido virtualmente eliminada, e
relutantemente, ordenou que os bombardeiros Wellingtons que sobraram,
seriam enviados para o Egito.

Desde meados de junho de 1940, a força de caças de Malta foi muito


pequena, mas mesmo assim, foi responsável por derrubar 96 aeronaves
inimigas, perdendo 16 caças da RAF e da FAA e 11 pilotos. Os combates nos
primeiros dez dias do mês de março de 1941 levaram à perda de três pilotos
e de sete Hurricanes. No final do mês apenas seis caças estavam em
condição de vôo.

O Albacore Mk I, utilizado pelo Esquadrão Nº 828 da Fleet Air Arm

Mas a salvação veio por duas razões: os pesados combates na Cirenaica


(Líbia) e a invasão dos Bálcãs por forças alemães resultaram no
deslocamento da maior parte do Fliegerkorps X da Sicília para aquelas
distantes áreas. Deste modo, a diminuição da pressão do Eixo no
Mediterrâneo Central encorajou o Almirantado Britânico a enviar o porta-

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aviões HMS Ark Royal no dia 3 de abril, com 12 Hurricanes para Malta,
sendo que todas as aeronaves chegaram sãs e salvas à ilha. Antes do final do
mês, o Ark Royal realizou mais uma destas viagens, lançando agora 24 caças
Hurricane Mk IIB, que passaram a compor o Esquadrão Nº 185 operando a
partir de Hal Far. Este novo esquadrão absorveu elementos da Esquadrilha
Nº 1430 e os sobreviventes do Esquadrão Nº 261.

Mais Hurricanes chegam

Acreditando que com a retirada dos bombardeiros Wellingtons, a força de


ataque de Malta havia acabado, a Regia Aeronáutica e o que restou da
Luftwaffe no Mediterrâneo, abandonou Malta, acreditando que seria
impossível a ilha receber reforços. Essa crença mostrou-se ser um grande
erro com a chegada de 46 Hurricanes Mk IIC equipados com canhões
transportados pelos porta-aviões Ark Royal e Furious e de 143 Hurricanes
Mk IIB e IIC, transportados em quatro operações no mês de junho,
envolvendo os porta-aviões Ark Royal, Furious e Victorious. Essas aeronaves
passaram a equipar os Esquadrões Nº 126, 185 e 249, enquanto que seis
Hurricanes foram convertidos em aeronaves de foto-reconhecimento e
passaram a formar o Esquadrão Nº 69, que havia sido anteriormente
formado com aeronaves Maryland no início do ano.

A Regia Aeronáutica utilizava em junho de 1940 os bombardeiros


Cant Z1007Bis Alciones

No começo de julho de 1941, os Hurricanes Mk IIC caça-bombardeiros


começaram a realizar missões de ataque contra a Sicília. No dia 9 de julho,
quatro aeronaves do Esquadrão Nº 185, liderados pelo seu comandante, o
Squadron Leader Peter Willian Olber Mould, atacaram a base de
hidroaviões italiana em Siracusa, destruindo seis aeronaves e danificando
outras quatro. No dia 26 de julho, seis lanchas torpedeiras italianas,
escoltadas por caças MC.202 tentaram atacar barcos atracados no Grand
Harbour em Valletta, mas os Hurricanes dos Esquadrões Nº 126 e 185

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foram alertados, afundando quatro torpedeiras e fazendo com que as
outras duas se rendessem. Uma dessas duas lanchas foi virtualmente
capturada pelo Esquadrão Nº 185, quando um de seus pilotos, o Piloto
Officer Winton teve que se lançar de para-quedas e nadando até a
torpedeira mais próxima, verificou que todos os seus tripulantes estavam
mortos. Ele subiu a bordo e levou a lancha até os portos ingleses !!!

Tendo certeza de que a defesa de caças da ilha estava bastante forte, o


novo comandante das forças aéreas em malta, o Air Vice-Marshal Hugh
Pughe Lloyd, preparou-se para receber novamente uma força de
bombardeiros. Em maio, um pequeno destacamento de Blenheim Mk IV
proveniente do Esquadrão Nº 139 chegou a Luqa onde permaneceria por
duas semanas. Em julho, todo o Esquadrão Nº 195 chegou à ilha, seguido do
Esquadrão Nº 107, ambos equipados com bombardeiros médios Blenheims e
operando de Luqa. No final de outubro de 1941, esse aeródromo passou a
ser sede o Esquadrão Nº 40 de bombardeiros Wellingtons, juntamente com
os destacamentos dos Esquadrões Nº 38 e 102, dos Blenheims do Esquadrão
Nº 107 e dos Hurricanes e Marylands de foto-reconhecimento do Esquadrão
Nº 69. Em Hal Far ficavam os Hurricanes Mk II no Esquadrão Nº 185,
enquanto que os dos Esquadrões Nº 126 e 249 operavam a partir de Ta Kali.

Um Baltimore Mk III matrícula FA353 do Esquadrão Nº 69


em manutenção no aeródromo de Luqa.

Nesta fase da guerra, o Afrika Korps de Rommel já encontrava-se bem


estabelecido no Norte da África, sendo que as tropas britânicas, que haviam
avançado até Cirenaica no inverno anterior, tinham sido forçadas a
retroceder quase que até a fronteira egípcia. Com este avanço das tropas
do Eixo em direção ao leste, se fez necessário a elaboração de uma linha de
suprimento marítima desde a Europa até Trípoli e Bengazi, fato este
aproveitado pelas aeronaves britânicas, que constantemente atacavam esses

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navios, fazendo com que apenas 25% de todo material enviado chegasse a
seu destino. Das 220 mil toneladas afundadas, das quais 90% estavam indo
para a África, entre 1 de junho e 31 de outubro de 1941, 115 mil o foram por
aeronaves, das quais 85 mil por aeronaves baseadas em Malta.

No mês de outubro de 1941, o General Claude Auchinleck juntamente com o


Oitavo Exército Britânico sob o comando de Cunningham preparavam uma
nova ofensiva, a Operação Crusader, ao mesmo tempo em que o Air Marshal
Sir Arthur Tedder, agora designado comandante da RAF Middle East reunia
e preparava 49 esquadrões, nove dos quais baseados em Malta, para apoiar
as tropas terrestres. Apesar das perdas sofridas pelas tropas do Eixo nos
meses anteriores, Rommel reforçava e preparava suas forças para uma nova
ofensiva contra o Egito. Entretanto, sua situação no que dizia respeito a
suprimentos era tão desesperada, que mesmo sacrificando suas forças na
Rússia, Hitler ordenou que a Luftwaffe retornasse à Sicília durante o mês
de novembro de 1941.

Além de missões de bombardeio, os Baltimores realizavam tarefas de reconhecimento. Na foto,


um Baltimore do EsquadrãoNº 69 retorna a Luqa, e vê-se um dos tripulantes descendo
apressadamente com os filmes tirados.

Embora a Operação Crusader tivesse sido iniciada antes que Rommel


estivesse completamente preparado, e tenha conseguido fazer com que as
tropas do Eixo retrocedessem até a Cirenaica, o poder aéreo alemão no
Mediterrâneo Central permitiu que suas tropas recebessem consideráveis
reforços. O período entre Dezembro de 1941 e Junho de 1942 constituiu-se
no maior perigo para a ilha de Malta. Em meados de Dezembro, Lloyed
possuía disponíveis 60 bombardeiros e 70 caças, tendo contra si na Sicília

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cerca de 250 bombardeiros e aeronaves de reconhecimento e 200 caças,
entre máquinas alemães e italianas. Durante a última semana do ano, as
forças do Eixo chegara a atacar a ilha com 200 aeronaves, ao mesmo tempo
em que o Messerschmitt Bf 109F substituía o modelo E, provando ser muito
superior ao Hurricane, enquanto que os pesados ataques transformavam os
aeródromos de Hal Far e Ta Kali num perfeito atoleiro.

No início de janeiro de 1942, os ataques alemães contra Malta aumentaram


rapidamente em ferocidade e em freqüência, sendo comum as sirenes de
Valletta soarem mais de seis vezes por dia. Nesta época o aviso de tais
ataques era detectado por dois radares de longo alcance, posicionados em
morros situados em Dingli a sudoeste da costa maltesa. Esses ataques eram
realizados por elementos da Luflotte 2 sob o comando do
Generalfeldmarschall Albert Kesselring e da Fliegerkorps II comandada
pelo General Bruno Loerzer. Em poucas semanas, a Luflotte 2 aumentou seu
efetivo para mais de 400 aeronaves, incluindo os Ju 88A-4 da KG 54 e os
Bf 109F-4 das II./JG 3 “Udet” e JG 54 “Grünherz”.

Foto tirada a bordo do USS Wasp no dia 19 de abril de 1942, durante a Operação Calendar.
Vê-se no deck do porta-aviões 14 Grumman F4F-3 do Esquadrão VF-71 e 12 Spitfires Mk VC
do Esquadrão 601.

Embora os Blenheims dos Esquadrões Nº 21 e 107 tivessem conseguido


realizar algumas incursões contra bases inimigas, e tendo destruído
inclusive 11 aeronaves de transporte em Castelvetrano no dia 4 de janeiro,
era obvio que suprimentos e reforços do Eixo continuavam a chegar à África
do Norte, freqüentemente não detectados e raramente atacados. Uma vez
mais decidiu-se reduzir a força de bombardeiros da ilha, sendo que no dia
22 de fevereiro todos os Blenheims foram transferidos para o Egito,

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deixando na ilha apenas os Wellingtons IC do Esquadrão Nº 40 e os
Wellingtons Mk VIII anti-navios do Esquadrão Nº 221.

Chegam os primeiros Spitfires

Tudo isso não podei ter acontecido numa pior hora para o Oitavo Exército
Britânico, que havia avançado bem para dentro da Península da Cirenaica e
capturado Bengazi. No dia 21 de janeiro Rommel atacou e pegou as tropas
britânica de surpresa, sendo que em maio elas já haviam recuado e estavam
se defendendo numa linha ao sul de Gazala. No final de fevereiro, Lloyd não
conseguia por em ação mais do que 20 caças para defender Malta dos
ataques dos bombardeiros, ao mesmo tempo em que os alemães começaram a
enviar caças à baixa altura, obrigando os ingleses a dividir suas forças de
defesa. Nenhum comboio com alimentos, combustível, munição ou aeronaves
havia chegado à Malta desde Novembro de 1941, e por isso reforçar as
defesas da ilha era algo essencial, que no dia 7 de março de 1942 o HMS
Eagle realizou uma viagem de emergência lançando 15 Spitfires VB,
liderados pelo Squadron Leader Edward John Gracie, sendo que pela
primeira vez esse modelo de caça era empregado no Teatro do
Mediterrâneo. Um mês depois, outros 16 Spitfires chegaram à ilha.

Um Spitfire Mk VB é guiado pela pista não pavimentada de Luqa.

Embora a chegada do novo caça tenha produzido um aumento na moral dos


ilhéus, eles pouco podiam fazer contra os enxames de aeronaves inimigas
que atacavam a ilha diariamente. Todavia, com a entrada dos Estados Unidos
na guerra, o porta-aviões USS Wasp foi enviado para auxiliar os dois porta-
aviões ingleses HMS Eagle e Argus no Teatro do Mediterrâneo, fazendo
com que, durante os meses de abril e maio, um total de 120 Spitfires Mk V

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tenham chegado à Malta. Esses reforços, com toda certeza, salvaram Malta,
e foram também responsáveis pela diminuição dos ataques aéreos pelas
forças de Kesselring. Por seu turno, os alemães começaram a preparar um
plano de invasão da ilha, a ser realizado no outono de 1942, como parte de
um plano maior de expulsar os aliados do Mediterrâneo. No dia 1º de julho,
os preparativos alemães se intensificaram, resultando num aumento dos
suprimentos enviados a Trípoli e dos ataques à Malta. Os aliados enviaram
dois comboios à Malta, com um total de 17 navios de transporte, que após
lutarem muito, conseguiram fazer chegar à ilha apenas dois, perdendo ainda
um cruzador e quatro destroiers nas batalhas, embora esses comboios
contassem com dois porta-aviões, um encouraçado, 12 cruzadores e não
menos que 43 destroiers.

Um Spitfire Mk V em reparos dentro das instalações da Unidade de Manutenção em 1942

Keith Park assume no lugar de Lloyd

Durante a primeira metade do mês de julho de 1942, cerca de mil saídas


foram realizadas por alemães e italianos contra a ilha, perdendo 42
aeronaves (cerca de 10% da força), e derrubando 39 caças entre
Hurricanes e Spitfires, dos quais 26 pilotos se salvaram. Nesta época
aconteceu a mudança do comando aéreo da ilha, assumindo no lugar de Lloyd,
o supremo expoente da caça inglesa, o Air Vive Marshall Keith Park. Lloyd
merecia um descanso por seu enorme empenho e aplicação.

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Quatro Spitfires Mk V do Esquadrão Nº 249 patrulham a costa maltesa.

Se Malta tivesse que sobreviver para tornar-se uma eficiente base ofensiva
dos aliados a ser utilizada na grande operação prevista para o final do
outono de 1942, era imperativo que novos comboios fossem enviados para a
ilha. Para iso foi preparada a Operação Pedestal, a ser realizada em agosto
de 1942, envolvendo 14 navios mercantes vindos por Gibraltar, quatro porta-
aviões, dois encouraçados, sete cruzadores e 24 destroiers. Cerca de 100
aeronaves foram para Malta, incluindo quatro B-24 Liberators, um
esquadrão de Beufighters e um de Wellingtons, aumentando a força aérea
da ilha para 250 aeronaves, num esforço de proteger o comboio, cuja
presença era conhecida do Eixo, assim que cruzou o Estreito de Gibraltar. A
partir do dia 11 de agosto, o comboio ficou sob permanente ataque aéreo e
marítimo das forças do Eixo, mas, mesmo perdendo um porta-aviões
(HMS Argus), dois cruzadores, um destróier e 18 aeronaves, cinco navios
mercantes conseguiram chegar até Malta, inclusive um vital petroleiro.

O Wing Commander Peter Prosser Hanks, comandante do Grupo de Spitfires de Luqa é visto
no centro da foto, conversando com seus pilotos.

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As 55 mil toneladas de material chegadas à Malta nesta operação
permitiram que as defesas da ilha fossem aumentadas consideravelmente,
em especial pelo envio de 37 novos caças Spitfires, lançados do
HMS Furious. Sendo agora seguro operar permanentemente um esquadrão
de torpedeiros Beauforts e um de Beaufighters em Luqa, Park
gradativamente começou a aumentar sua força de ataque.

No inverno de 1942 / 1943, os combates no front russo ganharam


prioridade, exigindo um empenho maior da Luftwaffe, com as batalhas de
Stalingrado e El Alamain tornando-se marcos do início da derrocada alemã.
O poder aéreo em Malta havia crescido de tal modo, que os planos para uma
invasão da ilha evaporaram-se. Conforme a indústria aeronáutica italiana ia
sendo atacada pelos pesados bombardeiros ingleses, a Regia Aeronáutica,
que sempre teve a capacidade de realizar ataques bem sucedidos no Teatro
Mediterrâneo, entrou num declínio constante, do qual nunca mais se
recuperaria. No começo de 1943, Park dispunha de quatro esquadrões de
Spitfires Mk V (Nº 126, 185, 229 e 249), dois de Wellingtons Mk II e III
(Nº 40 e 104), dois de Beaufighters Mk VI (Nº 227 e 272), um de
Mosquitos de caça-noturna (Nº 23), um de Beauforts torpedeiros (Nº 39) e
o de Nº 69 com diversas aeronaves para foto-reconhecimento.

O maior ás de Malta, o Flight Leutenant canadense George F. Beurling, que abateu 27


aeronaves quando servia no Esquadrão Nº 249 em Ta Kali, entre Junho e Outubro de 1942.

Agora que aeronaves com grande raio de ação estavam baseadas no Egito,
capazes de atacar os portos inimigos por todo Mediterrâneo Central e

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Oriental, a missão das aeronaves de Malta ficou limitada à busca,
acompanhamento e ataque de navios do Eixo, e durante o período crucial que
culminou com o vitorioso avanço do Oitavo Exército Britânico ao longo da
costa Líbia, as aeronaves de Park contribuíram para o término do tráfego
marítimo do Eixo com o Norte da África. E mais, durante a vulnerável fase
dos desembarques aliados na Argélia (Operação Torch), as aeronaves de
Malta, particularmente os Spitfires, realizaram uma série de missões de
varredura nos aeródromos sicilianos, de modo e impedir que as aeronaves do
Eixo pudessem interferir nas operações de desembarque.

Durante a derradeira fase da Campanha na Tunísia, quando navios do Eixo


tentavam frenéticos esforços para enviar suprimentos às tropas do Afrika
Korps através dos portos de Sfax e Sousse, aeronaves aliadas, incluindo
bombardeiros baseados em malta, afundaram não menos de 20 navios.
Quando os alemães tentaram, num último esforço, utilizar aeronaves de
transporte, como os vulneráveis Ju 52/3m e os desajeitados Me 323, para
enviar suprimentos às tropas cercadas no Cabo Bom, os Spitfires baseados
em Malta, posicionados em local estratégico, juntaram-se ao massacre.

Três Spitfires Mk VC do Esquadrão Nº 249 estacionados em Luqa 1942.

A invasão da Sicília

A contribuição final da Ilha de Malta a causa aliada, aconteceu a partir de


junho de 1943, quando dos preparativos aliados para a invasão da Sicília.
Nessa época, o Air Chief Marshall Sir Arthur Tedder, então Comandante do
Comando Aéreo do Mediterrâneo, começou a enviar para Malta uma
extraordinária quantidade de aeronaves. Em meados daquele mês, dois
esquadrões da Fleet Air Arm, dois da South Africa Air Force e 20 da Royal
Air Force (15 de Spitfires Mk VC, um de Spitfire Mk IX, um de Mosquito,
um de Beaufighter e dois de reconhecimento) estavam na ilha. No mês
seguinte, quatro esquadrões da Royal Canadian Air Force com Spitfires,
quatro com P-40 Kittyhawk, um de Baltimore, um de Mosqitos Mk XII de
caça-noturna, um de Spitfires Mk IX e um do anfíbio Walrus de busca e
salvamento chegavam á ilha, elevando o total de aeronaves a 407.

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Na manhã do dia 10 de julho, as primeiras forças aliadas desembarcaram na
costa sul da Sicília. Durantes a madrugada, escutou-se apenas o monótono
sussurrar dos planadores levando tropas. Com o nascer do dia se
aproximando, os primeros Spitfires e Kittyhawks decolaram de Luqa, Safl,
Qrendi e Hal Far e começaram a montar guarda nos céus sobre a primeira
grande operação anfíbia de invasão da Europa continental.

No pico do sofrimento de Malta, o Rei George VI aprovou a


condecoração da ilha e de seus habitantes com a Medalha
George Cross. Esta era a mais alta comanda disponível para
ser dada a civis, que o rei havia criado em setembro de 1940,
no auge da batalha da Inglaterra. Estava escrito nas regras
da comanda: a medalha só deve ser dada por atos de grande
heroísmo ou de coragem demonstradas em circunstância de
extremo perigo. Quem poderia negar que os malteses não estivessem
qualificados para tal comenda?

Spitfire Mk VB AB262 do Flg Off Robert McNair, entregue à RAF em janeiro de 1942, sendo
enviado para Malta na primeira entrega desse modelo de aeronave no dia 7 de março. O
canadense McNair derrubou um Bf 109 com essa aeronave no dia 18 de março, e terminou a
guerra com 16 vitórias. Esse caça foi destruído em abril, durante um bombardeio.

Spitfire Mk VB BP850 do Flt Sgt Patrick Schade. Ambos chegaram à Malta em março de 1942
e juntaram-se ao Esquadrão 126. No dia 23 de abril, Schade abateu um Ju 87 com essa
aeronave, mas 24 horas depois a mesma sofreu um acidente quando pilotada pelo Sgt E. Cris
da RCAF. Schade foi um dos ases de malta, com 12 vitórias, mas veio a falecer em junho de
1944, quando estava lotado no Esquadrão Nº 91 voando Spitfires Mk XIV

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Spitfire Mk VC BR323 do Sgt George Beurling. A carreira desta aeronave foi curta mas
brilhante. Com ela Beurling abateu cinco aeronaves inimigas no dia 6 de julho de 1942. Dois
dias depois, pilotada por outro piloto, teve uma pane e foi perdida. Beurling terminou a guerra
com 31 vitórias, das quais 27 com o Esquadrão Nº 249 em Malta. Ele sobreviveu a guerra e
veio a falecer logo depois, num acidente aéreo em Roma, quando se voluntariava para servir
na recém criada Força Aérea de Israel.

Spitfire Mk VB EP828 do Sqn Ldr John J. Lynch. O Americano John Lynch, veterano do
Esquadrão Nº 71 Eagle, obteve sua quinta vitória nesta aeronave, vitória esta obtida no dia 28
de abril de 1943, considerada a milésima vitória de Malta. Ele terminou a guerra com 10
vitórias, todas obtidas em Spitfires Mk V. Após o término da guerra, Lynch juntou-se a USAF e
morreu num acidente de F-84G em 1956. Esta aeronave sobreviveu à guerra e foi entregue a
Aeronáutica Militare Italiana em 1946.

Spitfire Mk VC BR498 do Wg Cdr Peter Prosser Hanks. Esse Spitfire chegou a Malta em Julho
de 1942. Em outubro daquele ano, passou a ser a aeronave pessoal do ás Prosser Hanks, que
comandava o Grupo de Luqa. Durante o primeiro mês de combate, Hanks obteve três vitórias
com essa aeronave, terminando a guerra com 13 vitórias.

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Spitfire Mk VC JK715 do Sqn Ldr Evan Mackie. Esse Spitfire é talvez o mais bem sucedido Mk
V da RAF, pois nele o neo-zelandes Evan Mackie abateu oito aeronaves inimigas, uma
provável e teve quatro vitórias compartilhadas. Observe que esta aeronave está equipada com
exaustores de gases do tipo Mk IX, a pedido de Mackie, de modo a aumentar a velocidade.
Mais tarde comandou o Esquadrão Nº 92 na Itália, voando Spitfires Mk VIII. Passou então a
voar Tempests, comandando o Esquadrão Nº 80 na Alemanha e mais tarde o Grupo Nº 122.
Terminou a guerra com 20 vitórias.

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