DE VITÓRIA-EMESCAM
VITÓRIA
2007
1
AMÉLIA ROSSI CRIVELLARI
CLEONICE VIANA DOS SANTOS ANGELI
LEILA SILVA CICILIOTI
VITÓRIA
2007
2
AMÉLIA ROSSI CRIVELLARI
CLEONICE VIANA DOS SANTOS ANGELI
LEILA SILVA CICILIOTI
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Professora mestre Tânia Maria Bigossi do Prado
Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de
Vitória-EMESCAM
Orientadora
________________________________________
Myrthes Brocolli Lima
Universidade Gama Filho-RJ
Especialista em Administração e Planejamento de Projetos
Sociais-Assistente Social
_________________________________________
Claudia Gomes Rossoni
Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de
Vitória-EMESCAM
Assistente Social Mestre em Atenção à Saúde Coletiva
3
DEDICATÓRIA:
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, que em todo momento esteve presente em nossas vidas, toda a nossa
gratidão por nos ajudar e nos conduzir nesta caminhada, onde passamos por muitos
desafios, mas que nos proporcionou a vitória.
Aos nossos queridos familiares, pelo carinho e compreensão que nos dedicaram
nesta trajetória, onde suportaram a nossa ausência em momentos especiais, mas
que puderam entender e continuaram a nos apoiar, atingindo conosco o ápice da
conquista.
A nossa querida orientadora professora Tânia Maria Bigossi do Prado, nossa eterna
mestre, por nos fazer acreditar que seríamos capazes de desempenhar a nossa
pesquisa de cunho tão delicado. Tantas vezes confiou e acreditou que
conquistaríamos nossos objetivos e nos tornaríamos vencedoras. Nunca nos deixou
desanimar e valorizou o máximo as nossas expectativas e competências, nos
fazendo sentir de fato assistente social.
Aos nossos eternos professores e mestres, que nos ensinaram além da teoria a
prática da vida acadêmica e da vida cotidiana para sermos cidadãs conscientes e
questionadoras!
Nosso carinho e amizade em especial para Erlete, Livia e Débora, que juntas
formamos um grupo imbatível!!!
5
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus que me deu condições de persistir neste caminho para alcance da
vitória, por ser meu eterno amigo e companheiro me amparando em todos os
momentos, toda honra glória e louvor, pois até aqui me ajudou o Senhor.
Aos meus amados filhos Wanderson e Chayna que depositaram a confiança que
podia alcançar a realização deste sonho tão esperado, o meu agradecimento
filhos queridos pela compreensão, carinho e dedicação, ao genro Kaiser pelo
apoio e dedicação, a Drª. Magali que me direcionou a este caminho, aos
amigos queridos por compartilhar todos os momentos vividos nesta jornada. A
Cleonice e Leila pela amizade que tem me dedicado e por terem estado sempre
presentes nos momentos bons e também nos enfrentamentos das tempestades.
Quero dizer a vocês que as amo do fundo do meu coração e agradeço por ter
encontrado alguém que me é muito especial. Aos meus irmãos em Cristo que me
sustentaram na oração, o meu muito obrigado por ter compreendido a minha
ausência. Amo todos vocês!!!
Amélia Rossi Crivellari
Agradeço a Deus por mais essa conquista. A todos que tanto amo, meu eterno amor
e gratidão! Essa vitória também é de vocês!!! Ao meu marido, José Luiz; meus filhos,
Larissa e Talles, pela compreensão e por torcerem pela minha vitória e pelo apoio e
carinho; a minha querida mãe Nair e ao meu querido pai José Vicente que me deram
à vida e me ensinaram a viver. Aos meus sogros o Sr. Solino e a Sra. Alzira que me
apoiaram; aos meus irmãos; cunhados; e a Renato pela força. Aos meus amigos
que me acolheram em suas orações e pediram ao Papai do céu uma benção
especial. A minha querida amiga Cleo com quem divido essa vitória, porque foi ela
quem me incentivou a retornar os estudos. As queridas amigas Amélia e Cleo com
quem mantive uma parceria para a conclusão deste sonho: o nascimento desse
TCC. Obrigada por ter vocês por perto, com carinho lembrarei de tudo o que
passamos juntas, de todos os problemas que enfrentamos, de todas as experiências
que vivemos, é tão grande a felicidade que chega ser infinita. Amo vocês!!!
Leila Silva Cicilioti
Toda a glória e louvor, a ti Deus e Senhor de minha vida. Como é grande o seu amor
e misericórdia pelos seus filhos! Neste momento dedico esta realização aos maiores
6
tesouros da minha vida: o meu bem Angeli que sempre foi muito compreensivo,
tolerante e meu grande parceiro na realização deste objetivo; aos filhos Viktor e
Vikcenzo meus amores sinceros que por quatro anos conviveram com minha
ausência. Agradeço a todos os familiares especialmente meus irmãos e cunhados;
meu carinho aos amigos; mestres e aos usuários que participaram dessa caminhada
e conquista, ela é nossa! Não posso esquecer de você Priscila, muito obrigado!
Leila o que sería de mim sem você? Você também é responsável pela minha
realização, quanto apoio e estímulo me proporcionou!
A minha alegria agradeço e dedico a uma grande mulher que sempre esteve comigo
me apoiando em tudo, tudo: a minha mãe exemplo de força, persistência e beleza e
que quase na reta final Papai do céu levou para alegrar e cantar com os anjos do
céu! Mãe querida que saudade, quanta falta me faz neste momento. Eu te amo.
Cleonice Viana dos Santos Angeli
7
ASSIM EU VEJO A VIDA
Cora Coralina*
_____________________________________________
* Ana Lins de Guimarães Peixoto Bretas, nasceu em Goiás Velho no ano 1889 e era conhecida como “Aninha da Ponte da
Lapa”. Teve apenas a instrução primária e sendo doceira de profissão, publicou seu primeiro livro aos 75 anos de idade.
Faleceu em 10 de abril de 1985 em Goiânia, ela representa a imagem do idoso que enfrentou as dificuldades para realizar um
sonho.
8
RESUMO
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5 – Religião....................................................................................................74
Gráfico 10 – Sexo.......................................................................................................78
11
Gráfico14 – Autonomia...............................................................................................80
Achados da pesquisa:
12
Perfil do Agressor/cuidador:
13
LISTA DE TABELAS
14
LISTA DE QUADROS
15
LISTA DE SIGLAS
CC - Código Civil
CF - Constituição Federal
CP - Código Penal
EI - Estatuto do Idoso
16
ESF - Estratégia Saúde da Família
MS - Ministério da Saúde
17
SAS - Secretaria de Ação à Saúde
SOS - Socorro
18
SUMÁRIO
1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS.........................................................................
21
CAPÍTULO I........................................................................................................... 27
2. O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL........................................................... 27
2.1. A FAMÍLIA E O IDOSO
31
DEPENDENTE…………………..……………………….
2.2. O LIMITE ENTRE CUIDAR E MALTRATAR...................................................... 36
2.3. FATORES DE RISCOS...................................................................................... 40
CAPÍTULO II.......................................................................................................... 41
3. PROTEÇÃO À PESSOA IDOSA NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA - MARCO
41
LEGAL......................................................................................................................
3.1. LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEP) - LEI N º 7.210/84...................................... 41
3.2. CÓDIGO PENAL (CP) - LEI Nº 7.209/84........................................................... 41
3.3. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (CF) DE 1988........................................................ 42
3.4. POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO (PNI) - LEI Nº 8.842/94............................... 46
3.5. POLÍTICA ESTADUAL DO IDOSO (PEI) - LEI Nº 4.496/98.............................. 47
3.6. CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL (CPC) - LEI N º 10.173/01............................. 48
3.7. CÓDIGO CIVIL (CC) - LEI Nº 10.406/02............................................................ 48
3.8. ESTATUTO DO IDOSO (EI) - LEI Nº. 10.741/03.............................................. 49
3.9. REDE NACIONAL DE PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA E PROMOÇÃO DA
SAÚDE.PORTARIA Nº 936/GM/2004 51
......................................................................
19
CAPÍTULO III........................................................................................................ 56
4. CONTEXTUALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SERRA……………………………... 56
4.1. CARACTERIZAÇÃO
59
INSTITUCIONAL…………………………………………….
4.2. PROGRAMA DE ATENÇÃO AO IDOSO DO MUNICÍPIO DE
SERRA………...
60
4.3. PROJETO SOS 3ª IDADE - SOS IDOSO.......................................................... 63
CAPÍTULO IV........................................................................................................ 82
7. REFERÊNCIAS…………………………………………………………... 119
APÊNDICES.......................................................................................................... 125
APÊNDICE A - Termo de autorização para pesquisa
institucional…………………. 126
APÊNDICE B - Roteiro de entrevista para o idoso com dependência
funcional….. 127
APÊNDICE C - Roteiro de entrevista para o agressor/ e cuidador...........................
128
ANEXOS................................................................................................................. 129
ANEXO A – Termo de Consentimento livre e esclarecido........................................
130
20
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Existe evidência de que muitas são as políticas que focam o idoso e sua família,
porém as dificuldades na implementação abrangem desde a precária captação de
recursos, ao frágil sistema de informação para a análise de condições de vida e
saúde, passando, evidentemente, pela inadequada capacitação de recursos
humanos.
21
seus parentes ou vivem em suas próprias casas. Em cerca de 26% de todas as
famílias existem pelo menos uma pessoa com mais de 60 anos. Estudos parciais
feitos no país mostram que a maioria das queixas dos velhos é contra filhos, netos
ou cônjuges e outros 7% se referem aos outros parentes. As denúncias enfatizam
em primeiro lugar abusos econômicos (tentativas de apropriação dos bens do idoso
ou abandono material cometido contra ele), em segundo lugar, agressões físicas e
em terceiro, recusa dos familiares em dar-lhes proteção. A maioria das violências
físicas cometidas pelos filhos (homens) está associada ao alcoolismo: deles próprios
ou dos pais idosos (MINAYO, 1999, apud PEREIRA et al 2006).
Em dois documentos específicos que tratam dos direitos da pessoa idosa, o Plano
de Ação de Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa da Subsecretaria dos
Direitos Humanos (SDH, 2005) e a Política Nacional de Redução da
Morbimortalidade por Acidentes e Violências, do Ministério da Saúde (MS, 2001),
encontra-se estabelecido a necessidade de ações estratégicas de denúncias das
violências acometidas no âmbito familiar, espaço cultural coletivo, público e
institucional. O Plano de Ação de Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa
aprofunda e focaliza as diretrizes para atuação do poder público nos casos de
abusos, maus tratos e negligências, responsáveis por provocar no idoso mortes,
lesões, traumas e muito sofrimento físico e emocional. Entre algumas ações
estratégicas no espaço institucional verifica-se a indicação de implantação do
Disque - Idoso.
22
Violências do Ministério da Saúde (2001) prevê ações concretas para a proteção e
prevenção dos abusos contra os idosos no país, estabelecendo dispositivos legais e
normativos para o enfrentamento da violência, prevê ainda implantações de
estratégias de proteção, como os Conselhos Nacionais e Locais de Direitos dos
Idosos, os SOS-Idoso; os Ligue-Idoso e outras medidas que promovam a segurança
dos idosos.
23
No desenvolvimento do processo da pesquisa, utilizamos como procedimentos
técnicos a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e de campo.
Gil (2002) conceitua e faz menção à diferença existente entre as duas técnicas de
pesquisa bibliográfica e documental por isso entendemos ser importante o registro.
A coleta dos dados ocorreu por meio de entrevistas, tendo perguntas semi-
estruturadas e realizadas com três idosos com dependência funcional, como um
idoso acamado e dois idosos cadeirantes, e com as respectivas famílias atendidas
no SOS 3ª Idade - SOS Idoso/Serra.
A pesquisa teve como seleção a amostra intencional, visto que certos aspectos
foram relevantes para a obtenção do resultado proposto nos objetivos já
24
apresentados. Aspectos como a dependência funcional de idosos sendo cuidados
por algum familiar
25
Nas considerações finais, pontuamos o que foi relevante na análise dos dados e
apontamos os novos horizontes que se abrirão a partir desta pesquisa, além de
possibilitar e fomentar na sociedade a discussão de como a violência intrafamiliar
com o idoso com dependência funcional ou mesmo aquele idoso sem problemas
físicos ou psíquicos está configurada nos lares. Especificamente no município de
Serra, medidas sociais e preventivas já foram iniciadas em 2004, com a criação do
SOS 3ª Idade. Em 2006, os resultados obtidos nos atendimentos do SOS Idoso são
apresentados na pesquisa de maneira a desvelar a violência intrafamiliar cometida
contra os idosos e se tornam profícuos na construção de estratégias de
enfrentamento.
26
CAPÍTULO I
2. O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
A população mundial está envelhecendo num ritmo muito acentuado. Estima-se que
a população mundial de idosos seja de 629 milhões de pessoas, com um
crescimento anual na taxa de (2%), sendo um ritmo mais alto em relação ao resto da
população. De acordo com as Nações Unidas (ONU), 360 milhões desta população
idosa residem em países em desenvolvimento, sendo que (53%) residentes na Ásia;
(24%) na Europa; (8%) na América do Norte; (7%) na América Latina e Caribe e
(7%) na África (BERZINS, 2003, p.22).
1
DATASUS, órgão da secretaria executiva do Ministério da Saúde, que tem como atribuição a
responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre a saúde.
27
O peso relativo da população idosa no início da década representava (7,3%),
enquanto, em 2000, essa proporção atingia (8,6%). Em 1980, havia cerca de 16
idosos para cada 100 crianças; em 2000, essa relação praticamente dobrou,
passando para quase 30 idosos por 100 crianças, portanto a longevidade vem
contribuindo progressivamente para o aumento de idosos na população (IBGE,
2000). Um exemplo é o grupo das pessoas de 75 anos ou mais de idade que teve o
maior crescimento relativo (49,3%) nos últimos dez anos, em relação ao total da
população idosa.
Moragas (1997, p.21) cita também que a proporção de pessoas idosas em relação
ao total da população é a que mais aumenta, superando os níveis em qualquer
época da história, e justifica o fato ocorrido considerando as melhorias no nível de
vida e a redução da taxa de natalidade.
28
O envelhecimento populacional no Brasil tem como fatores salientados pelos
estudiosos a redução da taxa de fecundidade decorrente da inserção da mulher no
mercado de trabalho; o uso de contraceptivos; a passagem da sociedade rural para
urbana; também a redução da taxa de mortalidade, verificado pelo acesso das
pessoas ao sistema de saúde; condições de saneamento básico; investimento em
tecnologia; avanço da medicina e medidas preventivas, como utilização de vacinas e
medicamentos como antibióticos; políticas de saúde que contribuíram para o
aumento da expectativa de vida (BERZINS, 2003, p.29; CAMARANO, 2004, p.28).
Esses fatores contribuíram para que a pirâmide etária de base larga e a forma
triangular - características de regimes demográficos de altas taxas de fecundidade e
de mortalidade, mudasse para uma forma mais arredondada, de base reduzida,
característica de regimes de grande redução na fecundidade (Berquó, 1999, p.13).
Gráfico: 1
Fonte: Atlas geográfico do Brasil - Editora Melhoramentos Ltda. - Direitos para a internet reservados
ao UOL 12.11.2006
Berzins (2003) relata que os fatores que contribuem para maior longevidade da
população feminina são vários: a proteção hormonal do estrógeno, e possuem
diferenças em relação ao homem, como a sua inserção diferente no mercado de
trabalho, o consumo de tabaco e álcool, a postura em relação à saúde/doença e a
relação com serviço/saúde.
Camarano (2002) afirma que as famílias brasileiras nas quais existem idosos estão
em melhores condições econômicas do que as demais famílias. Os rendimentos dos
idosos brasileiros se situam num patamar mais elevado do que o da população
jovem, e possuem casa própria. Isso se deve, em grande medida, aos tipos de
arranjos internos e etapas de ciclo familiar que estabelecem diferentes relações de
dependência econômica entre os membros das famílias, bem como à
30
universalização dos benefícios da seguridade social (Beneficio de Prestação
Continuada - BPC e Renda Mensal Vitalícia).
Com Veras (1999, p.45), no entanto, verificamos que não é uma situação mais
vantajosa, visto que ao final na sua aposentadoria a situação do idoso é pior, porque
os seus ganhos durante o período produtivo ficam reduzidos. Portanto, isso não
significa que o idoso esteja em condições ideais, e sim que o resto da população
está empobrecida.
Embora velhice não possa ser considerada sinônimo de doença, à medida que se
vai envelhecendo, aparecem as doenças crônicas, como hipertensão arterial,
diabetes, parkinson, alzheimer, entre outras. Essas doenças podem desencadear
limitações funcionais, onde o idoso pode adquirir maior dependência total e parcial,
conforme o seu estilo de vida, reduzindo sua capacidade de adaptar-se ao meio
social e familiar, propiciando estresse causado por essas doenças ou limitações
funcionais. Com este processo de envelhecimento, as funções corporais vão
sofrendo alterações, comprometendo sua capacidade funcional e o seu desempenho
nas atividades básicas e diárias, onde muitas vezes os idosos não aceitam viver
com algumas incapacidades.
31
sociais e emocionais. Margret Baltes (1996) apud Torres et al. (2004), discorre
que a dependência na velhice tem caráter multidimensional, entende-se que a
dependência assume diferentes momentos do ciclo vital, e na velhice é visto
como evento negativo e estressante. O que perpassa a dependência na velhice
são causas múltiplas que atuam em conjunto, influenciadas pelo estado
biológico, condições ecológicas, sociais, culturais, econômicas e psicológicas
(TORRES et al. 2004, p. 86).
A dependência física e cognitiva dos idosos propõe forte carga de exigência para os
familiares que respondem pelo cuidado. A avaliação que os cuidadores familiares
fazem do cuidado como algo oneroso não depende apenas do grau de incapacidade
do idoso, mas também do tipo de doença, de seu grau de cronocidade, do seu
prognóstico, da idade do idoso e de seus cuidadores, do grau de parentesco que há
entre os cuidadores e o idoso, das relações familiares atuais e dos
comprometimentos financeiros e instrumentais acarretados pela incapacidade do
idoso (NÉRI & SOMMERHALDER, 2002 apud TORRES et al. 2004, p. 89).
Papaléo Netto (1996) apud Torres et al. (2004) utiliza autores como Orem e Sullivan
(1979) que identificam quatro níveis de dependência para o auto cuidado e
relacionam-se às necessidades de intervenção. São eles:
33
seio das famílias nucleares, especialmente aquele idoso que é acometido
de doença grave ou incapacidade (ASSIS, 2004, p.15).
De acordo com estudos muitas famílias não estão preparadas para cuidar de seus
idosos dependentes, que exigem, tempo e dedicação, porque o tempo que era
dedicado ao lazer e aos amigos agora é dedicado ao cuidado do idoso. Sendo
34
assim, essa redução de atividade e isolamento social, promovida pelos cuidados
com o idoso dependente colabora para o estresse mental, físico e financeiro em
seus cuidadores, podendo levá-los à depressão, raiva e torná-los violentos,
contribuindo com a negligência no cuidar e maus tratos nas relações intrafamiliares.
Sendo a família uma instituição fundamental para a vida das diferentes sociedades,
temos que o fenômeno do envelhecimento e da velhice humana perpassa por
momentos históricos e conflitos de geração da mesma. E é dentro da família que o
indivíduo desenvolve as relações e passa a ser conhecido pelos apelidos familiares
e por qualidades e defeitos, sem precisar de máscaras, logo, não há necessidade de
esconder sua verdadeira personalidade.
Nos dias atuais, a família deixa de ser monoparental e incorpora um novo modelo no
qual familiares se ajuntam, morando todos na mesma casa, principalmente com os
idosos. No entanto, com a adesão deste novo membro, faz-se necessário uma
estruturação familiar que dê conta de todas as necessidades básicas do idoso.
Portanto, tal instituição tem função importante no que diz respeito à vida de um
indivíduo, principalmente na vida de um idoso que faz parte do grupo familiar, tendo
tantas especificações e limitações oriundas da nova fase: a velhice. Diante desse
cenário, quando a família não dá conta de cuidar dos idosos, temos que os papéis
de cuidadores passam a ser direcionado, a instituições públicas e/ou privadas os
quais muitas vezes, também não dão conta de suas demandas enquanto sujeito de
direitos. Quase todos os serviços educativos, sanitários, de segurança social e
assistencial que hoje o Estado assume, com maior ou menor êxito, foram em alguma
época executados pela família e atualmente nas sociedades avançadas modernas,
um grande número de instituições, tanto privadas como governamentais, substitui a
família nessas funções “históricas” (PAPALÉO, 2005 p. 93).
35
de arcar e dar atenção aos idosos e suas necessidades particulares, não por
vontade própria, mas sim de acordo com as novas configurações, que os impedem
de realizar ações integradoras e que são de direito dos mesmos.
A história e a sociologia darão uma idéia das incertezas que cercam a apreensão da
violência, uma vez que a violência contemporânea muda de fisionomia e de escala
porque é o produto de sociedades nas quais também mudaram a administração de
todos os aspectos da vida social, a tecnologia e os meios de comunicação de
massa, a mídia (MICHAUD, 1989).
Minayo (1999) cita que a violência contra os idosos não ocorre só no Brasil: faz parte
da violência social em geral e constitui um fenômeno universal. Em muitas
sociedades, diversas expressões dessa violência, freqüentemente, são tratadas
como uma forma de agir “normal” e “naturalizada”, ficando ocultas nos usos, nos
costumes e nas relações entre as pessoas. Tanto no Brasil como no mundo, a
violência contra os mais velhos se expressa nas formas de relações entre os ricos e
36
os pobres, entre os gêneros, as raças e os grupos de idade nas várias esferas de
poder político, institucional e familiar.
• Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física são expressões que se
referem ao uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que
não desejam, para feri-los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte.
• Abuso sexual, violência sexual são termos que se referem ao ato ou jogo
sexual de caráter homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas.
Esses abusos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas
por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
37
• Abuso financeiro e econômico consiste na exploração imprópria ou ilegal
dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos
financeiros e patrimoniais. Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no
âmbito familiar.
38
Geralmente, a violência intrafamiliar que envolve o idoso fragilizado e dependente é
conseqüência das perdas funcionais físicas, da aposentadoria, do acometimento de
múltiplas doenças crônico-degenerativas, onde determinam a perda de papéis
sociais do idoso (SOUZA, 2004).
Em algumas situações, os maus tratos ocorrem pelo fato dos idosos possuírem
casas próprias, favorecendo que os filhos e netos morem com eles, expondo-os a
conflitos de gerações. Existem casos de familiares que voltam ao convívio dos
idosos por falta de recursos financeiros e econômicos para a sua sobrevivência, e
acabam apropriando-se de seus bens e ameaçando-os de expulsão de suas
próprias casas, utilizando de violência física ou ameaças.
Zimerman (2000) apud Grossi e Souza chama atenção para o fato de que os idosos
brasileiros necessitam de maior atenção e respeito às suas características
particulares, como por exemplo, a internação de maior duração e a reserva de leitos
para os idosos doentes.
39
2.3 FATORES DE RISCOS
Caldas (2004, p.159) cita que a idade avançada propicia fragilidade, que é expressa
por solidão, presença de múltiplas doenças, vulnerabilidades a efeitos de
tratamentos, vulnerabilidade a doenças, problemas funcionais, quedas dentre outros.
- idosas mulheres;
- cuidadoras mulheres;
- convivência intergeracional;
- isolamento social;
40
- dependências mútuas cuidador / idoso.
CAPÍTULO II
Estabelece que no caso do condenado com mais de 60 anos, o trabalho que lhe for
atribuído na prisão deve ser compatível com a idade (Lei n º 7.210/84- art. 32 § 2º).
Na execução da pena, o sentenciado maior de 70 anos pode ser beneficiado com a
prisão domiciliar (Lei n º 7.210/84 - art. 117 - inciso I).
Na esfera de ação penal são circunstâncias que atenuam a pena: “I – ser o agente
menor de 21 anos, na data do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença art.65
inciso I do Código Penal”.
Ainda, nessa mesma área está contemplado como requisito da suspensão da pena
“... não superior a 4 (quatro) anos, poderá ser suspensa, por 4 (quatro) a 6 (seis)
anos, desde que o condenado seja maior de 70 (setenta) anos de idade art.77 inciso
III - § 2º do Código Penal.
Com relação à redução dos prazos de prescrição, o Código Penal preceitua: “são
reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do
crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70
(setenta) anos. Artigo 115 do Código Penal, redação dada pela Lei (nº 7.209/84).
41
3.3.CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
O Artigo 7º cita que “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social”, faz menção nos incisos XXIV à
aposentadoria; e no inciso XXX a proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; no
Art. 8º estabelece no inciso VII cita que “o aposentado filiado tem direito a votar e
ser votado nas organizações sindicais”; entendemos que pela constituição os
aposentados representam a categoria de idoso.
II - facultativos para:
a) os analfabetos
42
O Título III trata Da Organização do Estado e o Capítulo VII trata Da Administração
Pública, onde no Artigo 40 cita a pessoa idosa quando diz que: “Aos servidores
titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de
previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo”.
Lê-se no: § 1º “Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata
este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores
fixados na forma dos parágrafos (§§) 3º e 17.
No Artigo 193 estabelece que “A ordem social tem como base o primado do
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.
43
Na Seção II, que trata da Saúde, no Artigo 196, encontramos que “A saúde é direito
de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos
proventos do mês de dezembro de cada ano.
44
Na Seção IV Da Assistência Social o Artigo 203 cita que “A assistência social será
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
social, e tem por objetivos:
Artigo 226 menciona que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado. A responsabilidade do Estado para com o idoso e com a família encontra-se
no oitavo parágrafo:
O Artigo 230 registra que “A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar
as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”.
45
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em
seus lares.
A Constituição Federal reúne vários direitos e garantias aos idosos, no entanto eles
necessitam de regulamentação para a sua implementação como ocorrido com o § 2º
do Artigo 230, que menciona o transporte urbano gratuito aos maiores de 65 anos,
que foi incluído no Artigo 40 do Estatuto do Idoso de 2003 como direito ao transporte
interestadual gratuito. Todavia, depois de várias liminares das empresas de
transportes que negavam esse direito, o presidente da República assinou o Decreto
nº 5.934 (em anexo) de 18/10/2006, regulamentando o artigo. O decreto considera
idoso, pessoa com igual ou maiores de 60 anos.
46
“promover e defender os direitos da pessoa Idosa” (alínea a).
“zelar pela aplicação das normas sobre o Idoso, determinando ações para evitar
abusos e lesões a seus direitos‘’ art. 10 inciso VI - alínea b.
47
3.6.CÓDIGO DO PROCESSO CIVIL (CPC/ 01) - LEI N º 10.173/01
Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
48
O Capítulo VI trata DOS ALIMENTOS e nele encontramos que qualquer dos
cônjuges, ou seja, inclusive o marido, poderá pedir alimentos ao outro.
Artigo 1.694, estabelece que “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível
com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação”.
Artigo 1695, “São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento”.
Lei de 1º de outubro de 2003, foi elaborada para fortalecer e implementar uma lei já
existente, que é a Política Nacional do Idoso (PNI, 1994). Nela ficam instituídos os
direitos assegurados à pessoa idosa com igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
Na justificativa do Projeto do SOS 3ª Idade - SOS Idoso verifica-se que ele atende a
uma necessidade especificada no Estatuto do Idoso onde no Artigo 4º estabelece
que:
49
No Artigo 46 verifica-se que: “A política de atendimento ao idoso far-se-á por meio
do conjunto articulado de ações governamentais da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios”, e determina linhas de ação da política como serviços
especiais de prevenção e atendimento às vítimas de negligência, maus tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão.
No 3º Artigo é determinante quando cita que toda a sociedade civil, como o Estado e
família, têm responsabilidades quanto à qualidade de vida e conseqüentemente com
a saúde dos idosos, mas para tal faz-se necessário que cada cidadão contribua para
que durante o processo de envelhecimento o idoso encontre esta qualidade de vida
e este conjunto de direitos, conforme o artigo citado.
50
I – cadastramento da população idosa em base territorial;
51
citado acima, mas achamos conveniente pautar as competências referentes à esfera
municipal, visto que o foco da nossa pesquisa são as denúncias atendidas no SOS
Idoso do município de Serra.
52
No entanto, com o objetivo de “reorganizar a prática assistencial, em 1994 é
elaborado pelo Ministério da Saúde o Programa de Saúde da Família (PSF),
imprimindo nova dinâmica nos serviços de saúde e estabelecendo uma relação de
vínculo com a comunidade, humanizando esta prática direcionada à vigilância na
saúde, na perspectiva da intersetorialidade (Brasil, 1994), denominando-se não mais
programa e sim Estratégia Saúde da Família (ESF)” (MS, 2006).
53
Encontramos também que a “vigência do Estatuto do Idoso e seu uso como
instrumento para a conquista de direitos dos idosos, a ampliação da Estratégia
Saúde da Família que revela a presença de idosos e famílias frágeis e em situação
de grande vulnerabilidade social e a inserção ainda incipiente das Redes Estaduais
de Assistência à Saúde do Idoso tornaram imperiosa a readequação da Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI)” (MS, 2006).
Considerando:
a) o contínuo e intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro;
b) os inegáveis avanços políticos e técnicos no campo da gestão da saúde;
c) o conhecimento atual da Ciência;
d) o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de
autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica;
e) a necessidade de buscar a qualidade da atenção aos indivíduos idosos por meio
de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde;
2
Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá ser executada com foco em
resultados e com a explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o
alcance desses resultados.
54
f) o compromisso brasileiro com a Assembléia Mundial para o Envelhecimento de
2002, cujo Plano de Madri fundamenta-se em: (a) participação ativa dos idosos na
sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e
bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; e (c) criação de um
entorno propício e favorável ao envelhecimento; e
g) escassez de recursos socioeducativos e de saúde direcionados ao atendimento
ao idoso;
Em síntese, a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI, 2006) tem como meta
uma atenção à saúde adequada e digna para os idosos e idosas brasileiras,
principalmente para aquela parcela da população idosa que teve, por uma série de
razões, um processo de envelhecimento marcado por doenças e agravos que
impõem sérias limitações ao seu bem-estar. A partir deste princípio, suscita em nós
assistentes sociais uma participação ampla na discussão e na implementação de
medidas que façam valer os direitos dos idosos.
55
CAPÍTULO III
O Instituto Jones dos Santos Neves contextualiza a história da cidade de Serra. Ele
apresenta que a aldeia de Conceição, como era conhecida, o município, foi fundada
em 1556 pelo padre jesuíta Bráz Lourenço, e pertencia a freguesia de Conceição de
Nossa Senhora da Vitória, sendo desmembrada em 1769 por uma Lei provincial nº
6, de 6 de novembro de 1875, concedendo-lhe foros de cidade. No entanto, pelo
Decreto nº 53, de 11 de novembro de 1890, regula a criação do município de Serra-
Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN 2006).
56
desenvolvimento deste estudo não obtivemos dados mais recentes quanto a esta
população.
População residente, por situação do domicílio e sexo, segundo os Distritos (1) e (2)
de Serra.
Quadro: 1
Situação domicílio
Total Total
Espírito
3.097.232 1.534.806 1.562.426 2.463.049 1.199.740 1.263.309 634.183 335.066 299.117
Santo
Serra (2) 330.874 163.051 167.823 329.314 162.217 167.097 1.560 834 726
Distritos (1)
Calogi 1.245 658 587 366 189 177 879 469 410
Nova
33.671 16.787 16.884 33.504 16.695 16.809 167 92 75
Almeida
Serra 93.135 45.987 47.148 92.808 45.812 46.996 327 175 152
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000. Elaboração: PMS/SEPLAE/DAE/DIG. (1) Refere-se à classificação dos distritos
segundo o IBGE. Obs.: Os dados são de 01 de agosto de 2000 – data de referência do Censo Demográfico 2000 do IBGE. (2)
Inclui-se os bairros Hélio Ferraz, Conjunto Carapina I e Bairro de Fátima, os quais o IBGE, conforme lei estadual, considera
como sendo pertencentes ao município de Vitória. Assim, os totais divulgados pelo IBGE se referindo ao município de Serra
tem uma diferença de 9.693 pessoas, sendo 4.593 homens e 5.100 mulheres a menos, ou seja, os totais de Serra segundo o
IBGE são 321.181 habitantes, sendo 158.458 homens e 162.723 mulheres. Ressalta-se que os dados destes bairros são
preliminares mas eles não alteram a população rural. Prefeitura Municipal de Serra - Secretaria de Planejamento Estratégico.
57
A população serrana cresceu de forma significativa nas últimas três décadas, e de
acordo com o Censo 2000 as principais tendências para o município até 2020 é um
crescimento mais acelerado que os demais municípios da Região Metropolitana da
Grande Vitória.
3
A ECO 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no
Rio de Janeiro, em 1992, recomendou aos países membros a elaboração de suas Agendas 21
nacional, estadual e local. As Agendas 21 passaram a adotar o planejamento estratégico com visão e
gestão estratégica favorecendo as cidades e devido às suas complexas estruturas e à necessidade
de tornar o desenvolvimento como técnica de previsão do seu futuro e de mobilização da sociedade
para conquistar um desenvolvimento mais harmonioso e melhores condições de vida (SERRA, 2006).
4
A Região Metropolitana da Grande Vitória engloba sete municípios: Cariacica, Fundão, Guarapari,
Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. Quase 50% dos três milhões de habitantes do estado estão na
Grande Vitória, numa área que representa apenas 5% do território capixaba (IJSN, 2006).
58
absoluta, se comparada com outros municípios da região metropolitana, como
Cariacica.
59
A responsabilidade social é praticada pelo gestor, o atual Prefeito Audifax Charles
Barcellos, e de sua equipe de trabalho, representada pelos secretários, diretores,
equipe técnica e não técnica, pela própria comunidade, e também com parcerias
firmadas do setor privado.
Projeto Conviver
60
estagiária de serviço social), aprimorando as potencialidades físicas, intelectuais,
criativas e sociais, promovendo a autonomia, integração e a participação efetiva do
idoso na sociedade. As reuniões acontecem semanalmente em espaços cedidos
pela comunidade (SERRA, 2006).
Projeto Yoga
61
Tel fax: 3251-6986.
62
1.545 orientações sobre assuntos referentes ao Estatuto do Idoso, instituições de
longa permanência, benefício de prestação continuada (BPC), localização dos
grupos de convivência e yoga, locais de atendimento jurídico, dentre outros.
Atende-se ainda a demanda de idosos sem renda5, que solicitam declaração para
requerer transporte interestadual gratuito.
As atividades técnicas são realizadas por meio de visitas domiciliares; reuniões com
familiares dos idosos; com técnicos de outras secretarias ou órgãos como o
Ministério Público; relatório mensal para o conselho municipal dos idosos; estatística
mensal; relatório social; parecer técnico.
63
podem ser considerados positivos. Quanto ao monitoramento, é contínuo, através
das discussões com os profissionais envolvidos nos atendimentos dos idosos do
Projeto.
Para melhor compreensão sobre dinâmica dos atendimentos do SOS 3ª Idade - SOS
Idoso descrevemos os objetivos propostos no documento do projeto a seguir.
Objetivos Específicos:
64
receber denúncias de discriminação, negligência e maus tratos contra o
idoso, e realizar os devidos encaminhamentos;
orientar sobre direitos e deveres do idoso, de acordo com a lei 8.842/94 (PNI)
e o Estatuto do Idoso / lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003;
Grupos de convivência;
Atendimento jurídico;
Agenda cultural;
População Atendida
A família também se configura como usuário na medida em que busca auxílio para
mediação de problemas, orientações diversas. Predomina a figura de mulheres que
realizam as denúncias e buscam esse auxílio.
65
problema de saúde, ficando debilitados e dependentes de acompanhantes. A
debilidade é proveniente de doenças oriundas do processo biológico da velhice,
como problemas de hipertensão, coração, diabetes, AVC, transtorno mental, entre
outros.
Os motivos das denúncias atendidas no SOS Idoso em 2006 não são homogêneos e
num atendimento podem conter várias formas de maus tratos e violências, para
melhor visualização, os motivos são relatados abaixo em forma de texto *.
Podemos verificar que são vários os tipos de maus tratos relatados pelos
denunciantes num mesmo caso, dificultando uma categorização, pois os tipos são
imbricados uns com os outros.
Expomos os seguintes achados na análise dos registros:
o em seis denúncias que os idosos são negligenciados pelos filhos, diretamente
e também relacionam maus tratos pela família;
o em quatro casos, o filho recebe a pensão e não repassa o dinheiro para os
idosos;
o seis registros de abandono de idosos pelos filhos/ou familiares;
o em quatro casos, o filho separou-se e foi morar com a mãe, um dos filhos
ainda levou três filhos com ele, e ainda agridem verbalmente e exploram as
idosas, mas não informam de que forma elas são exploradas;
o três registros de uso indevido do cartão do idoso, mas não identifica quem
faz o uso indevido;
o três casos nos quais os filhos são alcoolistas e agridem fisicamente a idosa,
num desses casos o filho que separou da esposa e foi morar com a mãe e
com o irmão e agride fisicamente a ambos, em outro caso o denunciante
66
relaciona que o filho é usuário de drogas (ilícitas) e alcoolista e que a
agressão por parte do filho é porque sua mãe nega a dar o seu dinheiro a
ele;
o dois registros em que os irmãos denunciam que o filho com o qual reside a
idosa não a deixa receber visitas dos seus filhos e nem deixa os irmãos
fazerem melhorias na casa dela;
o dois registros de que a idosa sofre maus tratos e agressões pela filha e neta,
mas os maus tratos não são tipificados;
o em dois casos onde os filhos agridem fisicamente as idosas e retêm o cartão
das mesmas;
o dois idosos são agredidos pelas esposas;
o dois casos em que os filhos drogados agridem as mães idosas e agridem os
padrastos;
o dois registros de netas que agridem psicologicamente as idosas;
o uma denúncia onde o filho adotivo do idoso o agride fisicamente, rouba os
objetos da casa para trocar por drogas, a casa está ficando destruída porque
ele quebra tudo;
o uma denúncia onde o esposo da idosa mantém relação sexual com a
cunhada na frente da esposa acamada;
o um caso em que a irmã denuncia 11 irmãos que negligenciam a sua mãe
idosa;
o um caso onde a filha faz o namorado bater no pai idoso;
o um caso onde a filha alega que não tem saúde para cuidar da mãe, porque a
idosa é impulsiva, não obedece ninguém e só quer ficar na rua;
o um filho pede auxílio, pois o irmão é alcoolista, sustentado pela mãe, e teme
que ele possa vir a fazer algum mal à mãe;
o o serviço social do hospital Dório Silva denúncia que a idosa é negligenciada
pela família, outra denuncia do mesmo hospital citando que um idoso
encontra-se abandonado no mesmo;
o um registro onde o irmão alega que a irmã está retendo documentos da mãe;
o um caso em que a idosa alega que a filha vai abandoná-la para morar com a
companheira e com isso ficará sozinha;
o um registro onde cita que um casal tem um filho único e que é seu cuidador, e
os idosos estão sem atendimento médico e têm dificuldades de locomoção;
67
o um registro relatando de que o idoso cuida sozinho da esposa idosa que está
acamada depois que sofreu AVC;
o uma denúncia de filho que mandou a mãe embora da própria casa e ainda
maltratava a idosa;
o um registro de denúncia feito pela própria idosa, relatando que seu filho a
agride fisicamente, a ameaça de morte e xinga de todas formas;
o um caso em que o idoso sente-se ameaçado de ser colocado num asilo
pelos seus familiares;
o um registro de agressão física sem especificação no prontuário;
o um registro onde a esposa pede ajuda para o esposo idoso e para o filho,
que são alcoolistas e vivem na rua;
o uma denúncia de idosa e filho doente mental que sofrem maus tratos
psicológicos;
o um caso em que a própria idosa alega que é agredida psicologicamente pelo
seu filho;
o outro caso de filho que solicita visita à casa de seus pais (idosos) para
verificar se ocorrem maus tratos e abandono, mas não é informado por parte
de quem;
o um caso em que o filho alega que a mãe é explorada pelos irmãos
financeiramente;
o um caso de denúncia onde o neto é acusado de ter violentado sexualmente
avó;
o denúncia de maus tratos, mas sem a tipificação;
o um caso em que o idoso alega que filho é alcoolista e o ameaçou por várias
vezes de morte;
o um caso em que os netos fizeram a casa da idosa de ponto de drogas,
tirando-a da moradia;
o a tia denuncia o filho da idosa por não deixar a mãe tomar remédios
controlados devido à religião e com isso ela tem tido crises nervosas
constantes;
o dois casos em que as filhas cuidam sozinhas das mães idosas. Uma das
idosas é acamada e a filha alega não poder trabalhar, porque os irmãos não
querem ajudar a cuidar da mãe e não dão nenhuma assistência, e a outra tem
68
mal de alzheimer e a filha também sente que os irmãos abandonaram a mãe
e não manifestam nenhuma responsabilidade;
o um caso em que a idosa relata que filho é alcoolista, ela não consegue dormir
e não agüenta mais o filho em casa sem tomar banho há mais de um mês;
o vizinha denuncia que a idosa sofre maus tratos por parte da sobrinha que
mora em Viana e fica com o cartão da idosa;
o o idoso negligencia a saúde, ele gasta todo o seu salário e filhos não sabem
com que gasta;
o um caso onde a idosa sofre maus tratos por parte da sua filha, que faz uso de
drogas e ameaça com canivete;
o uma denúncia de um idoso relatando que a idosa sofreu AVC há 7 anos, vive
na cadeira de rodas, a esposa e ele ficam com fome, chegam há ficar 15 dias
sem tomar banho, a família é negligente com eles;
o filhos de vizinhos, mandados pelos pais, jogam bombinhas no quintal para
incomodar casal de idosos e filho doente;
o sobrinho faz pressão psicológica para idosa vender uma casa para se
beneficiar;
o a idosa quer internar o filho que possui transtorno mental, pois não tem
condições de cuidar dele sozinha;
o dois casos denunciando que idosa sofre maus tratos praticados pelos seus
netos;
o o idoso sofreu 5 derrames e está sozinho em casa;
o suspeita-se que a idosa sofra maus tratos pelo genro;
o idosa alega que vizinho está desrespeitando a sua privacidade, quebrando a
lei do silêncio, todas as noites ele faz barulhos para provocá-la;
o idosos estão abandonados e convivem com um doente mental, sua residência
está infestada de ratos;
o inquilino da idosa está dando muitos problemas, ele a agride
psicologicamente e não paga aluguel há meses;
o filha pede ajuda dos irmãos para pagar o plano de saúde dos pais, pois
devido a dificuldades financeiras parou de pagar;
o filha alega que seu pai sofreu um derrame, mora com ela mas não ajuda. Ele
pega o seu dinheiro e doa tudo na igreja;
o filha pede ajuda, pois idosa está descontrolada e agressiva e bebe demais;
69
o filho colocou o idoso no abrigo para ficar com o restante de seu dinheiro, a
sobrinha queixa-se que ele encontra-se muito fraco e precisa ser
hospitalizado;
o o idoso é alcoolista e agride psicologicamente a idosa;
o suspeitas de que o idoso esteja sendo agredido fisicamente pelos filhos e
netos.
Observa-se que os idosos também reproduzem os maus tratos, nos registros consta
que uma filha alega não ter condições de continuar cuidando da mãe, porque sofre
maus tratos por parte da idosa.
Os casos apresentados estão de acordo com a forma escrita e registrada nos
prontuários de denúncias, alguns casos precisaram ser reescritos para melhor
compreensão dos dados.
70
Bairros com incidências de denúncias:
Tabela: 1
Bairros Quantidades %
Jacaraípe 07 17
Nova Carapina 06 15
José de Anchieta 05 15
Feu Rosa 05 15
NV Almeida 03 04
São Marcos 03 04
Planalto Serrano 03 04
Vila Nova Colares 03 04
Não informado 03 04
Cascata 02 02
El Dourado 02 02
Bairro de Fátima 02 02
Serra Dourada III 02 02
Jardim Carapina 02 02
Serra Dourada II 02 02
Nova Zelândia 01 01
Laranjeiras Velha 01 01
Eurico Salles 01 01
Porto Canoa 01 01
Novo Horizonte 01 01
São Judas Tadeu 01 01
Divinópolis 01 01
Bicanga 01 01
P.Res.Laranjeiras 01 01
Jardim Limoeiro 01 01
Jardim Tropical 01 01
São Domingos 01 01
Colina da Serra 01 01
Carapina 01 01
Total 76 100
71
Conforme a tabela acima, os três bairros de maior expressão de índices de
denúncias de maus tratos e de atendimentos do SOS Idoso são: Jacaraipe, com
sete casos, Nova Carapina, com seis e Jose de Anchieta, com cinco casos
denunciados consecutivamente.
Gráfico: 2
Observou-se que a maioria das denúncias é anônima com trinta e seis casos,
seguidas de dez casos denunciados pelas filhas, cinco casos são os filhos que
denunciam, quatro casos as denúncias foram realizadas por vizinhos. Outras
denúncias variam em dois casos cada: irmã, hospital, esposa, pró-vida, ministério
público, pronto socorro da Serra. Existem ainda casos de denúncias advindas do
conselho tutelar, pelo próprio, sobrinha, nora e do plantão social do DAS-SEPROM.
72
Tipos de Maus Tratos denunciados no SOS Idoso em 2006
Gráfico: 3
Os maus tratos mais evidentes são os psicológicos, com trinta e seis casos (40%),
seguidos de negligência e abandono, com catorze casos (16%), financeiro e físico,
com treze casos (14%) cada.
Gráfico: 4
Estado civil
35 32 Viúvo (a)
30 Casado
25
25 Não info rmado
Separado
20
Divo rciado
15
So lteiro
10
6 5 União estável
5 3 2 2 1 Desquitado
0
1
O gráfico 4 apresenta os dados do estado civil, que são: trinta e dois idosos viúvos,
vinte e cinco casados, seis não informaram, cinco são separados, três são
divorciados , dois são solteiros e dois têm união estável e um é desquitado.
73
Gráfico: 5
Religião
Evangélico
O gráfico 5 demonstra que (50%) dos idosos que sofrem maus tratos são
evangélicos que corresponde a trinta e oito idosos, (33%) são católicos, que significa
vinte e cinco idosos, (13%) não informaram a religião, que significa dez idosos,
outros (4%) são de denominações evangélicas como a Luterana e Adventistas do 7º
dia, que assim se definiram.
Gráfico: 6
Emprego da renda
Sustento da f amília
7; 9%
17; 22% 26; 35%
Sustento próprio
Auxílio à f amília
Nota-se que (35%) dos idosos, que corresponde a vinte e seis idosos têm a renda
empregada no sustento da família, (34%) representa vinte e seis idosos a renda é
para o seu próprio sustento, (22%), que corresponde a dezessete idosos, a renda
auxilia a família e (9%), que corresponde a sete idosos, não informaram como usam
a renda.
74
Gráfico: 7
9% 3%
Com f amiliares
11%
Só
Não informado
Gráficos: 8
Principais doenças
30
Depressão e
25 ansiedade,
osteoporose,AVC 5
20 Brônquite,
15 reumatismo, artrose
4
10 Neurológicos,
f ratura de f êmur,
5 coração 3
problema renal e
0
insuf iciência
AVC
Problema
Fratura fêmur
Pressão alta
Depressão e
Reumatismo
crônica 2
Outros 1 doença
cada
75
Gráfico: 9
Sim
13; 17%
34; 45% Não
O gráfico 9 mostra que 45% dos trinta e quatro idosos recebem cuidados de alguém,
não tipificamos que é o cuidador; 38 %, que são vinte e nove idosos, não recebem
cuidados e 17% que são treze idosos não informaram se têm algum cuidador.
76
Quadro: 2*
Níveis de Autonomia dos Idosos atendidos no SOS Idoso : Casos em acompanhamento 2006
Ouve 60 0 06 06 0 0 66
Fala 60 02 03 0 0 0 65
Alimenta só 65 0 04 0 04 0 73
Banha só 53 10 03 0 10 0 70
Veste só 52 15 04 0 01 0 72
Caminha só 49 08 09 0 0 02 68
Quadro 2 - Níveis de Autonomia dos Idosos atendidos no SOS Idoso 2006/Estatística SOS Idoso -
DAS - SEPROM. PMS, 2006.
77
Gráfico: 10
Sexo
36; 32%
Masculino
77; 68%
Feminino
Observa-se que setenta e sete idosos são mulheres, que representam 68% dos
atendidos e trinta e seis são homens, que correspondem a 32% dos usuários.
Gráfico: 11
Os dados que apresentam nos atendimentos em 2006 são de que 40% dos idosos
têm de três a quatro filhos, em segundo lugar os dados são semelhantes, visto que
27 % que correspondem a trinta e um idosos, respectivamente têm de um a dois
filhos e de cinco ou mais filhos, ainda sete idosos não possuem nenhum filho.
78
Gráfico: 12
Renda do idoso
8 Não tem
renda
87idosos= 1
salário mínimo
4% 7%
7% 4% 8 idosos= 1 a 2
salários
5 idosos= 2 a 3
salários
5 idosos + de 3
salários
78%
Gráfico: 13
Origem da renda
52
Aposentadoria
17% 9 Outros
46%
33 Pensionistas
29% 19 BPC
8%
Dos casos acompanhados no que tange à origem da renda dos idosos, cinqüenta e
dois são aposentados correspondentes a 46%, trinta e três são pensionistas que
79
correspondem a 29%, dezenove idosos recebem BPC que correspondem a 17% e
nove idosos têm outros tipos de rendimentos que correspondem a 8%.
Gráfico: 14
Autonomia
27% 30 Idosos
Dependentes
83 Idosos
Independentes
73%
Das cento e treze visitas realizadas, observa-se que oitenta e três idosos que
correspondem a 73% são independentes e trinta idosos são dependentes. A
estatística não estabelece o grau de dependência ou tipos de dependências.
Gráfico: 15
Tipo de moradia
23%
77 Casa própria
10 Casa alugada
9% 26 Casa cedida
68%
80
seis idosos residem em casas cedidas e 9% que correspondem a dez idosos moram
em casas alugadas.
Gráfico: 16
Tipos de Abusos
50 psicológicos
20 físicos
11% 2%
20 negligências
14% 41%
17 abandonos
14 financeiros
16% 02 outros
16%
Dos cento e treze casos em acompanhamentos, nota-se que cinqüenta idosos que
correspondem a 41% são vítimas explícitas de abusos psicológicos, vinte idosos
sofrem abusos físicos e vinte sofrem negligências, que consecutivamente
corresponde a 16% cada, dezessete idosos sofrem abandono que correspondem a
14%, catorze idosos sofrem abusos financeiros que corresponde a 11% e ainda
outros dois idosos, que não são especificados os tipos de abusos, correspondem a
2% .
81
CAPÍTULO IV
Sujeito 3: Sra. Hestia – Deusa do fogo e da lareira, do lar: Idosa, 67 anos, sexo
feminino, cadeirante com fratura fêmur há 5 meses vítima de acidente doméstico.
Sujeito 4: Sra. Eres – Deus da guerra, inimigo da serena luz solar e da calmaria
atmosférica:Idosa cuidadora/agressora, 74 anos, companheira de união estável do
Sr. Dionísio.
Sujeito 5: Hefesto – Deus do fogo, nasceu coxo o qual foi lançado pela mãe do
alto do monte Olimpo: Agressor, 42 anos, sexo masculino, solteiro, reside com a
mãe (Hestia).
82
Sujeito 7: Hermes – fiel mensageiro de seu pai. Deus dos sonhos, jovem ágil e
vigoroso: Agressor/cuidador, 37 anos, sexo masculino, filho de Eres e o padrasto
Sr. Dionísio.
Após a exposição dos objetivos da pesquisa, que em todo momento foi deixado bem
claro que se tratava de uma pesquisa acadêmica sem vínculo com a prefeitura
municipal de Serra, e confirmada a participação dos mesmos, que aconteceu
através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido com timbre da
EMESCAM, demos início propriamente às entrevistas semi-estruturadas gravadas
em fitas magnéticas, nos dias e horários pré-determinados e para tal fizemos visitas
domiciliares em condução própria.
83
morar sozinho em uma casa alugada e localizada numa ladeira de difícil locomoção,
para ele, mas de fácil acesso de transporte rodoviário.
Ele mostrou vários álbuns de fotografias, onde guarda as fotos de seus familiares,
pessoas importantes na sociedade com as quais se relacionava antes da doença e
obras realizadas de lindas pinturas e painéis artísticos espalhados pelo Brasil.
A filha Selene, nome fictício havia acabado de chegar do trabalho. Ela trabalha das
23 h às 7 da manhã em um grande hipermercado de Vitória como repositora de
mercadorias e deu uma “passadinha” para deixar algumas coisas, como carne e pão
para o pai, e também conceder-nos a entrevista. Ela estava meio indisposta para
diálogo, mas respondeu às perguntas de forma clara e objetiva. Não é filha biológica
do idoso que foi morar com a sua mãe quando a mesma estava grávida de 2 meses.
Se sente filha biológica e não demonstrou interesse em conhecer o pai, fala que é
filha de “Tiquinho” de forma alegre e brincalhona.
A segunda entrevista durou três horas e 30 minutos, realizada com Hefesto, o filho
agressor, às 8 da manhã, único horário que poderíamos encontrá-lo sóbrio, fato dito
pela mãe, a Sra. Hestia, por ocasião do agendamento, uma vez que ele costuma
sair bem cedo pra beber ou então já dorme com a garrafinha de cachaça. O nome
fictício foi atribuído à personalidade agressiva e tempestuosa dele. O nome dela está
relacionado ao fogo e ao lar, percebe-se uma relação contraditória onde o amor e o
ódio estão juntos lado a lado.
A partir do momento da aceitação, ele mesmo admitiu que bebe muito e usa drogas.
Não havíamos começado a entrevista. Ainda, estávamos revisando a fita quando ele
foi até a estante da sala e pegou uma caixinha de madeira e apresentou-nos
“maconha”, perguntando-nos se conhecíamos e se não queríamos usar. A Mãe que
estava deitada numa cama na sala ficou escandalizada e começaram a discutir.
Quando falamos sobre denúncias, ele ficava muito agitado e por várias vezes pediu
para desligar o gravador. Durante a entrevista da Sra. Hestia quando ela
demonstrou interesse em pedir ajuda ao conselho tutelar para orientar a filha a
respeito da falta de cuidados com os netos e devido estarem sem estudar, Hefesto
exigiu que lhe entregasse a fita, pois não concordou com a mãe e demonstrou
preocupação com a sobrinha adolescente, que é diabética. Contornamos a situação
e prosseguimos.
A entrevista com a Sra. Hestia foi carregada de agressões verbais, a todo instante
imaginávamos que eles se agrediriam fisicamente. Hefesto em vários momentos
exigiu que a mãe jogasse claro e falasse a verdade. Quando perguntamos o que ele
queria dizer ela desconversou e disse que não sabia. Pensamos que ele desejava
que ela admitisse que também é alcoolista, fato que a idosa não admitiu em nenhum
85
momento. Nas perguntas mais delicadas esperamos que o filho saísse da sala para
fazê-las devido às interferências e cuidados pessoais para não indispor-nos com ele.
A entrevista com o Sr. Dionísio, idoso acamado, foi realizada em outro dia por
motivos técnicos com o gravador. Ela transcorreu naturalmente e acompanhada da
86
esposa Sra. Eres. Ele se comunica bem, mas percebemos que na primeira visita
quando realizamos a entrevista com a Sra. Eres e com Hermes, houve alteração no
seu comportamento. Sentimos que ele estava um pouco desorientado e angustiado,
o que posteriormente entendemos. A filha do Sr. Dionísio num sábado foi visitá-lo e
a Sra. Eres não aceitou a presença dela, porque chegou de “mãos vazias” e houve
discussão entre elas. No domingo seguinte, a irmã do idoso e uma amiga foram
visitá-lo e também não levaram nada para ele e ainda criticaram a Sra. Eres, então
ela correu atrás da cunhada pela avenida do bairro com um pedaço de pau. Essas
situações constrangem o idoso, que não tem como reagir e segundo ele, que é
muito pacato e sempre tudo está bom. Não concorda com os atos da esposa, mas
agradece a Deus por tê-la a seu lado. A Sra. Eres não admite que os familiares dele
quase não o visita e que ainda não dão nenhuma assistência financeira.
Diferentes formas de violência contra os idosos são apontadas por Minayo (2003)
apud Pereira et. al. (2006), como a estrutural (ocorre pela desigualdade social e
é naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação); a
interpessoal (se refere às interações e relações cotidianas) e a institucional (diz
respeito à aplicação ou à omissão na gestão das políticas sociais e pelas instituições
de assistência).
87
Algumas categorias e tipologias foram estabelecidas no Ministério da Saúde e no
Ministério da Justiça, e internacionalmente para designar as diferentes formas de
violências mais praticadas contra os idosos e confirmadas no Plano de Ação para o
Enfretamento da Violência Contra a Pessoa (SDH, 2005), já descritas no referencial
teórico e algumas foram ratificadas no nosso estudo como o abuso físico ou
violência física; abuso psicológico; abandono; negligência; abuso financeiro e
econômico. Nos dados coletados podemos observar que as violências encontradas
configuram-se como: verbal; negligência; abandono; psicológica; financeira; física e
discriminação.
Eu não agüento mais essa situação...uma hora eu vou ali pra beirada da
praia, eu vou enfiar naquele mar,...ele não tem paciência comigo, ele me
chama de tudo quanto é nome...sabe me ameaça de me jogar das
escadas, me chama de vagabunda, de prostituta, de tudo quanto é nome
(Sra. Hestia).
[...]Agora isso que meu filho fez comigo de vender essa casa foi a maior
sacanagem (ela chora). Ele foi vender a casa de porteira...casa com
piscina, com sauna, sabe, vendeu a casa de porteira fechada e me deixa
desse jeito aqui oh ( Sra. Hestia).
88
[...]eu passo sem dinheiro, já tem uns oito mês que eu to sem dinheiro, oito
ou mais...porque eu recebo pouco e dei pra ela só receber...o dinheiro
passa pra mão dela e não sei quanto ela recebe... quando eu trabalhava eu
recebia e sabia...a única coisa que eles fazem de errado é de me não
ajudar ( idoso falando dos filhos biológicos) ( Sr. Dionísio).
Gráfico 17
Tipos de violência
Tipos de violências
Psicológica 3
6% Verbal 3
12% 17%
Negligência 3
12% Abandono 3
Financeira 2
17% Discriminação 2
Física 1
18% 18%
89
5.2. PERFIL DO IDOSO, DO AGRESSOR/CUIDADOR E CUIDADOR/AGRESSOR
O idoso Sr. Apolo tem 66 anos, é viúvo, do sexo masculino, mora só em casa
alugada, tem a 4ª série escolar, é católico e utiliza-se de cadeira de rodas para
locomoção, uma vez que os membros inferiores foram amputados há dois anos,
vítima de má circulação sangüínea de causa desconhecida. Ele é pai de 7 filhos
oriundos de três relacionamentos, sendo que 5 destes até a realização da pesquisa
eram omitidos pelo idoso, uma vez que ele declarou ao SOS Idoso apenas duas
filhas do último relacionamento, e que a filha cuidadora/agressora não é biológica. A
sua renda é de R$ 380, 00, proveniente de BPC, é tabagista de alto consumo diário,
ex-alcoolista e agressivo. Portanto, observamos que o alcoolismo e a falta de
vínculos familiares e relações conflituosas do passado, e atualmente conflitos com o
esposo da filha e a deficiência física favorecem para o isolamento social.
90
O Sr. Dionísio é idoso, de 73 anos, do sexo masculino, tem união estável, é
evangélico, ele reside em casa própria, com a companheira e o enteado há 34 anos,
é acamado, vítima de acidente vascular cerebral (AVC) há 4 anos que deixou
seqüela física que dificulta os movimentos e de hérnia ignal escrotal, ele tem 6 filhos
de dois casamentos anteriores, os quais residem com as mães. A escolaridade é 1ª
série, e trabalhou como tratorista por 36 anos até a aposentadoria, tendo um salário
de R$ 380,00 oriundos da previdência social. Ex-alcoolista, ex-tabagista. Os fatores
de riscos observados são: laços familiares frouxos; alcoolismo tanto da parte do
idoso quanto do cuidador; droga ilícita do agressor/cuidador; a agressividade;
transtornos psíquicos e a idade avançada da esposa cuidadora; idoso acamado
devido à seqüela do AVC e da doença crônica, da hérnia ignal, que proporciona o
isolamento social do idoso e dos familiares cuidadores/agressores ou
agressores/cuidadores.
Dona Hestia é idosa, tem 67 anos, do sexo feminino, é viúva, é católica, mora com
filho solteiro em casa alugada. Encontra-se cadeirante com fratura de fêmur há 5
meses, vítima de acidente doméstico, tem 5 filhos, sendo que 4 destes não mantêm
contato. Estudou até a 7ª série, possui uma renda de R$1.555,00 de pensão do
falecido marido. Alcoolista não assumida. Identificamos, ao analisar o perfil da Sra.
Hestia, os seguintes fatores de riscos: os laços familiares conturbados que
pontuamos como frouxos; a idosa e o filho agressor fazem uso de bebidas
alcoólicas, o filho utiliza-se de drogas ilícitas como maconha, cocaína e crack, a
dependência física e de necessidades de cuidados de Sra. Hestia, dependência
financeira do agressor e a agressividade de ambas as partes.
91
O gráfico abaixo visualiza os resultados obtidos:
Gráfico:18
73 66
66 anos
67 anos
73 anos
67
As idades dos idosos pesquisados variaram entre sessenta e seis e setenta e três
anos.
Gráfico: 19
Masculino
1; 33%
Feminino
2; 67%
92
Gráfico: 20
33%
União estável 1
Viúvo 2
67%
Gráfico: 21
1ª série ens.
Fund.
1 1
4ª série ens.
Fund
7ª série ens.
Fund
1
93
Gráfico: 22
33%
Católica
Evangélica
67%
No caso da nossa pesquisa, os números obtidos foram que três idosos são
católicos, que representa (67%) e um idoso é evangélico que representa (37%), no
entanto esses dados não confirmam a estatística do SOS Idoso em 2006, quando os
idosos evangélicos representavam (50%), e os católicos (33%) e outras
denominações (17%), (ver gráfico 5).
Gráfico: 23
1 salário mínimo
33%
acima de 4
salários mín.
67%
94
Quanto à renda dos idosos participantes da pesquisa, observou-se que (67%), e que
representa dois idosos, têm renda de um (1) salário mínimo e apenas uma idosa
possui renda superior a quatro (4) salários mínimos, (33%).
Gráfico: 24
1 1 BPC
Aposentadoria
Pensão
Gráfico: 25
5 Filhos
6 Filhos
7 Filhos
95
Gráfico: 26
33%
Cadeirantes 2
Acamado
67%
Gráfico: 27
1; 17% Tabagista
2; 33% Ex-tabagista
Alcoolista
Ex-alcoolista
2; 33%
1; 17%
96
Gráfico: 28
1; 33%
Própria
Alugada
2; 67%
Dos três idosos pesquisados, apenas um tem casa própria (33%) os outros dois
moram de aluguel (67%).
Essas representações das autoras são ratificadas quando observados os perfis dos
agressores pesquisados, e descritos a seguir:
97
...eu tenho depressão, eu tenho pressão alta, tomo muito remédio...eu
tenho dores nas pernas, franquezas nas pernas, nos braços, eu tomo
remédio controlado...que eu não posso comprar que é proibido, meu filho
mais velho que compra é remédio forte ,e quando não vende remédio eu
grito, brigo, falo...eu não tenho mais perna pra andar, eu dependo... eu sou
dependente do calmante. O meu remédio é muito forte... Tunitrazepan
1mg... Enalapril pra pressão (Eres).
Gráfico: 29
23
74 74 anos
37
42 anos
37 anos
23 anos
42
98
Ao analisar o perfil do agressor /cuidador, verificamos que as idades variam de 23
anos a 74 anos, não sendo possível tirar média etária.
Gráfico: 30
Masculino 2
2; 50% 2; 50% Feminino 2
Gráfico: 31
1; 25% 1; 25%
Casado
Solteiro
União estável
2; 50%
O estado civil dos agressores/cuidadores ratificam os estudos, uma vez que (50%)
dos pesquisados são filhos homens e solteiros, os outros dois são mulheres, no
entanto uma é casada (25%) e outra em união estável (25%).
99
Gráfico: 32
1; 25% 1; 25%
Sete filhos
Um filho
Nenhum filho
2; 50%
Um agressor/cuidador possui sete filhos (25%); dois têm um filho (50%) e o terceiro
não tem nenhum filho (25%).
Gráfico: 33
25%
Própria
Mora c/ a mãe
50% Alugada
25%
100
Gráfico: 34
25%
1 Salário mínimo
1 Salário e meio
50% Menos de 1 salário
25%
Gráfico: 35
25% 25%
Pensão
Assalariado
Outros
50%
101
De acordo com o gráfico 35, dois agressores são assalariados (50%), um recebe
pensão (25%) e outro tem seus rendimentos provenientes do trabalho com sucatas
(25%).
Gráfico: 36
25%
Ens. Fund. Completo
25%
Gráfico: 37
17%
Álcool 2
33%
Maconha 2
Remédio controlado 1
17% Nenhuma 1
33%
102
A nossa pesquisa confirmou que quando o agressor/cuidador apresenta algum tipo
de dependência química, favorece o maltrato. O gráfico 37 acima responde nossas
inquietações quando observa-se que: (33%) dos agressores/cuidadores, que
correspondem a dois, são usuários de drogas, explicitamente a maconha, (33%) que
também representa dois pesquisados fazem uso contínuo de bebidas alcoólicas, um
agressor (7%) utiliza-se de remédios controlados e (17%), representa um
pesquisado, não tem nenhuma dependência.
De acordo com Assis (2004, p.16), a relação afetiva no âmbito familiar é um dos
principais fatores de equilíbrio e bem-estar dos que envelhecem.
103
Toda família vivencia conflitos internos que variam em intensidade, mas,
que resolvidos ajudam o crescimento individual e coletivo. Os conflitos,
quando trabalhados pelos membros familiares, podem ser uma alavanca
para o estabelecimento de melhores condições de vida conjunta
(PACHECO, 2004, p.350).
a minha mãe morreu era pequenininho, ela se matou, por isso que eu ando
sofrendo por esse mundo a fora...ela se matou, ciúme de meu pai... Então
ela...entrou pro banheiro botou álcool, tacou álcool no corpo, despejou e
tacou fogo e correu pra me pegar me levar, meu pai não deixou...assim
meus parentes contaram ...ele agarrou com um cobertor assim encharcado
de água e abraçou ela e me afastou pra não me levar, sendo que minha
irmã foi, minha irmã não teve jeito, morreu (Sr. Apolo).
104
A agressora/cuidadora Selene foi educada pela avó materna desde os 7 anos de
idade até os 15, após o falecimento da mãe, vítima de atropelamento, que na época
encontrava-se embriagada. Ilustramos abaixo os fragmentos da fala da filha:
Olha eu fui criada com minha vó...desde os sete anos...ai dos sete aos
quinze anos fui criada com ela...ai eu tive alguns problemas lá com ela, ai
fui morar com meu pai...(Selene).
...eu, eu não fui criado por parte deles, fui criado pela minha avó... deram
eu pra minha avó...a minha avó me tratava do jeito que ela podia...tinha os
outros, mais cinco...era bom, eu ia pro um lado eles ia pra outro
(Sr.Dionísio).
...o mais velho tava com dezesseis anos pra dezessete... eu só ensinei eles
a não fazer coisa errada...sempre eu dei, dava uma coça neles...dava uma
105
coça neles pra eles aprender a tratar os outros...pra poder aprender a
trabalhar...precisava porque só queria ficar brincando...inclusive quando
eles brincavam, não dava pra eles estudar...tinha que corrigir, a obrigação
era minha (Sr. Dionísio).
Muito difícil. Papai bebia muito e batia muito nos filhos. Sofri muito com ele
e depois com o meu falecido marido...Levantar muito cedo pra trabalhar na
roça e não pude estudar, mulher não podia estudar (Sra. Eres).
eu sou mãe de criação... mãe, eu que criei ela.Tô de mal com ela por
que...ela me deu uma casa [...], to com uma causa na justiça muito
grande...Ela quer se aparecer com... minha família...então ela é a chefe a
poderosa, ela quer ser a poderosa ( Sra. Eres).
Não fui uma boa mãe...Poderia ter sido melhor ( a idosa fica calada como
se fosse chorar) (Sra. Eres).
Não tenho bom relacionamento. Só o [...] que liga pra mim. Tem filho que
não vejo há muitos anos, são afastados de mim...Ninguém liga, cada um
vive na sua vida (Sra. Eres).
O agressor/cuidador Hermes foi criado pela irmã mais velha desde os 2 anos de
idade até a adolescência, quando voltou a morar com Sra. Eres e Sr. Dionísio. Seu
relacionamento com os irmãos é difícil, quase inexistente, devido ao uso de
maconha e de álcool e de atritos violentos com Sra. Eres devido à personalidade
explosiva e agressiva dela.
Eu não vivi com eles. Depois que meu pai morreu, minha mãe largou os
filhos e saiu pelo mundo. Quando ela foi viver com o Sr. Dionísio eu tinha
uns dois anos e já morava com a minha irmã [...]. Morei muito tempo com
ela (Hermes).
...tive boas escolas, estudei no Nacional, Darwin, não estudei mais porque
não quis, não aproveitei, mais. Os meus irmãos não aceitam dizem que
dou trabalho pra mamãe e querem que eu saia de casa (Hermes).
106
... eles não vem aqui, mamãe ela é que vai sempre na casa deles. Mas
sempre brigam (Hermes).
Com ele é bom. Agente se entende. Faço o que posso pra ajudar...Eles
quase nem vem aqui, é por causa da mamãe. Ela toca eles daqui e
também fala desaforos. O problema dela é dinheiro. Só pensa em dinheiro,
quer que eles dêem dinheiro pra ela. Mas eles são pobres e também não
tem condições (Hermes).
Através das falas da Sra. Hestia observou-se o quanto foram frágeis os vínculos
familiares dessa família:
... quando eles eram pequenos eu não morava aqui não, eu morava em
fazenda...no interior de Minas... então eles trabalhavam plantando batata
doce, iam pra escola sabe, eu tinha aquela vida assim...Mais pacata.
Depois que vieram pra cidade que viraram isso. Esse então ficou terrível
(Sra. Hestia).
Hoje, se eu fosse nova... não queria ter mais nenhum filho. Sinceramente
não... Todos me deram problema. Todos me deram problema
(Sra. Hestia).
6
Poder da autoridade paterna: “quando o homem é o chefe da família, é também, de fato, seu amo e
senhor, mandando e desmandando na mulher e nos filhos” (SAFFIOTI, P.44).
107
...todo mundo afastado...ninguém liga...ah, eu vou te falar uma coisa, eu
como mãe, vou falar com toda sinceridade, eu morro de dó deles, porque
eles são muito pobres de espírito. Eles todos tem filhos eles não sabem o
dia de amanhã (Sra. Hestia).
...o Filho 2 me trata muito bem. A Filha2 me trata muito bem. Quem me
trata com cascudo é o [...], que uma vez a...dona da casa ligou pra ele, pra
que eu tava atrasada com o aluguel, “pega os lixos dela e joga no meio da
rua, eu não tenho nada com ela, ela não é a minha mãe”. Assim que ele
respondeu pra ela, sabe. E o Agressor é isso aí que você está vendo
(Sra. Hestia).
Não é... eu passei nove anos em São Paulo, né, tive aí alguns problemas,
e essa parte aí eu não quero contar, certo, é eu... desliga um pouquinho aí
(Hefesto).
108
é espera aí, tem que...ta tomando conta, né, o homem de casa...em
partes sou eu certo... É quando criança...foi bom e já teve algumas
pilantragem, né ...(Hefesto).
A teoria dos autores é confirmada quando analisamos os casos das famílias dos
idosos Sr. Apolo, do Sr. Dionísio e da Sra. Hestia. No caso da família do Sr. Apolo,
observamos que o alcoolismo e a falta de vínculos familiares geraram agressões
físicas da parte dele para a última esposa, que por sua vez também era alcoolista.
Essas relações conflituosas hoje são reconhecidas pelo idoso, mas não aceitas por
ele como normal. No seu entendimento não deseja que a filha Selene passe pelo
constrangimento que sua esposa foi acometida enquanto sua companheira devido
ao seu alcoolismo. A filha agressora/cuidadora tem relação conjugal conturbada em
virtude das “cervejinhas de fim de semana” do marido.
...uma coisa que eu gostei foi ficar distante dessa discussão que ele bebia
muito...desenfreadamente ta, era de segunda...de domingo a domingo,
todo dia, então tinha aquela briga todo dia em casa ...eu pensava que
nunca ia parar de beber na vida...e hoje em dia eu tenho nojo de bebida
(Sr. Apolo).
109
pela amputação dos membros inferiores e dos outros idosos dependentes sujeitos
da nossa pesquisa.
...não tem como não, mais difícil ...não posso mais subir numa escada, não
posso subir num andaime...uma paisagem tamanho dessa...eu não posso
fazer mais (Sr. Apolo).
Eu não tenho vida própria. Vocês tão vendo, eu venho em casa todo dia
nessa hora (11 horas) pra fazer a minha comida e dar banho nele. Minha
mãe não agüenta...ele é muito pesado e a hérnia é muito grande. Precisa
de cuidados especiais, não é qualquer pessoa que sabe manusear as
coisas dele (Hermes).
Eu morava em [...] e eles mandavam eu pegar encima da cômoda. E nisso
eu também fumava. Pra agüentar essa vida que eu levo só fumando
maconha...Só maconha e álcool (Hermes).
Não acho que ...prejudico ninguém, não, só bebo pra desestressar, é muito
complicado aqui em casa (Hermes).
No último caso observamos que os laços familiares construídos entre a idosa Sra.
Hestia e os filhos foram conturbados. A idosa e o filho agressor fazem uso de
bebidas alcoólicas, o filho utiliza-se de drogas ilícitas como maconha, cocaína e
crack. A dependência física e de necessidades de cuidados de Sra. Hestia,
dependência financeira do agressor e a agressividades de ambas as partes
110
constituem assim fatores de riscos que podem ser observados nas falas dos atores
entrevistados:
Ele não é normal, Fulana. Você notou, né?...o pai dele foi aposentado
no107...é ele era psicopata...eu não sei, eu não fiz os exames, mas eu
tenho a impressão que ele tem um problema qualquer (Sra. Hestia).
Esse daí toda vida foi rebelde desse jeito, que o pai dele bebia muito
também, ele aprendeu a beber com o pai...o pai dele morreu de tanto que
ele bebia (Sra. Hestia).
...essa falha de dente aqui sabe? Sabe por que ele tem falha? os dentes
dele foram arrancados de alicate por causa de droga. Porque ele comprou
fiado e não pagou e amarraram ele e arrancaram com alicate (Sra. Hestia).
Nos três casos de famílias analisados pudemos encontrar o alcoolismo como fator
preponderante para o maltratar; a agressividade como parte da formação histórica
da família e reproduzida em diferentes gerações; duas famílias com vínculos
familiares frouxos e uma família onde o vínculo familiar é inexistente; a dependência
funcional relacionada à incapacidade física e cuidados específicos em três casos.
Em dois casos encontramos a similaridade do uso de drogas ilícitas, como a
maconha. Em dois casos a dependência financeira dos filhos agressores, dois
agressores com problemas psíquicos, e uma idosa cuidando do companheiro idoso
acamado. Nas famílias entrevistadas observou-se que tanto os idosos quantos os
cuidadores/agressores se encontram isolados socialmente e com alto nível de
estresse. Os fatores de riscos encontrados são visualizados no gráfico a seguir.
111
Gráfico: 38
Fatores de riscos
Problemas psíquicos
cuid/agressor
Depend. Financeira
cuid/agressor
Estresse
Idade do cuidador
QUANT Agressividade
Falta de vínculos
Vinculos frouxos
Dependência funcional
Dois idosos vítimas de maus tratos não conseguem conceber a violência cometida
contra eles, apenas em um caso em que a idosa, além de conceber verbaliza em
vários momentos da entrevista e demonstra os seus sentimentos de indignação por
se encontrar numa situação de dependência e sujeita a outros, sendo esse outro um
filho que deveria proporcionar a sua segurança e bem-estar, porém faz o contrário, a
subjuga aos maus tratos físicos, psicológicos e vários outros.
pra mim violência é quando você trata os outros mau, bate, mata, é
isso que eu acho que é violência... não nossa, nossa senhora nunca
(Sr. Dionísio).
112
de uma forma externa e perceptível à sociedade, muito distante do seu convívio e do
cotidiano. Visualizam uma violência estrutural, apenas um cuidador/agressor, além
da concepção estrutural da violência, identifica e sinaliza a violência cometida contra
o idoso dependente.
A concepção de violência dos cuidadores/agressores pode ser observada nos
fragmentos de suas falas a seguir:
Sociedade, né, fazer intriga das pessoas né, um ta querendo puxar o
outro...O nosso governo seria mais honesto, no caso você viu ai a
reportagem...um menino de dois anos, tomou dois tiros na cabeça...que
mundo é esse nosso (Hefesto).
Eu acho uma safadeza, falar logo assim, porque pôxa tem, meu pai é um
cara que ...pode se defender com a palavra, falar gritar alguma coisa, tem
idoso aí né coitado que não pode falar, que não pode levantar da cama, é
um absurdo, nossa senhora, os velhinhos ficam lá na porta, esperando
atendimento nesses hospitais, aí, é um absurdo, nessas macas, ah, que
absurdo (Selene).
É tanta coisa. Esse mundo é violento. O que estão fazendo com o velho é
violência. Me denunciaram que estava maltratando mamãe...mas quem
mais prejudica o Sr. Dionísio é a minha mãe... ela fica azucrinando,...na
verdade ela briga eu só me defendo. Ela joga o que tiver na mão, até com
faca ela já me atacou (Hermes).
113
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quanto aos objetivos propostos, que foram: analisar a ocorrência de violência contra
o idoso dependente, pela perda da capacidade funcional, nas relações familiares
tendo como foco as denúncias no SOS 3ª Idade - SOS Idoso do Município de Serra-
ES, confirmou-se a expectativa de desvelamento dessa violência intrafamiliar
cometida contra os idosos.
Observamos ainda, que o familiar ao manter o idoso próximo de si, utiliza-se dos
proventos para agregar a renda familiar. Em outras famílias notam-se que a única
fonte de renda da família, provém das aposentadorias e benefícios dos idosos,
sendo o idoso provedor do lar. Mas, o papel de chefe de família não é reconhecido
uma vez que o idoso tornou-se um peso para a família. A idade avançada, a
longevidade, é considerada por algumas gerações como desprestígio social e
familiar.
114
Observou-se que as violências encontradas configuram-se como: negligência e
abandono, (18%), respectivamente, a violência verbal, (17%), sendo que esses
abusos aparecem em todos os três casos entrevistados. A psicológica aparece em
dois casos de forma explícita, no entanto nota-se que todos os idosos vítimas de
maus tratos são agredidos psicologicamente e, portanto, consideramos no resultado
final os 3 casos que correspondem a (17%). A financeira pôde ser verificada em dois
idosos entrevistados, (12%), a discriminação aparece em dois idosos entrevistados
relacionados à cor de pele e pelo fato de um dos idosos ter os membros inferiores
amputados, significando (12%) e a física foi identificada em um caso representando
(6%).
Outro objetivo proposto foi identificar o perfil do idoso e o perfil do agressor. Quanto
ao perfil do idoso, identificamos que os idosos vítimas de maus tratos com
dependência funcional tinham características comuns como: baixa escolaridade
onde os três idosos possuem ensino fundamental incompleto (1ª série, 4ª série e 7ª
série) e todos os três idosos têm mais de cinco filhos cada ( cinco, seis e sete). Em
relação a outras características, observou-se a idade eram de 66, 67 e 73 anos, que
dois são do sexo masculino que representa (67%) dos entrevistados e um do sexo
feminino (33%). Outro dado verificado foi a religião, onde dois são católicos (67%) e
um evangélico (33%), quanto à renda dos idosos, dois recebem um salário mínimo,
(67%), e um recebe mais de quatro salários mínimos; dois idosos que recebem
salário mínimo, um é de aposentadoria, um é de benefício assistencial (BPC) e o
terceiro é pensionista. O estado civil observado foi que dois são viúvos, com (67%),
e um vive em união estável, (33%), dois idosos residem em casa alugada, (67%) e
um idoso tem casa própria, (33%).
115
Quanto ao perfil do agressor, confirma-se a literatura onde o agressor geralmente é
do sexo masculino, dependente de álcool ou de outras drogas. O resultado da
pesquisa obteve que (50%) dos agressores são homens, filho e enteado e (50%)
são mulheres, a filha e a esposa. No tocante ao estado civil, dois filhos são solteiros
que corresponde a (50%) consecutivamente, união estável e casada que representa
(25%) cada; quanto à moradia, (50%) correspondem a dois agressores que moram
de casa alugada, (25%) em casa própria e (25%) mora na casa da mãe; quanto ao
número de filhos, dois agressores têm um filho cada, que corresponde a (50%) dos
pesquisados, (25%) têm sete filhos e (25%) não têm filhos; analisando a renda dos
agressores podemos observar que dois deles são assalariados (50%), um recebe
pensão por falecimento do marido (25%) e um têm outro tipo de renda, sendo que
dois têm renda de um salário mínimo (50%), um tem renda de um salário mínimo e
meio (25%), e um tem menos de um salário de renda (25%). Analisando a
escolaridade dos agressores, nota-se que dois têm ensino fundamental incompleto e
que corresponde a (50%), um tem ensino médio completo, (25%), e um tem ensino
fundamental completo (25%). Quanto à dependência química, observa-se que dois
agressores são dependentes de álcool e maconha, o que significa (33%), um é
dependente de remédio controlado, o que representa, (17%) e outro não tem
nenhuma dependência representando (17%).
116
proteção e sua subjetividade, tanto em suas famílias como nas
instituições, tanto nos espaços públicos como nos âmbitos privados.
Nos três casos de famílias analisados podemos encontrar o alcoolismo como fator
preponderante para o maltratar, representando 8%, os ex-alcoolistas representam
dois casos, que significam 6%. A agressividade apareceu em quatro, pessoas
representando 10%. A formação histórica familiar de alcoolismo aparece em três
casos, sendo 9% e contribui como fator de risco, uma vez reproduzida em diferentes
gerações. A falta de vínculos familiares apareceu em um caso, representando 3%,
as famílias de vínculos frouxos somaram dois casos, representando 6%, a
dependência funcional aparece em três idosos, que corresponde a 9%. Em dois
casos encontramos a similaridade do uso de drogas ilícitas, como a maconha,
significando 6%, dos casos entrevistados. O isolamento social dos agressores e dos
idosos aparece em todos os casos, representando 8% cada. Dois casos de
dependência financeira do filho agressor, que significa 6% dos entrevistados.
Aparecem nos resultados dois casos de transtornos psíquicos dos
agressores/cuidadores, que significam 6%, a idade do cuidador atualmente constitui
um fator preponderante para os maus tratos e foi observado um caso onde a idosa
de 74 anos cuida do companheiro idoso de 73 anos acamado, representativo nos
resultados como 3%. O tabagismo aparece em dois casos, 6%, o ex-tabagismo
aparece em um caso, com 3%, outro fator delicado são os usos de remédios
117
controlados utilizados pelos agressores/cuidadores que no caso deste estudo
aparece em um, representando 3%.
Observamos que o consumo das drogas lícitas ou ilícitas tem grande influência nas
relações familiares e o uso varia de acordo com o poder aquisitivo do usuário e do
familiar, se o agressor tem dinheiro ou tem como obter a droga, consome o crack, a
cocaína e outras químicas e quando não tem se satisfaz fazendo o uso da maconha
e do álcool, conforme relatos dos entrevistados.
O fato de os idosos não perceberem a violência de que são vítimas pode ser
explicada, uma vez que eles próprios sentem-se um fardo para a família e para a
sociedade. Essa não percepção reforça a dificuldade de desvelar as diversas formas
de violências praticadas contra a pessoa idosa, em especial a dependente pela
perda da capacidade funcional no interior da família.
No nosso país existe um conjunto de leis, citadas neste estudo, que garantem a
qualidade e a promoção de vida dos sujeitos fragilizados e que constituem atores
das novas gerações, os idosos. No entanto, faz-se necessário lutas individuais ou
coletivas que possam romper com as situações críticas de maus tratos, ou violências
das quais são vítimas os idosos do Brasil, em especial aos munícipes de Serra.
Violência ou maus tratos? Qual a diferença? Essa resposta depende de quem está
sendo vítima e de quem está praticando, para nós pesquisadores sociais tem o
mesmo significado e propomos que o Estado, Sociedade e Família se mobilizem
para romper essas práticas que não são atuais e que estão ocultas no interior das
famílias. As famílias precisam que os seus direitos sociais sejam garantidos, dando-
lhes condições econômicas, sociais e sustentabilidade para o enfrentamento das
questões sociais e buscar mecanismos de transporem os obstáculos dos rancores e
da tênue linha que levam aos maus tratos.
118
7. REFERÊNCIAS
119
9. _______.Política Nacional do Idoso. Lei nº. 8.842 de 04/01/1994. Brasília,
1998.
120
18. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
23. MAY, T. Trad. Carlos Alberto Silveira Netto Soares. Pesquisa social:
questão, métodos e processos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
121
28. MINAYO, M. C. de S.; DELANDES, S. F. A complexidade das relações entre
drogas, álcool e violência. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.14,
n.1, jan./mar. 1998. Disponível em:
<http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X19980
00100011> Acesso em: 08 jun. 07.
122
37. SAFFIOTI, H. I. B. Violência doméstica ou a lógica do galinheiro. In.:
KUPSTAS, M. (Org.). Violência em debate. São Paulo: Moderna, 1997.
123
47. WRUCK, W. B.; MENDONÇA, M.; SOUZA J. da C. de. Manual de Saúde do
Idoso. Vitória. Secretaria Estadual de Saúde do ES (DATASUS), 2005.
124
APÊNDICES
125
APÊNDICE A
Atenciosamente,
___________________________________
Profª. Mestre Tania Maria Bigossi do Prado
Orientador da Pesquisa de TCC
126
APÊNDICE B
Nome:______________________________________________________________
Idade:______________________________________________________________
Sexo:_______________________________________________________________
17-Onde?___________________________________________________________
127
APÊNDICE C
Nome:______________________________________________________________
Idade:______________________________________________________________
Sexo:_______________________________________________________________
1- Você é casado?____________________________________________________
16-Onde?___________________________________________________________
128
ANEXOS
129
ANEXO A – Termo de consentimento livre e esclarecido
Este documento visa solicitar sua participação na pesquisa “Relações conflituosas ocasionas pela
dependência funcional do idoso no âmbito familiar”, que consistirá em resultado do trabalho de
Conclusão de Curso ao Departamento de Serviço Social da Escola Superior de Ciências da Santa
Casa de Misericórdia de Vitória – Emescam.
Este estudo tem como objetivo: analisar a ocorrência de violência contra o idoso dependente, pela
perda da capacidade funcional, nas relações familiares tendo como foco as denúncias no SOS Idoso
do Município de Serra-ES e conhecer os vínculos familiares entre o agressor e o idoso; e identificar a
tipologia da violência..
Você receberá uma cópia desse termo em que constará telefone e o endereço eletrônico dos
pesquisadores, podendo tirar suas dúvidas a qualquer momento sobre o projeto e sua participação.
“Eu, ____________________________________ portador do RG ________________residente
______________________________________________.
Declaro que, após esclarecimento prestado pelos pesquisadores e ter entendido o objetivo da
pesquisa, consinto voluntariamente em colaborar na realização desta. Fico ciente também que uma
cópia deste termo permanecerá arquivada com os pesquisadores do Departamento de Serviço Social
da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória-EMESCAM, responsáveis
por esta pesquisa”.
__________________________________
Assinatura do Declarante
130