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cum. powpe foe wveram REGINALDO MATTIARI ido (Organizador) yam DE GONDA & J SEXTPS Os conflitos internacionais em miltiplas dimensoes editora unesp Os ESTADOS FALIDOS: NOVAS AMEAGAS E NOVAS OPORTUNIDADES a Apés 0 final da Guerra Fria, formou-se um amplo Gonsenso em relacdo & avaliagio de que os Estados falidos haviam se tomado 0 principal problema de natureza humanitéria para a ordem internacional, Inas of atentados do 11 de Setembro mostraram uma nova dimenséo: que os Estados Unidos e as grandes poténcias eram extremament is ameagas provenientes dos mais di alojados em Estados falidos (Fukuyama, 2004, p.124). 'No dia 20 de setembro de 2001, em uma mensagem ao Congresso, 0 presidente George W. Bush determinou qual seria o rumo de sua dou de defesa a partir de e se dia, toda nago que continue a dar abrigo ou suporte ao tert considerada pelos Estados Unidos ‘um regime hostil” (White House, 2001). Como esse terrorismo constitufa-se fora do ale “Reginald Mi de redes transnacionais, procurou-se, entio, situé-lo em um territério, e, paraiso, foi elaborada uma explicagéo que estabelecia uma intima conexio Ptre grupos terroristas e Estados ou locais néo-governados (ungoverned Spaces), que, de algum modo, poderiam dar sustentagao as suas agSes ou due se mostrassem incapazes de se contrapor a ele. Sendo assim, operowse dima estratégia que inseriu 0 fendmeno do terrorismo transnacional dentro das fronteitas do Estado, tomando possivel uma ago militar nos moldes convencionais. Portanto, a novidade do 11 de Setembro ndo estaria tanto ho ato terrorista em si, mas na percepgao da ameaga, j4 que os principais problemas de seguranga nfo estariam mais localizados nos Estados consi- Gerados mais poderosos, e sim naqueles em crise ou em colapso. (Os Estados Unidos, a partir daquele momento, como disse seu vice- presidente Cheney (2008), passaram a olhar para a seguranga mundial de Maneira completamente nova. Tratava-se de um inimigo bem equipado, jem compromisso em defender qualquer populacio ou territério; um migo que “no poderia ser dissuadido; contido ou apaziguado”. No NS de 2002 (sigla inglesa para Documento de Seguranga Nacional), a adminis. tragio Bush assumia definitivamente que a questa dos “Estados falides” jd ndo poderia sex vista apenas pelo prisma dos Direitos Humanos ¢ do subdesenvolvimento. , COs-eventos de setembro de 2001 nos ensinaram que Estados fracos, como 0 _Afeganistio, podem representar uma grande ameaga aos nossos interessesnacionais taleomo os Estados poderosos. A pobreza no tocna pessoas pobres em terroristas © lassassinos. Todavia, a pobreza, at instituigBes frégeis e a corrupgio podem produzir Tetados fracos vulneséveis ds redes terroristas e aos cartéis de drogas dentro de suas fronteiras, (US Government, 2002) Na avaliagdo de grande parte dos politicos e analistas internacionais no Ocidente, o caso do Afeganistio, um Estado em colapso, em que o Governo do Talib dava suporte a uma organizacéo terrorista, demonstrava 0 prego Go fracasso da nepligéncia e da auséncia de instituigbes estatais e serviu de modelo para a formulagio de um verdadeiro paradigma na area de segu tanga internacional: quanto mais fraco um Estado, maior a possibilidade de se converter em base para a aco terrorista global e, conseqiientemente, ‘mais perigoso para a ordem internacional. Bush viu a Guerra do Afeganistdo como a evidéncia comprovadora de sva perspectiva em relago ao futuro das novas guerras. Em discurso no Capitélio (White House, 2001), em dezembro de 2001, declarou que “0 conflito no Afeganistio nos ensinou muito mais a xespeito do futuro de ossos militares que uma década de painéis de exceléncia e simpésios de Centros de estudos”. Esse novo momento, de acordo com o Governo dos Estados Unidos, levaria as grandes poténcias a um consenso ¢ no a uma 16 (0 confitos internacionais em disputa para controlar os Estados falidos. Os esforgos para tombater 0 terrorismo configuravam uma drea natural para a cooperacad'las grandes poténcias, Durante a Cépula de maio de 2002 em Moscou, foi assinada Juma Declaragdo Conjunta pelos dois pafses (Estados Unidos e Rassia) para a edificagdo de uma nova estrutura estratégica, principalmente no que se referia As questdes transnacionais, como 0 terrorismo, o tréfico de drogas € 0 crime organizado. © presidente dos Estados Unidos julgava que ‘s comunidade intemacional teve sua melhor chance desde a ascensio do Estado-na~ Go no século XVI para constuir urn mundo em que grandes poderes possam com petirem paz em vez de se prepararcontinsamente pat a get Hoje as malores pottncias do mundo se encontram do mesmo lado ~ unidss pelos perigos comuns de violencia teroristae caos. Os Estados Unidos se baseardo nesses interesses co- rmuns para promover a seguranca mundial. Nés estamos também crescentemente Unidos por valores comuns. A Rissa esté no melo de uma transiglo esperangosa, alcangando seu futuro democrético e de patceira contra 0 terror. Lideres chineses testio descobrindo que liberdade econémica 6a snia fonte de riqueza nacional. Em tempo, descobritio que liberdade politica e social 6a Gnica fonte de grandiosidade nacional. Os Estados Unidos encorario o avango da democraci ea abertura econd- ‘mica em ambas as nagdee, porque eseas sio as Fundagées de estabilidade doméstica ¢ ordem intemacional. N6s vamos resist fortemente & agressio de outras grandes potzncias ~ a0 passo que damos as boas-vindas a suas buscas por prosperidade, comércio ¢ avango cultural. (White House, 2002) ‘A que se pretends chamar.a.atengio neste attigo é que uma das eal seqiiéncias do perigo da faléncia estatal resulta ndo apenas do fato de que ele pode servir como um reftigio seguro para os terroristas, mas que, dife- rentemente da previsio inicial do Governo Bush, que influencioy: a dos pesquisadores em relagées intemacionais, pode também ¢ondu grandes poténcias a uma intensa disputa por éreas ticas em recursos natu- rais, Embora o fim da Guerra Fria nos permnitisse minimizar a pBssibilidade “Te rivalidades entre as grandes potncias, ndo hd nenhuma garshtia de que isso se mantenha, Os Estados falidos oferecem imensas oportunidades de expansio econémica e politica para as grandes poténcias, exacerbando a _ectivalidade entre elas, estendendo svas éxeas de influéncia.¢ controle sobre “cada um desses terrtérios, afimdegarentirsuabegemionia. ‘A queda do Muro de Berlim e os ataques terroristas de 11 de Setembro representaram, respectivamente, o inicio e o fim de um longo periodo de transigdo em que o papel dos Estados Unidos no mundo ainda era incerto. Os estrategistas politicos (policy makers) norte-americanos procuravam uma teoria que pudesse compreender e indicar os caminhos nessa nova ordem internacional em construcao, Foram varias as doutrinas estratégicas elabo- “7 kn Reginaldo Mattar Nasser radas durante esse periodo. Alguns chegaram até a profetizar que as nagies ve suas Forgas Armadas no teriam um papel importante a desempenhar Sn. um mundo interdependente, em que os mercados globais interligados for novas tecnologias iriam superar as condicionantes da geopolitics. Jé eetros vislumbravam novas fungées para as Forcas Armadas norte-ame- Hieanas em um mundo onde imperam as guerras civis ¢ as novas ameasas Rice, 2008). ‘Contudo, independentemente das diferentes petspectivas anunciadas, o fato € que os Estados Unidos mantiveram seu impeto intervenci realizando agoes militares no Golfo (1991), Somalia (1992.98), Haiti 1994), Bisnia (1995), Koscvo (1999), Afeganistao,2001) e linaue (2008), revelan- do novos aspectos da ordem mundial em construgao, Diferentemente das CGueras no lraque (1994 e 2008) - que representam um indiscutivel valor ccondmico é politico para a comunidade internacional -, ag demais inter _ ‘GengSes foram efetuadas em éreas fora dos chamados. interesses.estratégicos igadicionais das grandes poténcias. Outro dado que chama a atengiio que cenas intervengdes foram realizadas em locais em que, de alguma forma, Ssravam envalvides Estados que revelavam sua incapacidade de controlar .. Seu tettitério dentto dos pardmetros estabelecidos pelo Estado de direivo, ‘manifestando igstabilidade crOnica (Record, 2002). fim alguns locais, como Afeganistao, Somlia ¢ Haiti, a¢ organizacdes terroristas-¢ criminosas aproveitaram, a corrupgdo .0,caos decorrente. da Gecadéncia do Estado para se expandirem e, muito emborajé funcionassem. eetno chamados de alerta para a comunidade internacional, os desafios que Geves Estados tepresentavam ainda ndo eram de natureza estratégica com pardvel a queda da Unio das Replicas Socialistas Soviéticas (URSS). Os palses desenvalvidos néo viram nesses acontecimentos uma séria ameaca 2 rus interesses e, mesmo quando decidiam pela intervencao, a justificativa se inseria mais na dimensao bumanitéria. “Durante os anos 90, 08 republicanos criticaram duramente a politica | externa do Governo Clinton, mais especificamente em relagio ao que cha- im pejorativamente “assistencialismo humanitério", questionando 08 ‘de universalidade das intervengdes que se realizavam em nome dos ireitos Humanos. Os objetivos das intervengées humanitadrias, de acordo inger (2001, p.260), além de serem mal definidos e dirigidos para os mais diversos locais, eram equivocados e contraproducentes, nao s6 porque aio sustentavam os interesses nacionais dos Estados Unidos, mas também porque desconsideravam os contextos histéricos dos paises em crise. O pomne dessa segunda critica € que essas ages militares foram realizadas em. Tocais e situagSes em que praticamente inexistia 0 Estado-nagéo. A Somélia, Goservava Kissinger, & “um conjunto de tribos beligerantes"; o Haiti fot {governado por “uma série de ditadores e dirigentes corruptos, durante mais ae vum século” ¢ a “Bésnia foi um impossivel Estado multiétnico”, como v8 (0s conflitosinternacionais em makiias dimensbes © foi, de diferentes maneiras, Kosovo. Na avaliacdo de Kissinger, a conse~ qiiéncia inevitdvel era que, depois de interromper e mediar os conflitos, interventores seriam obrigados a assumit.o.compromisso de reconstruir a hago (nation building), sem nenbuma perspectiva de se retirar algum dia foi justamente esse projeto de mation building do Governo Clinton que Bush denunciou logo no infcio da campanha presidencial em 2000: ‘eu ndo penso que nossas tropas devam ser usadas para aquilo que se convencionou Chamar nation building... Devemos ter algum tipo de Forgas Armadas para promover nation building? Absolutamente, no", disse Bush em um debate presidencial em 2000.? Na verdade, cabe observar que o Governo Clinton nao advogava apenas razSes humanitérias, como queriam ver os republicanos. A possibilidade de grupos terroristas internacionais utilizarem armamentos de destruigao em massa para tealizarem atentados fundamentava o periga.do.terraris- ‘mo catastr6fico ¢ levou as autoridades americanas a analisar quais seriam ‘seus nfincinais patwnsinadores, chegando & conclusio de que s¢ tratava dos Estados “fora da lei” (rogue states). O qualificativo rogue ("ford da lei”) foi amplamente utilizado durante a administragio Clinton com o objetivo de identificar os Estados que violavam a legalidade internacional, sobretuco em —xelagio a ndo-proliferacéo nuclear, e que, de alguma maneira, patrocinavam, direta ou indiretamente, os grupos terroristas. Mas a principal caracteristica que esses Estados compartilhavam entre si era a condigio de regime politico Ide manifestava animosidade em relacio aos Estados Unidos em distintos smbitos regionais (Mann, 2006, p.265). —_ De acordo com o conselheiro de seguranca nacional durante o primeiro Govern Clinton, Anthony Lake, os Estados Unidos teriam a responsa- bilidade especial de desenvolver uma estratégia para conter, neutralizar ¢, mediante pressio seletiva, transformar os rogue states em membros da comunidade intemacional (Lake, 1994). Desde o final da primeira Guerra do Golfo, os Estados Unidos iniciaram essa politica de contencio do ponto de vista do desenvolvimento da nova Estratégia de Seguranca Nacional, ‘A queda da URSS — que muitos analistas consideram o momento uni- polar também foi o inicio de uma era caracterizada pela percepcio de que havia novas ameacas & paz e & seguranga m Resaparecido ‘nimmige comunista, o discurso sobre a seguranca nacional norte-americana passou a focar 0s rogue states: Iraque, Ir3, Libia e Cortia do Norte. Nesse cendtio, a politica de containment/deterence que caracterizou o sister nacional durante todo o perfodo da Guerra Fria foi substituida pela politica de engagement/enlargement que se explicitou em um discurso do presidente Clinton, em 1996, conclamando os Estados Unidos a assumirem a lideranga ea organizar as forcas da liberdade e do progresso, conduzindo as energias Dione empl dbatnog/pagefane20006 et

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