Pluft, o fantasminha
1 Ao abrir o pano, a Senhora Fantasma faz tricô, balançando-se na
2 cadeira, que range compassadamente. Pluft, o fantasminha, brinca
3 com um barco. Depois larga o barco e pega urna velha boneca de
4 pano. Observa-a por algum tempo.
5 PLUFT − Mamãe!
6 MÃE − O que é, Pluft?
7 PLUFT − (Sempre com a boneca de pano.) Mamãe, gente existe?
8 MÃE − Claro, Pluft, claro que gente existe.
9 PLUFT − Mamãe, eu tenho tanto, medo de gente! (Larga a
10 boneca.)
11 MÃE − Bobagem, Pluft.
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PLUFT − Ontem passou lá embaixo, perto do mar, e eu vi.
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MÃE − Viu o quê, Pluft?
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15 PLUFT − Vi gente, mamãe. Só pode ser. Três.
16 MÃE − E você teve medo?
17 PLUFT − Muito, mamãe.
18 MÃE − Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e
19 não fantasma que tem medo de gente.
20 PLUFT − Mas eu tenho.
21 MÃE − Se seu pai fosse vivo, Pluft, você apanharia uma surra
22 com esse medo bobo. Qualquer dia destes eu vou te levar ao mundo
23 para vê-los de perto.
24 PLUFT − Ao mundo, mamãe?!!
25 MÃE − É, ao mundo. Lá embaixo, na cidade...
26 PLUFT − (Muito agitado vai até a janela. Pausa.) Não, não... não.
27 Eu não acredito em gente, pronto ...
28 MÃE − Vai sim, e acabará com estas bobagens. São histórias
29 demais que o tio Gerúndio conta para você. (Pluft corre até um
30 canto e apanha um chapéu de almirante.)
31 PLUFT − Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!
32 MÃE − Seu tio Gerúndio trouxe do mar. (Pluft fora de cena
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continua a descobrir coisas, que vai jogando em cena: panos,
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chapéus, roupas, etc.)
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PLUFT − Por que tio Gerúndio não trabalha mais no mar, hein,
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mamãe?
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MÃE − Porque o mar perdeu a graça para ele...
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39 PLUFT − (Sempre remexendo, descobre um espartilho de mulher.) E
40 isto, mamãe (aparecendo), que é isso? Ele trouxe isto também do mar?
41 (Coloca o espartilho na cabeça e passeia em volta da mãe.)
42 MÃE − Pluft, chega de remexer tanto nas coisas ...
43 PLUFT − (Larga o espartilho no chão e passeia na cena à procura
44 do que fazer.) Vamos brincar, tá bem? Finge que eu sou gente.
45 (Veste-se de fraque e de cartola.)
46 MÃE − (Sem vê-lo.) Chega de fazer desordem, meu filho. Você
47 acaba acordando tio Gerúndio... (Ela olha para o baú.)
48 PLUFT − (Pé ante pé, chega detrás da cadeira da mãe e grita.)
49 Uuuuh! (A mãe leva um grande susto e deixa cair as agulhas e o
50 tricô.) Eu sabia que você também tinha medo de gente. Peguei!
51 Peguei! Peguei mamãe com medo de gente
(MACHADO, Maria Clara. Pluft, o fantasminha. Apud.
PRESTES, 2002: p. 299-303.)
Sugerimos que, num primeiro momento, o professor faça uma leitura oral do
texto e, a seguir, promova uma conversa informal sobre ele, perguntando, por
exemplo, se os alunos gostaram ou não e por quê, se acreditam em fantasmas, etc.
O professor deve questionar também sobre as marcas próprias dos textos de
gênero teatral: as rubricas, ou seja, o nome de cada personagem antes de sua fala,
bem como as observações que são feitas antes de começarem os diálogos e as que
estão entre parênteses. Esse questionamento quanto às rubricas, contudo, nesse
momento, deve ser feito sem o uso da metalinguagem (sem a nomenclatura
específica). O próximo passo pode ser uma leitura dramática feita por três alunos:
um representando Pluft; outro, a mãe; e ainda outro lendo as rubricas (menos as
que indicam o nome do personagem que vai falar).
5- Que recursos são utilizados para mostrar as ações que cada personagem
deve desenvolver em cena?
6- Para saber como se chamam esses recursos utilizados em textos feitos para
serem representados, coloque estes números e as letras a eles correspondentes em
ordem.
SBURAICR=
_______________________
83217564
d) O tipo de linguagem utilizado por eles tem algo a ver com a situação
que estão vivendo? Comente.
13- Será que a mãe de Pluft levou um susto porque realmente tem medo de
gente? Comente.
Para completar, ele deve solicitar aos alunos que produzam também uma peça
de teatro, observando as marcas próprias desse tipo de texto, e a dramatizem para
os colegas.
1[1] Transcrição literal de texto em primeira versão produzido em 1996 por uma
aluna de 7a. série do ensino fundamental de uma escola pública de Porto Alegre, no
desenvolvimento de atividades que envolveram a temática “Gravidez na
adolescência”.
2- Agora responda:
( ) finalidade e tempo.
( ) tempo e finalidade.
a) alguns pais/ quando a filha engravida/ fazem de tudo/ para que ela e o
bebê fiquem bem
2- Das frases a seguir, qual está escrita de acordo com o que prescreve a
gramática?
3- Volte para a frase que você reescreveu no item 1, compare-a com a que
você inverteu em 2.b e veja o que precisa ainda ser reescrito para que ela fique
totalmente de acordo com a norma culta.
4 CONCLUSÃO
As atividades aqui propostas são apenas uma pequena amostra do que, entre
tantas outras coisas, o professor pode fazer em sala de aula com relação ao ensino
de gramática. Ressaltamos a observação já feita de que não se trata de fórmulas
prontas, mas de sugestões de possibilidades de realizar esse trabalho. A idéia é que
o professor elabore atividades que visem a atender a necessidades específicas de
grupos de alunos com características também específicas, em especial quando se
trata de atividades com textos produzidos por eles.
ANEXO
(4) Será que é assim que se escreve a palavra? (Pede ajuda ao dicionário.)