Portugal
Itália
O Renascimento foi um movimento cultural e intelectual que teve origem em Itália, no século XIV,
e seu apogeu, no século XV, alastrando ao resto da Europa, no século XVI.
O Renascimento é um movimento de renovação, caracteriza-se por uma renovação científica,
literária e artística, com base na imitação de modelos e valores artísticos da Antiguidade Clássica.
A designação de «Renascimento» indica uma época dotada de individualidade própria,
caracterizada por um novo espírito crítico, um escrupuloso desejo de restituir os textos greco-latinos à
pureza original, um juvenil entusiasmo pela Antiguidade tomada em si mesma, uma confiança nova nas
forças naturais do Homem ( medida de todas as coisas).
Em Portugal, o séc. XVI apresenta uma fisionomia particular. A grande contribuição portuguesa
para o Renascimento foram os Descobrimentos, que desvendaram novos climas, e paisagens, e faunas,
e floras, e costumes, alargando assim o conhecimento do Mundo e do Homem, dando alimento à fome do
exótico, aguçando o sentido do relativo, ostentando a primazia da observação e da experiência sobre o
saber livresco.
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IDADE MÉDIA RENASCIMENTO
céu Terra
✏ O Renascimento em Portugal
Expressão criada por Dante que servia para designar a poesia da sua
juventude e de outros poetas contemporâneos, reunidos em Florença nos fins do
século XIII e princípios do XIV. O dolce stil nuovo caracteriza-se por uma nova
concepção do amor, segundo a qual somente o coração nobre, límpido, é capaz
do verdadeiro amor, e, em contrapartida, o amor apenas habita o coração nobre .
Amor deve elevar os seres, platonicamente, de grau em grau até à contemplação
suprema das ideias puras. O amor é entendido como um sentimento espiritual que
transfigura os amantes pela visão de uma bem-aventurança.
✏ Medida Nova
A escola clássica mais exigente quanto à modelação da matéria poética do que
a escola tradicional, introduziu o decassílabo (metro que dá possibilidades mais
amplas de expressão) e novos géneros de estrutura poemática greco-latina ou italiana
– soneto, canção, sextina, écloga, elegia, ode, epitalâmio, epigrama, epístola,
oitava.
• Soneto
O SONETO é uma composição poética de catorze versos, dispostos em duas
quadras e dois tercetos. Apesar de ter sido criado no séc. XIII, foi Petrarca (1304-
1374) quem teve o mérito de lhe emprestar uma forma e um conteúdo que se
tornariam modelares, não só na Itália como em outros países da Europa.
O soneto foi introduzido em Portugal por intermédio de Sá de Miranda.
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Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
✏ Estética da imitação
É difícil no nosso tempo, que acima de tudo aprecia e valoriza a originalidade,
compreender o que significa uma estética da imitação. O poeta do Renascimento
imita os clássicos e os poetas modelares, procurando deste modo aproximar-se e
aprender a lição dos grandes autores. Contudo a veneração e admiração pelos
mestres não impede a criação de uma obra original que se atreve até a rivalizar com
os modelos e a reivindicar insistentemente a sua originalidade (basta pensar em Os
Lusíadas).
Grande parte dos sonetos de Camões inspiram-se directamente em Petrarca1
e isto não diminuí minimamente a suprema beleza dos sonetos camonianos
1
Francesco Petrarca (1304 -1374) nasceu em Arezzo, Itália. Poeta e humanista, a sua influência
domina a literatura europeia até ao século XIX. Na poesia de Luís de Camões, detectamos características
literárias do poeta italiano na maneira como são retratados: a mulher (fisicamente, de olhos claros, loura e
pele branca; psicologicamente, serena, humilde e bondosa); a paisagem (como cenário ou como reflexo
do estado de alma) e o amor (com as suas contradições)...
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