Este enorme movimento de protesto que, pela primeira vez, juntou numa Plataforma
Sindical, sindicatos de todas as tendências e sensibilidades sociais e políticas,
obrigou o Governo a alterações sucessivas do modelo imposto, o que constituiu,
desde logo, o reconhecimento inequívoco da sua inaplicabilidade funcional e da sua
inadequação pedagógica. Ainda assim, as alterações efectuadas não passaram de
meros expedientes paliativos para um sistema globalmente absurdo e arbitrário, bem
como profundamente injusto e discriminatório. Com efeito, as modificações pontuais
introduzidas pelo Decreto Regulamentar nº1-A/2009 não passam de manobras
dilatórias para a contestação existente, procurando sobretudo a divisão e
desmobilização dos professores. Nenhum dos princípios que presidiram à elaboração
do presente modelo de avaliação foram alterados, nem a filosofia que lhe está
subjacente foi tocada, já que no próximo ano lectivo de 2009/2010, se manterão em
vigor todos os aspectos que se retiraram nesta simplificação. Se permitirmos a
implementação deste regulamento “simplex”, para o próximo ano lectivo teremos a
aplicação do modelo na sua totalidade. Para além do mais, a implementação do
actual modelo de avaliação, significa a aceitação tácita do tão gravoso ECD que
promove a divisão artificial da carreira docente, com objectivos meramente
orçamentais.
O Ministério da Educação sabe que está isolado dos profissionais do sector. Sabe
também que depende deles para a implementação de todo o processo de avaliação. Por
isso ameaça. Por isso faz tábua rasa dos princípios básicos da ética política e se
recusa a uma negociação séria e responsável com os representantes dos professores.
Por isso recorre à chantagem. Mas o Ministério também sabe que não vai conseguir
impor este modelo de avaliação e o ECD contra a vontade expressa de toda uma
classe profissional.