GRUPO 3: Cecília Furtado, Eduarda Fernandes, José Moreno e Teresa Guerreiro
I reconhecem essa semelhança e continuidade. Nesses outros, cujo
Enquadramento
1. A sociedade da informação: novas possibilidades para a
socialização e a construção da identidade
A sociedade da informação trouxe profundas transformações
para a vida do Homem: a World Wide Web aumentou
exponencialmente as nossas redes de relações, permitiu-nos um
contacto quase permanente com o outro, fez de nós criadores de
conteúdos, expôs-nos publicamente. No que diz respeito aos
adolescentes, esta nova realidade acentuou a diferença em relação
à geração anterior. Por outro lado, a Web alterou formas
tradicionais de socialização e de construção da identidade,
aspectos fundamentais nesta fase de passagem a que se
convencionou chamar adolescência.
De facto, de acordo com a teoria psicossocial de Erikson, por
exemplo, a tarefa mais importante da adolescência é a construção
da identidade, passo crucial da transformação do adolescente em
adulto produtivo e maduro. Segundo o autor (1972), construir uma
identidade implica definir quem é a pessoa, quais são os seus
valores e quais as direcções que deseja seguir pela vida, sendo a
identidade uma concepção de si mesmo, composta de valores,
crenças e metas com os quais o indivíduo está solidamente
comprometido.
A formação da identidade é condicionada por factores intra -
pessoais (as capacidades inatas do indivíduo e as características
adquiridas da personalidade), por factores interpessoais
(identificações com outras pessoas) e por factores culturais
(valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais como
comunitários).
Este sentimento de ter uma identidade pessoal dá-se de duas
formas: a primeira, é perceber-se como sendo o mesmo e contínuo
no tempo e no espaço; e a segunda é perceber que os outros
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olhar é determinante para a construção da identidade, estão
incluídos os adultos (pais, professores), e a “pressão dos pares”,
típica nesta fase. De facto, os pares exercem uma forte influência
sobre os adolescentes, mas estes não “caem” num grupo de
amigos: tendem a escolher amigos que sejam como eles próprios,
influenciando-se mutuamente, tornando-se mais parecidos: os
adolescentes associam-se a grupos que compartilham os seus
valores, atitudes e comportamentos e identidade pessoal.
A Internet veio abrir ao adolescente novas portas para a
socialização e para a construção da sua identidade que se joga
online na criação de blogs, páginas pessoais e SNS, possibilidades
de auto-análise e de escolhas relativas a valores, crenças e à
imagem que quer transmitir de si mesmo.
2. Os Social Networking Sites
2.1 Definição e funcionamento
Talvez mais do que num blog ou numa página pessoal, a
questão da construção da identidade é crucial nos SNS. Antes de
avançarmos com a justificação para a ideia anterior, vejamos um
pouco em que consiste e como funciona um SNS.
Os SNS são “Sítios na Internet que proporcionam a criação e o alojamento de
comunidades online, permitindo a circulação de informação e a comunicação
entre os utilizadores. Estas comunidades são constituidas por pessoas com
interesses e actividades semelhantes. O hi5, o Facebook e o Myspace são
exemplos de SNS.”
( in glossário da cultura digital)
Os SOE ou SNS (social online environments ou social
networking sites, como, por exemplo - hi5, Facebook, MySpace,
Friendster, Linkedln, Orkut e Ringo), são ferramentas de software
social, que permitem a cada utilizador criar o seu próprio perfil
(através de descrições, fotos, listas de interesses pessoais) e
construir uma rede pessoal de relacionamentos sociais. Através
dessas redes, o utilizador relaciona-se intencional e selectivamente
com outros utilizadores pertencentes à sua rede pessoal ou outras
redes pessoais e de interesses pessoais comuns, através da troca de
mensagens privadas e públicas entre si. Sites sociais actualmente
muito populares, como o Hi5, o MySpace e o Linkedln, lançados
em 2003, ou o Orkut e o FaceBook em 2004, constituem uma
actualização e melhoramento das primeiras gerações de software
social de comunicação mediada por computador.
No momento de adesão a um SNS, um indivíduo é convidado
a apresentar o seu perfil, preenchendo parâmetros relativos a
dados objectivos (relacionados com a identificação, a idade, o
sexo, a morada, os contactos) e a dados mais pessoais e que se
prendem com a auto-caracterização (“about me” e “interests”). A
indicação de outros aspectos, como grupos a que pertence,
músicas, filmes e preferidos e a colocação de fotografias fazem
parte dessa caracterização. As páginas de perfil são
personalizáveis, podendo-se editar a cor de fundo, texto e links,
alterar a fonte, padrão ou adicionar uma imagem de fundo,
verificando-se, no entanto, que a maioria dos utilizadores optam
pela versão standard (embora tal não se verifique nos casos
analisados, conforme poderá ser lido mais adiante).
Após a construção do seu perfil, o indivíduo convida os seus
amigos para o site, fornecendo o seu email, e criando uma lista de
amigos online. Pode também visitar o perfil dos outros e anexá-los
à sua lista de amigos.
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A maioria dos SNS exige a aprovação do convidado, após o
que este passa a fazer parte do painel de fotografias e nicknames
dos amigos, que permite a ligação aos respectivos perfis.
Paralelamente, os SNS fornecem a possibilidade de os perfis
elaborados pelos membros serem comentados pelos amigos. Caso
do hi5, os “Fives”, ícones que descrevem a personalidade da
pessoa ou a sua relação com o outro são mais uma possibilidade
de interacção e constituem uma das características comunicativas
do site.
2.2. O público dos SNS
Os utilizadores das redes sociais poder-se-iam definir de
acordo com os objectivos que pretendem atingir, seja de forma
declarada e visível ou mais escamoteada, oculta. Deste modo, há
utilizadores, ainda que sejam uma minoria, que usam esses sites
em breves e intensos períodos para encontrar alguém, de modo a
estabelecer contactos/ relacionamentos amorosos.
Um segundo tipo é constituído por aqueles que procuram a
atenção dos outros, necessitam da sua aprovação, comentários,
reconhecimento, modificando as fotografias e personalizando os
perfis. A troca de informações não é a razão principal da criação e
adopção de redes sociais, mas sim o apoio social, por isso a
interacção é muito significativa para estes utilizadores.
O terceiro grupo de utilizadores procura contactar os amigos e
conhecidos e procura sociabilidade, reputação. Obviamente estes
são a maioria dos utilizadores e estão presentes em todo o tipo de
site de rede social.
 Por último, temos aqueles que pretendem reencontrar Numa analise sócio-demográfica, podemos definir os
amizades ou conhecimentos anteriores, embora se possa afirmar perfis dos utilizadores SOE:
que este objectivo é comum em todos os tipos de utilizadores.
Num estudo baseado nos dados do inquérito por questionário Variáveis sócio - demográfica SOE
”A Sociedade em Rede em Portugal 2006”, as taxas de utilização %
de SOE (social online environments, social networkings sites Idade 08-17 24,8
como o hi5 ou o MySpace) são comparativamente mais baixas do 18-24 37,4
que a utilização de IM (instant messenger como o MSN, o Yahoo, 25-34 30,2
ou o Mensenger). No entanto, os dados permitem afirmar uma 45-64 05,2
crescente presença de acesso a sites como o hi5, sendo os seus Género Masculino 61,0
utilizadores aqueles que apresentam um perfil intermédio, Feminino 39,0
relativamente à auto-percepção sobre a capacidade ou o grau de Escolaridade 4º ano 02,8
perícia de utilização desta ferramenta. O local preferido dos 9º Ano 48,2
utilizadores do hi5 é a escola, sendo que o número médio de 12ºano 32,9
tempo de inscrição e utilização do site, ronda os quatro anos. No Superior 16,0
que respeita aos perfis e usos, estes utilizadores apresentam um Situação no emprego Activos 45,2
grau menor na utilização da Internet para pesquisar informação Estudantes 50,9
online, ler online a imprensa geral, trabalhar online, comprar Inactivos 04,0
livros e musica online. Mas já se verifica um aumento na
utilização de jogos online, consultar blogs e fazer downloads de
Relativamente à frequência de utilização de SOE,
música. Os utilizadores de SOE utilizam frequentemente
aproximadamente 90% interage online, duas a três vezes por
aplicações da Internet, na área do entretenimento, sobretudo
semana:
aqueles com elevados graus de interactividade e que requerem
maior nível de literacia digital (downloads na área de edição de
Número de vezes por semana Utilizadores SOE
blogs) em particular.
n=71
Diariamente 24,3
1-3 vezes por semana 42,4
Semanalmente 16,5
Mensalmente 07,1
Menos de 1 vez/mês 09,7
Total (%) 100,0

São essencialmente os mais jovens, entre os 8 e 17 anos, a

fazerem uso diário destes sites e, maioritariamente, do sexo
Fotografias descarregadas do site www.gettyimages.com e editadas em software Adobe Photoshop masculino.

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 No que concerne às pessoas com quem se interage online, isto
é, à conectividade social, esta faz-se essencialmente com os
amigos, seguidamente com desconhecidos, em terceiro lugar com
os colegas de trabalho/escola e, por último, com os familiares.
Este espaço surge para os adolescentes como mais uma
possibilidade de sociabilização com aqueles que já se conhece e
com desconhecidos, no sentido de explorar novos relacionamentos
via online, esperando conhecer novas pessoas com quem
conversar e partilhar interesses, gostos, atracções, paixões, muitas
vezes sem uma necessária correspondência com a vida real.
Os contactos com desconhecidos podem transformar-se em
realidade ou, pelas características do software social, proporcionar
múltiplas identidades ao seu utilizador que, de uma forma lúdica,
pode assumir outras facetas e inclusivamente ocultar a identidade
real ou barrar a entrada a estranhos.
Essencialmente, quem contacta com desconhecidos são os
perfis “estudantil” e “adolescente” do sexo masculino. Como
resposta aos problemas levantados com a questão da privacidade
de dados pessoais, foi criado em Portugal o blog do Projecto
Dadus, pela comissão Nacional da Protecção de Dados, que
pretende ser um espaço de esclarecimento, prevenção e controlo,
destinado aos jovens, pais e professores.
2.3. SNS : socialização e construção da identidade
Os SOE tendem a constituir-se como espaços de
sociabilidade com os amigos, mas também como espaços de
interacção e experimentação de relações com desconhecidos,
permitindo ao sujeito a sua auto-apresentação, como também a sua
representação, o que significa promover jogos de identidade e
desenvolver novas formas discursivas. Estas redes de
comunicação pessoal personalizada vão esbatendo as diferenças
entre o mundo offline e online, geram ambientes de proximidade
representacional, os quais substituem a proximidade espaço-
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temporal das interacções face a face, influenciando a vida afectiva,
familiar e profissional.
No que diz respeito à construção da identidade, os dados
lançam-se desde logo na decisão de adesão: a pertença a uma
comunidade como o hi5, por exemplo, é ditada pela necessidade
de obedecer a exigências do grupo etário (toda a gente o faz) e é
marca identitária de geração.
Para além disso, a preparação de um perfil que vai ser público,
mas sobretudo visto pelos pares, exige da parte do adolescente não
só a reflexão sobre quem é, mas também sobre a imagem que
pretende transmitir, sobre até que ponto procura a aprovação do
outro e o direito de pertença ou, pelo contrário, está disposto a
marcar a diferença e a sua independência. Na escolha daquilo que
apresenta ou da forma como o apresenta, nunca está longe o olhar
dos pares que o irão julgar. Esse juízo é, aliás, claramente visível
nos comentários ao perfil, os quais permitem ao adolescente uma
reavaliação da sua imagem, uma aprendizagem, uma socialização.
O feedback dos pares é algo a que os adolescentes dão uma
importância extrema e a eventualidade de comentários, que se
pretendem logicamente valorativos, nunca está longe da sua mente
no momento das suas tomadas de decisões sobre quem querem
mostrar que são.
Neste sentido, é nossa convicção que os adolescentes, de
forma geral, tendem a apresentar a faceta que acreditam será bem
recebido pelos pares. A preocupação em parecer cool, em não
destoar, pode levá-los a opções sobre que tipo de fotografias
apresentar, que tipo de linguagem utilizar, o que indicar, o que
ocultar, a nível das suas características, das suas preferências, dos
seus grupos, etc. Há que ter também em atenção que os
adolescentes têm em mente o círculo de amigos em que
socialmente se movem na vida real e que também na comunidade
online as diferenças de grupos se manifestam. Aquilo que o
adolescente revela, a sua forma de ser cool, embora tendo aspectos
comuns a toda uma geração, prende-se em larga medida com o
grupo sociocultural em que se move.
 A preocupação com a imagem estende-se, ainda ao
cumprimento das regras do que é socialmente aceite em termos de
participação no SNS. De facto, a criação de um perfil funciona
como um ritual de iniciação que permite a inclusão numa
comunidade com as regras próprias, neste caso não explícitas, mas
que o iniciado tem de intuir, sob pena de não ser bem visto pelos
outros. Assim, por exemplo, ele tem de entender que o número de
amigos é importante, mas não deve ser excessivo, sob pena de ser
penalizado na sua imagem.
Um outro aspecto a considerar prende-se com o carácter
público dos SNS. De facto, o adolescente tem consciência de que,
ao elaborar um perfil com o intuito de alargar a extensão das suas
redes de relações, se encontra exposto ao olhar de um número
virtualmente ilimitável. Essa possibilidade acarreta o risco de
olhares indesejáveis, risco de que o adolescente poderá estar ou
não consciente, e que poderá condicionar as opções que faz,
nomeadamente a nível dos dados de identificação. Por outro lado,
a consciência de que se está a expor publicamente pode
condicionar o grau de profundidade daquilo que se revela.
Também aqui se pode jogar a construção da identidade
(assumir/não assumir riscos) e se arrisca a aprovação/
desaprovação dos pares.
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II
Análise de alguns perfis de SNS
1. A opção pelo hi5 (o fenómeno em Portugal)
No início do nosso trabalho, algumas tomadas de decisão
foram necessárias. A primeira teve a ver com a escolha do SNS
que serviria de base à nossa análise. Entre o Facebook, o Myspace
e o hi5, a nossa escolha recaiu no terceiro. As razões dessa escolha
prendem-se com a sua popularidade a nível mundial, visto que
mais de 80 milhões de pessoas, inscreveram-se em contas do hi5,
o qual é utilizado, por cerca de 46 milhões de pessoas, por mês. O
seu amplo alcance, serve também de veículo de plataforma de
anúncios, soluções de marketing de marcas globais, bem como os
anunciantes nacionais e regionais.
Lançado em 2003, o hi5 é agora uma das maiores redes sociais
do mundo - classificada como Top 20 mundial e site # 1, utilizado
em 25 países em toda América Latina, Europa, Ásia e África,
sendo que no total contabiliza 80 milhões de clientes, em mais de
200 nações do mundo!
Segundo a comScore, mais de 56 milhões de pessoas visitam,
em cada mês, o hi5, que está actualmente disponível em 37 opções
de língua (com tendência para aumentar). Trata-se de uma
empresa privada, com sede em São Francisco, Califórnia.
A segunda razão da nossa escolha relaciona-se com a sua
popularidade junto dos nossos alunos e, de uma forma geral em
Portugal. De facto, segundo o site de ranking mundial Alexa.com,
o hi5, criado nos EUA por Ramu Yalamanchi, em 2004, foi
considerado o site mais visitado pelos portugueses em 2007. O
fenómeno da sua popularidade junto do público adolescente com
que lidamos no nosso dia-a-dia (hoje, quem não está no hi5, está
out) foi a razão fundamental desta opção.
2. O corpus de análise – critérios de selecção
Após a escolha do hi5 para analisar, procurámos estabelecer
critérios válidos que presidissem à selecção de “exemplares”
passíveis de ser analisados. Uma vez que a primeira razão
apontada para a escolha deste SNS se prende com o facto de ser
muitíssimo procurado e usado pelos jovens portugueses e
constituindo estes o alvo principal das funções que exercemos
enquanto coordenadores de BE, foi óbvio que teríamos de
observar páginas de jovens. Desta forma, dividimos o nosso
campus de pesquisa e análise por três grupos:
1. Jovens entre os 13 e os 15 anos (dois utilizadores)
2. Jovens entre os 16 e os 18 anos (três utilizadores)
3. Jovens entre os 19 e os 22 anos (três utilizadores)
A estes três grupos, juntámos um quarto, destinado a adultos
utilizadores do hi5 (maiores de 22 anos), para que pudessem ser
estabelecidas algumas comparações entre a forma de utilização do
hi5 por nativos e imigrantes digitais. Restringimos, assim, a
análise deste quarto grupo a dois utilizadores, com idades a partir
dos quarenta anos. Procurámos ainda atingir o equilíbrio entre
utilizadores do hi5 do sexo masculino (seis utilizadores) e
feminino (quatro utilizadores) e decidimos analisar
exclusivamente páginas de utilizadores portugueses, por ser o hi5
o SNS da sua preferência, conforme já foi explicado no ponto
anterior.
3. A grelha de observação – explicação de critérios
A terceira escolha prendeu-se com os parâmetros a incluir na
grelha de observação dos casos. Após uma primeira observação de
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alguns exemplos, e da leitura dos textos de apoio a esta actividade,
duas hipóteses nos surgiram:
• O olhar dos outros leva a que o adolescente procure dar de
si a imagem de alguém que é cool e que está in;
• O carácter público do perfil condiciona a extensão do que
o adolescente revela de si.
Assim sendo, procurámos que a grelha que construímos
permitisse dar resposta às questões que levantadas. Neste sentido,
ela possibilita registar o tipo de dados de identificação fornecidos,
a caracterização que o sujeito faz de si, os interesses que diz
possuir, os grupos a que pertence, as músicas, filmes e livros da
sua preferência, o número e o tipo de fotografias fornecidas, o
número de amigos, o tipo de linguagem utilizada, dados
eventualmente úteis para a resposta às hipóteses levantadas.
Permite também registar o número e o tipo de comentários, o que
nos pode dar o feedback dos outros e confirmar em que medida o
perfil corresponde ao que o grupo considera cool. (ver grelha em
anexo)
4. Os casos analisados: descrição
Passamos a apresentar uma síntese do que foi a análise dos
casos seleccionados, de acordo com os conteúdos incluídos na
grelha de observação.
Aspecto gráfico (paginação, cor, fundo, som, vídeo)
Quase todos os perfis personalizam as suas páginas, sobretudo
recorrendo à cor (predominância de tons escuros no sexo
masculino; tons mais claros e muitas imagens, fotos ou desenhos,
nos perfis do sexo feminino), mas também inserindo imagens e
sons ou músicas. A página de entrada de praticamente todos os
perfis apresenta uma predominância enorme de imagens e cor,
quer enviadas por visitantes e amigos, quer escolhidas pelos
“donos” dos perfis.

Visitantes do perfil
Os perfis dos jovens têm números de visitantes que atingem as
largas centenas, chegando mesmo a alguns milhares de visitas
(com excepção do perfil do jovem do sexo masculino, de 14 anos),
ao passo que os perfis dos adultos apresentam números de visitas
bastante inferiores (pouco mais de uma centena de visitas).
O meu perfil
Identificação pessoal
Quase todos os perfis analisados apresentam apenas o nome
próprio, sem menção de apelido (o adulto do sexo masculino, um
jovem do sexo masculino e uma do sexo feminino incluem o
apelido; dois jovens do sexo masculino apresentam apenas
nicknames).
Informação demográfica
Ninguém revela dados sobre a sua ocupação; a idade é referida
em quase todos os perfis, com excepção de três jovens; todos, com
excepção de um jovem, revelam a data de nascimento; a indicação
relativa ao sexo é omitida por alguns, possivelmente por ser
considerada desnecessária, face ao nome apresentado.
Localização geográfica
São fornecidas informações escassas, sobretudo relacionadas
com a localidade e, em poucos casos, a menção de blogs, email ou
o URL das páginas observadas. Ninguém fornece dados relativos à
morada completa ou ao número de telefone/telemóvel.
Outras informações
A maioria dos perfis analisados procura “fazer amigos”, alguns
indicam “apenas ver”, dois não fornecem qualquer indicação. A
religião é apontada por alguns perfis (“cristão-católico” ou
“espiritual mas não religioso”). Quase todos respondem ao item
“estado da relação” (adultos incluídos), com excepção de três
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perfis. Sobre os idiomas, para além dos adultos, são poucos os
perfis que fornecem esses dados.
Estatísticas
Complementando os dados iniciais, já fornecidos, os perfis dos
jovens são muito mais activos do que os dos adultos (novamente
com a excepção do jovem do sexo masculino de 13-15 anos e de
um jovem, também do sexo masculino, de 19-22 anos). São
sobretudos feitos comentários aos perfis e às fotos (podendo
ascender às largas centenas e mesmo ultrapassar o milhar), ao
passo que o uso dos fives e recortes é bastante mais diminuto
(aparentemente, trata-se de aplicações que não acolhem especial
simpatia junto dos utilizadores do hi5).
Fotografia descarregada do site www.gettyimages.com e editada em software Adobe Photoshop
Sobre mim
Áreas de interesse / informações disponibilizadas pelo jovem/
sentimentos/emoções
Os jovens com menos visitas e amigos são os que revelam
menos sobre si, ao passo que aqueles que fornecem mais dados,
por exemplo sobre as músicas, os filmes, os livros e as citações
preferidas ou os interesses, são mais visitados. Alguns perfis
apresentam slideshows com fotos suas, outros textos ou poemas
escritos por si. Relativamente aos perfis dos adultos, o masculino
apenas divulga a sua citação preferida e apresenta um slideshow
com fotos suas, enquanto o perfil adulto feminino fornece mais
dados (preferências e interesses, um poema seu).
Fives
Os perfis de adultos fazem um uso residual desta aplicação,
aumentando bastante o seu uso junto dos jovens (em alguns casos
– poucos - chega às duas centenas). São os jovens com mais
visitas e maior número de amigos que registam maior número de
fives.
Diário
Trata-se de uma aplicação bastante utilizada (sete em dez
perfis usam-na), embora não seja grande o número de entradas
registadas.
Music I like
Alguns perfis fornecem links para a audição das músicas de
que gostam, embora muitos perfis não utilizem esta aplicação, por
já indicarem os seus gostos no espaço “sobre mim”.
Outros casos: Videos I like, Photo Buzz e Gifts
Alguns perfis dão a ver aos visitantes vídeos da sua
preferência, quase todos retirados do Youtube; os casos Photo
Buzz e Gifts são usados cada um por um perfil.
Fotografia descarregada do site www.gettyimages.com e editada em software Adobe Photoshop
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Amigos
Quase todos os perfis revelam os melhores amigos, em número
substancialmente menor (nunca ultrapassa os vinte). Os
utilizadores com maior número de amigos também investem
bastante no envio e resposta de comentários, às fotos e aos perfis
dos amigos. Esses comentários são maioritariamente breves,
incidindo sobre o aspecto físico das pessoas fotografadas, a
comicidade, beleza ou os sentimentos que evocam as fotos ou
reportando-se a conversas tidas fora do espaço online.
Aproximam-se frequentemente da estrutura, breve e cheia de
abreviaturas, das SMS.
Fotos
Os perfis de jovens que têm menos amigos e visitas também
apresentam menos fotos. As fotos dos perfis dos jovens são
maioritariamente deles mesmos, deles com amigos, por vezes
(poucas) com familiares, e em situações de férias, lazer ou de
encontros sociais. Algumas fotos, sobretudo as pessoais, são
preparadas, com poses para o efeito. Alguns casos apresentam
fotos relacionadas com actividades ligadas aos seus interesses.
Álbum de recortes
Muitos dos recortes/ comentários enviados e recebidos
incluem imagens. As imagens constituem um atractivo de peso nas
páginas dos utilizadores do hi5.
Diário
Dois perfis remetem os visitantes para blogs feitos por si (um
deles é de adulto). Algumas entradas são de alguma extensão,
outras extremamente breves (uma ou duas palavras), reflectindo
estados de alma, angústias e dúvidas existenciais. Também são
passíveis de receber comentários e de lhes responder.
Grupos
Os adultos pertencem a poucos ou nenhuns grupos, enquanto
que os jovens pertencem a bastantes (largas dezenas em alguns
casos), sobretudo os que apresentam maior número de visitas e Nos perfis analisados, não é feito qualquer uso de emoticons,
amigos. Estes grupos podem ser restritos, com apenas algumas embora os jovens recorram frequentemente ao uso expressivo e
dezenas de membros, ou muito alargados, contendo centenas de icónico da pontuação, nas mais diversas situações de comunicação
milhar de membros. Os grupos apontam para os interesses, escrita proporcionadas pelo Hi5. Os adultos recorrem muito menos
indicados ou não, e referem-se a música, séries de televisão, a este uso da pontuação.
desporto/ clubes, tunning, motas ou TT, terras e cidades, muitas III
vezes da origem dos perfis, mas também causas sociais e políticas Conclusões
(contra o uso de peles, de apoio a Omer Goldman) ou temas
culturais e artísticos. Estes grupos reflectem, de alguma forma, a
personalidade dos seus membros e o grau do seu envolvimento Apresentamos, sucintamente, algumas conclusões a que
com o mundo e os outros. chegámos, após a análise das grelhas de observação:

• Quando se verifica mais empenho na composição e no

enriquecimento da página (com fotos, sobretudo, mas
também animações, vídeos e músicas ou a integração em
grupos), maior é o número de visitantes e amigos
conseguidos;
• Os utilizadores que mais informações dão de si (interesses,
preferências…) também são os mais visitados. Por outro
Fotografia descarregada do site www.gettyimages.com e editada em software Adobe Photoshop lado, parece haver algum cuidado na ocultação de
Linguagem informações pessoais, nomeadamente as que se prendem
Nos perfis dos adultos e de alguns (poucos) jovens com gosto com a informação pessoal, demográfica ou a localização
pela escrita, a linguagem utilizada é correcta, fugindo aos registos geográfica;
orais ou ao uso icónico da pontuação, embora possa ser informal, • Os utilizadores mais assíduos na actualização das suas
nomeadamente nos comentários feitos a perfis ou fotos de amigos. páginas são mais visitados;
A esmagadora maioria dos jovens não revela qualquer • Os utilizadores que mais comentários enviam aos amigos
preocupação pela correcção escrita, parecendo mesmo dar são também os que mais comentários recebem (a
deliberadamente erros ortográficos, dando primazia à eficácia e reciprocidade é, portanto, um aspecto fundamental a ter em
rapidez comunicativa. Há formas de escrita próprias e comuns a conta na visibilidade destas paginas);
muitos dos jovens (p. exemplo: o uso do X nas palavras que têm • A imagem que os adolescentes procuram dar de si está
os sons [s] ou [z], como “danxar” ou “kixomba”; o uso de frequentemente associada a sentimentos de alegria e a
abreviaturas, a eliminação de vogais, quando tal não impede a valores como a beleza pessoal (as páginas mais “tristes”
compreensão da palavra, etc.), numa grande aproximação à eram também as menos visitadas) ou a relação online com
linguagem ultra-simplificada e quase estenográfica das SMS. muitas pessoas e grupos: os utilizadores com mais
Emoticons contactos tornam-se mais apetecíveis de visitar e conhecer;

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 • O aspecto visual e a inclusão de muitas imagens são
directamente proporcionais ao número de visitantes e
amigos alcançado.
• Também o tipo de linguagem utilizada obedece a “normas”
específicas e próprias aos jovens, sendo cool a utilização
de linguagem tipo SMS.
O estudo que fizemos permite-nos concluir que há uma certa Bibliografia
uniformidade no tipo de imagem que os jovens e adolescentes dão
de si mesmos. Pretendendo alargar a sua rede de relações sociais,
jogam eventualmente a sua imagem em termos de sedução: “a Erikson, E. H. (1972). Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro:
Zahar.
bright shining me” parece ser o perfil típico que se concretiza nas
opções que se fazem a nível das fotografias, do que se diz de si Erikson, E. H. (1979). Crescimento e crises. In T. Millon, Teorias da
mesmo, da linguagem que se usa, da própria personalização da psicopatologia e personalidade (2a ed., pp. 91-104). Rio de Janeiro:
página. Essa uniformidade pode, de facto, revelar a preocupação Interamericana.
do jovem em ser como os outros, preocupação essa que se estende
da vida offline para a vida online. O desejo de estar integrado, de http://hi5.com/
“pertencer” pode ainda justificar o número de grupos a que dizem
pertencer, sinal da integração e de um carácter dinâmico em http://osegundochoque.blogia.com/2007/091201-hi5-em-portugal.php
termos sociais.
A verificação de que os sites mais visitados e comentados são HUKAFFER, David (2004).Gender Similarities and differences in
aqueles cujos autores são mais activos, quer na actualização da online identity and language use among teenage bloggers. Dissertação
de mestrado. Washington: Georgetown University
página, quer no desenvolvimento das relações, mostra talvez que a
pró-actividade é uma característica que compensa em termos de SERRA, Paulo (2006) On-line e off-line: concordâncias, oposições e
sociabilidade, sinal assimilado e eventualmente determinante na complementaridades. Online: www.bocc.ubi.pt
escolha de comportamentos a assumir.
No que diz respeito às revelações que o adolescente faz de si, a STERN, S. (2008). Producing Sites, Exploring Identities: Youth Online
escassez (quer em dados de identificação, quer em dados que se Authorship. Youth, Identity, and Digital Media. 2008 Massachusetts
prendem com sentimentos ou de intimidade) revelam a Institute of Technology. p 95-117 . Acedido em 5 de Janeiro de 2008 em
consciência do carácter público dos SNS e do seu lado http://www.mitpressjournals.org/doi/pdf/10.1162/dmal.9780262524834.
eminentemente social, por outro. 095?cookieSet=1
De qualquer forma, é um facto que os SNS, pela reflexão sobre si
mesmo que possibilitam e pelo jogo da construção de uma WIKIPEDIA – “Social Software”
Online: http://en.wikipedia.org/wiki/Social_ software
imagem cujo feedback é ponto de partida para aprendizagens,
constituem novas experiências de construção de identidade num
mundo que a Web transformou.

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 Grupo 3
Cecília Furtado
Eduarda Fernandes
José Moreno
Teresa Guerreiro
Janeiro de 2009

P12/13
Grelha de análise do site social de O hi5 é um site de interacção social virtual, à semelhança do Myspace e do
Orkut. Oferece aos utilizadores a possibilidade de criarem um perfil com um
layout atractivo e diversificado, onde podem colocar e partilhar fotografias,

jovens: músicas e vídeos. O hi5 possui um sistema de grupos a que um utilizador pode
aderir consoante o seu interesse. Foi o site mais visitado pelos portugueses
em 2007. (in Glossário da Cultura Digital – versão final)

URL da página observada:

ZONA DO HI5 CONTEÚDOS TÓPICOS QUAN INFORMAÇÃO DISPONIBILIZADA

T. (exemplos/comentários/observações)

Início Aspecto gráfico

(paginação, cor, fundo,
som, vídeo)
Visitantes do perfil total

P13/13
O meu perfil
Identificação nome completo
pessoal só apelido
só nome
nickname/pseudóni
mo
Informação idade
demográfica data de
nascimento
sexo
ocupação
Localização morada completa
geográfica localidade
telefone
email
msn
link (home
page/blog)
Outras o que procura no
informações hi5?
religião
estado da relação
idiomas
Estatísticas amigos
comentários ao
perfil
Comentários às
fotos
fives
recortes
Que estás a fazer Edição do estado
agora?
Sobre mim
Áreas de
interesse/Informações
disponibilizadas pelo
jovem/sentimentos/emo
ções

P14/13
O meu perfil Fives (indicar os
(cont.) títulos dos 5 fives
mais concorridos)

Music I like
Outro caso:
Amigos Todos
Melhores amigos
Fotos Fotos mais
recentes
Fotos marcadas
Albuns
Album de recortes Estado
Comentários
Diário

Grupos Os meus grupos

Os grupos dos meus
amigos
Favoritos
Linguagem Formas linguísticas informais
Aproximação da linguagem escrita à oral
Pouco uso da linguagem formal
Outro caso: Formas linguísticas formais
Emoticons Feliz gráfico
pontuação
Triste gráfico
pontuação
Zangado gráfico
pontuação
Flirt gráfico
Pontuação
Cansado gráfico
pontuação

4-º MGIBE . MDS . Análise do site social de jovens: hi5 . Grelha de observação . Janeiro de 2009

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