PORTO ALEGRE
2004
1. INTRODUÇÃO
Neste início de século, podemos estar passando pela maior mudança dentro da indústria
de TI (Tecnologia da Informação), sem nos darmos conta. Esta mudança gira em torno das
patentes de software, ou, mais especificamente, em torno das filosofias de Software
Proprietário1 e Software Livre2.
Por quase duas décadas a indústria de TI e todos os segmentos que de alguma forma
utilizam o computador pessoal (PC) como ferramenta de trabalho vêem-se aprisionados sob o
domínio de poucos fornecedores mundiais de software. Este domínio tem marcado uma nova
divisa entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento: são os efeitos da
Exclusão Digital. Hoje a dificuldade de acesso à meios modernos de comunicação e o baixo
poder financeiro para custear a compra de licenças de uso de softwares leva cada vez mais
países a analisarem de forma profunda a filosofia criada em 1985 por Richad M. Stallman,
fundador do Projeto GNU3 e atual presidente da FSF (Free Software Foundation).
Apesar da filosofia de Software Livre ser quase tão antiga quanto o surgimento dos
primeiros sistemas operacionais proprietários para PC’s, somente há poucos anos ela começou
a receber a importância que merece. Governantes e altos executivos interessaram-se nas
possíveis vantagens da utilização de Software Livre em suas administrações e empresas.
Libertar da dependência tecnológica, reduzir custos com desnecessárias e abusivas licenças de
uso de software e aumentar a segurança e performance de sistemas e dados tornaram-se as
principais bandeiras do movimento de Software Livre.
Mas como é possível utilizar esta nova filosofia como um modelo de negócios na área de
1
A denominação de “Software Proprietário” será dada a todo software “não-livre”, ou seja, que restrinja o usuário
quanto à modificação do programa e sua redistribuição.
2
A definição de “Software Livre” será utilizada conforme definição oficial da Free Software Foundation (FSF),
disponível em http://www.fsf.org/philosophy/free-sw.pt.html.
3
O Projeto GNU (http://www.gnu.org/gnu/thegnuproject.html) é o projeto para criação de um sistema operacional
totalmente livre, conforme as definições da FSF. GNU é um acrônimo para “GNU’s Not Unix”.
TI? Como é possível o desenvolvimento sustentável de sistemas dentro de empresas e
governos sem a utilização do copyright tradicional? E de que forma esta mudança pode afetar
os rumos da economia e mercado de TI?
Enquanto essas perguntas ainda são respondidas por países, empresas, empresários e
comunidade de software, muitos passos já foram dados para que possam ser identificados
alguns dos principais fatores de causa e conseqüência da expansão do Software Livre a nível
global.
Algumas cidades e estados do Brasil já têm leis que regulam a utilização e preferência
na utilização de softwares livres. A mais recente delas é a Lei Nº 12.866 de 12 de janeiro de
2004, do Estado de Santa Catarina5 que, entre outros artigos, estabelece: “Art. 1º A
Administração Pública Direta, Indireta e Fundacional do Estado de Santa Catarina utilizará
preferencialmente programas abertos em seus sistemas e equipamentos de informática.” O
Governo Federal Brasileiro também avança na questão legal sobre a utilização de softwares
livres. A Frente Parlamentar Mista pelo Software Livre6, criada em agosto de 2003 durante a
“Semana de Software Livre do Legislativo”7, é composta por mais de 120 deputados federais e
20 senadores, tendo como presidente de honra o senador José Sarney. A intenção é
transformar o Software Livre no governo Lula em uma política pública de governo.
4
http://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt.html
5
Texto completo da Lei em http://www.softwarelivre.org/news/1701
6
http://www.softwarelivre.org/news/1214
Na segunda parte serão apresentadas as particularidades da aplicação do Software
Livre na administração pública, sua relação com a responsabilidade fiscal na aquisição de
tecnologia e benefícios ao mercado de TI.
Na quarta parte, tanto quanto for possível, deseja-se apresentar relatos na forma de
entrevistas com os principais ativistas do movimento Software Livre no Brasil e no mundo, por
ocasião do 5° Fórum Internacional de Software Livre, a realizar-se em Porto Alegre, de 2 a 5 de
junho de 2004.
3. METODOLOGIA
4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
7
Realizada no período de 18 a 22 de Agosto de 2003, em Brasília e promovida pelo Senado Federal e pela Câmara
dos Deputados.
em que elimina a dependência tecnológica na qual os países em desenvolvimento encontram-
se atualmente inseridos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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