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Biólogo, MSc. Enga. Ambiental, professor do curso de Turismo e Hotelaria da
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI; E-mail: soldateli@linhalivre.net; Telefone:
(48) 3334-4589.
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Geógrafo, MSc. Enga. Ambiental, coordenador do Centro de Visitantes do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro pela CAIPORA - Cooperativa para Conservação da
Natureza; E-mail: serra_do_tabuleiro@yahoo.com.br; Telefone: (48) 3286-2624.
EIXO TEMÁTICO
1 A Trilha
1.1 Planejamento e Manejo
INTRODUÇÃO
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, criado pela Lei No 1.260 de 01 de
novembro de 1975, é administrado pela Fundação do Meio Ambiente de Santa
Catarina – FATMA e abrange os municípios de Florianópolis, Palhoça, Águas Mornas,
Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, Paulo Lopes, Garopaba, Imaruí e São
Martinho, além das Ilhas da Fortaleza, do Papagaio Pequeno, do Papagaio Grande,
Irmã Pequena, Irmã do Meio, Irmã de Fora, Moleques do Sul, do Siriú, Coral e dos
Cardos (figura 1).
Corresponde a uma área de aproximadamente 90.000 ha equivalente a cerca
de 1% do território de Santa Catarina e, sozinho, responde por pouco menos de 1% do
total da Mata Atlântica remanescente no país.
É constituído por um conjunto de formações vegetais pertencentes ao
domínio da Mata Atlântica, abrigando as formações de Floresta Atlântica, Floresta com
Araucária, Campos de Altitude e Ecossistemas Costeiros. Por isso vem sendo
reconhecido internacionalmente e apontado como prioridade para a conservação da
biodiversidade brasileira. Em 1993 a UNESCO estabeleceu a Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica em Santa Catarina, onde o parque foi incluído como Zona Núcleo e
Área Piloto. Em 1999, o Workshop Avaliação e Ações Prioritárias para Conservação
dos Biomas Floresta Atlântica e Campos Sulinos, promovido pelo Ministério do Meio
Ambiente - MMA por meio do PROBIO, classificou o Parque como área prioritária para
a conservação de diversas espécies (SOCIOAMBIENTAL, 2002).
Figura 1: Localização do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.
OBJETIVOS
Identificar e avaliar os impactos negativos nas trilhas que levam ao Pico do
Cambirela, a partir do levantamento de campo de indicadores ambientais, utilizando
uma adaptação da metodologia de Manejo do Impacto de Visitantes (Visitor Impact
Manegement – VIM).
METODOLOGIA
A identificação e avaliação dos impactos negativos foram realizadas com base
na coleta de dados e mapeamento em campo. Para isso, previamente, a partir da
metodologia Manejo do Impacto de Visitantes (Visitor Impact Management – VIM),
baseada nos trabalhos de Kuss, Graefe e Vaske (1990), Mac Farland e Wallace (1997)
e Freixêdas-Vieira, Passold e Magro (2000), foram definidos os indicadores biofísicos
e sociais a serem utilizados e elaborada uma lista de referência para uso em campo.
A partir da lista de referência de indicadores, foram coletados os dados em
campo e com auxílio de um GPS (Global Position System), realizado o mapeamento
das trilhas, dos atrativos naturais e dos pontos ou trechos que apresentavam impactos
negativos, efetuando-se o registro fotográfico dos aspectos de interesse, com câmera
digital. Os trabalhos de campo foram realizados nos meses de abril e maio de 2006.
Posteriormente, os dados coletados foram processados, sendo inseridos no
Sistema de Informações Geográficas (SIG) Arcview 3.2, do Parque Estadual da Serra
do Tabuleiro, permitindo a criação de uma base de dados, análise, interpretação e
geração dos mapas temáticos da área estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Trilha 1
Esta trilha é a mais problemática das três mapeadas pois apresenta no seu início um
processo de ravinamento e compactação de solo e no seu final próximo ao cume
movimentação de massa nas altas declividades, com muitos fragmentos de rocha
soltos com grande risco aos usuários. Além disso, apresenta um trecho vertical com
corda de nylon fixa, sujeita as intempéries e em precárias condições de uso, também
oferecendo grande risco ao usuário.
Grau de Dificuldade: muito difícil (pela distância e inclinação da trilha, com passagens
que apresentam dificuldade técnica e grande risco).
Trilha 2
Esta trilha é a que apresenta as melhores condições de uso, apesar de não ter sido
planejada adequadamente. Nos trechos iniciais da trilha, em relevo suave-ondulado
não apresenta maiores problemas de erosão. Na medida em que a encosta se torna
mais íngreme, em relevo montanhoso, a trilha segue pelo fundo de um vale sobre
rochas com muitas raízes expostas, em terreno úmido e escorregadio, sendo este o
fator de maior risco aos usuários.
Trilha 3
Esta trilha, em seu trecho inicial esta inserida num relevo suave-ondulado,
apresentando em grande parte processo de ravinamento. Em seguida, sob relevo
montanhoso entra em terreno mais íngreme, sendo necessário em praticamente toda
a subida o apoio das mãos, o que oferece médio a grande risco para usuários
inexperientes. O Solo litólico apresenta muitos blocos de rochas e grande evidência de
raízes expostas.
CONCLUSÃO
Em função da história de uso do Cambirela, verificou-se que na última
década a pressão da visitação vem aumentando significativamente, agravando ainda
mais o quadro de impactos identificados neste trabalho.
A continuidade desta situação é uma preocupação do órgão gestor do
Parque e de entidades parceiras que atuam no âmbito da conservação da natureza.
Felizmente, após vários anos de abandono, estão em fase inicial várias
ações no sentido de fortalecer o planejamento e manejo do Parque.
A FATMA, através de investimentos em infra-estrutura e realização de
parcerias de cooperação técnica, vem implementando programas de pesquisa,
educação ambiental e uso público, a exemplo de algumas ações que vem
acontecendo por meio do Centro de Visitantes.
Estas visam a capacitação das equipes envolvidas; a mobilização
comunitária; a educação ambiental e; o desenvolvimento, aplicação e adaptação de
metodologias científicas nas diversas áreas de conhecimento, o que possibilita o
aumento do conhecimento sobre o Parque.
Para o manejo do uso público, um exemplo é a parceria formada entre a
FATMA, a Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e a CAIPORA - Cooperativa para
Conservação da Natureza, para execução deste projeto de pesquisa que contou com
apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado
de Santa Catarina – FAPESC.
Neste sentido, juntamente com as demais ações em curso e caso haja
possibilidade de continuidade e ampliação das mesmas, inclusive para as outras áreas
do Parque (que também apresentam situação semelhante à do Cambirela), as
perspectivas apontam para a reversão paulatina do quadro apresentado. Obviamente,
na ausência de ações efetivas a tendência será a degradação generalizada das áreas
de uso.
BIBLIOGRAFIA CITADA
KUSS, F.R.; GRAEFE, A.R.; VASKE, J.J. Visitor Impact Manegement: a review of
research. Vol. 1. Washington D.C.: National Parks and Conservation Association,
1990.