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MAPEAMENTO DAS TRILHAS E DOS

IMPACTOS AMBIENTAIS NEGATIVOS NO PICO DO CAMBIRELA,


PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO TABULEIRO, SC, BRASIL

Marcio Soldateli1; Luiz Henrique Fragoas Pimenta2

1
Biólogo, MSc. Enga. Ambiental, professor do curso de Turismo e Hotelaria da
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI; E-mail: soldateli@linhalivre.net; Telefone:
(48) 3334-4589.
2
Geógrafo, MSc. Enga. Ambiental, coordenador do Centro de Visitantes do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro pela CAIPORA - Cooperativa para Conservação da
Natureza; E-mail: serra_do_tabuleiro@yahoo.com.br; Telefone: (48) 3286-2624.

EIXO TEMÁTICO
1 A Trilha
1.1 Planejamento e Manejo

INTRODUÇÃO
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, criado pela Lei No 1.260 de 01 de
novembro de 1975, é administrado pela Fundação do Meio Ambiente de Santa
Catarina – FATMA e abrange os municípios de Florianópolis, Palhoça, Águas Mornas,
Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio, Paulo Lopes, Garopaba, Imaruí e São
Martinho, além das Ilhas da Fortaleza, do Papagaio Pequeno, do Papagaio Grande,
Irmã Pequena, Irmã do Meio, Irmã de Fora, Moleques do Sul, do Siriú, Coral e dos
Cardos (figura 1).
Corresponde a uma área de aproximadamente 90.000 ha equivalente a cerca
de 1% do território de Santa Catarina e, sozinho, responde por pouco menos de 1% do
total da Mata Atlântica remanescente no país.
É constituído por um conjunto de formações vegetais pertencentes ao
domínio da Mata Atlântica, abrigando as formações de Floresta Atlântica, Floresta com
Araucária, Campos de Altitude e Ecossistemas Costeiros. Por isso vem sendo
reconhecido internacionalmente e apontado como prioridade para a conservação da
biodiversidade brasileira. Em 1993 a UNESCO estabeleceu a Reserva da Biosfera da
Mata Atlântica em Santa Catarina, onde o parque foi incluído como Zona Núcleo e
Área Piloto. Em 1999, o Workshop Avaliação e Ações Prioritárias para Conservação
dos Biomas Floresta Atlântica e Campos Sulinos, promovido pelo Ministério do Meio
Ambiente - MMA por meio do PROBIO, classificou o Parque como área prioritária para
a conservação de diversas espécies (SOCIOAMBIENTAL, 2002).
Figura 1: Localização do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro.

Atualmente há uma crescente e desordenada procura pela visitação de suas


áreas naturais para a prática de atividades recreativas, de turismo e de aventura, o
que tem constituído grande fator de pressão sobre a biodiversidade e de conflito sócio-
ambiental. Uma das áreas que mais sofre esta pressão são as serras do Parque, em
especial o Cambirela, nome dado a montanha localizada na Guarda do Cubatão,
município de Palhoça (figura 2)
O Pico do Cambirela é um dos pontos de maior proeminência do Parque do
Tabuleiro, alcançando 922 metros de altitude, e de maior proximidade ao núcleo da
Grande Florianópolis e à zona costeira, daí um dos fatores que fazem dele um local de
referência para adeptos de montanhismo, caminhada e acampamento.

Figura 2: Localização da área de estudo no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (imagem


LANDSAT)

A história de uso desta montanha é antiga, a sua base sofreu ações


antrópicas como a retirada espécies arbóreas por madeireiras, hoje desativadas e a
agricultura, principalmente na produção de mandioca e cana-de-açúcar, que
abasteciam os engenhos artesanais familiares na produção de farinha e cachaça.
Apesar de grande parte dessas áreas terem sido abandonadas e estarem em
processo de regeneração, a montanha ainda vem sofrendo outros impactos à exemplo
da mineração e mais recentemente do uso recreativo e turístico.
A visitação ocorre de forma espontânea, por grupos independentes,
principalmente moradores da grande Florianópolis e de forma organizada através de
operadoras de ecoturismo e guias e condutores autônomos. Devido à falta de
planejamento e controle, existem algumas trilhas que levam ao Pico do Cambirela, três
delas são as mais conhecidas e utilizadas, as quais constituem o objeto de estudo
deste trabalho.

OBJETIVOS
Identificar e avaliar os impactos negativos nas trilhas que levam ao Pico do
Cambirela, a partir do levantamento de campo de indicadores ambientais, utilizando
uma adaptação da metodologia de Manejo do Impacto de Visitantes (Visitor Impact
Manegement – VIM).

METODOLOGIA
A identificação e avaliação dos impactos negativos foram realizadas com base
na coleta de dados e mapeamento em campo. Para isso, previamente, a partir da
metodologia Manejo do Impacto de Visitantes (Visitor Impact Management – VIM),
baseada nos trabalhos de Kuss, Graefe e Vaske (1990), Mac Farland e Wallace (1997)
e Freixêdas-Vieira, Passold e Magro (2000), foram definidos os indicadores biofísicos
e sociais a serem utilizados e elaborada uma lista de referência para uso em campo.
A partir da lista de referência de indicadores, foram coletados os dados em
campo e com auxílio de um GPS (Global Position System), realizado o mapeamento
das trilhas, dos atrativos naturais e dos pontos ou trechos que apresentavam impactos
negativos, efetuando-se o registro fotográfico dos aspectos de interesse, com câmera
digital. Os trabalhos de campo foram realizados nos meses de abril e maio de 2006.
Posteriormente, os dados coletados foram processados, sendo inseridos no
Sistema de Informações Geográficas (SIG) Arcview 3.2, do Parque Estadual da Serra
do Tabuleiro, permitindo a criação de uma base de dados, análise, interpretação e
geração dos mapas temáticos da área estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização geral da área


A área de estudo está inserida no domínio morfoestrutural Embasamentos
em Estilos Complexos na unidade geomorfológica Serras do Leste Catarinense, sendo
formada por granitos e riolitos. O relevo, variando de suave ondulado a montanhoso,
apresenta-se fortemente dissecado, com altas declividades, cristas angulosas e solos
rasos com forte suscetibilidade à erosão.
A vegetação é composta por Floresta Ombrófila Densa submontana e
montana nas encostas e Campos de Altitude nas áreas mais elevadas. A área também
apresenta espécies vegetais raras, ainda pouco conhecidas pela ciência.
O principal atrativo natural desta trilha é o próprio Pico do Cambirela e as
imponentes e diversificadas paisagens litorâneas e montanhosas observadas a partir
dos mirantes naturais.
As principais atividades realizadas são: montanhismo, caminhada e
acampamento, realizadas principalmente por moradores da região, que visitam o
Cambirela em grupos, sem adoção de condutas de mínimo impacto.
As três trilhas mapeadas são descritas abaixo, numeradas como 1, 2 e 3.
Todas estão inseridas na Zona de Uso, de acordo com o Zoneamento do Parque
Estadual da Serra do Tabuleiro (SOCIOAMBIENTAL, 2002).

Descrição e mapeamento das trilhas (figura 3)

Trilha 1
Esta trilha é a mais problemática das três mapeadas pois apresenta no seu início um
processo de ravinamento e compactação de solo e no seu final próximo ao cume
movimentação de massa nas altas declividades, com muitos fragmentos de rocha
soltos com grande risco aos usuários. Além disso, apresenta um trecho vertical com
corda de nylon fixa, sujeita as intempéries e em precárias condições de uso, também
oferecendo grande risco ao usuário.

Grau de Dificuldade: muito difícil (pela distância e inclinação da trilha, com passagens
que apresentam dificuldade técnica e grande risco).

Tempo de Duração (tempo de subida): 3 horas.


Distância Estimada (por GPS): 2.771 metros.

Trilha 2
Esta trilha é a que apresenta as melhores condições de uso, apesar de não ter sido
planejada adequadamente. Nos trechos iniciais da trilha, em relevo suave-ondulado
não apresenta maiores problemas de erosão. Na medida em que a encosta se torna
mais íngreme, em relevo montanhoso, a trilha segue pelo fundo de um vale sobre
rochas com muitas raízes expostas, em terreno úmido e escorregadio, sendo este o
fator de maior risco aos usuários.

Tempo de Duração (tempo de subida): 2 horas e 30 minutos.

Distância Estimada (por GPS): 2.770 metros.

Trilha 3
Esta trilha, em seu trecho inicial esta inserida num relevo suave-ondulado,
apresentando em grande parte processo de ravinamento. Em seguida, sob relevo
montanhoso entra em terreno mais íngreme, sendo necessário em praticamente toda
a subida o apoio das mãos, o que oferece médio a grande risco para usuários
inexperientes. O Solo litólico apresenta muitos blocos de rochas e grande evidência de
raízes expostas.

Grau de Dificuldade: difícil (pela distância e grande inclinação da trilha, com


passagens que apresentam dificuldade técnica e médio risco).

Tempo de Duração (tempo de subida): 2 horas e 30 minutos.

Distância Estimada (por GPS): 2.510 metros.


Figura 3: Mapeamento das trilhas do Cambirela.

Figura 4 – Detalhe do Cambirela Imagem LANDSAT


Impactos negativos identificados
Os principais impactos do uso público identificados, de forma geral, para as
três trilhas mapeadas são listados abaixo:
• Diversas trilhas de acesso na base da montanha passando por propriedades
particulares gerando conflitos com proprietários;
• Erosão (sulcos, ravinas e voçorocas) causada pelo pisoteio, agravada pela má
definição do traçado das trilhas, falta de contenções e ausência de sistemas de
drenagem;
• Risco ao usuário oferecido por passagens verticais com uso de cordas fixas em
situação precária;
• Presença de lixo com maior concentração no divisor de águas, em locais de
acampamento;
• Locais de acampamento apresentando em seus arredores latrinas a céu aberto;
• Corte de vegetação em áreas íngremes do topo da montanha para fazer
fogueiras;
• Vandalismo e comportamento irresponsável por parte de alguns grupos de
visitantes, com pichações, danos à vegetação, uso de fogos de artifício, etc.
• Conflitos de interesse e preferências entre visitantes e entre visitantes e
comunidade local;
• Presença de espécies exóticas animais, a exemplo de cães levados por
visitantes;
• Presença de espécies exóticas vegetais como Pinus sp., tanto na base como
nas partes mais elevadas da montanha;

Todos os impactos mencionados acima afetam em maior ou menor grau as


três trilhas mapeadas. Devido às condições de abandono das trilhas e em função do
tipo e intensidade de uso, tais impactos já eram previsíveis, porém nunca tinham sido
identificados e avaliados de forma sistemática. São impactos comuns a diversas
outras trilhas em diferentes Unidades de Conservação, que apresentam as mesmas
condições em relação à falta ou deficiência de manejo do uso público.
Em relação aos diversos acessos, à erosão e aos riscos ao usuário, um dos
fatores primários que gera tais impactos é, principalmente, a própria definição do
traçado das trilhas, estabelecida sem a adoção de critérios técnicos de planejamento.
Os demais impactos, dependentes principalmente do comportamento dos
usuários, tais como: abandono de lixo, deposição de fezes à céu aberto, corte de
vegetação, fogueiras, vandalismo, presença de cães e conflitos entre visitantes e com
moradores locais, são gerados principalmente pela falta de um programa permanente
de informação e educação ambiental aos visitantes, que esclareça os objetivos do
Parque e defina uma regulamentação para o uso público. Estes problemas também
são agravados pela ausência de fiscalização nas áreas de uso.

Como forma de minimizar os impactos apresentados, são sugeridas algumas


ações de manejo em caráter emergencial, mencionadas abaixo:

• Implantação de placas informativas na entrada das trilhas, contendo orientações


aos visitantes para conduta de mínimo impacto;
• Implantação de drenagem em pontos críticos;
• Recuperação de ravinas e voçorocas;
• Fechamento de acessos e trilhas secundárias;
• Definição e sinalização de acesso único;
• Alteração de traçado da trilha em pontos críticos;
• Implementação de um programa de educação e conscientização de visitantes;
• Ações de fiscalização regular pelos órgãos competentes, como Polícia Ambiental e
FATMA;
• Regularização e regulamentação da visitação, condicionadas à adoção de um
plano emergencial de uso público.

CONCLUSÃO
Em função da história de uso do Cambirela, verificou-se que na última
década a pressão da visitação vem aumentando significativamente, agravando ainda
mais o quadro de impactos identificados neste trabalho.
A continuidade desta situação é uma preocupação do órgão gestor do
Parque e de entidades parceiras que atuam no âmbito da conservação da natureza.
Felizmente, após vários anos de abandono, estão em fase inicial várias
ações no sentido de fortalecer o planejamento e manejo do Parque.
A FATMA, através de investimentos em infra-estrutura e realização de
parcerias de cooperação técnica, vem implementando programas de pesquisa,
educação ambiental e uso público, a exemplo de algumas ações que vem
acontecendo por meio do Centro de Visitantes.
Estas visam a capacitação das equipes envolvidas; a mobilização
comunitária; a educação ambiental e; o desenvolvimento, aplicação e adaptação de
metodologias científicas nas diversas áreas de conhecimento, o que possibilita o
aumento do conhecimento sobre o Parque.
Para o manejo do uso público, um exemplo é a parceria formada entre a
FATMA, a Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e a CAIPORA - Cooperativa para
Conservação da Natureza, para execução deste projeto de pesquisa que contou com
apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado
de Santa Catarina – FAPESC.
Neste sentido, juntamente com as demais ações em curso e caso haja
possibilidade de continuidade e ampliação das mesmas, inclusive para as outras áreas
do Parque (que também apresentam situação semelhante à do Cambirela), as
perspectivas apontam para a reversão paulatina do quadro apresentado. Obviamente,
na ausência de ações efetivas a tendência será a degradação generalizada das áreas
de uso.

BIBLIOGRAFIA CITADA

FREIXÊDAS-VIEIRA, V. M.; PASSOLD, A. J.; MAGRO, T. C. Impactos do Uso


Público: um guia de campo para utilização do método VIM. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 2, 2000, Campo Grande. Anais...
Campo Grande: Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação: Fundação O Boticário
de Proteção à Natureza. Vol. II. p. 296-305.

KUSS, F.R.; GRAEFE, A.R.; VASKE, J.J. Visitor Impact Manegement: a review of
research. Vol. 1. Washington D.C.: National Parks and Conservation Association,
1990.

MAC FARLAND, C.; WALLACE, J. Workshop Uso Público em Unidades de


Conservação: Apostila. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO, 1997, Curitiba: Universidade Livre do Meio Ambiente: Rede
Nacional Pró-Unidades de Conservação.

SOCIOAMBIENTAL PROJETOS AMBIENTAIS; DINÂMICA CONSULTORES


ASSOCIADOS LTDA. Proposta de Zoneamento do Parque Estadual da Serra do
Tabuleiro. Relatório. Florianópolis: Socioambiental /Dinâmica, 2002.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Fundação do Meio Ambiente – FATMA pela possibilidade da
realização deste trabalho no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, à Fundação de
Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina – FAPESC
pelo apoio financeiro ao projeto, e a equipe de apoio que auxiliou nos trabalhos de
campo.

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