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PARQUE DO PIQUERI, MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (SP): REPRESENTAÇÕES

DA NATUREZA EM PARQUES URBANOS

OLIVEIRA*, J. S.; FALÓTICO**, M.H.B.; FONSECA*, D.; FERREIRA, S.***

FACIS/IBEHE*; FACIS/IBEHE e NUCIA/UNIARARAS**; SVMA de São Paulo***

e.mail: miriamfalotico@yahoo.com
(11) xx 2155 1819 / (11) xx 7168 0394 cel.
eixo temático: o homem; trilhas interpretativas e educação ambiental
categoria de apresentação: oral

Introdução

Na Região Metropolitana de São Paulo são encontrados 32 parques municipais. A função


social, ecológica, estética e histórica dos parques urbanos em uma cidade como São Paulo
é de uma importância sem limites. Trabalhos que resgatem essas funções acima
referenciadas devem ser estimulados por várias entidades da sociedade civil, do poder
público e das instituições de ensino do município. Nessa perspectiva que esse trabalho
caminha. Poder mostrar como o público frequentador de parques urbanos valoriza e
conhece os elementos da natureza bem próximos a ele.

O papel dos parques urbanos

As praças e parques amenizam os efeitos adversos da densificação urbana e podem


funcionar como corredores ecológicos, abrigando a fauna (Menegat & Almeida, 2004). As
cidades são o tópos, o lugar, mais ainda, o hábitat onde todos vivemos. Porém encontramos
mais cidades atópicas, que desconsideram o ecossistema onde estão encravados, querem
que o cidadão não exista como um organismo biológico, que precisa de ar puro, que precisa
de água limpa, de área verde, de saneamento. Querem o cidadão apenas como um ser
cultural, de preferência com um bom cartão de crédito para consumir a tecnocultura
descartável. Esse cidadão dissociado agora de sua própria condição biológica vive como
uma peça numa máquina que gira cada vez mais depressa e que ele, desesperadamente,
tenta acompanhá-la (Menegat, 2004). Refletindo sobre esse cenário, um exemplo
importante que vai à contramão das intermináveis edificações das áreas urbanas brasileiras
em detrimento das áreas verdes urbanas, pode ser citado o caso da cidade de Curitiba.
Dentro de seu Plano Diretor tinha-se a criação dos imensos parques da cidade. Curitiba
precisava de áreas verdes e optou por desapropriar terrenos ao longo de duas décadas para
implantar parques, prevenindo a cidade das enchentes e promovendo o saneamento básico,
ao invés de lotear os grandes vazios urbanos (Figueiredo & Lamorenier, 1997).
Os parques urbanos podem também ser encarados como espaços de aprendizagem.
Falótico & Chasin (2006) desenvolveram trabalho onde alia conhecimento científico com o
saber popular e a divulgação da ciência. A partir do levantamento da comunidade liquênica
do Parque da Aclimação, esses autores realizaram paralelamente entrevistas com o público
freqüentador do referido parque, tentando saber qual a idéia que estas pessoas possuem
sobre os liquens. Realizou-se trabalho científico que tivesse também um viés dentro da
percepção, tentando entender quais as representações que as pessoas possuem sobre o
objeto de estudo do pesquisador e posteriormente utilizar estes resultados para um trabalho
de divulgação científica. Pois, segundo Schuch & Queiroz (2000) qualquer atividade de
pesquisa científica deve procurar, paralelamente, prever uma abordagem de popularização
da ciência.

Metodologia

Registro dos depoimentos

As entrevistas foram realizadas durante os meses de maio e junho de 2006, nos finais de
semana junto ao público freqüentador do Parque do Piqueri. Foram ao todo 25
entrevistados. As entrevistas procuraram ser fiéis às orientações de Tourtier-Bonazzi (1991)
onde o autor comenta sobre a necessidade de saber ouvir; saber guardar silêncio; procurar
não falar ao mesmo tempo em que o entrevistado e por último procurar criar uma relação de
confiança entre o narrador e o pesquisador. O registro dos entrevistados foi realizado com o
auxílio de gravador. A seguir é mostrado o roteiro básico das perguntas aplicadas com
objetivo de cada uma delas:

Por que você vem ao parque?


( ) lazer
( ) esporte
( ) ver as plantas
( ) ver os animais
( ) outros. Especificar________________

• Objetivo: permitir que o entrevistado cite, dentre os motivos elencados pelo


pesquisador qual (quais) é o motivo da ida ao parque.
O que lhe chama atenção no parque?
• Objetivo: verificar se o entrevistado cita, mesmo que “timidamente” algum elemento
da natureza.
Quais os aspectos naturais que você gostaria de falar (citar) sobre o parque?
• Objetivo: permitir que o entrevistado foque o olhar dele nos elementos da natureza e
consiga resgatar algum.
Você conhece alguma espécie (fauna ou flora) do parque?
• Objetivo: mesma intenção da pergunta anterior, porém permitir que o entrevistado
lembre do nome de algum animal ou vegetal que ele costuma observar.
O que você acha que deve ser melhorado no Parque do Piqueri?
• Objetivo: verificar se o entrevistado tem consciência, do que pode ser melhorado no
parque, dependendo das respostas, pode-se ter uma análise de valor sobre como o
público interpreta, por exemplo, a função e manejo de áreas verdes em espaços
urbanos.

Caracterização da área de estudo

Situado no bairro do Tatuapé (Figuras 1 e 2), zona Leste, com área de 98.000 m², este
parque foi entregue à população em abril de 1978. A área, originariamente, pertenceu ao
conde Francisco Matarazzo, que em 1927 instalou a “Chácara Piqueri” com granja, criação
de búfalos, lhamas, veados, perdizes, codornas e peixes. No tocante a vegetação, o Conde
plantou mais de 50 espécies de árvores, tanto nativas quanto exóticas, procurando verificar
aquelas que melhor se aclimatariam a São Paulo (PMSP, 1988). Com seus 98.000 m²,
abriga 35.000 m² de vegetação arbórea. Predominam no parque os canteiros com espécies
arbustivas e herbáceas ornamentais, bosques implantados, alamedas e gramados, trilhas
que levam a jardins de contemplação e a pista de atletismo. São encontradas espécies
nativas como o angico (Anadenanthera colubina) e a palmeira jerivá (Syagrus
romanzoffiana). No lago existente dentro do parque podem ser observadas espécies de
aves migratórias como a garça (Egretta thula), savacu (Nyoticorax nycticorax), biguá (Phala
crocorax brasilianus) e martim-pescador (Chloroceryle americana) atraídas por oferta de
abrigo e alimento. Fonseca et al. (2006) estudando a trilha denominada “ancoradouro de
barcos da Família Matarazzo” indo até o “jardim de contemplação” na tentativa de investigar
os elementos da natureza existentes e aplicá-los em atividades investigativas em trilhas
urbanas, observaram 22 espécies vegetais entre exóticas e nativas e entre árvores e
arbustos. Dentre as espécies observadas na trilha por esses autores, 9 são nativas, como:
pau-brasil (Caesalpinia echinata) e a paineira (Chorisia speciosa). A espécie eritrina-
candelabro (Erythrina speciosa), também nativa destaca-se pelo crescimento rápido,
alcançando 3 metros em 2 anos, sendo muito apreciada pelos beija-flores e a palmeira jerivá
(Syagrus romanzoffiana) possuindo frutos que alimentam várias aves migratórias, visitantes
e moradoras do parque (PMSP, 1988). Dentre as exóticas temos: a árvore pata de vaca
(Bauhinia variegata) e o arbusto-cultivado hibisco (Hibiscus schizopetalus x rosa-sinensis)
muito usadas em arborização urbana, além da exótica pouco difundida flor de abril (Dilenia
indica).

Figura 1 - Vista da trilha dentro do Parque do Figura 2. Detalhe de Jardim de


Piqueri, Município de São Paulo/SP (Foto: Contemplação dentro do Parque do Piqueri,
Falotico, M.H.B.). Município de São Paulo/SP (Foto:
FONSECA, D.).

Resultados e discussão

Dos 25 entrevistados do Parque do Piqueri, aproximadamente 32% eram mulheres entre 31


e 40 anos (Tabela 1). Entre os homens 29% dos entrevistados estavam na faixa de 31-40 à
mesma porcentagem foi observada para a faixa de 51-60 anos. Com relação ao quesito
grau de instrução, 43,3 % entre homens e mulheres possuem 2º grau completo (Tabela 2).
Na Tabela 3, são mostrados a freqüência de ida ao parque. A maioria (46,7%) vai ao parque
aos finais de semana.

Tabela 1. Faixa etária dos homens e mulheres entrevistados.


Faixa etária (anos) Mulheres (%) Homens (%)
21-30 25,0 21,4
31-40 31,3 28,6
41-50 12,5 21,4
51-60 18,8 28,6
61-85 12,5 ____

Tabela 2. Grau de instrução dos entrevistados.


Grau de instrução %
1º grau incompleto 0,0
1º grau completo 3,3
2º grau incompleto 0,0
2º grau completo 43,3
superior incompleto 13,3
superior completo 36,7
pós-graduação 3,3

Tabela 3. Freqüência de ida ao parque.


freqüência %
Fim de semana 46,7
1 vez por semana 13,3
2 vezes por semana 6,7
3 vezes por semana 10,0
Todos os dias 6,7
15 em 15 dias 6,7
1 vez por mês 10,0

O motivo pelo qual os entrevistados vão ao parque foi verificado nas Figuras 3 e 4.
Praticamente 50% das mulheres entrevistadas vão ao parque para lazer, e o objetivo “para
relaxar” foi empregado diversas vezes. Por outro lado, aproximadamente 46 % dos homens
com mais de 40 anos vão ao parque para praticar esporte. Sendo que o item ver plantas e
animais não chegou a 20 % em ambos os sexos.

Por qual motivo vai ao parque?

60

50

40

30
%

20

10

0
r

s
rte

s
ze

de
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po

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La

da
Es

an

ivi
at
e
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s
ra
t
an

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O
Pl

motivo

Figura 3. Motivo pelo qual às mulheres vão ao parque.

Por qual m otivo vai ao parque?

45
40
35
30
25
%

20
15
10
5
0
s
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es
ai
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im

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po

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an

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Es

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ut
Pl

m otivo

Figura 4. Motivo pelo qual os homens vão ao parque.


Nas perguntas a seguir foram analisados alguns depoimentos dos freqüentadores como
segue:

• O que lhe chama atenção no parque?

“Um convívio muito gostoso que a gente tem”

O convívio é um item importante que deve ser ressaltado, sendo uma das funções dos
parques promover encontros entre as pessoas, ou seja, está cumprindo sua função social.
Nesse contexto salienta Menegat & Almeida (2004) quando afirmam que as cidades devem
ser vistas como habitat de vida humana. Para tanto, devem abrigar a solidariedade, a
democracia participativa, o entendimento e a negociação entre os setores sociais, a
construção do conhecimento, a vida digna e saudável e considerar a interação com o
sistema natural.

• Quais os aspectos naturais que você gostaria de falar (citar) sobre o parque?

“Não sou muito detalhista para isso. Única coisa que realmente percebo é que ele é bem
arborizado, eu moro perto do Ceretti e venho a pé para cá, deixo de ir ao Cereti, pois acho
ele muito descampado, muito asfaltado, não tem a terra que tem aqui, eu acho o Piqueri
muito mais natural”.

O aspecto arborizado é percebido e valorizado. O entrevistado compara outro parque e


chega conclusão que o Piqueri é melhor, porque possui mais árvores.

• Você conhece alguma espécie (fauna ou flora) do parque?

“Gosto de contar os gansos e marrecos. Eu conheço muito bem, os casais de gansos e


marrecos, são dois casais, as fêmeas são amarronzadas e os machos tem as penas azuis,
os gansos são brancos né, e os cisnes também da pra diferenciar bem. Quando as pessoas
não sabem eu explico, falo, não aqueles são os marrecos e esses são os cisnes, eu ensino”.

“Deveria ser plantado mais Pau-brasil, que eu acho que são símbolos do Brasil, e mais
plantas com flores, plantas nativas com flores.”
“De animais eu conheço aqueles do lago, cisnes, marrecos, alguns pombos, as vezes
aparecem periquitos, agora de árvores eu conheço os Eucaliptos, as Paineiras, os
Coqueiros, aqui também tem pé de Amora, Pitanga, Serralha”.

De maneira geral, são poucos os freqüentadores que conseguem identificar as espécies


vegetais. Nesse contexto, existe a necessidade de se criar vivências, oficinas entre outras
experiências, que estimulem o despertar para observar essas espécies. Essas atividades
poderiam ser realizadas de forma interativa com o público nos finais de semana. Como
ocorre, nos museus, onde existe o serviço de monitoria para as obras de arte, nos parques
urbanos, existe a necessidade de monitoria para os elementos naturais. O conceito de
espécie exótica e nativa foi destacado por alguns entrevistados, sendo que em alguns
momentos essa última é valorizada. O lago existente no parque, é em vários momentos
citado pelos freqüentadores. Pois na região Metropolitana de São Paulo são poucos os
lugares, em que você pode sentar e observar aves aquáticas.

O que você acha que deve ser melhorado no Parque do Piqueri?

“O fato de estarem construindo prédios, o espaço para isso poderia ser utilizado para
alongar o parque, mas o pessoal da imobiliária é mais forte. Tenho preocupação com o
crescimento da população, com o aumento do trânsito e de saber que o parque vai continuar
do mesmo tamanho”. Terão mais pessoas visitando o parque e o parque vai continuar do
mesmo tamanho.“.

O bairro onde está situado o parque é atualmente uma região valorizada na cidade de São
Paulo. Nesse contexto, foi permitida a construção de condomínios verticais de alto padrão
ao lado do parque. Essa situação deixa o público preocupado com o futuro das áreas verdes
paulistas. Prevendo o aumento de pessoas, sendo que às áreas verdes, como o Piqueri,
não tem espaço para aumentar. Outro fato destacado é a construção de um centro de leitura
no parque. Antes a área de leitura era a “céu aberto”, agora foi construído um espaço
coberto. Esse fato foi questionado pelos freqüentadores, na medida em que os mesmos
apontam à necessidade de mais áreas verdes e não de edificações, como pode ser
observado a seguir:

“A sala de leitura que acabou com um dos aspectos naturais do parque, uma montanha de
pedras, e nem é muito utilizada, só abre aos domingos. O parque é pequeno se começarem
a construir muita coisa vamos perder o espaço da área verde. E bibliotecas nós temos
algumas aqui por perto, ao meu ver, como não esta sendo utilizado então é um desperdício”.
Conclusão

Os poucos conhecimentos sobre os elementos da natureza demonstrados pelos


freqüentadores do parque, sugerem a necessidade da criação e manutenção de programas
de educação ambiental (PEA) nesses ambientes. Programas esses que resgatem a
importância da sensibilização; da identidade do lugar; da responsabilidade pelas estruturas
públicas e do pertencimento. Pois, na medida em que as pessoas se sintam pertencentes
aquele lugar, elas expressam uma verdadeira necessidade de conhecer e resgatar
informações sobre o espaço próximo. Como salienta Segura (2001): “... o conhecimento é
essencial tanto para embasar uma leitura crítica da realidade, quanto para buscar
instrumentos para solucionar problemas ambientais concretos...”.

Referências bibliográficas

FALÓTICO, M.H.B.; CHASIN, L.B. Representações do Público Frequentador do Parque da


Aclimação, Município de São Paulo (SP), sobre indicadores ambientais. Olam Ciência &
Tecnologia, v. 6, n. 1, maio, 2006.

FIGUEIREDO, R.; LAMORENIER, B. As cidades que dão certo. Brasília, MH Comunicação,


1997.

FONSECA, D.; FALÓTICO, M.H.B.; OLIVEIRA, J.S.*; FERREIRA, S. Leituras da natureza


no Parque do Piqueri, Município de São Paulo: proposta para crianças de 07 a 09 anos.
Anais do Seminário Parques Urbanos - Preservação e Lazer nas Áreas Públicas Ação
Integrada do Programa Ecopefi, São Paulo, Parque de Ciência e Tecnologia da USP, 2006
(cd rom). (trabalho aceito para publicação).

MENEGAT, R.; ALMEIDA, G. Sustentabilidade, Democracia e Gestão Ambiental Urbana. In:


Desenvolvimento Sustentável e Gestão Ambiental nas Cidades. Porto Alegre, Editora
UFRGS, p. 175-196, 2004.

PMSP. Conheça o Verde. Parque do Piqueri. São Paulo: PMSP, n. 14, maio, 1988.

SCHUCH, Luiz Alexandre; QUEIROZ, Herz Aquino. de. O Brasil na Antártica. In:____O
Desafio de Ensinar Ciências no Século XXI. Hamburger, Ernest W. e Matos, Cauê. (Org.) .
São Paulo: Edusp: Estação Ciência; Brasília: CNPq, p. 44-47, 2000.
SEGURA, D.S.B. Educação Ambiental na Escola Pública. São Paulo:
FAPESP/ANNABLUME, 2001.

TOURTIER-BONAZZI, C. Archivos: propuestas metodológicas. Historia y Fuente Oral.


Barcelona, Universitat de Barcelona, v.6, p. 181-189,1991.

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