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ENVENENAMENTO DE ÁGUA
POTÁVEL OU DE SUBSTÂNCIA
ALIMENTÍCIA OU MEDICINAL

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47.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO


CRIME

No art. 270, está o tipo penal: “envenenar água potável, de uso comum ou
particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo”. A pena é
reclusão, de dez a quinze anos. Também há crime quando o sujeito “entrega a consumo
ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada”.

O bem jurídico é a incolumidade pública, a saúde das pessoas que integram a


coletividade.

Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas. Sujeito
passivo é o Estado, a comunidade.

47.2 TIPICIDADE

47.2.1 Conduta e elementos do tipo

A primeira modalidade típica é envenenar, que significa adicionar veneno. É


transformar a composição da água ou da substância, tornando-a venenosa. Veneno é a
substância que, introduzida no organismo humano, é capaz de matar ou lesionar a saúde.
Contaminada com o veneno, a água ou a substância destinada ao consumo da população
estará igualmente envenenada.

Água potável é a adequada à preparação de alimentos e à ingestão. É a água própria


para o ser humano beber. Não se trata apenas da água pura, mas da que é utilizada pela
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

população de determinado lugar para seu consumo. Assim, o conceito de potabilidade da


água é relativo. A norma alcança a água de uso comum e também a de uso particular. Por
substância alimentícia deve-se entender toda aquela, no estado sólido ou líquido, que o
homem utiliza para se alimentar, para comer. Medicinal é a que se usa para a cura de
enfermidades.

A segunda modalidade típica, do § 1º do art. 270, é entregar a consumo a água ou


a substância envenenada. O verbo entregar é utilizado no sentido de fornecer, dar,
distribuir ou colocar à disposição de um número indeterminado de pessoas.

A terceira conduta é ter em depósito, manter depositada, armazenada, guardada


água ou substância envenenada, com a finalidade de posterior distribuição para as pessoas
(§ 1º, parte final, do art. 270, CP).

Se a água deve ser de uso particular ou de uso comum, a substância alimentícia ou


medicinal não necessita ter essa qualidade. Todavia, deve-se destinar ao consumo e, por
isso, estar disponível para um número indeterminado de pessoas, de modo a se poder
reconhecer a possibilidade de perigo.

O crime é, em qualquer das três modalidades, de perigo abstrato, presumido pela


norma, não necessitando, por isso, ser demonstrado. Todavia, é indispensável a prova
pericial do envenenamento.

Haverá crime doloso quando o agente tem consciência de que utiliza veneno e
vontade livre de envenenar a água ou substância. Deve saber que se trata de água potável,
substância alimentícia ou medicinal, bem assim de que elas se destinam a consumo e agir
com vontade livre de envenená-las. Assim também quando entrega a água ou a substância
a consumo. Deve fazê-lo com consciência e vontade. A última figura típica exige que, além
de agir com dolo de ter em depósito a água ou substância envenenada, atue o agente com o
fim de distribuição, isto é, com o intuito de, depois, entregar a consumo.

Se faltar a consciência sobre um dos elementos do tipo ou a livre vontade, o fato


poderá ajustar-se ao tipo culposo, adiante comentado.

Quando, entretanto, o agente envenena água ou substância ou entrega-a ao


consumo de determinadas pessoas com a finalidade de matar uma ou várias delas, o fato se
ajustará ao tipo de homicídio qualificado. Se age com a finalidade de matar pessoas
indeterminadas, haverá concurso formal entre o crime do art. 270 e tantos quantos sejam
os homicídios consumados ou tentados.
Envenenamento de Água Potável ou de Substância Alimentícia ou Medicinal - 3

47.2.2 Consumação e tentativa

A consumação, nas formas típicas do caput do art. 270, ocorre no exato momento
em que a água ou a substância é envenenada. A tentativa é possível.

Nas modalidades do § 1º do art. 270, consuma-se no momento em que é entregue,


fornecida, dada, emprestada, colocada à disposição das pessoas ou guardada, armazenada,
pelo agente. Também é possível a tentativa.

Em qualquer caso, reitere-se, não é necessário que alguma pessoa venha a


consumir a substância envenenada, nem que sofra qualquer lesão.

47.2.3 Forma culposa

O § 2º prevê o cometimento do crime, em qualquer de suas modalidades, por


negligência, imprudência ou imperícia. Sendo previsível que se trata de veneno a
substância que adiciona à água ou que mistura à substância medicinal ou alimentícia ou
que é envenenada a água ou substância que mantém em depósito ou entrega e atuando o
agente sem observar o dever de cuidado objetivo, será punido com detenção, de seis meses
a dois anos.

É crime de perigo abstrato culposo.

47.2.4 Formas qualificadas pelo resultado

Se do envenenamento, da entrega ou do depósito doloso resultar lesão corporal de


natureza grave, a pena será aumentada de metade.

Se resultar morte, será aplicada em dobro. Esses tipos qualificados pelo resultado
são os do art. 258 do Código Penal, que incidem também sobre o delito do art. 270, por
determinação da norma do art. 285.

São formas preterdolosas qualificadas pelo resultado. Se o agente quis ou aceitou


qualquer desses resultados, poderá haver apenas lesão corporal grave ou homicídio,
quando visava a determinada ou determinadas pessoas, ou concurso formal, se visava a um
número indefinido de pessoas.

Se do crime culposo, em qualquer das modalidades típicas, resultar lesão corporal –


4 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

leve, grave ou gravíssima –, a pena será aumentada de metade. Se resultar morte, será
aplicada a pena do homicídio culposo, aumentada de um terço.

47.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. A suspensão condicional do


processo penal só é possível na hipótese de crime culposo, inclusive quando qualificado
pelo resultado lesão corporal.

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