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PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO

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67.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS DO

CRIME

O art. 294 contém o tipo penal: “fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo
anterior”. A pena é reclusão, de um a três anos, e multa.

Novamente a norma penal protege a fé pública, desta feita punindo atos

preparatórios da falsificação de documentos e papéis públicos.

Sujeito ativo é qualquer pessoa que realizar uma das condutas incriminadas. Sujeito
passivo é o Estado.

67.2 TIPICIDADE

67.2.1 Conduta e elementos do tipo

Fabricar é manufaturar, elaborar, construir, criar. Adquirir é obter de qualquer

forma. Fornecer é entregar, a qualquer título. Possuir é estar na posse. Guardar é manter
em depósito.

O objeto material sobre o qual recai a conduta é qualquer objeto material cuja
finalidade específica seja a falsificação de selo postal, fórmula de franqueamento postal,
papel selado ou destinado à arrecadação de imposto ou taxa, papel de crédito, vale postal,
cautela de penhor, caderneta de depósito, talão, recibo, guia, alvará, bilhete, passe etc. Ou
seja, os papéis descritos nos incisos I a VI do art. 293.

Em outras palavras, somente se realizará o tipo se a coisa fabricada, adquirida,

2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles

fornecida, possuída ou guardada tiver existência voltada para a falsificação daqueles papéis
públicos, ainda quando possa servir também a outra finalidade. Assim carimbos já
falsificados contendo sinais que imitam os utilizados na confecção daqueles papéis,
matrizes que reproduzem imagens ou dizeres próprios dos documentos, modelos etc.

Não se incluem na descrição típica as coisas que, tendo como finalidade a criação de
outras obras, sirvam, também, para a falsificação, como máquinas copiadoras de imagens
ou outros instrumentos utilizados em obras artísticas.

Para cometer esse crime, o agente deve estar consciente de que o objeto tem
destinação específica para a falsificação daqueles papéis e agir com a vontade livre de
realizar uma das condutas. Não se exige que o faça com alguma finalidade especial, nem
tampouco a de contribuir para a falsidade. Basta o dolo genérico.

67.2.2 Consumação e tentativa

Consuma-se no momento em que o objeto é fabricado, recebido pelo agente,

entregue à outra pessoa, possuído ou guardado pelo sujeito ativo.

A tentativa é possível nas formas típica da fabricação e aquisição. Não é possível

tentar fornecer, porque quem o faz é porque já tinha a posse da coisa, ou a guardava.
Também não é possível tentar ter a posse, nem guardar. A posse e a guarda são crimes
permanentes.

67.2.3 Aumento de pena

Quando o agente do crime é funcionário público e age prevalecendo-se do cargo que

ocupa, a pena será aumentada de um sexto, consoante determina o art. 295 do Código
Penal.

67.3 AÇÃO PENAL

A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. É permitida a suspensão

condicional do processo penal.