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Nietzsche, Marx e Freud (Flávio R.

Kothe)

“Este é um livro de autodesajuda, que é o melhor de


se ajudar a quem não queira apenas apaziguar e
cultuar suas fraquezas”. (Kothe)

Neste texto, encontraremos um perfil significativo das


preocupações de Nietzsche: seu caráter precursor em
relação à psicanálise. Várias teses atribuídas a Freud já
estavam formuladas por Nietzsche, com a amplitude
filosófica que o “inventor da psicanálise” não alcançou.

Há também diferenças fundamentais: o conceito de


“vontade e poder” é mais amplo que o de “desejo”, mesmo
que este não seja reduzido ao desejo sexual.

No texto, encontraremos uma crença absoluta na forma


e uma descrença no conteúdo. Essa versão se contrapõe
a Hegel para quem: “a grande arte se caracteriza pelo
fato de toda forma ser conteúdo, e todo conteúdo ser
forma, como se fosse possível uma síntese perfeita”.

Retrabalhar a forma é uma maneira de reformular o


conteúdo. A ironia é a forma de dizer algo pelo avesso,
sem que o literalmente dito seja fique eliminado como um
passaporte.
Nietzsche diz que não se deve levar totalmente a sério o
que ele afirma como exploração de um novo espaço do
pensamento, pois em outro momento ele já estará em
outro ponto.

Isso não anula, porém, o fato que foi dito antes.

Por isso, uma maneira importante de ler este texto, seria


primeiro crer no que ele diz e, depois, ler pelo avesso.

Certas palavras, interpretadas de forma tão diversas,


ganham especial atenção nesta obra. Tratemos
inicialmente da expressão Erkennender que caracteriza
não apenas o conhecedor nem o reconhecedor, não é só o
estudioso ou o pesquisador, mas todo aquele que busca o
conhecimento, que enfrenta preconceitos .

Para Nietzsche, os profissionais da filosofia mais


parecem teólogos e mulheres velhas, burocratas
repetidores, incapazes de pensar o que deve ser
questionado, sem coragem de enfrentar os preconceitos.

Para Nietzsche, em vez de duvidar, dogmatizam, em vez


de avançar regridem, em vez de pensar fingem que
pensam e buscam impedir que realmente se pense.

Tornam importante o desimportante para eu não se


discuta o que importaria discutir.
Outro termo básico é Schaffender: significa aquele que
faz, o fazedor, no sentido mesmo de poeta. Mas não é
apenas o que escreve versos. É o sujeito produtivo,
aquele que é capaz de fazer de modo criativo.

Como revés inevitável, ele é também destrutivo: primeiro


ele desconstrói para depois construir outra coisa em seu
lugar.

“todo fazedor criativo, tem um gesto destrutivo em sua


produção”

Outro termo importante é o Übermensch que, no geral,


tem sido traduzido como super-homem. Para Kothe, esta
tradução literal é uma aberração, pois ele não deveria
ser a repetição ampliada do homem, mas sua total
superação.

Importa ressaltar que o termo não trará de uma divisão


entre masculino e feminino, embora Nietzsche
suspeitasse do rancor e da vontade das mulheres serem
iguais aos homens (ele dizia que o movimento feminista
só servia para duas coisas: efeminar os homens e
masculinizar as mulheres).

O termo significa a proposta de um ser-acima-do-


humano. Seria sua transcendência, assim como o ser
humano pretender transcender a natureza.
Tal ser humano acima do humano é o novo deus da
religião de Nietzsche.

Não é um deus como o deus cristão, mas parece com ele


na medida em que serve para negar todo o existente,
afirmando o real homem histórico só como via de
transição para este novo ente.

Não é como um deus antigo grego ou romano que potencia


dimensões humanas.

Um questionamento: como pode o real ser o caminho para


o ideal, se ele constitui sua plena negação? Quando
Nietzsche nega que qualquer homem tenha sido um
Übermensch, quando nega que qualquer gênio da
humanidade tenha sido este ente.

Dessa forma, Nietzsche faz dele uma entidade


metafísica.

Não se trata de um ideal de homem, nem de um homem


ideal. Trata-se de uma utopia negativa, uma divindade
que só se afirma como negação.

A partir disso é possível mensurar o humano como


demasiado humano.

Tal aposta na dialética faz supor que quantos piores


forem o passado e o presente, maior a chance de um
futuro radioso.
No entanto, para Nietzsche, a teoria do quanto pior
melhor não tem, necessariamente, que dar certo.

O pior pode ter como alternativa boa o menos ruim, mas


daí a supor que desponte mecanicamente o melhor, tem o
otimismo de uma reza à santa dialética. Negativo com
negativo não se multiplicam apenas em positividade, mas
podem somar os negativos num total ainda pior.

Nenhuma situação é tão ruim que não possa piorar.

Nietzsche nega o imperativo kantiano de que cada um


deve agir de tal modo que deve surgir como um modelo
para todos na mesma situação: isso é querer ser eterno
modelo universal, beira a megalomania, o narcisismo, o
doentio, não pode ser paradigma de virtude.

Nietzsche busca o horizonte dos moralistas, pois eles


pregaram sempre a moral de um determinado
cronotopos, como sendo a moral universal. Aí o particular
que impor-se como universal. (página 11)

Nesse sentido, não haveria a ciência da moral: a pseudo-


universalização de certos usos e costumes não
conseguiria sequer constituir-se como sociologia de uma
moral, pois teria a pretensão de ser “a Moral” e não um
levantamento sociológico. Daí a necessidade de fazer
uma busca no “além do bem e do mal”.
Por esta perspectiva, a única moral a única moral seria
que, cada um, determine a sua própria norma: seria a
moral da liberdade individual.

Ela teria, no entanto, uma insolúvel contradição interna:


o que um sujeito considera correto para si deve fazer
com que outros sigam também, mas isto influencia na
liberdade alheia.

Para Nietzsche, não há justiça. Cada código é uma


moralidade limitada que pretende ser absoluta.

“a justiça do Estado é a socialização da vingança pelo


poder”.

Representa a vontade de poder instituída como direito


de dominar e impor.

Para Nietzsche, a maior sinceridade obriga a reconhecer


que se mente sempre.

Antes de haver uma percepção consciente, há uma


inconsciente.

Há um julgamento do corpo para saber se vai ser


permitida a conscientização.

Caso haja permissão, define-se, também, a maneira como


esta vai ser estruturada.
Pode haver a conscientização que não é conscientizada

Esta se apresenta através de um duplo juízo de valor.

Isso valoriza o corpo e o reconhece como tão mentiroso


quanto a mente.

O mentiroso consciente precisa, no entanto, ser


respeitado.

Ele, pelo menos, sabe a verdade.

A maior parte das mentiras ocorre sem o sujeito saber


que está mentindo.

O bom mentiroso mente apenas uma vez: em seguida


passa a acreditar na própria mentira.

A mentira é uma necessidade social.

Não há uma sociedade que sobreviva sem mentiras


institucionalizadas.

A verdade é insuportável para a maioria das pessoas. Não


há ninguém que agüente a verdade todo o tempo.

Daí a necessidade do estilo: a crença absoluta na forma e


a descrença absoluta no conteúdo.
Há nos sujeitos uma dimensão que quer perceber, uma
que não quer tomar conhecimento e a terceira que quer
uma versão mais conveniente.

O conflito é inerente a toda percepção.

Isso vai além da postulação kantiana de que na estética,


“aquilo sem conceito agrada”.

Pode não haver a conceituação da percepção, mas a


própria percepção contém um juízo corpóreo, que a
estrutura de uma determinada forma.

Ampara-se, para isto, em pressupostos culturais.

A ética é inerente a estética. A estética manifesta a


ética. Toda construção do conhecimento é um juízo de
valor, não há conhecimento puro.

Niilista, não é para Nietzsche quem não acredita em


nada, mas quem acredita no nada como se fosse tudo.

Deus, vida após a morte, reencarnação, Nietzsche


chamaria isso de nihil, por serem entes ficcionais.

Mentiras em que as pessoas e comunidades acreditam


como verdades absolutas, mas que expressam, antes de
tudo, o medo da morte.
Nenhum filósofo do século XX escreveu uma grande
ética explícita como Nietzsche em seus “Fragmentos do
Espólio”.

A concepção hegeliana de que a verdade é a percepção


do objeto em suas múltiplas determinações pode estar
correta, mas, contém algo insolúvel: não se consegue
chegar às determinações que o fazem ser como é.

A mente pode ter a pretensão de ter conseguido, mas


não passa de um autoritarismo e pretensão do sujeito.

O dogmatismo é proporcional a ignorância, pois Le força


a exclusão do que questionaria sua assertiva.

Isso faz da verdade uma utopia, pois não se consegue


chegar, jamais, a totalidade das determinações.

A verdade é relativa. Toda a verdade que se pretende


absoluta, não é verdadeira.

Conceito de alentheia supera o conceito tradicional de


verdade.

Não se tem nenhum órgão que permita dizer como a coisa


seria como tal, fora da redução do sujeito cognoscente.
Ao formular o conceito de verdade como alentheia, que
se baseia em letes como olvido (rio letes era o rio do
esquecimento no qual os gregos acreditavam que a
sombra dos mortos eram transportadas) vem o conceito
de verdade como não-ouvido, como retirada do
esquecimento.

Tal perspectiva traz a idéia de que no passado já se


soube a verdade essencial, tendo sido ela apenas
esquecida.

Para o autor, esta é uma versão reacionária da verdade.

Para a tradição metafísica, a concepção mimética


(mimese enquanto uma concepção aristotélica e socrática
de imitação) é estratégica a fim de manter a crença que
o mundo real deve sua existência ao transcendental.

Aristóteles – a poesia é mais filosófica que a história.

Motivo: a poesia seria a imitação do que poderia ter


acontecido enquanto a história seria a reprodução do
fato singular que aconteceu.

Posição do autor: a historiografia não é exatamente a


reprodução do fatos, pois ela determina o que seja
histórico e impõe versões ela pode ser pensada,
portanto, como uma representação.
Contradições da teoria mimética: como outras mentiras
convenientes, ela tem se mantido porque interessa que
se mantenham.

EX: quer se crer que o que é relatado na Bíblia aconteceu


conforme o relatado; que a história ocorreu como se diz
ter ocorrido.

Para o autor, pela mimese, impõem-se os valores e a visão


de mundo de país hegemônico.

EX: aos colonizadores interessa os procedimentos


miméticos devido ao fato de que suas ideologias sejam
adotadas sem questionamentos.

Problematização: descobrimento e desmontagem das


estruturas básicas que determinam as visões de mundo.

Objetivo: descobrir mecanismos que levam as pessoas a


acreditarem em absurdos.

Crenças como: existência de Deus e deuses, ressurreição


dos mortos, em uma alma imortal, no casamento como
promessa de amor eterno, na justiça como aplicação da
lei, por que não irão mentir para si mesmo e para os
outros em coisas menores?

Ao contrário do que a pessoa de fé crê e quer fazer


crer, não é uma pessoa melhor na qual se pode confiar,
mas uma pessoa sem sinceridade.
Para Nietzsche, quem for sincero deve admitir que
mente sempre.

As pessoas e a sociedade acreditam em mentiras porque


lhes é conveniente.

Querem que algo seja verdadeiro só porque acreditam.


Daí fazem acontecer a mentira como se fosse verdade.

O que fazem os governantes fazem os homens comuns.

É preciso, portanto, desconfiar daquilo que se chama de


virtude.

Toda vida vive da morte da vida alheia, portanto, aquele


que se apresenta como “bonzinho” é antes de tudo um
hipócrita.

A vida sobrevive da maldade que ela faz as outras vidas.


Isto pode ter uma avaliação oposta (um leão mata uma
corsa, ótimo para o leão, péssimo para a corsa)

Dessa forma, qualidades caracterizadas como negativas


em um ente pode ser o que lhe permite sobreviver.

Não há nada bom ou mal em si, tudo depende do


interesse de quem julga.
Para o autor: só quem não toma a moralidade dominante
em seu grupo e sua época, como padrão de julgamento de
tudo e de todos pode começar a pensar em moral.

O autor crítica quem apenas obedece a mandamentos


ditos divinos ou a códigos oficiais do estado como
aqueles que ainda não adentraram o território da ética.

Para ele, que assim age está apenas obedecendo, sem


questionar as normas e as versões oficiais das normas. O
mais comum é a vida inautêntica e alienada.

O advento da cultura de massa serve para tornar mais


amplo o engodo e a alienação.

Heidegger (Martin Heidegger, filosofo alemão do século


XX) fala no homem como um ser para a morte como uma
ironia.

Já que todos vão morrer a única finalidade efetiva da


vida é a morte.

O temor por este fato faz com que todos procurem


negá-lo inventando sentido para o que não tem.

Para Heidegger, todos devem assumir o próprio morrer


como algo intransferível, para viver de modo mais livre e
autentico.

A verdade costuma a ser o fantasma mais horripilante.


A personalidade é a mascara mais conveniente a ser
utilizada nas circunstâncias vigentes.

A hipocrisia é a regra geral, encenando a mentira como


se fosse verdade.

Caso seja reconhecida, torna-se o exercício do cinismo.

Os maiores atores não estão nos palcos, mas nos


palácios, nos tribunais, nos púlpitos, nas mesas de
conferências.

Ninguém pode atirar a primeira pedra, pois teríamos


tantos alvos quanto atiradores.

Procura-se matar a morte inventando algo como alma


imortal.

Para Nietzsche, Deus está morto, mas, ressuscita na


forma de mil fantasmas.

Pode ser chamado de pátria, futuro, glória, igualdade,


fraternidade, comunismo etc.

O niilismo transcende qualquer religião conhecida e


nenhum adepto se reconhece como niilista.

O espírita que acredita na reencarnação, o budista que


aprende a não desejar nada como fórmula da felicidade,
o cristão que acredita que todos são filhos de Deus, o
católico que adota a filosofia de que a vida é um vale de
lágrimas todos têm nele seu ponto comum.

Quando este é percebido, é possível perceber a limitação


da crença, sua inverdade.

A religião não é apenas o ópio de quem é tão infeliz que


precisa acreditar num mundo celestial porque quase não
tem segurança nem alegria na vida terrena.

Atender as necessidades básicas como moradia,


alimentação, saúde e educação não acaba com a
credulidade religiosa.

Ao contrário do que acreditam os sociais democratas, a


felicidade não se restringe ao atendimento delas.

A necessidade de sentir poder leva as pessoas


grandemente à religião.

Quem na igreja acredita ser representante de Deus tem


uma ânsia infinita de poder, por mais que se declare um
“humilde” servo de Deus.

Quem muito bate no peito e pede perdão, tem mais culpa


do que acredita ter.

Confessam-se pecados menores para não se reconhecer


os maiores.
A duplicação metafísica do mundo, sempre privilegia um
termo em detrimento do outro: o céu vale mais do que a
terra, o corpo vale mais do que a alma etc.

Quem acredita em mentiras institucionalizadas tem a


vida mais fácil.

UEM não se submete e ousa a dizer o que lhe parece mai


verdadeiro acaba se tornando inconveniente e sendo
excluído.

O materialismo histórico não se submeteu apenas aos


fatos: quis a metamorfose do real no seu ideal.

Foi uma forma de idealismo que procurou negar a história


ao fazer dela algo superável e tratou de ignorar a
contradição substituindo o rigor da dialética pela
ideologia do partido.

A contraposição entre ideal e real, permite que cada


termo seja percebido mediante sua negação.

A contraposição decorre de um julgamento do real em


que a virtude inventa o ideal como crítica ao real.

Niilista passivo: submete-se ao real e fica sonhando com


um ideal.

Niilista ativo: trata de refazer o real conforme seu


ideal.
Para Nietzsche, o princípio da igualdade baseia-se na
concepção religiosa de que todos os homens são filhos de
Deus, descendendo de Adão e Eva; a fraternidade, de
que todos são irmãos em Cristo; o da liberdade, de que é
preciso atribuir ao homem em forma de livre arbítrio
para eu Le possa optar pela salvação no céu ou a
condenação no inferno.

Para o autor, não há igualdade. O princípio da igualdade


deveria levar ao reconhecimento das desigualdades e não
a perseguição do que é melhor e a elevação do eu é pior.

Sófocles na peça AJAX: os homens seriam iguais por


serem frágeis diante da doença e impotentes diante da
morte não reconhece que, mesmo neste caso, alguns são
fortes e outros não.

Engels no Anti-Dühring: a consolidação das cidades teria


feito surgir a contradição entre burguesia e proletariado
e daí a exigência da igualdade como condição de
existência. Primeiro como exigência religiosa nas guerras
camponesas e depois como ideologia burguesa com
Rosseau.

O surgimento das cidades não fez aparecer uma


contradição entre burguesia e proletariado.

A milhares de anos houve cidades sem que houvesse uma


burguesia no sentido de proprietários de capital.
Se burguesia é quem habita o burgo, a cidade, então os
pobres seriam burgueses.

O surgimento das cidades fez que aumentasse a


distância social entre as pessoas e não que, por
habitarem perto elas exigissem logo a igualdade.

Achar que tudo passa pelas guerras camponesas ou por


Rosseau é ter uma visão eurocêntrica de história.

Muito antes das lutas religiosas do século XVI o


cristianismo propagou-se como ideologia de escravos e
miseráveis, conveniente para canalizar seus interesses
sociais.

É a desigualdade que faz surgir a ficção de uma


igualdade básica.

A proposição do princípio da igualdade é anterior ao


proletariado industrial.

No mito de Caim e Abel, na pretensão judaica de ser um


“povo escolhido”, tem sempre a afirmação da diferença e
não da igualdade.

A fraternidade como afeto positivo entre os seres


humanos procura ignorar que os maiores ódios existem
dentro das famílias.
Na “mitologia bíblica” a primeira dupla de irmãos acaba
quando um mata outro.

Como princípio, a fraternidade decorre da lógica da


igualdade, como esta não se sustenta, aquela sucumbe.

Para Nietzsche, o princípio da liberdade foi, sobretudo,


uma necessidade teológica para superar as contradições
existentes na concepção de um “Deus do amor”.

Se Deus e bom. Como poderia gerar o diabo e o mal.

Na lógica popular, tudo o que ocorre de bom e graça de


Deus e ruim é castigo merecido.

Deus ganha sempre. Todos querem ter Deus a seu lado,


não se ousa questionar, pois ele envia o mal aos bons.
(página 23)

Pregava-se o livre arbítrio por um impasse teológico o


Deus do amor não teria sido totalmente amoroso com sua
dileta criatura?

A todos é atribuída a liberdade para que o homem possa


se auto-condenar sem que tenha, necessariamente que
responsabilizar a divindade.

O amor terrestre do socialismo utópico “a cada um suas


necessidades” geraria um absoluto caos administrativo.
Cada um inventaria um infinito número de necessidades
e, ao ver as necessidades que os outros inventariam para
si, também as reivindicaria.

O capitalismo inventa a toda hora novas necessidades


sugerindo a cada um que todas elas poderiam ser
atendidas.

Não há sistema que consiga atender todas as


necessidades de todos, pois elas são infinitas.

Tem-se o cinismo de tornar os setores dominantes


modelares para todos.

Cria-se um sistema de deuses que podem ter tudo com os


quais a plebe é convidada a se identificar.

Ainda que a massa aceite este fato, isto gera ainda mais
insatisfação.

É um sistema hipócrita, que tanto finge poder tornar


todos felizes quanto menos está habilitado para tanto.

Cria-se a hipocrisia do contente: cada um, no entanto,

tratando de apontar o defeito dos outros sem assumir


que tenha qualquer. (p.23)

Histufac2007@yahoo.com.br
O capitalismo como economia, precisa dos princípios da
liberdade, igualdade e fraternidade para funcionar.

Liberdade – direito de oferecer qualquer mercadoria


lícita no mercado e direito de comprar o que quiser

Fraternidade – alternativa de discurso a um sistema que


explora os trabalhadores.

A igualdade parece apelar para um inexistente espírito


de justiça.

Marx e Nietzsche foram contemporâneos mas nunca se


encontraram ou citaram um ao outro.

Embora tenham tratado dos mesmos temas, sugeridos


pelo espectro da modernidade.

Gorki – Nietzsche que um retorno a moral dos senhores


em oposição ao cristianismo que defenderia a moral dos
escravos.

Gorki foi simplório – Nietzsche reconhecia a existência


de senhores entre os cristãos e o próprio cristianismo
como uma ideologia de dominação.

Para Nietzsche o socialismo com sua pregação de


igualdade era basicamente cristão.
]
Preferia o pior como se fosse melhor.

“é fácil caricaturar o inimigo para combater a caricatura


como se assim ele o fosse”.

Mehring – achou que Nietzsche poderia ser um estágio


intermediário para os jovens burgueses encontrarem o
bom caminho do marxismo.

Problema – não percebeu que a preocupação do pensador


estava nos pressupostos teológicos cristãos do
socialismo.

Lukács – Nietzsche só via os sintomas da supraestrutura


do capitalismo

Chegou a exorcizá-lo como um dos principais pensadores


do reacionarismo.

Não se abriu a dialética e com isso não admitiu o debate


sobre os pressupostos teológicos do socialismo.

Heiner Muller – o capitalismo seria a liberdade sem


igualdade e o comunismo seria a igualdade sem liberdade.

Nietzsche – viu no capitalismo a forma econômica e na


democracia de massas a forma política de realização
moderna dos postulados do cristianismo.
Por mais que o marxismo tenha se considerado
materialista histórico ateu ele era um idealismo
reducionista que ignorou a história como prova reiterada
da maldade irredutível à propriedade dos meios de
produção.

Ele queria salvar a sociedade por meio de uma nova


paixão de Cristo que seria a revolução proletária.

Embora afirmasse ser uma doutrina dialética o sonho do


marxismo era conseguir a extinção da dialética.
Começando com a extinção das contradições sociais.

Nietzsche não citou Marx nominalmente, mas tratou com


freqüência das teses básicas do socialismo
problematizando seus pressupostos cristãos,
principalmente a liberdade, igualdade e fraternidade.

Marx faleceu em 1883 no exílio, um dos últimos anos de


lucidez de Nietzsche, que também se viu obrigado a viver
fora da Alemanha.

Das obras de Marx os pontos refutados por Nietzsche


não são as análises da política francesa ou do modo de
produção capitalista. Mas, a utopia socialista.

Fundamental neste ponto é o conceito de igualdade.

Ao significar, no comunismo de estado, a igualação de


todos
Igualando os que mais e menos e com diferentes padrões
de qualidade produzem.

Nietzsche: o princípio da igualdade deve ser, antes de


tudo, o reconhecimento da desigualdade do desiguale não
o rebaixamento do mais levado a condição inferior.

Marx não queria a mera igualdade dos desiguais, mas o


bater de asas do anjo que ele supunha existir em cada
homem.

Mas, como disse Lênin, a revolução proletária deveria ser


feita contra o proletariado, e não apenas contra a
burguesia.

Desaparecendo um pólo, deveria desaparecer o outro

Os postulantes do socialismo tiveram como referência o


operário inglês na época de Marx.

Retomando uma divisão entre bens necessários e luxo.

Com isso, o partido que dizia ser materialista e até


dialético quis estacionar a história e não considerou a
matéria frágil que é o homem.
Os marxistas substituíram o crescente espiritual por um
crescimento da produtividade econômica a rigor, eles
tinham ideal capitalista.

A teologia de Hegel: o império da razão.

Máxima: o maior número de pessoas enquadrada na


definição aristotélica do homem como um animal racional.

Marx a revolução deve ocorrer quando as relações de


produção não permitirem mais o desenvolvimento das
forças produtivas.

Para que? Aumentar a capacidade produtiva?

De qualquer forma em O CAPITAL a diferença entre


trabalho produtivo e improdutivo continua sendo feita
nos padrões dos clássicos liberais. Ou seja: se o trabalho
gera, ou não, extração de mais-valia.

O problema está na busca de um sentido para a história.

Se a história tivesse um sentido ele já teria sido feito.

Segundo Freud, os judeus acreditaram ser o povo


escolhido. Embora escolhidos pelos sacerdotes de athon
para salvar uma religião que não era a deles.

O cristianismo acha que a humanidade foi salva por


Cristo, ainda que o império do ódio seja maior a cada dia.
Para Marx a história é negativa porque é baseada sempre
em formas de espoliação social.

Para Nietzsche, o cristianismo é a consagração da


mentalidade de escravo.

Marx: suportava a dialética para acabar com a dialética.

Nietzsche: só suportava a humanidade porque ela era a


pedra bruta com a qual seria possível esculpir o ser-
acima-do-humano
A escola dos Annales ( Peter Burke)

O movimento dos Annales, em sua primeira geração,


contou com dois líderes March Bloch e Lucien Febvre.

Os anos iniciais

Lucien Febvre – aceito em 1897 na escola normal


superior.

Influencia do geógrafo Paul Vidal de La Blanche,


fundador da revista os annales da geografia, buscando
uma aproximação com sociólogos e historiadores.

Influencia do filósofo Lucien Levi Bruhl – criador do


conceito de “mentalidade primitiva”.

Influência do historiador de arte Émile Male – um dos


primeiros a concentrar-se não na história das formas,
mas nas imagens (iconografia).

Influencia di lingüista Antoine Meillet, interessado nos


aspectos sociais da língua.

Reconheceu também seu débito para com historiadores


anteriores. Reconhecendo, por exemplo, sua admiração
por Michellet, Lois Courajod e também pelo político de
esquerda, Jean jaures.

A influencia de Jaures pode ser percebida na tese de


doutoramento de Febvre que trata sobre um estudo de
uma região da França em torno de Besaçon, no final do
século XVI.

Preocupava-se não apenas com a revolta dos países


baixos, mas também com o conflito entre a burguesia e a
nobreza.

Esse esquema se assemelha ao marxismo, porem, difere


de Marx ao descreve a luta entre dois grupos como um
conflito de idéias e sentimentos, bem como um conflito
econômico.

Outra característica importante era a introdução


geográfica que traçava um perfil dos contornos da
região.

De outro modo, outro influencia foi de Ratzel.

Um dos pioneiros da geografia humana, atribuía,


diferente de Vidal de La Blache, maior influencia do meio
físico sobre o destino humano.

Neste debate em que o determinismo geográfico opunha-


se a liberdade humana, Febvre apoiou Vidal.
Bloch

Maior influencia – Emile Durkheim que iniciou sua


carreira de professor mais ou menos no período de
ingresso de Bloch como docente.

Apesar de seu interesse por política contemporânea,


Bloch especializou-se em história medieval.

Assim como Febvre, Bloch pensava em uma perspectiva


de uma “história-problema”.

O compromisso de Bloch com a geografia era menor que


o de Febvre, embora fosse maior na sociologia.

Estrasburgo

O convívio de encontros diários entre Bloch e Febvre


durou treze anos (1920 – 1933).

Os reis Thaumaturgos de Bloch, merece ser considerada


uma das grandes obras de nosso século. Seu tema é a
crença de que os reis tinham o poder de curar doentes
de escrófulas, através do toque real.

Apesar de algumas críticas na década de 20, Bloch


considerou sua obra como uma importante contribuição a
história política, pois analisava a idéia de monarquia.
“o milagre real foi acima de tudo a expressão de uma
concepção particular do poder político supremo”.

Os reis Thaumaturgos foi notável em pelo menos três


aspectos:

Primeiro – não se limitava a um período histórico


convencional, a idade média. Bloch escolheu o período
para localizar o problema, o que significava que tinha que
escrever a história de longa duração.

Tal perspectiva conduziu Bloch a conclusões


interessantes.

Uma delas, o toque régio não apenas sobreviveu ao século


XVII, como se expandiu.

Em segundo lugar o livro era uma contribuição ao que


Bloch denominava psicologia religiosa. Núcleo central: a
história dos milagres e concluía com uma discussão
explicita de como o povo acredita em tais ilusões
coletivas.

Esse tipo de discussão sobre a psicologia da crença não


era algo que se podia esperar em um discurso histórico
dos anos 20.

A terceira questão é a da história comparativa.


Acrescente-se que a comparação era feita de tal forma
que possibilitasse perceber as diferenças. (p. 30)

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