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Termo de compromisso de ajustamento de conduta

Carolina Lobato Goes de Araújo1

Por compromisso de ajustamento, no âmbito da Lei 7.347/85, deve-se entender o


ato jurídico processual ou extraprocessual em que a pessoa, física ou jurídica, que esteja a
lesar os bens jurídicos tutelados por essa Lei assume perante um órgão público legitimado
sua inequívoca vontade de ajustar-se às exigências estabelecidas em lei e de restabelecer
o status quo ante afetado por ato comissivo ou omissivo considerado ilícito. (MORAES,
2005, p.607)
Remontando às origens, noticia Hugo Nigro Mazzilli que:

O primeiro precedente concreto de transação em ação civil pública de que se tem


notícia, de fato já tinha ocorrido em meados da década de 80, e ficara conhecido
como o caso da passarinhada do Embu. Tratava-se de uma ação civil pública
movida pelo Ministério Público contra um prefeito paulista que tinha oferecido a
seus correligionários um churrasco de 5 mil passarinhos. O processo de
conhecimento tinha terminado com condenação definitiva. No processo de
execução, ainda que a lei fosse omissa sobre a matéria, sobreveio transação,
endossada pelo órgão oficiante do Ministério Público e judicialmente homologada,
por meio da qual, sem que se abrisse mão do direito material reconhecido na
sentença, ficou ajustado que o pagamento da condenação seria feito em diversas
parcelas, com juros legais e correção monetária. (In MANCUSO, 2004, p.326)

Introduzido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), o termo de


ajustamento, dotado de eficácia de título executivo extrajudicial, foi posteriormente inserido
no § 6º do art. 5º da Lei da Ação Civil Pública, por força do art. 113 do CDC, que dispõe
que os órgãos públicos legitimados podem, mediante cominações, tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais.
Quanto à eficácia de título executivo extrajudicial, importa fazer uma breve
digressão sobre sua vigência no processo do trabalho.
A redação anterior do art. 876 da CLT não dava vazão à execução do compromisso
de ajustamento de conduta, por falta de previsão legal, pois somente eram executáveis na
Justiça do Trabalho os títulos executivos judiciais, numa tentativa tutelar do Direito do

1
Mestre em Direito do Trabalho pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais – PUC/MG e analista judiciária do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª região (MG).
Trabalho de assegurar ao trabalhador o recebimento de seu crédito, indisponível,
irrenunciável, intransferível e de caráter alimentar e existencial.
Com a superveniência da Lei 9.958, de 12.01.2000, o texto celetista do art. 876 foi
modificado para incluir na execução trabalhista os títulos executivos extrajudiciais, in
verbis:

As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha hávido recurso com
efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de
conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de
conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão
executados pela forma estabelecida neste Capítulo.

Nessa seara, se antes mesmo da alteração do artigo em comento já era a Justiça


do Trabalho competente para executar o termo de compromisso oriundo da relação de
trabalho, a teor do art. 114 constitucional, com mais razão o será após a Lei 9.958/00, que,
expressamente, incluiu o termo de ajuste como título executivo extrajudicial no art. 876 da
CLT. O mesmo se aplica quanto à competência da Justiça do Trabalho para executar a
multa prevista no termo de ajuste, a teor dos arts. 114 da CR/88, 83, III, e 84, II, da
LOMPU. (LEITE, 2006, p.299-305)
Sob prisma diverso, diante da conjunção do art. 877-A da CLT, que não deixa dúvida
de que “é competente para a execução do título executivo extrajudicial o juiz que teria
competência para o processo de conhecimento relativo à matéria”, conjugado com o art. 2º
da LACP, conclusão outra não nos resta senão a de que a competência funcional e
territorial para a execução do termo de ajuste é da Vara do Trabalho do local da lesão ou
da ameaça do dano a interesses metaindividuais relativos à matéria trabalhista. (LEITE,
2006, p.305)
Enfatiza-se que o compromisso de ajuste de conduta pode ser feito tanto na esfera
judicial quanto na extrajudicial. É que, não fazendo a lei qualquer restrição, não cabe ao
intérprete fazê-lo. (MORAES, 2005, p.607)
Nesse particular, o magistério de Voltaire de Lima Moraes no sentido de que será
extrajudicial o compromisso quando formalizado em representação feita aos legitimados
do art. 5º, § 6º, da LACP, em procedimento administrativo instaurado pelo parquet e nos
autos do inquérito civil. Será judicial quando firmado nos autos do processo, perante o juiz
da causa. (MORAES, 2005, p.607)
Uma vez firmado o ajuste no âmbito do inquérito civil ou em processo
administrativo, surge como conseqüência jurídica o arquivamento dos instrumentos
investigativos, razão pela qual deve o ajuste submeter-se à apreciação do Conselho
Superior do Ministério Público, para que seja homologada ou rejeitada a promoção de
arquivamento (art. 9º da LACP). Formalizado o ajuste perante o juiz da causa, os
pressupostos legais de admissibilidade serão por ele avaliados. (MORAES, 2005, p.607-
608)
Sobre a questão, assevera Mancuso: (1998, p.319-320)

Com efeito, se a promoção de arquivamento do inquérito civil deve ser ‘submetida a


exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público (Lei 7.347/85, art.
9º, § 3º), parece-nos que, com maior razão – e, quanto mais não fosse, por
justificada cautela -, deve o promotor de justiça oficiante colher a prévia oitiva do
Conselho quando se desenhe a virtualidade da transação nos autos da ação em
curso; até porque, uma vez homologado, o acordo receberá a imutabilidade da
coisa julgada (CPC, arts. 269, II; 584, III; 467).

Em sentido diverso aponta a Súmula de Entendimento n. 25 do Conselho Superior


do MP paulista, que dispõe não haver intervenção do CSMP quando a transação for
promovida por promotor de justiça no curso de ação civil pública ou coletiva.
Quanto à legitimação ativa para a formalização do ajuste de conduta, este pode ser
firmado perante o Ministério Público ou os órgãos públicos legitimados. Sobre a questão,
Hugo Nigro Mazzilli aponta três categorias legitimadas: a) dos legitimados incontroversos:
Ministério Público, União, Estados, Municípios, Distrito Federal e órgãos públicos, ainda
que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses
metaindividuais; b) a dos legitimados que não podem, de forma alguma, firmar o ajuste:
associações civis, sindicatos e fundações privadas; e c) a dos legitimados controversos,
como as fundações públicas, autarquias, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Quanto ao último grupo, entende o autor serem legitimados:

[...] os órgãos pelos quais o Estado administra o interesse público, ainda que
integrem a chamada administração indireta” (autarquias, fundações públicas e
empresas públicas); acrescentando que o mesmo não se aplica quanto às
empresas estatais que “ajam na qualidade de exploradoras da atividade econômica
[...] como é o caso das sociedades de economia mista e empresa públicas quando
ajam em condições de empresas de mercado. (MAZZILLI in MANCUSO, 2004,
p.329)

O termo de compromisso de ajustamento de conduta está intimamente relacionado


à questão da indisponibilidade do direito vindicado em juízo. Isso porque, em regra, o
objeto da ação civil envolve interesses que se encontram esparsos por toda a coletividade,
de forma indeterminada (interesses difusos) ou determinável (interesses coletivos
propriamente ditos e individuais homogêneos).
Como acentua Ricardo de Barros Leonel:

[…] mesmo quando caracterizados interesses patrimoniais, ao ganharem dimensão


coletiva adquirem conotação social, tornando-se indisponíveis processualmente,
não obstante o lesado possa individualmente dispor de sua parcela. Ademais, os
legitimados também não podem deles dispor por não serem titulares de tais
interesses. (MAZZILLI in MANCUSO, 2004, p.318)

Todavia, existe um espaço transacional no compromisso de ajuste de conduta que


não abrange a parte substantiva da obrigação, mas somente os seus aspectos
secundários, como tempo, lugar, modo e condições de cumprimento da obrigação.
(MAZZILLI in MANCUSO, 2004, p.331-332)
A propósito, observa Mancuso que:

[…] a transação possível é aquela que possa ser feita ao pressuposto de que o
interesse metaindividual venha resguardado em sua parte nuclear e substancial, ou
seja: que o resultado prático alcançado com o cumprimento do ajustamento de
conduta coincide ou fique o mais próximo possível daquele que seria obtido com a
execução forçada do julgado. (MAZZILLI in MANCUSO, 2004, p.331)

Atenta Bezerra Leite para o fato de que o termo de compromisso de ajustamento de


conduta não se confunde com a transação referendada pelo parquet, prevista no art. 585,
II, do CPC, porquanto o objeto do primeiro é absolutamente restritivo, o que afasta a
natureza de acordo do ajuste, em vista da ausência de concessões pelo MP.
No que tange à imposição de multa, no bojo do termo de compromisso de
ajustamento de conduta (art. 5º, § 6º, da LACP), salienta-se que esta não constitui
requisito de validade do ajuste e tampouco substitui a obrigação principal fixada no título,
mormente porque “a multa fixada em compromisso de ajustamento não deve ter caráter
compensatório, e sim cominatório, pois nas obrigações de fazer ou não fazer normalmente
mais interessa o cumprimento da obrigação pelo próprio devedor que o correspondente
econômico” (Súmula n. 23 do CSMP paulista).
Na ausência da multa cominatória, o juiz a fixará ao despachar a inicial,
estabelecendo o seu valor por dia de atraso, no cumprimento da obrigação, e a data a
partir da qual será devida (art. 645, CPC), sendo-lhe facultado, ainda, autorizar a redução
do montante caso se apresente excessivo e desproporcional.
A propósito, ressalta Bezerra Leite que, em sede de ação civil pública na seara
trabalhista, as multas impostas pelo juiz revertem-se para o Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT), a pedido do parquet trabalhista. E isso se deve especialmente pela
inadequação do FAT, previsto no art. 13 da LACP, para a reparação dos danos advindos
das relações de trabalho.
Sobre o tema, a análise de Ives Gandra da Silva Martins Filho: (In LEITE, 2006,
p.293-294)

[…] No caso de defesa de interesses coletivos na área trabalhista, deve-se buscar


um fundo compatível com o interesse lesado. Nesse sentido, tanto a multa prevista
no termo de compromisso firmado perante o Ministério Público, quanto aquela
postulada em ação civil pública, podem reverter a favor do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT), instituído justamente para proteger o trabalhador contra os
males do desemprego.

Em verdade, o termo de ajustamento de conduta, instrumento preventivo e


reparatório de lesões aos interesses e direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos,
além de contribuir sobremaneira para a celeridade e obtenção de um resultado prático
efetivo, ainda prestigia a autocomposição das partes, tão valorizada no atual processo civil
de vanguarda.
De outra feita, não há como ignorar o movimento moderno de prestígio às soluções
extrajudiciais das demandas, evitando-se com isso a sobrecarga que assola o Judiciário, a
demora e os custos decorrentes do acionamento da máquina estatal, além da assunção
dos riscos de um provimento jurisdicional desfavorável.

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