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PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJECTO DO DESPORTO ESCOLAR NA

ESCOLA EM ARTICULAÇÃO COM A DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Renato Costa – Colégio de Nossa Senhora da Boavista (Vila Real) – Valcosta1@sapo.pt

Introdução
São várias as perguntas que nos surgem sempre que pensamos no Desporto Escolar (DE)
no seu contexto mais global, independentemente de estar divido nas suas duas vertentes,
interna e externa. Será que o DE é mesmo para todos os alunos? Só deve participar no DE
quem se interessa pela Prática Desportiva? O DE serve para formar jovens atletas para
posterior entrada no Desporto Federado? No DE os resultados desportivos/ competitivos
não interessam? Será que existe uma relação causa/ efeito na aptidão física e na saúde dos
nossos alunos através das práticas desportivas no DE? Terá sentido articular a disciplina de
Educação Física (EF) com o DE? O DE contribui mesmo para a formação geral e integral
dos nossos alunos e combate o abandono escolar? Deve o DE estar integrado na
componente não lectiva dos Docentes de EF? Muitas mais questões ficam por colocar, por
discutir e analisar com bastante cuidado, uma vez que as supracitadas representam apenas
algumas das variadíssimas questões com que decerto a maioria dos Profissionais de EF
que leccionam se deparam relativamente ao fenómeno do DE, na actualidade.
Este artigo, pretende sugerir aos interessados na problemática do DE como actividade
extra-curricular e a sua articulação com a disciplina curricular de EF, uma possível
perspectiva de projecto do DE a implementar, conseguindo desta forma responder a muitas
das perguntas que foram anteriormente colocadas.

O que é e para que serve o Desporto Escolar


O DE tem um papel muito importante na Escola, de acordo com a mensagem do Secretário
de Estado da Educação Valter Lemos, no novo sítio na Internet do Desporto Escolar:
“Considero que o Desporto Escolar, contribui de forma clara para a qualidade da escola
pública e para a igualdade de oportunidades no acesso à prática desportiva. A actividade
física e desportiva possibilita ao aluno o pleno desenvolvimento da personalidade, da
formação do carácter e da cidadania, preparando-o para uma reflexão consciente sobre os
valores cívicos e proporcionando-lhe um equilibrado desenvolvimento físico. O Desporto
Escolar concorre para o combate ao insucesso e abandono escolar, para a promoção da
inclusão, a aquisição de hábitos de vida saudável e a formação integral dos jovens em idade
9
escolar.” Com base no Decreto-Lei n.º 95/91 de 26 de Fevereiro, entende-se por DE: “o
conjunto das práticas lúdico-desportivas e de formação com objecto desportivo
desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres, num regime de
liberdade de participação e de escolha, integradas no plano de actividade da escola e
7
coordenadas no âmbito do sistema educativo.” A Confederação do Desporto de Portugal
(CDP) defende que “a função do desporto escolar como introdutória à preparação desportiva
na perspectiva do alto rendimento, e sobretudo como alternativa à actuação dos agentes
desportivos institucionais, é um logro que resulta em duas consequências. Uma é o
desperdício dos talentos que ocorre sempre que às crianças e jovens sobredotados em
diversos campos não são oferecidas outras alternativas além dos programas escolares
ordinários que acarretam desinteresse, abandono e até dificuldades de integração na vida
escolar. A outra é o desperdício das oportunidades de aquisição e desenvolvimento de
capacidades, competências e atitudes que, não se realizando nas chamadas fases
sensíveis, levam à instalação de handicaps de ordem física, motora e atitudinal dificilmente
5
recuperáveis.” (CDP, 2003, p. 7 e 8)
Entendimento do Projecto do Desporto Escolar de acordo com o Programa do Desporto
Escolar 2007-2009 e identificação de Actividade Interna e Externa
“O projecto do DE deverá ser parte integrante do Projecto Educativo e do Plano de
Actividades do estabelecimento de ensino. Tal situação pressupõe que o Projecto seja
transversal (interdisciplinar) e operacionalizado em total complementaridade com o trabalho
efectuado na disciplina curricular de Educação Física e em articulação com os respectivos
Docentes. A Actividade Interna de Escola deve reverter da dinâmica interna da disciplina de
Educação Física, devendo ser enquadrada por todos os Professores do Grupo de Educação
Física. Pode ainda ser enquadrada por outros Professores com formação específica em
determinada modalidade desportiva. Pode esta dinâmica ganhar mais valias com a
participação e o apoio das Associações de Estudantes e de Pais do estabelecimento de
ensino. Na elaboração do projecto, as preocupações principais deverão centrar-se na
maioria dos alunos da escola e, de preferência, nos escalões etários mais baixos, devendo a
Actividade Externa ser o reflexo da dinâmica do trabalho desenvolvido na Actividade Interna.
Entende-se por Actividade Interna o conjunto de actividades físico-desportivas
enquadradas no Plano Anual de Escola, desenvolvidas pelo Grupo/Departamento de
Educação Física, sob a responsabilidade do Coordenador do Desporto Escolar e
implementadas pelo Clube do Desporto Escolar. A Actividade Interna deverá ser realizada
com base na atribuição de horas da componente não lectiva de estabelecimento. A
planificação anual do trabalho deverá corresponder a um conjunto de actividades com
carácter regular e sistemático, devidamente calendarizado e integrado no Plano Anual de
Actividades da Escola. A dinâmica das actividades do Desporto Escolar deverá ser geradora
de hábitos de prática desportiva, num quadro de promoção da saúde, da qualidade de vida e
da cidadania. As actividades internas são a base a partir da qual se organizam as
Actividades Externas, cuja estrutura organizativa consiste nos “Grupos-Equipa”, destinados
a organizar a participação do estabelecimento de ensino em quadros competitivos externos.
A Actividade Externa deverá ser entendida como toda a actividade desportiva desenvolvida
no âmbito das diversas vertentes do Clube do Desporto Escolar (Grupos/Equipa) através da
participação em Encontros Inter-Escolas, de carácter competitivo (visando o apuramento
selectivo para os Campeonatos Regionais e Nacionais) ou de carácter não competitivo
(Encontros/Convívios). A Actividade Externa é realizada com base na atribuição de horas de
componente lectiva (servindo para a redução de horário). Os Grupos/Equipa têm um horário
de treino semanal que é em função dos créditos lectivos aprovados pela DGIDC. Pretende-
se que a Actividade Externa seja decorrente da Actividade Interna e que proporcione
actividades de formação e/ou orientação desportiva, tendo em vista a aquisição de
competências físicas, técnicas e tácticas, na via de uma evolução desportiva e da formação
8
integral do jovem.”

Metodologia
“A base do sistema educativo é o aluno, e a escola é uma das vias institucionais entre
várias, de acesso à educação e implicitamente à prática de actividades físicas e desportivas.
A Educação Física como disciplina curricular contribui para o desenvolvimento integral e
geral do aluno ao incidir sobre o seu comportamento motor utilizando especificamente a
2
actividade motora nos processos de ensino-aprendizagem.”
Para a implementação de um Projecto sustentado do DE na Escola, devemos ter em conta
vários pormenores e respeitar etapas fundamentais que são o fulcro de qualquer projecto: (I)
Horários Escolares; (II) Planificações da Disciplina de EF por ano de Escolaridade, aula a
aula ou por semana. (III) Planificação das Actividades do DE por período, definição dos
Grupos/ Equipas e horários dos treinos para a Actividade Externa. (IV) Candidatura ao
projecto de DE. (V) Divulgação da planificação de toda a Actividade Interna nas aulas de EF
e as respectivas inscrições nos Grupos/ Equipa para a actividade externa. (VI)
Operacionalização e controlo da Planificação construída para a Actividade Interna, bem
como, treinos e competições da Actividade Externa. (VII) Avaliação/ Balanço de todas as
Actividades Desenvolvidas. (VIII) Projecção do próximo Ano Lectivo. Numa análise mais
cuidada e profunda de cada Etapa, vamos conseguir entender com maior clareza, a
dependência que existe entre cada uma delas e a necessidade inequívoca que existe em
que estas sejam respeitadas e seguidas, para se poder esperar por algo de positivo, que
pode ser adquirido através da existência do DE.

Os horários escolares são fundamentais para que o DE seja uma realidade. Na sua
elaboração deve existir não só uma preocupação em libertar horas para a sua prática, mas
uma libertação de horas por ciclos de escolaridade, para que a mesma se possa tornar
específica. Não é de todo razoável libertar as mesmas horas para toda a comunidade
escolar, mas sim, coordenada por ciclos, desta forma consegue-se respeitar os recursos
humanos e materiais que as Escolas possuem e permitimos uma prática desportiva
orientada, respeitando todos de uma forma equitativa, tendo em consideração os 2º e 3º
ciclos e Secundário. A libertação de horas pode ainda estar coordenada com os diferentes
Clubes que possam existir na Escola e ainda com outras necessidades que carecem de
preocupação, como os apoios pedagógicos acrescidos. De acordo com a CDP, “está em
aberto, um pouco por toda a parte, o debate sobre qual deve ser o envolvimento da
instituição escolar na vida quotidiana e no projecto educativo das crianças e jovens.
Recentemente, as autoridades educativas da Bélgica surpreenderam pela sua iniciativa de
reduzir o peso das ocupações escolares diárias, regulamentando o tempo máximo dos
trabalhos de casa. Menos escola, melhor escola, mais qualidade de vida infanto-juvenil e
5
mais participação directa da comunidade, através das famílias e do associativismo.” (CFD,
2003, p. 9) O Professor Nuno Santos salienta-nos no seu artigo de opinião, que “o currículo
nacional é extremamente fechado e inflexível, dando liberdades de aprendizagens em casos
muito restritos. Por outro lado é demasiado extenso, pois quer incluir aprendizagens que os
alunos poderiam ter extra escola. Entre ter 12 disciplinas por semana, mais os trabalhos de
casa, mais o estudar para os testes e explicações, fica muito pouco tempo para os alunos
fazerem qualquer coisa que não seja estudar. A carga horária dos nossos alunos é
demasiado elevada para levarem uma actividade a sério. Também os professores são
11
vítimas desta situação.”

A elaboração das planificações de EF por ano de escolaridade e enquadradas por ciclo de


escolaridade, devem procurar escolher e distribuir de forma adequada as unidades
didácticas de acordo com o escalão etário e o seu natural enquadramento de conteúdos
programáticos, tendo sempre em conta o real contexto e especificidade de cada Escola. O
facto de ser elaborada aula a aula ou por semana, permite uma melhor coordenação com as
actividades do DE, ou seja, a planificação já deve ter presente os Torneio Intra-turmas que
são realizados na aula de EF e os posteriores Torneio Inter-turmas que são realizados no
horário da Actividade Interna. Assim, quando por exemplo, planificamos para o primeiro
período as Unidades Didácticas de Andebol e Voleibol, devemos também prever a
realização de Torneios de Andebol e Voleibol para a Actividade Interna, prevendo então
neste sentido, aulas para preparação e realização de Torneios Intra-turmas e, desta forma
transformar a participação no DE numa participação massiva de toda a comunidade escolar,
num contexto de desporto para todos, onde quem ganha representa a turma e vincula-se a
uma participação que lhe é meritória porque venceu dentro da turma, ficando os vencidos
resignados a apoiar a sua própria turma porque poderiam ser eles a seguir em frente, mas
com a perfeita noção de que contribuíram e participaram na actividade desenvolvida. A
disciplina de EF sai a ganhar, porque os alunos revelam um maior empenho e motivação em
melhorar e em querer aprender, quer nas aulas de preparação para os Torneios, onde o
objectivo é o de melhorar aspectos físicos, técnico-tácticos individuais e de grupo, assim
como, psicológicos e cognitivos, quer nas aulas onde se realizam os Torneios Intra-turmas.
É de facto todo um entusiasmo que se gera em torno das aulas que não é normal noutro
contexto. Para a CDP, “além dos obstáculos programáticos, organizacionais e materiais que
impedem uma contribuição efectiva da escola no processo de elitização desportiva, há em
toda a sua intervenção um constrangimento que releva da filosofia de educação vigente
desde o séc. XIX e constitui a base do conflito, expresso ou latente, entre dois subsistemas
de desporto. Por um lado, a escola é mediocrática, anti-elitista, fundada numa tradição que
confunde um princípio democrático (o acesso universal à educação) com a própria essência
da acção educativa que é promover, em cada indivíduo, todo o potencial conferido pelo seu
património genético, e pelo seu envolvimento cultural. Por outro lado, o desporto é, por
natureza, elitista no sentido em que reconhece e procura dar medida ao valor que distingue
5
entre si os indivíduos.” (CDP, 2003, p. 8). “Uma Educação Física atenta aos problemas do
presente não poderá deixar de eleger como uma das suas orientações centrais a educação
da saúde. Se pretende prestar serviços valiosos à educação social dos alunos, se pretende
contribuir para uma vida produtiva, criativa, bem sucedida, a Educação Física encontra na
orientação pela educação da saúde um meio de concretização das suas pretensões,
3
formulações e justificações.” (Bento, 1995, p. 149).

Na planificação das Actividades do DE surgem-nos espaços designados no horário


escolar para este tipo de actividades e dependentes das planificações que foram elaboradas
para a disciplina de EF, por período. Esta planificação acompanha de forma directa as
planificações de EF, pois estão directamente relacionadas, uma vez que, as Actividades
desenvolvidas no âmbito do DE são as matérias e Unidades Didácticas abordadas e
leccionadas nas aulas de EF. Daí que, por exemplo, o Megasprinter, o Megasalto, o
Megakilómetro, o Corta-mato são matérias que dizem estritamente respeito à modalidade de
atletismo, o que faz com que a preparação e os Torneio Intra-turmas e Inter-turmas apenas
possam acontecer quando a Unidade Didáctica de Atletismo é leccionada no âmbito
curricular da disciplina de EF. Todas as restantes fases Inter-turmas por ano de
escolaridade e por ciclos de escolaridade estão incluídas nas horas designadas para a
Actividade Interna. O que se pretende é que a aula de EF seja o local onde todos entram em
contacto com as diversas actividades que são desenvolvidas pelo DE de forma equilibrada e
equitativa, para que de uma forma justa e leal os alunos possam competir entre si dentro da
sua própria turma, onde o nível é geralmente muito semelhante, para posteriormente
competirem com alunos de outras turmas com o mesmo nível de escolaridade e, finalmente
após essa fase, competirem os melhores de cada ano de escolaridade entre níveis
diferentes dentro de cada ciclo de escolaridade, ou seja, por exemplo, o 5º ano contra o 6º
ano, dentro do 2º Ciclo. Na perspectiva da CDP, “esta é a condição indispensável a outra
medida fundamental: a cobertura do desporto escolar a todos os jovens em idade escolar,
sejam ou não praticantes federados. Não faz qualquer sentido penalizar um jovem pelas
suas capacidades superiores de prestação, impedindo que as manifeste no contexto de
relações sociais que dominam a sua vida quotidiana. É benéfico para os jovens menos
dotados, ou em fase anterior de preparação, poderem testemunhar o valor dos seus
companheiros mais dotados, criando um ambiente de emulação favorável ao seu progresso
desportivo e ao reforço da sua participação. A fim de compatibilizar os objectivos de
participação alargada e de elitização desportiva, o desporto escolar deverá acolher uma
organização baseada no agrupamento por níveis de praticantes, já adoptado por
subsistemas congéneres de outros países, e aplicado quer no estabelecimento de ensino
5
quer nos âmbitos local, regional e nacional.” (CDP, 2003, p. 13) Apesar do defendido
anteriormente, relativamente à organização das Actividades Internas e à disciplina de EF,
nem todas as Actividades propostas para a Planificação do DE têm de estar directamente
relacionadas com o currículo da disciplina de EF, existem sempre Actividades/ Torneios que
devem complementar o currículo da disciplina, como torneios de ténis-de-mesa, xadrez,
damas, actividades de aventura e radicais, snooker, viagens de estudo, perícia de bicicleta e
patins em linha, pedy paper, jogos tradicionais e populares, convívios inter-escolas,
concursos de dança, entre outras, que devem estar integradas na Actividade interna sendo
abertas a toda a comunidade estudantil, com regulamento específico, onde os alunos
interessados a participar têm de se inscrever. “Assim, sem prejuízo das atribuições e
responsabilidades da escola na formação integral das crianças e jovens, é inadiável dar
prioridade ao conceito de desporto em idade escolar como supletivo e, se necessário,
alternativo do actual desporto escolar, enfatizando mais o universo estatístico do
recrutamento dos indivíduos dotados para um percurso de preparação desportiva, e menos
a instituição que realiza o acolhimento tendencialmente universal desse segmento da
5
população.” (CDP, 2003, p. 10)

Relativamente à escolha e formação Grupos/ Equipas e definição dos horários de


treino para a Actividade Externa, que têm de ser feita todos os anos, é de facto muito
importante que exista um seguimento, ou seja, todas as Escolas têm um determinado
contexto e tradição, que induz especificamente os Grupos que são escolhidos e
estabelecidos ao longo dos anos. É então neste momento, que se deve definir e estabelecer
prioridades quer no escalão etário que vai ser colocado à aprovação, quer nos horários que
vão ser designados para cada equipa. Deve-se ter sempre em conta a continuidade dos
Grupos, daí que quando iniciamos nos Infantis ou Iniciados, dependendo do contexto da
Escola, essa Equipa deve ser mantida pelo menos até aos Juvenis. No estabelecimento dos
horários para os treinos, estes devem ser suficientemente abrangentes para todos, apesar
das novas perspectivas para a actividade externa que a identificam como a selecção dos
melhores. Temos que ter a consciência que o trabalho de formação se não é feito na Escola
e neste contexto, não podemos esperar que o façam no Desporto Federado. Defendo que
de facto o DE deve ser competitivo e que se deve trabalhar para ganhar, no entanto, a
selecção dos melhores deve ser abrangente, proporcionado oportunidades para todos,
especificamente para os que treinam sempre. Os Docentes, na definição dos horários de
treino, têm que permitir aos alunos a oportunidade de escolher e participar nos grupos e nas
equipas cujas modalidades os atraem e motivam mais. Esta escolha, não pode ser em
função dos grupos que existem, ou das limitações horárias do transporte escolar, pois desta
forma estão a limitar a participação e escolha dos alunos. Para a CDP, “a primeira medida a
tomar é do estrito domínio das mentalidades. Porque a fase escolar coincide com a fase da
vida em que se adquirem ou não os elementos fundamentais do valor desportivo, é preciso
assumir o desporto na escola não como antagonista do desporto de alto rendimento mas
como uma condição sine qua non da sua realização nos prazos definidos pelo processo de
5
preparação desportiva.” (CDP, 2003, p. 12 e 13)

A Candidatura ao projecto do DE é a formalização dos pressupostos estabelecidos


anteriormente, de acordo com as decisões tomadas em Departamento para as Actividades a
realizar na Actividade Interna e os Grupos estabelecidos para a Actividade Externa. É
necessário preencher toda a documentação do Projecto do DE que está on-line na página
do DE, ou seja, realizar a identificação da Escola e Professores, caracterização geral e
objectivos do DE para a Escola, caracterização das instalações desportivas disponíveis na
Escola e a utilizar no decorrer do ano lectivo para as actividades propostas, estabelecer o
cronograma das actividades a desenvolver na Actividade Interna por período, definição dos
Grupos/ Equipas e respectivos créditos horários que vão ser submetidos a aprovação,
identificação das parcerias que vão colaborar com o projecto de DE da Escola, definição do
orçamento necessário para a consecução do Projecto e submetê-lo para aprovação à
Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC).

Após a aprovação do Projecto do DE, é na aula de EF que deve acontecer a divulgação de


toda a planificação da Actividade Interna e onde se devem estabelecer as inscrições
nos grupos/ equipas para a Actividade Externa. Os Docentes devem ter a preocupação
de reservar uma aula para esclarecer os seus alunos da planificação das Actividades do DE
a realizar na Escola ao longo do ano lectivo, o seu âmbito e objectivos, bem como,
respectivos regulamentos, organização das Actividades e Professores Responsáveis pelas
mesmas. Desta forma, os alunos podem perceber o esforço e a dedicação que os
Professores tiveram na elaboração de todo o trabalho, que no fundo é para eles. É também
nesta altura que os Docentes comunicam os Grupos/ Equipas que foram aprovados e os
seus respectivos horários de treino. Neste sentido, os alunos têm um determinado espaço
de tempo para informarem os Encarregados de Educação e em conjunto decidirem no que é
que pretendem participar. Todo este conjunto de acções, tem também um intuito de
sensibilizar os alunos para a prática desportiva, a sua importância para a sua saúde e
formação geral, motiva e empolga os alunos, para além de eles poderem dar também as
suas opiniões e sugestões. Depois do período de inscrições.

Na operacionalização e controlo da Planificação estabelecida para o DE para a


actividade interna, devemos ter em conta o trabalho que é desenvolvido na aula de EF,
nos alunos que são apurados para continuar em competição dentro de cada turma, no seu
devido acompanhamento e informação aos Encarregados de Educação, no sentido de
tomarem conhecimento da sua participação e para que a mesma seja apoiada e seguida em
casa. A estreita ligação que deve existir entre o Professor Responsável pela organização da
actividade desportiva no âmbito da fase Inter-turmas (actividade interna) e o Professor de
cada turma (fase intra-turma), para que todas as informações e detalhes não fiquem
esquecidos. O Director de Turma deve ter conhecimento dos alunos que participam nas
actividades extra-curriculares, para que possa perceber o real enquadramento escolar do
aluno e poder inclusivamente relacioná-lo com o seu aproveitamento e desempenho, daí a
importância do papel que o Professor Responsável pelo acompanhamento das Actividades
desenvolvidas no âmbito interno tem, na divulgação de todas as participações dos alunos
nas Actividades, para que constem no dossier individual de cada aluno. O Professor
Responsável pelas actividades tem ainda o dever de, no acompanhamento e realização das
actividades zelar pelo cumprimento dos regulamentos propostos para cada actividade e o
respeito pelas regras, do espírito desportivo e das normas de disciplina. Os treinos e
competições da Actividade Externa são da responsabilidade directa do Professor
Responsável pelo Grupo/ Equipa e pelo Coordenador do DE. A planificação dos treinos e
respectivos planos de treino em função dos alunos e dos objectivos da equipa são também
responsabilidade do Professor Responsável. A preparação das competições, marcações de
jogos e respectivas deslocações e lanches, são da responsabilidade dos elementos já
referidos. Deve existir sempre uma grande comunicação entre estes dois elementos, pois
são a base do sucesso de qualquer grupo, juntamente com os alunos. Os Directores de
Turma devem estar informados pelos Professores Responsáveis pelos Grupos/ Equipa, dos
alunos que participam nestas actividades, pois fazem parte do currículo individual do aluno e
devem estar registadas no seu dossier individual. Os Encarregados de Educação também
têm um papel importante pois são responsáveis pela execução do exame médico desportivo
nos alunos, podendo e devendo seguir a participação dos alunos quer nos treinos, quer nas
competições.

No final do ano lectivo deve ser realizada uma Avaliação e Balanço das Actividades
desenvolvidas ao longo de todo o ano lectivo, bem como a elaboração de um relatório
anual conclusivo. Assim, poderemos identificar em cada actividade os aspectos positivos e
negativas que se verificaram, erros que se repetiram com maior frequência, problemas na
organização e gestão dos recursos existentes e detecção de problemas. Claro que não nos
podemos apenas centrar nas situações negativas, tudo de positivo deve também deve ser
enaltecido e sublinhado, para que se possa repetir novamente. Para Crespo, “as situações
de movimento contempladas na actividade desportiva, organizadas num quadro educativo,
contribuem para a expressão completa da personalidade, ao mesmo tempo que favorecem
6
a transmissão e a integração de valores humanos.” (Crespo, 1986, p. 112)

Depois da Avaliação e da detecção dos aspectos menos favoráveis e dos erros mais
evidentes, deve-se realizar uma projecção do que poderá ser feito no próximo ano lectivo
para que o aproveitamento possa ser incrementado e melhorado. De acordo com Aranha,
“uma Educação desportiva correctamente orientada pode estabelecer hábitos positivos de
1
vida para todos e para sempre.” (Aranha, 2007, p. 24)

Conclusão
Na proposta assumida como projecto para o DE na Escola, o objectivo é de facto colocar o
acesso ao Desporto para todos os alunos, não individualizando nem descriminando a
participação no DE apenas para quem se interessa pela Prática Desportiva, mas sim num
contexto global, tendo como principal objectivo o fomento e a criação de hábitos desportivos.
Neste seguimento, é de facto uma realidade inequívoca que o DE serve para formar jovens
atletas para posterior entrada no desporto federado. De acordo com Soares, “muitos jovens
começam a sua prática desportiva na escola e continuam, mais tarde, no desporto
13
federado.” (Soares, 2005). Algumas federações recorrem ao Desporto Escolar para
formarem e terem atletas num contexto federado. Segundo Lopes, “a Federação Portuguesa
de Xadrez adoptou como sua política na formação ir ao encontro dos mais jovens,
designadamente actuando e aproveitando as potencialidades que as escolas, através do
Desporto Escolar, poderão trazer ao desporto federado. Com isto pretende-se
primeiramente provocar a massificação do xadrez para, posteriormente, se obter a
especialização, ou seja, a melhoria da qualidade da prática desportiva dos jovens mais
promissores. Em alguns países, como a França e a Holanda, o xadrez já há muito tempo faz
parte do currículo escolar como actividade extracurricular. Após a sua implementação,
verificou-se uma melhoria no rendimento escolar dos alunos que praticavam xadrez. O
mesmo tipo de experiência desenvolvido em Portugal traria com certeza iguais e valiosos
benefícios e, assim aliados, desporto e escola fariam efectivamente jus à sua função básica:
10
formar melhores cidadãos.” Chumbinho (2005), diz-nos que “para a Federação
Portuguesa de Orientação, a relação com o Desporto Escolar é uma prioridade que se
expressa num conjunto de iniciativas tendentes à maior aproximação e interligação
possíveis. Estas iniciativas situam-se em três áreas decisivas do desenvolvimento
desportivo: actividades e quadros competitivos, formação de professores e
4
apetrechamento.” Na opinião de Santos, “estamos melhor do que o que estávamos e os
grandes motores, da transformação que tem havido na nossa sociedade, têm sido, sem
dúvidas, a Escola e o Desporto Escolar. A Escola evoluiu para a instituição base da
educação das crianças e jovens (antes esta tarefa era mais da responsabilidade da família)
e é nos seus espaços que se reúnem e socializam a maior parte das crianças do país. É o
Desporto Escolar que tem dado oportunidades de prática desportiva aos alunos mais
desfavorecidos e lançado para o desporto federado os talentos que, em alturas anteriores,
se teriam perdido. Quando se fala em desenvolvimento da prática desportiva e
nomeadamente do desenvolvimento de uma modalidade como o Badminton, temos de olhar
primeiramente para a Escola e o Desporto Escolar. É no Desporto Escolar que as
Federações, Associações e Clubes devem investir os seus recursos técnicos, humanos e
materiais. Não basta a uma Federação dizer que apoia o Desporto Escolar e apoiar
esporadicamente um ou outro núcleo escolar. Deve haver projectos de desenvolvimento de
acordo com as carências que se fazem sentir em todo o território. Não basta aos clubes,
para aumentarem os seus praticantes, fazerem umas demonstrações nas escolas e
esperarem que os alunos apareçam. Devem acompanhar e apoiar os núcleos da sua zona
11
para que o trabalho seja mais sustentado.” “A escola pode e deve ter um papel relevante
na formação desportiva inicial e na sua relação de intercomplementaridade com o papel dos
13
clubes federados.” (Coelho, 1989; Garcia, 2005, citados por Soares 2005). Como é óbvio,
no DE os resultados desportivos/ competitivos interessam, pois se existe competição
interessa participar para ganhar, embora esse não seja o objectivo primordial. Existem
muitos outros objectivos que estão nos lugares cimeiros e que estão directamente
relacionados com questões de formação geral e integral dos nossos jovens e de saúde.
Citando Sardinha (2003), “a Organização Mundial de Saúde advoga a importância da
Actividade Física para a prevenção das doenças cardiovasculares, referindo numa das suas
posições institucionais que a Educação Física e o Desporto Escolar deverão exercer uma
função importante na prevenção de muitas doenças não transmissíveis (OMS 1997). Uma
vida activa deve ser entendida como o alicerce para um aumento da autonomia,
12
produtividade, sensação de bem-estar, qualidade e alegria de vida.” (sardinha, 2003, p. 7
e 8). De acordo com o que foi defendido na proposta apresentada, o DE tem ainda mais
sentido se for articulado com a disciplina de EF, favorecendo a prática para todos e
combatendo o abandono escolar. No parecer da CDP, “a reincorporação do Desporto
Escolar na disciplina de Educação Física, com as adaptações adequadas nos planos das
cargas horárias e da sua distribuição, afigura-se uma medida crucial. Neste sentido, uma
escola mais aberta ao exterior e um sistema desportivo que, sem abdicar das suas
finalidades próprias e insubstituíveis, seja capaz de entender o contexto social à sua volta,
está em melhores condições para cumprir o duplo objectivo em que as sociedades
modernas se reconheçam. Por um lado, assegurar a educação e a prática desportiva a que
todos devem ter acesso. Por outro lado, promover, desde as suas fases mais elementares, o
processo conducente ao desporto de alta competição junto dos seus filhos mais talentosos,
nos quais toda a comunidade se revê, reforçando a sua auto-estima e o seu imaginário
5
colectivo.” (CDP, 2003, pág. 17 e 18). Relativamente à grande questão da colocação do
DE, como Actividade Interna, na componente não lectiva dos Docentes de EF, creio que
apesar de muito injusto, tal aspecto seja um mal menor, pois se os Professores têm de estar
na Escola a cumprir um horário extra imposto, pois que, esse tempo ou serviço, seja em prol
da prática desportiva e a favor do DE, dessa forma será em benefício exclusivo e directo dos
nossos alunos. No entanto, defendo afincadamente que o trabalho desenvolvido no DE
pelos Docentes além de meritório é muito extenuante e difícil. A Actividade externa, serve
para a redução de horário, no entanto, o tempo dispendido nunca é equivalente ao tempo
real utilizado para a realização dessas tarefas, acrescido ao facto de todo o envolvimento
extra curricular com a Actividade Interna, que tem uma importância vital para os alunos, não
ser encarado como componente lectiva e consequentemente não remunerado. Santos,
defende que “a burocracia que tem vindo a tomar conta das escolas é suportada pelos
professores, que ficam sem tempo e sem vontade de tomar iniciativa em núcleos de
desporto escolar. Muitos dos professores tomam conta de núcleos de desporto escolar, sem
formação do desporto em causa, apenas para terem redução de horário, que leva a que
muitas escolas e professores não encarem o Desporto Escolar com profissionalismo. Nos
países nórdicos, a carga horária é mais suave e os currículos escolares são adaptados às
suas realidades, o que deixa, aos alunos, mais tempo para a prática desportiva e outras
actividades extra-curriculares e os professores mais libertos para acarretarem com estas
11
responsabilidades.” Chumbinho considera que “para o Desporto Escolar é irrelevante a
modalidade de eleição do jovem, na medida em que a tónica se coloca na prática de
desporto e actividade física e não desta ou daquela modalidade em particular. Já para as
Federações, existe um denotado interesse na captação de jovens para as suas
modalidades, procurando por esta via garantir um trabalho de desenvolvimento sustentável
4
e com marcada profundidade.”
O Fenómeno Desporto Escolar, tem todas as condições e hipóteses de ser um projecto
sustentado na Escola em articulação com a disciplina de Educação Física, tornando a
prática desportiva acessível e motivante para todos os alunos, contribuindo para a melhoria
da aptidão física, saúde, formação geral e integral dos jovens, combatendo o abandono
escolar e permitindo a formação inicial de jovens atletas para posterior entrada no desporto
federado. Para tal, a articulação proposta revela-se indispensável, assim como a mudança
de mentalidade, atitude e perspectiva não só de quem trabalha na Escola como também por
parte de quem tutela e regulamenta todo este fenómeno, devendo ser reconhecido e
devidamente recompensado todo o trabalho que é desenvolvido e que ainda poderá ser
realizado.

Bibliografia

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