Capítulo 11
Instituições e Crescimento Económico
z Grande parte das diferenças nos rendimentos per capita dos países
permanece por explicar depois de ser tida em conta a acumulação de
factores de produção.
• Mais de metade desta variação deve-se a diferenças na produtividade total dos
factores.
z Evolução Histórica
• North (1981, 1990) examinou a contribuição de desenvolvimentos
institucionais para o crescimento económico ao longo da história.
• Concluiu que o sucesso e o fracasso organizacional explicam o progresso e o retrocesso
das sociedades.
z Origens Legais
• Os sistemas legais desempenham um papel fundamental na protecção de direitos
de propriedade.
• Mas, estes sistemas, que afectam o funcionamento das economias nacionais, diferem entre países.
• Glaeser e Schleifer (2002, QJE) estudaram a evolução dos sistemas legais inglês
(common law) e francês (civil-law), que são os mais comuns no Mundo.
• La Porta et al. (1998, JPE) mostram que a qualidade dos actuais sistemas legais
depende das origens dos mesmos, com os baseados na common-law a
protegerem melhor os direitos dos investidores.
z Origens Coloniais
• A influência das instituições impostas pelas potências colonizadoras no desenvolvimento dos
países tem recebido bastante atenção.
• Sokoloff et al. (2000, JEP) argumentam que a dotação de factores e recursos das colónias é
que determinou as instituições, e não a identidade do colonizador.
• Acemogmu et al. (2001, ERA; 2002, QJE) argumentam que foram as condições locais que
ditaram as instituições e que estas se mantiveram mesmo após a independência.
• Maior dificuldade de fixação dos colonos (maiores taxas de mortalidade) levou à criação de piores
instituições, viradas sobretudo para a extracção de rendimentos com a fixação de poucos colonos.
z Democracia
• A relação entre democracia e crescimento é um tema de grande importância.
• No final do séc. XX os países associados à ex-URSS empreenderam reformas para
implementar governos democráticos mas foram pouco entusiastas quanto a diminuir o
peso do Estado e a remover os entraves ao livre comércio.
• Embora alguns estudos encontrem uma relação positiva entre liberdade política e
crescimento este resultado pode derivar do facto das instituições políticas
democráticas estarem intimamente relacionadas com a protecção dos direitos de
propriedade e com a existência de um quadro legal objectivo.
z Democracia
• Barro (1996, JEG) obtém uma relação fraca e negativa entre índices de liberdade
política e crescimento.
• Tavares e Wacziarg (2001) analisam os canais através dos quais a democracia afecta
o crescimento.
• Trabalham com um painel de 65 países, para o período 1970-1989.
• Estimam um sistema de 8 equações por 3SLS:
• Uma equação para o crescimento
• Sete equações para os canais de transmissão da democracia
• Resultados
• A democracia favorece o crescimento ao melhorar a acumulação de capital humano e ao diminuir a
desigualdade de rendimentos.
• A democracia prejudica o crescimento ao reduzir a taxa de acumulação de capital físico e ao aumentar o
peso do consumo do governo no PIB.
• O efeito global da democracia é moderadamente negativo.
z Dimensão do Estado
• Ao longo do séc. XX o peso do Estado na economia aumentou muito na
generalidade dos países.
• São muitos os artigos que analisaram o efeito da dimensão do Estado no
crescimento e muitos concluem que as despesas do Estado têm um impacto
negativo no mesmo.
• No entanto, vários estudos empíricos como o de Easterly e Rebelo (1993, JME) não
encontram evidência deste impacto negativo.
• Mas, de acordo com Barro (1990, JPE) e Slemrod (1995, BPEA) esse efeito negativo
pode só ser encontrado se o peso do estado exceder um determinado patamar.
• Para uma revisão da literatura, ver Zagler e Durnecker (2003, JES)
z Dimensão do Estado
• Continua por determinar qual o mecanismo através do qual mais Estado gera
menos crescimento.
• Quanto maior a proporção dos recursos afectada através do processo político maior o
incentivo para a procura de rendas (Tullock, 1967).
• Um excessivo peso da tributação desencoraja a actividade.
• Acemoglu et al. (2002, QJE): as quedas de alguns países no ranking dos mais ricos do
século XVI para o XX podem ser explicadas pelas instituições mas não pela geografia.
• Easterly e Levine (2003, JME) e Rodrik et al. (2004, JEG) concluem que a geografia não
tem impacto sobre o PIB per capita de um país quando as instituições são tidas em
consideração.
• A geografia tem um efeito indirecto, na medida em que influencia a qualidade das instituições.
z Instabilidade política
• A incerteza associada a um sistema político instável pode reduzir o investimento e
o crescimento económico.
• Por outro lado, fraco desempenho económico pode originar instabilidade política. Assim,
a relação opera nos dois sentidos.
• Grupos de modelos:
• Alocação dos recursos entre actividades produtivas, predatórias ou defensivas:
Grossman e Kim (1996)
• Alesina e Perotti (1994, WBER) usam índices de instabilidade interna ao sistema político.
• Mauro (1995, QJE) baseia-se num índice de corrupção e Knack e Keefer (1995, Ec&Pol)
em indicadores do risco dos países.
• Campos and Nugent (2002) colocam em causa esta relação, pois não encontram
evidência de um efeito negativo de longo prazo (só encontram evidência de uma
relação contemporânea).
• Deninger e Squire (1996, WBER; 1998, JDE) encontram resultados mais fortes
para a desigualdade na distribuição de riqueza (ex: detenção de terras).
z Liberdade política
z Liberdade económica
• Gwartney et al. (1996) criaram um índice de liberdade económica :
• Gwartney and Lawson (2007), Economic Freedom of the World 2007 Annual
Report, Vancouver: Fraser Institute. http://www.freetheworld.com/release.html
• Cobre 141 países e abarca o período compreendido entre 1970 e 2005
• Dados de 5 em 5 anos até 2000 e anuais a partir desse ano.
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2007/2008 11 – Instituições e crescimento económico
11.4 – Aplicações Empíricas
z Liberdade económica
• Johnson et al. (1998) criaram um índice semelhante para a Heritage
Foundation;
• 2008 Index of Economic Freedom.
http://www.heritage.org/research/features/index/
• Cobre 162 países e abarca o período compreendido entre 1995 e 2007.
• É composto por 50 variáveis agrupadas em 10 categorias genéricas: política
comercial, pressão fiscal, intervenção estatal na economia, política monetária,
circulação do capital e investimento estrangeiro, banca e finanças, salários e
preços, direitos de propriedade, regulamentação, economia informal.
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2007/2008 11 – Instituições e crescimento económico
11.4 – Aplicações Empíricas
z Liberdade económica
• Estes 2 índices foram construídos de forma independente mas existe uma
forte correlação entre eles, o que sugere que estão a medir
aproximadamente o mesmo.
• A maioria dos estudos que utiliza estes índices encontra uma forte
correlação entre liberdade económica e crescimento económico.
• Combinando um destes índices com o de Gastil é possível comparar os
efeitos das instituições económicas e das instituições políticas no
crescimento económico:
• Quando se controla para as instituições económicas as variáveis políticas têm
um efeito diminuto no crescimento económico.
• Mesmo controlando para as instituições políticas as instituições económicas
continuam a ser relevantes para explicar o crescimento económico.