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GERAIS
❚ FORA DA CADEIA
DELEGADO MARCO AURÉLIO DOS ANJOS ADMITE À CPI PRISIONAL TER PERMITIDO QUE DETENTO SAÍSSE
DA PRISÃO DE IBIRITÉ. ASSALTANTE É ACUSADO DE MATAR UM COMERCIÁRIO DURANTE O PRIVILÉGIO
Saídas facilitadas
O delegado Marco Aurélio
dos Anjos, da Cadeia Pública de
Ibirité, na Região Metropolitana
de Belo Horizonte, admtiu on-
tem, na Comissão Parlamentar
de Inquérito do Sistema Prisio-
nal, na Assembléia Legislativa,
que autorizou a saída de um
preso da cadeia.
A CPI , criada para investi-
gar o envolvimento de autorida-
des públicas com o crime orga-
nizado, incluindo facilitação de
fugas e tráfico de drogas, mar-
cou, para a próxima terça-feira,
acareação entre o delegado
Ex-diretor de presídio depõe hoje
MARCELO SANTOS
A CPI do Sistema Prisional
estará hoje, em Juiz de Fora, na
Zona da Mata. Cinco deputados
vão ouvir o depoimento de dez
pessoas convocadas, entre juí-
zes, delegados, promotores, di-
retores de penitenciárias e pre-
sos. Um dos momentos mais
aguardados no Tribunal do Júri
❚ TRÂNSITO
AMAZONAS
Onze carros que seriam levados para Vitória foram danificados com o tombamento da carreta, na Cidade Industrial
Acidente com
cegonheira
pára o Anel
❚ CORAGEM
Soldado prende quatro assaltantes de ônibus no Barreiro
NEWTON CUNHA
Depois de uma bebedeira, na
madrugada de ontem, quatro mo-
radores do bairro Bonsucesso,
sem passagem pela polícia, decidi-
ram assaltar o ônibus da linha
3050 (Estação Diamante-Santa
Casa), na rua Doutor Cristiano Re-
zende, 415, bairro Araguaia, no
Barreiro. Todos foram presos em
flagrante, graças à ação do soldado
Nilson Henrique Marçal, lotado no
5º Batalhão, um dos passageiros
do coletivo. Dois dos assaltantes fo-
ram atingidos, sem gravidade, nas
nádegas e perna esquerda.
Manoel Francisco da Silva, de
29 anos, Humberto Dias Jesus,
de 18, Valneto de Oliveira Silva,
de 20, e Paulo Rosa de Jesus, de
27, deram sinal para o ônibus, di-
rigido por Gerson Zimmeres de
Souza, de 44. Ao entrarem no
ônibus, eles anunciaram o assal-
ESTADO DE MINAS - QUARTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2002
Marco Aurélio dos Anjos e o di-
retor da Cadeia Públicaj de Ibi-
rité, Wilson Dias.
Os dois são acusados de fa-
cilitar a saída do preso Daniel
Renan, preso por roubo e ho-
micídio, da cadeia do municí-
pio, e ontem trocaram acusa-
ções em depoimento na Assem-
bléia Legislativa. Também de-
vem ser ouvidos o carcereiro
Marcelo Barros Romualdo e
parentes do preso, que confir-
mam a facilitação.
Durante toda a tarde de on-
tem, Marco Aurélio prestou de-
do Fórum Benjamin Colucci se-
rá o depoimento do diretor li-
cenciado da Penitenciária de Li-
nhares, Denilson Closato Alves.
O detento Fabrício Luiz Maga-
lhães declarou à CPI que pagou
ao diretor da penitenciária R$
10 mil em troca da liberdade.
“Se Fabrício, que será ouvi-
do novamente hoje, confirmar a
denúncia de facilitação de fuga
TELMA GOMES
O tombamento de uma car-
reta cegonheira da Sada Trans-
portadora, ocorrido às 6h de
ontem, no km 8 do Anel Rodo-
viário, altura da avenida Ama-
zonas, na Vila São Paulo, na Ci-
dade Industrial, em Contagem,
danificou os 11 veículos novos
da marca Fiat que eram leva-
to ao trocador Osmar Cunha Ma-
chado. Todos garantem que não
estavam armados e que preten-
diam apenas “levantar um pouco
de dinheiro”.
O soldado Nilson estava no
banco de trás do ônibus. Farda-
do, ele conseguiu se esconder pa-
ra não ser visto. Assim que os as-
saltantes desceram do ônibus, le-
vando cerca de R$ 100 e vales-
transporte, ele entrou em ação.
“Pedi para eles se renderem, mas
não adiantou; tive que abrir fo-
go”, detalha. Passageiros do ôni-
bus garantem que os assaltantes
também usavam armas e tenta-
ram atingir o policial.
Manoel Francisco da Silva foi
atingido na perna esquerda e
Humberto Dias Jesus, nas náde-
gas. Eles tentaram fugir, mas fo-
ram presos no Hospital Júlia Ku-
bitschek, no Barreiro, quando
eram atendidos no ambulatório.
poimento aos deputados da
CPI e negou que tenha facilita-
do saídas de presos. Ele disse
que as saídas eram autoriza-
das pelo diretor da cadeia, mas
acabou caindo em contradição
e confessou ter permitido que
o preso deixasse o local por
duas vezes, em julho de 2000:
“Ele disse que o filho estava
doente e isso eu tenho que ad-
mitir, porque eu assinei o papel
autorizando”.
Daniel Renan cumpria pena
de sete anos e meio, em regime
semi-aberto, e só podia deixar
e pagamento de propina, auto-
maticamente ficará confirmado
que Alves mentiu em juízo
quando foi chamado para pres-
tar esclarecimentos. Isso será
fato para que a Justiça tome
providências a respeito”, disse
o deputado Alberto Bejani
(PFL), relator da CPI.
Bejani não revelou os nomes
das autoridades já confirmadas
dos para Vitória, no Espírito
Santo. O acidente provocou um
congestionamento de quase
quatro quilômetros. Ninguém
ficou ferido.
De acordo com a ocorrência
registrada pela Polícia Rodoviá-
ria Estadual, a carreta branca
Mercedes Benz, de placa GTK-
5200, puxava a cegonheira
GVH-2542 com os veículos,
CACHAÇA
Os quatro homens foram presos pelo soldado Nilson (no detalhe)
a cadeia de Ibirité com autori-
zação judicial. A CPI apura de-
núncias de que ele saía todas as
noites.
Em 8 de setembro de 2000,
ele teria cometido três assaltos
na região e matado o comerciá-
rio Adenílson de Souza, de 24
anos, quando saía de uma fes-
ta. “Entreguei o molho de chave
pro doutor (o delegado) e disse:
‘eu não solto; se o senhor qui-
ser, o senhor solta’, narrou o
carcereiro Marcelo Barros. Pou-
cos dias depois, Renan fugiu da
cadeia.
como participantes em esque-
mas ilícitos. Mas adiantou que
pelo menos cinco representan-
tes da Justiça, entre eles advo-
gados, diretores de penitenciá-
rias e juízes, contribuíram, de
alguma forma, para a fuga de
presos perigosos mediante pa-
gamento de propina e ainda fa-
cilitaram a entrada de drogas
nos presídios.
SIDNEY LOPES
quando o motorista Adalton
Marins da Silva, de 35 anos,
perdeu o controle e tombou o
caminhão, no momento em que
deixava a rodovia BR-381 e pe-
gava a pista do Anel Rodoviá-
rio, em direção a Vitória. Parte
dos carros transportados no
veículo caíram sobre a pista e o
restante ficou prensado entre
as ferragens da cegonheira.
SIDNEY LOPES
❚ OUVIDORIA
Policiais suspeitos
de matar bicheiro
NEWTON CUNHA
O inspetor da Polícia Civil,
Vicente de Paula, o Pavão, e o
ex-policial militar Paulo Sérgio,
o Paulão, foram apontados, on-
tem, como os autores dos dispa-
ros que mataram o ex-gerente
da MG Loterias, uma das princi-
pais organizações do jogo de bi-
cho de Belo Horizonte, Amarílio
da Silva Oliveira, de 59 anos,
assassinado há duas semanas
no bairro Prado, Noroeste da
capital.
A acusação foi feita na Ouvi-
doria de Polícia por uma teste-
munha que trabalha na MG Lo-
terias. A mesma testemunha in-
sinua em seu depoimento que o
crime teria sido encomendado
pelo banqueiro José Modesto de
Oliveira, o Dedé, proprietário da
MG Loterias. Os dois acusados
trabalham para o banqueiro,
que não foi encontrado para fa-
lar sobre o assunto, ontem.
“Espero que a polícia tome
uma atitude e investigue os acu-
sados que podem estar envolvi-
dos em outros crimes”, frisou.
Segundo a testemunha, Amarí-
lio trabalhou na MG Loterias
❚ MONTES CLAROS
RICARDO ATHAYDE, ACUSADO DE MATAR O
BAILARINO IGOR XAVIER, ESTÁ FORAGIDO
ZOOTECNISTA
Athayde confessou ter matado na madrugada de 1º de março passado
Fazendeiro tem prisão
preventiva decretada
LUIZ RIBEIRO
O fazendeiro e zootecnista
Ricardo Athayde de Vasconce-
los, de 46 anos, que confessou
ter matado a tiros o bailarino
Ígor Leonardo Lacerda Xavier,
de 29, teve prisão preventiva
pedida pela Justiça de Montes
Claros, no Norte de Minas.
Apesar de ter o pedido ter sido
feito no dia 23 de abril, Athay-
de continua livre. Ele é consi-
derado foragido pela polícia e
pelo juiz Frederico do Espíri-
to Santo Araújo, que determi-
nou a prisão preventiva, ba-
seado em denúncia oferecida
pelo Ministério Público.
O advogado Maurício Cam-
pos Júnior, contratado por Ri-
cardo Athayde, impetrou pe-
dido de habeas corpus junto
ao Tribunal de Justiça, ainda
não julgado. Ele negou que
seu cliente estivesse foragido,
afirmando que o fazendeiro
possui endereço residencial,
informado à polícia. “Nos últi-
mos dias, ele estava em Belo
Horizonte; agora, não sei se
ele está viajando”, argumen-
tou Campos Júnior.
No mandado de prisão, o
juiz Frederico do Espírito Santo
lembra que o crime praticado
por Ricardo Athayde abalou a
comunidade de Montes Claros.
O juiz acatou o argumento
da acusação de que o o réu
confesso, ao ocultar o cadáver
e sumir com as armas, tentou
dificultar as investigações.
O delegado de Crimes Con-
durante 13 anos, como o “braço
direito” de Dedé nas casas loté-
ricas. A relação dos dois come-
çou a se deteriorar depois do
misterioso desaparecimento de
Eleodoro Neira Medel, o Chile-
no, em setembro de 2000. Se-
gundo testemunhas, Amarílio
era o principal suspeito de ter
sumido com Chileno para se
manter à frente da MG Loterias.
No ano passado, Amarílio
foi demitido por Dedé sem justa
causa. Mesmo fora da organiza-
ção, várias lojas ainda perma-
neciam em seu nome, cujos alu-
guéis estavam em atraso. No
dia em que foi assassinado,
Amarílio havia saído para se
encontrar com os dois funcioná-
rios da MG Loterias. Pessoas
que presenciaram o crime, ga-
rantem que ele foi abordado
por dois homens que fugiram
em um Vectra prata, carro se-
melhante ao do policial Vicente
Pavão.
O caso está sendo investiga-
do pela Divisão de Crimes con-
tra a Vida de Belo Horizonte,
que ainda não ouviu os princi-
pais suspeitos da morte de
Amarílio.
CHRISTIANO LORENZATO
tra Pessoa, Alexandre Gomes
dos Santos, afirmou, ontem,
que a polícia ainda não pren-
deu Ricardo Athayde porque
ele não foi encontrado, por-
tanto, é considerado foragido.
Ele afirmou que teve informa-
ções de que o acusado estaria
em Belo Horizonte e que a in-
formação foi repassada para a
polícia na capital.
Ricardo Athayde confessou
ter assassinado Ígor Xavier a
tiros, dentro do seu aparta-
mento, no dia 1º de março,
alegando que ficou furioso ao
ver o bailarino molestando se-
xualmente o seu filho, Diego
Rodrigues Athayde Vasconce-
los, de 19. Ele também teria
dito à polícia ter aversão a ho-
mossexuais. O promotor Luis
Maurício Ohara Ramires ofe-
receu denúncia contra Ricar-
do Athayde, em que arrola
Diego e Márcio Athayde (ir-
mão de Ricardo) também co-
mo envolvidos. Márcio teria
facilitado a fuga do irmão logo
após o assassinato.
Ainda na denúncia, o pro-
motor contesta a versão apre-
sentada pelo fazendeiro, ques-
tionando, sobretudo, o motivo
da ida do bailarino ao aparta-
mento. “Embora não se saiba
ao certo os motivos da ida, há
rumores de certa afinidade
entre a opção sexual tanto da
vítima quanto de Ricardo, sen-
do que este, muito provavel-
mente, foi o motivador da vi-
sita”, diz o representante do
Ministério Público.