Anda di halaman 1dari 7

de modelos

com Miss
:asa da Camélia
dument? ?feda iur tic
'
Ponta Delgada
MEMÓRIAS DA SUA HISTÓRIA
- -

Aberto Vieira

I Foi no norte alcantilado da Madeira que a aldeia de Ponta Noronha, o ano de 1469, sendo corroborado por F. A. Silva
I
Delgada marcou a sua realidade humana como lugarejo, (Elucidario Madeirense), enquanto um nobilidtio citado por A. A.
condi@o d~ vida, rente ao mar, depois que o navio do povoador SarrnentoI Freguesias da Madeira) dá conio sendo em 1466-
abicou na enseada e os homens pisaram a terra fecunda e terras de sesmaria no extenso vale que o pr6prio ou algum dos
virgem. E foi crescendo e frondejando ao afago perene das seus baptizou de Ponta Delgada. E isto terá sido o começo do
ondas. Com o decorrer do s6culo XVIII Ponta Delgada já era povoamento do lugar. A capela do Senhor Jesus foi a marca
estância de prazer durante o Verão, de familias nobres que se desta primeirapresença e o testemunho denunciador da
deslocavam da cidade para o remanso daquela formosa aldeia devoção des(&'bracarense, que escolheu o norte da ilha para
de frescos ares e deleitosas sombras. E, porque tambbm fora fixar morada:
berço de fidalgos, ficou conhecida em toda a redondeza da ilha O lugar de Ponta Delgada adquitlu o estatuto de paróquia em
por Corte do Norte. Aateshr ainda o esplendor que caracterizava 1550, estando ate então os seus moradores dependentes da
o fausto de velhas casas senhoriais, perrnaneoem, em nossos paróquia de S. Vicente. Esta 6,sem diivida, a mais antiga que foi
dias, vestigios dos antigos solares, cuja existência a história da erguida nesta costa norte em data que se desconhece. O
Madeira assinala: a capela dos Reis Magos, a de Santo Antdnio, isolamento, a distância em relaçiío a Machio fez com que cedo
no Pico, e a de Sant'Ana, no Ladrilho.(Horacio Bento de os moradores conseguissem para o lugar o estatuto de curato e
Gouveia, A Canga, Funchal, 1975) depois de paróquia. Em 1520 Sebastião Pereim foi providocomo
capelão das igrejas de S. Vicente, Ponta Delgada e Boaventura
A ORIGEM DO NOME E EVOLUÇÁO DO LUGAR por as mesmas localidades terem já 42 fregueses. Em
documentos posteriores até 1536 o mesmo e citado como vigário
A primeira questão que m r r e quando nos debruçamos sobre de S. Vicente e Ponta Delgada ou isoladamente de cada uma
a História de um local é a origem do seu nome. A toponimia destas: no ano de 1531 para S. Vicente e no de 1536 para Ponta
encontra a explicação para isso, indo busca-la a tradição e Delgada. Depois surgiu a separapgo em 1550 de Ponta Delgada,
Hist6ria. Para Ponta Delgada o veredicto foi ditado por Gaspar passando a existir duas paróquias na vertente norte. No decurso
Fnrtuoso, em finais do século XVI: "...assim chamada por ser ali desta segunda metade parece que a freguesia foi em crescendo,
hum passo muito perigoso, que se passa por cima de dMs paus, isto a fazer fé nos diversos alvarás de acrescentamento. Gaspar
-queatravessam de uma rocha a outra, e em tanta altura fica o Frutuoso refere apenas 60 fogos em Ponta Delgada. Para o
mar por baixo que se perde a vista dos olhos". A este respeito século dezoito, mais propriamente 1727, Henrique Henriques de
diz-nos ainda A. A. Sarmento (Freguesias da Madeira, Noronha dá conta do avanço populacional331 fogos albergavam
1953)como justificativo: A Rochas desabadas se escoaram, 1075 almas. Em qualquer dos casos S. Vicente destaca-se como
a mais importante freguesia da vertente norte. No século
dezanove a situa@o é diferente. Em I817 um documento aponta
E provável que desde meados do século XV apenas 170 fogos e 3176 almas enquanto Paulo Dias de
Almeida(l821) surgiam 800 fogos para 3214 almas, e num
tenham afluído a esta encosta norte alguns documento de 1825 referem-sejá 3338 almas.

I povoadores aventureiros que trqaram os novos


povoados nas clareiras abertas. S. Vicente foi
sem dúvida o primeiro logradouro, seguido de
Ponta Delgada.
Ponta Delgada ficou conhecida como a "Corte do Norte". A
nobreza e riqueza das suas principais famílias esta na origem
deste epiteto. De entre todos os troncos familiares do norte
destaca-se a família Carvalhal da Ponta Delgada. António
Carvalhal, moço fidalgo, e referenciado por Gaspar Frutuoso
arrumando-se de encontro ao mar, poisadas em recife de como homem tão cavaleiro como esforçado por sua pessoa,
suporte, que sobremarca uma ponta de intmversão resvaladeira, nobre e magnífico por sua condição e grande virtude. A sua
abaixada e esguia, que pelo contraste, ao lado, com desabridas valentia ficou demonstrada por diversas vezes nos embates
penhas, fiwu sendo - a Ponta Delgada. contra os corsários franceses, nomeadamente em 1566, com o
Se quanto à origem do mime parece haver certezas o mesmo assalto ao Funchal, ao reunir na encosta norte quinhentos
já não se passa quanto à data de inlcio do povoamento. Não homens para o embate. Aquando da ocupação filipina António
sabemos ao certo quando w m q o u o povoamento da encosta Carvalhal trouxe do norte 300 homens que os colocou ao servipo
norte da ilha, mas certamente que foi numa epoca tardia em do rei Católico entre Maio e Setembro de 1582. Um descendente
relaçgo ao que sucedeu na encosta sul. As dificuldades de seu, António Cawalhal Esmeraldo, conhecido como Aonio, foi um
penetração, por via maritima e terrestre, terão sido factor de dos mais importantes poetas da epoca, deixando inéditos os
ponderação para os possíveis interessados e actuaram, de seus poemas.
certeza, como entrave h sua humanização. E provável que Mas Ponta Delgada nao foi apenas refúgio de famílias
desde m e a w do século XV tenham afluído a esta encosta norte nobiliadas pois alguns filhos da terra se evidenciaram na História
alguns povoadores aventureiros que traçaram os novos da ilha pelos feitos no campo das letras e política regional. No
povoados nas clareiras abertas. S. Vicente foi sem dúvida o campo das letras temos duas figuras de renome. O Conselheiro
primeiro logradouro, seguido de Ponta Delgada. A este último Francisco António de Freitas, de Ponta Delgada(l8281913)que
associa-se o nome de Manuel Afonso Sanha, natural de Braga, foi presidente da Junta Geral do distrito e um destacado
que teria recebido em 1466 ou 1469- Aivaro Rodrigues de investigador madeirense,que não deixou obras publicadas, mas
Arevedo refere, cemmente baseado em Henrique Henriques de reuniu uma importante biblioteca depois adquirida pela Cgmara

Agosto 1999 Boletim Municipal de São Vicente


! !E
~ d o F u ~ . A e i e ~ d e w a ~k bdm m o ha~ q awa
p ?unção&av&s da frase Mblica: OMNES
d u o cmdhQ. O original remeti& mm r!& foi SlTIENE$ V E M t n AQ AQVAS, isto 4, todos os que tenham
p b fPgo quando da w o h popularde 1868, pois mãas bels se& vinda<at@kb, Mote-se que alguns Paziam legados das
souberam furta-loa fúria dos revoltosos e guarda-to em mão ~ ~ ~ ~ & m P o m e i r o s , f o s i s s o q u
ssaurasuso=pasJarP-aP==-""peio- mAntsnb~@nfM.
comqmsemBH&ria&mitiaofezgWare A r m a b de h@ Delgada assume especial +nifiwt?o,
dhigmem 1gOf a o p t w m i t i r r a m a p i i b l i ~ i n t q t d n a ~sefldo oonsi&&Ymafia mais antiga da ilha. Primeiro
Madelrense. Todavia, apõs a sua morte todo esse precioso porque o lugar se,@tliab longe na encosta norte obrigou o
e s p d l o ~ , f n r t o d e u n x t e n W ~ e W madeirense ~ a a ulhgr&hde esfoqm de calcorrear a ilha para
H M da wa Ilha, se dispersou em leMo diaa 17 de e x p ~ d a ~ ~ . D e p o l s , p e b d i i q w
Novembro de 1977. b s k modo. perdeu-se mais urna w 0
m d e 8 E a ~ a ~ m a a u a ~ l ~ n o s ~ i i l u i r a o
encwitro do origjnalIam& na Chanoeiaria RBgia.
H U o Bento de Goweia, natwal de Ponta üei~ach(1901 -
1983), cons;i&mdo por aiguns o 'Aquilim & i ~ "deixou
uma voiumosei abra Htersiria onde um r e W realida da
ser pa&uIar e mhw da origem de um dw
zarianmte,~da~rn~,FwdaQglgada.A princiii p o v o a m do lugar de Ponta Delgada.
W$r& do homem ch I-, como hmdw de cana, viticub, ou Foi Manuel Afonso Sanha, oriundo de Braga,
e-rante, são e h m t m comtmtm da sua g m .
E na polltlca s no lornalismo que surge maior número de quem trouxe para aqui o cub ao SmROr Bgm
figuras de Wiaque.Antórtii Gor@we de Fi.eitas, de Ponta Jesus, ao -ir em 1470 nassuas temas uma
Delgada (1827-1875), foí mnsiderado pelo Padre Fernando
Augusto da Silva eémo'um dos mais dislintos madeirem do capela da mesma i m ç c i o .
s8euio XIÃ que por isso mesmo iai YgW vezes assediado m m
cargog de ministro apenas aceitou ser deputado p i a Madeira
(18m18i115).
A par da sabedoria e r ü n W de muitas dsstes nassos ernfcdaaiha,oquecondktriaaqueno~aãe~bm
cii5ncia. F r a Bmta
P"
antepassados 8 de ~ennõilar em alguns o engenho, arte e
~ Gwveia, de Ponta Delgada (1874-
~ de
todos estivessem virados para a encosta norte. As lon as
caminhadaspar entre as montanhas rehrpim o car4.ater 1 ~ 8 m
19561, para a- & se a f i m corna um jodÍstEi de renome, destas mank&a@eseaprew~tavatn-semmomentos de
e X e r c e r i d o ~ n O R i i P o p ~ e ~ d e grande ~ , W animaçgo, de encontro de gentes. de troca de
u m m * r n & ~ , m ~ amimtk..
~ ~ &
fabrico de pap#1 a M l r da folha da mw de a y m . Ficaram, A ~ ~ a o a e n l w ~ J e s porserprikahre u s ~ u
tarnwm, &lebres as mas i n o v @ e s e n o l d g h ~ m o vinho resultou da origem de um dPS ptlneipais pwoaclores do lu r de
iasuet. r
Ponta Delgada. Foi M m e l Afonso Sanha, oriundo de raga,
quem ffouxe para aqui o a l t o ao Senhor Bom Jesus, ao -
construir em 1470 nas suas terras urna capela da mesma
invwaqSo. O culto ao sanhbr Bom Jesus espalhou-de
rapidamentea toda a ilha. A sua Invoca@o em mamamtos de
A notoriodade de Ponta -da deve* hiMamenWmie
a o ~ ~ R o p a i m e l r o ~ ~ d e ~ ~
*adak--*a-&-b sua afirmação. Assim no decurso do s8culbs XVI e XVII B
nossas festas e romarias. De wcfos que adquirem malor ~ a ~ ~ m m a r i a r r o c a l e n d s i r i o r s l i g i d
brihantismo ^ãa as que hlugar nas rwrrarias íradiuonais, que i l k &ahxb os bipas na- de varamio.
é como qusm diz Nàffsa Senhora do Monte, Senhor Bom Jesus São diversas os testemunhas denunciadoresda devqáo das
de Pmta D&ga&, Mssa Senhora do LaFsto, Nossa Senhora l o c a i s a u ~ r o s . A ~ ~ d ~ n a s & ~
d~ Wrb.S ~ I Hdo& Milagres(..+).A deroFãpo popuitiizxt-se legados. Em 1g48 Maria Luis WaWece um legado ao Bom
aokrgod#ú1ai108~~kS,demodocpwestagromarias Jeaisdeacdera&qmcbt&sosdomlngossdassmka
são mwnenh de gmüe rmovim-o das gtmbs.Prirneirri a O Senhor Bom dssus é a dev@o mais antiga e teri surgido
p4, pelos mkibíqtemes que I vem a ilhade Norte a Sul. na ilha desde 1488 com Manud Alanso Sanha um mbno
Diz W l a de França ( 1 ~ $ ~ u e'estas romarias são o oriundo de B m que fez m e lantar para a sua semaria na
ú n i i d i i r t i r m n t o d a ~ & c a m p o . ~ i g ~ Ponta
d a i l h e i q u e ~ ~ ~ qeu e E~a ~ sf e z e r g u
~ m ~De- /L
o seu pamn~. rnMlo. a pnme(ra srmm
~erfuÍemsuahQnraDadev@op~
P""
esta em dia especiat, quase sempre na que B W l M u ao passou-se h de mias as gentes do lml.dai encosta piorte, e,
padrasiro", i%& testemunho & revelador da irnportkcia que depois, de i d a a ilha
assumia para o r r a a d e i m as romarias. Muttasdestas sur$iram AUadiioprob - s e n o t e m p c ~ & é ~ E ,
com as primeiro8 colonos. Tradi- ameigadas I*alma*do cumdecinmso8w"" s ã i o e u i ~ ~ ~ ~ d e s t a
colono ou surgidas na ilha permanecem ainda. a. m a r a r a tradQã0. Em f 817 J d Moniz de Cham, vizinho da Fajã de
de~oçãoppd~uairwsesde J L i l h a , ~ e S e m & m s ã o o e Areia, dechmva ao Padre FraRcim Bwges sw testamente?
da maior &vo@o e fsHhriw. O clima, as iamfas qrWIs para cumprir os sew legados, mWos ~lirabestma a ~brtg8c-a~
(apanhaW a vindima) #avm&m a nwi- das de cumprir uma romaria ao Senhor Bom Jesus de Ponta
g e n t e s , ~ ~ a ~ d a i K w r ~ ~ Aüdgada.,entranabDde~des#eapwtapiin&aiabé&o~-
p 3 o u
aW&cbssedadocavampamoMonbmPanta~ mr seguido áe uma missa. Q w b e s a h m b h patente na
Para' apoio deates romeiros abriram-se caminhos, c o r r f r a r t a m o m o m , q u e d o m i n a o a ~ ~
oonstwiram-sam de romeiros- #os t e m p b dedw+o. a paífir de 1545. Esta d e v M o atingia as wtes da lugar mas
Algumas destas construçhs, geminadas axwri as @rejas, sãa, tamkrn as de çãao V w h .
ainda huje, visi& A par m,havia, entre e um g ~ p l r ü ~ O ~ d e s í a ~ s e a f i m r a p a r t i r d e m a d o s d o & w b
d e s d i m a d e ~ m - . O m , m m ~ & XVII deverá estar retacionado com a fama de rnilagreiro do
'
&ulo XVI I, mmmsndava ao munklplo a rempa@o dos Senh9rBam Jesus.Wm, em 1 8 6 6 o ~ d a C h m d e
caminhos e proibia os pastures de manter o gado na serra S. Vimnte dB cm2a deque a festa contou cwn a afluência de
sobrancdra. Qs morí$rtores gealhim -nos &MIO-ihes, par muito povo, o que provocou uma de~rganlraçãcrjunta da
vem.gmrida. b c a s o d r a P w i t z r ~ ~ ~ d e p imagem, B a não intervindo o regedor do lugar porque estava
referida wsa, jlvito i igreja e nas pmxhnidadw &I mmitdria, ocupado a vender cirios, No ano imediato foi ainda maior a
ümsnlEp68hrq@masusfur@o.MNadamw&- preserapide peregdms:%o primeiro de Setembro teve lugal a
se: SiT OMEN DOMINI BEMEDICTUM. JA no poqo gmnde m r l a de Panta -da, a qual foi oiumonid~,
pois "6a opinião geral de que a romaria deste ano excedia um sendo a passagem para a dita Freguesia, por todas as partes
terço dos anos anteriores*. Tudo correu sem incidentes, havendo perigosa, jamais se acha memória, de que perigasse pessoa
apenas a lamentar a morte de um barqueiro da Ribeira Brava alguma, das muitas que ali concorrem em todas as estações do
que caiu embriagado nas fajás de São Vimte. ano; antes experimentam singulares beneflcios do Senhor, e
evidente que o facto de Ponta Delgada ser o principal porto evidentes prodlgios de sua omnipotencia; que sempre ansioso
de desembarque e embarque no mncelho favoreoeu a presença do nosso bem, se quis ostentar mais liberal na cruz, em que ali
de romeiros de diversas partes da ilha, que ai acolhiam por.via adoramos o cruciíicado.
marítima, a exemplo do que sucedia noutras freguesias da ilha. Ignora-se a certeza da sua origem, mas a tradição comum,
O fervor religioso justifica muitas vezes esse sacriflcio e não entre todos os islenhos afirma que fora achada dentro de hum
impediu que em 1908, apenas dois meses do incendio da igreja caixão, aqu4m o mar exp& naquela praia pelos anos de 1M O . ,
que teve lugar a 12 de Julho, o arraial tivesse lugar. em que padecia o Reino de Inglaterra a maior perseguiqão da
A afluência dos peregrinos ao local de romagem era grande e heresia de Henrique VIII., cujo Prlncipe negando a obediencia a
fazia-se através doç caminhos que ligavam o local ao sul da ilha, Igreja católica Romana, deu entrada a heresia naquele antigo, e
por via de Boaventura ou de S. Vicente. Deste modo na ultima cristianíssimo Reino, destruindo mil Mosteiros e dez Igrejas, com
semana de Agosto era desusado o número destes que a ambição de lhe usurpar os bans, e se apropriar os dizirnos, e
calcorreavam a pB as enooçtas íngremes. No século XX com a fnitos edesiAslicas."(Heniique Henriques de Noronha, 1712)
abertura das estradas de ligação entre S. Vicente e a Ribeira O primitivo templo ter& sido erguido a partir da década de
Brava e Ponta Delgada o movimento transferiu-se para a sessenta do século XV quando aí se fixou ManuelAfonso Sanha.
No século dezassete a primitiva capela estava deteriorada e
incapaz para conter tantas almas, pelo que em 1690 se fez
erguer um novo templo sob as rulnas do primitivo. Depois s6 no
Uma das primei= actividades e riquezas do século XVIII- 1745 e 1771- procederam-sea diversas obras de
concelho foi a exploração silvicola para madeiras restauro. Em princípios do século dezanove o culto mantinha-se
vivo a fazer fé no testemunho de Paulo Dias de Almeida: A igreja
e lenhas, exportadas ao Funchal. é feita a borda do mar, que a tem arruinado por lhe bater na
A transfotmaçáo dos troncos em tabuado era muralha que a defende e que também está danificada. Esta
Igreja & muito rica pela muita de-o dos povos, que ali váo em
feita pelas serras de água. romarias ao Senhor Jesus da Ponta Delgada. (Paulo Dias de
Almeida, I817). Mas, toda esta riqueza de arte sacra- talha
dourada do altar mor, ÓrgBo, pintura e escultura- acumulada
pela devoçáo e sacriflcio dos locais e romeiros de todas a ilha
arada. Não ser8 de estranhar o facto de a romaria do Senhor perderam-se no incêndio que se ateou a 12 de Julho de 1908.
Bom Jesus se estender a Encumeada, Caramujo e Como memória deste trAgico evento resta o Cristo calcinado. A
Estanquinhos. Assim m 1936 o imposto sobre a carne e pane mais significativa da riqueza artística da igreja persiste na
barracas montada nestes locais nos dias 5 a 10 de Setembro era sacristia com painéis de azulejos do século XVIII. A devoção ao
cobrado por Joaquim N u m B~azãoMachado Bom Jesus n20 se apagou e no imediato gerou-se uma onda de
O culto está envoito em lenda. Senao vejamos: de todas as apoio h reconstrução do templo mas só em 1919 a igreja foi
romagens e x W a da Senhor Bom Jesus da Ponta Delgada, sagrada e voltou a acolher os romeiros. Depois disto foi 1996que
orago desta Freguala,situadacomo já dissemos, na parte Norte se procedeu a obras de beneficiaçao de que resultou a
desta ilha; onde eamcwre de toda ela quase todos os anos, a valocinação da sepultura da família Cawalhal.
maior parte das seus habitadores, com votos, e segura Das capetas podemos salientar a dos Reis MagmITerreiro,
confiança, de aIcançarernAcarh despacho em suas petições; e Ponta Delgada), conhecida desde 1577 foi reconstruida em
1778 pelo morgado João de Carvalhal Esmeraldo e Camara. No familiar e para envio ao Funchal..
seu interior merece realce um retabulo em talha dourada do Uma das primeiras actividades e riquezas do concelho foi a
século XVIII, com uma pintura a óleo sobre tela representando a exploração silvicola para madeiras e lenhas, exportadas ao
Adoração dos Reis Magos, e nas telas laterais outros dois Funchal. A transformaç20 dos troncos em tabuado era feita pelas
dedicados a São João Baptista e a um Bispo da Igreja. serras de água. Este era um engenho mecânico movido a água,
De entre as casas senhoriais destacam-se pela sua com vantagens sobre o sistema manual no sentido de que era
imponência as do Ladrilho, nos Terços, a do Pico, e a do muito mais rápido e necessitava apenas de um só homem. As
Aposento(l746), no Açougue, ambas classificadas como imóveis serras de água situavam-se junto as origens das levadas de
de valor local em 1993. A primei[a pertence a família do escritor modo a permitirem o melhor aproveitamento das águas para
Dr. Horácio Bento de Gouveia. E hoje Casa Museu Dr. Horácio regadio ou uso múltiplo como força dos engenhos de açúcar e
Bento de Gouveia. A segunda tendo integrada a capela de Santo moinhos de água, caso contrário sujeitavam-se no Verão a
Antónjo, ganhou nome através do romance de Agustina Bessa disponibilidade da água, agora desviada para o regadio. Em
Luís (Corte do Norte, Lisboa, 1987):Começou por ir para a Corte Ponta Delgada Antonio Correia Henriques tinha que parar a serra
do Norte, iugar agora em decadência se o compararmos com a no período de regadio. Estes engenhos surgiram junto dos
antiga regi20 de morgados, com os seus engenhos de aqucar e a cursos de água e das áreas onde existia madeiras suficientes
animação que daí resultava. A casa do Pico, com os tectos para a sua laboraçao ou então de fácil acesso. Gaspar Frutuoso,
em finais do século XVI, refere duas apontando que o lugar e de
muitas aguas. No decurso do século dezassete temos notícia de
várias serras de água. Em 1653 refere-se a de António Correia
Mendes na Ribeira da Camisa.
A consciência ecológica não e uma realidade só nos nossos
dias e, por isso mesmo, não podemos acusar os nossos
antepassados. A floresta era um bem comum, que servia de
pasto, para aproveitamento das lenhas e madeiras. A
preservaç20 desta importante reserva florestal concelhia é uma
realidade de hoje e de ontem. Em 1871 alguns moradores de
Ponta Delgada denunciam Lusitano de França Andrade por ter
cortado paus de vinhaticos a pouca distância de uma nascente
de águas. A corroborar o estado calamitoso das serras está
também uma reclamação do juiz eleito de Ponta Delgada, João
Vicente de Andrade, que refere estarem as serras destruídas
pelo machado.
A COLOMIA
O sistema de propriedade torna-se importante na definição das
relações sociais que se estabeleoeram em torno da agricultura.A
sua origem fundamenta-se no sistema sesmarial que regeu a
distribuição de terras a partir do século XV. A excessiva
concentração das dadas de terra num pequeno grupo de
sesmeiros levou ao aparecimento de formas características de
propriedade. Primeiro foram as terras arroteadas vinculadas a
que se associava o pagamento de um foro, depois a
necessidade de tornar agricultáveisas terras.
Em Ponta Delgada e Boaventura foi bastante evidente, a partir
do século XVII, o domínio do contrato de oolonia e do sistema de

reparados ainda no estilo de alfarge, mas pobres, de madeiras


de forro e traves delgadas, não lhe fez qualquer impress30. A
caseira, uma mulher doente e rodeada de gatos lazarentos, só Em Ponta Delgada e Boaventura foi bastante
tinha como sopro de vida uma espécie de amor pelas
plantas.(.. .)As orquídeas eram a sua ~ a i x ã oe cresciam em a partir do século XVIIj o domíniodo
grandescachos como se houvesse entre a mulher e elas um contrato de oolonia e do sistema
acordo preciso, uma forma de entendimento amoroço. Náo só as
orquídeas, mas tambhm os amores-perfeitos, grandes como de arrendamento a materializar as relagcies
medalhas, e os lirios rosa e toda a espécie de plantas de cheiro, s i a i s em tomo da terra.
desde o manjericão a verbena e ao alecrim, passando pelo buxo
aromático.
AS RIQUEZASDA FREGUESIA arrendamento a materializar as rela~õessociais em torno da
terra. A Canga de Hordcio Bento de Gouveia é um dos seus
Ponta Delgada para lapas melhores retratos. Os mais destacados propriet8riosvhern-se na
Com boas praias de mar necessidadede ceder parcelas não arroteadas a quem estive-
Aonde os vapores costeiros interessado em as tornar aráveis fazendo as queimadas e
Fazem porto para voltar. erguendo paredes. Este último trabalho garantia-lhe uma forma
de propriedade, isto e a das benfeitorias aí realizadas. Daqui
Versos de Manuel Gonçaives(feLficeirodo norte),Funchal, 1959. resultou dois tipos de pmprietánoç: o proprietário da tem e o das
benfeitorias.
A economia do concelho assenta de forma evidente em dois A maioria destes proprieths das tems vivia no Funchal e só
vectores, no aproveitamento âos vali- recursos do seu amplo se deslocava aqui na época das colheitas para receber a sua
espaço, que vão das lenhas e madeiras, aos recursos minerais, parte. De entre estes podemos referir o caso de Joaquim Afonso
aos logradouros comuns como área de pastoreio e ao Cuibem Salazar Amil que através do seu procurador Manuel
aproveitamento agricola da pouco área arável. Construíram-se Moniz de Menezes recebia rendas no valor de 1049.000rs, 74
socalcos encosta acima que se transformaram em campos de alqueires de cereal e 5 galiiihas. Em posição semelhante temos
cana, cereais, batatas e feijão, necessários a subsistgncia D. Giomar Amioli, Cistóvao Luis Esmeraldo, Manuel Félix, Nuno

R! Boletim Municipal de São Vicente Agosto 1999


I JA os arrendatários s30
mo era o caso do Seixal.
1799 José de Andrade de
Boaventura arren-adoana Félix umas vinhas e arvores de
fruto no Terreiro @ e h n t eda -Capela dos Reis Magos. Este
contrato de arrendamento tinha a duração de nove anos e
obrigava a segunda ao pagamento anual de 4.300 rs. Afonso
Correia Henriquestinha em Ponta Delgada um garnel onde os
seus colonos depositavam 0 trigo, que depois vendia ou remetia
ao Funchal para seu sustento.
O colono era obrigado a fazer bemfeitorias para valorizar o
terreno agrícola, ficando seu proprietátio com a possibilidade de
a alienar. Foi isso que aconteceu com Manuel de França
Homem, que se achava doente e morrendo em uma cama sem
saber a hora, vendeu ao seu filho Inhcio de França Homem as
bemfeitorias das terras do morgado Nuno de Freitas por 15.000
rs. 6 de salientar que ambas os contratantes têm a noção da
ilidude do acto. Assim o pai declara que bem sabia que pai não
podia vender a filho mas que confessou que por não ter gosto de
vender outro e vende seu filho debaixo de cargas ganhando para
o sustentar na sua enfermidade por essa razão Ihes vendia.
Outra situação digna de nota sucedeu em 1802 com Manuel
Nunes, viúvo, a comprar a Manuel Afonso de França
bemfeitorias de vinho e inhames em terras do morgado João
Carvalhal Eçmeraldo, na Primeira iombada por 29.000~.O acto
justifica-se porque está velho excluído de seus parentes sem que
queiram recolher e chegar a si por caridade como católico por
essa razão as não poder solicitar e colonizar aom seu dono e
senhorio, razão porque fez venda das ditas bemfeitorias e mais
m6veis...p ara que o tivesse em sua companhia suprindo de
comer e roupa e morada e o lavar e remendar enquanto vivo e lavrança de pão e frutas de toda a sorte". Em ambas as
lhe fazer o enterro. freguesias é já manifesto a ímporthcia que assumia a viticultura
A riqueza acumulada por alguns senhores permitia apostar referindo apenas "muitas vinhas". Todavia só no decurso dos
numa certa agiotagem, fazendo de banqueiros. Assim no séculos XVIII e XIX esta cultura assumiu uma posição
decurso do Último quartel do século XVIII temos vários contratos dominante na economiado concelho.
de empréstimo de dinheiro a uma taxa fixa de 5 % . De entre os Foi com a cuitura da vinha e cana de açúcar que o norte da ilha
mais destacados banqueiros locais destacam-se Francisco adquiriu alguma importância no contexto da economia agrlcola.A
Afonso de França Andrade, os capitães Afonso Gouveia de vinha ter& surgido desde muito cedo, adquirindo já em finais do
Castro, Afonso Filipe de Castro e Francisco de Abreu de Feitas, século XVI alguma impoit$mcia, como o testemunhou Gaspar
D. Joana Raimundode Freitas, Padre Manuél de Castro Andrade Fnituoso. A partir do século XVIII a vertente norte da ilha era já
e Ana Joaquina de Fritas. O capitão Francisco de Abreu de uma importante Area produtora de vinho. As vinhas plantavam-se
Freitas, juiz ordinário, entregou 1.941.500 rs a juro no período de por todo o lado e cresciam entrelaçadas no arvoredo. Este
l i 7 0 a 1803. sistema era conhecido como balseiras. Em 1787 sakmos que
Os laços sociais que vinculavam o wlono e o senhorio à terra
regiam-se por normas específicas não exaradas nas ordens
régias. O vinculo queria-se o mais duradoum passível e a própria
estruiura do contrato, ao estabeleoer uma forma de propriedade
do colono, permitiua sua quase perpetua@o. Asituaçâo veio até A exalta@o da natureza tem por palco o norte
aos nossos dias e só o Decreto Legislativo Regional ng 1 3 m M
veio a por termo a este contrato. Antes disso, jB em Ponta da ilha e como protagonistas os inúmeros
Delgada nas Lombadas, se avançara em princlpios do s6culo estrangeiros que desde o século XVI II a
com um pioneiro programa de exti-o dos contratos de felonia
aí existentes, propiciando ao colono a posse da terra e das percorreram
benfeitoriasjá herdadas.

A importância agrlcola da vertente norte da ilha assentou, no Ponta Delgada produzia 2000 pipas de linho, quase ò dobro de
princípio, nas culturas de subsist&ncia, que asseguravam as S. Vicente. Este valor sobe no s&culodezanove, uma vez que a
necessidades dos colonos aí instalados e um suplemento que freguesia pagava 4938 de oitavo do vinho.
era escoado para a vertente sul. 0 s cereais ocupam um lugar de A Bpoca das vindimas coincidia com o momento da romaria,
destaque na economia local. Em 1787 registam-se 161 moios e atraído os senhorios de veraneio. Aqui toda a animação estava
40 alqueires de higo, 8 moios de centeio e 8 moios e 40 alqueires concentrada nos lagares, maioritariamente propriedade dos
de cevada. Aliado a isto estava a existQnciade moinhos. Assim senhorios. Note-se o caso do tenente Manuel Jose: Fernandes
no tempo de António Carvalhal, o velho, o lugar dispunha de dois Menezes que surge em 1847 com dois lagares, um em Ponta
moinhos, mas em 1664 todo a cereal s6 podiam ser moido em Delgada e outro na FajB da Areia. 1863 temos notícia de 12
Boaventurapelo que os moradores solicitam a constniqiio de um lagares de vinho em todo o concelho, sendo sete em S. Vicente,
moinho no Lugar de Baixo. Fnrto disso deverá ser a autorização três em Ponta Delgada e dois em Boaventura. Daqui se conclui

i
em 1667 do onde de Vimioso, proprietário dos moinhos na do uso comum desta estrutura, tal como nos elucida Hordcio
capitania de achico, ao capitáoAnt6nio correia Mendes fabricar Bento de Gouveia no pertinente retrato do norte lavrado em A
aí um moin o de duas moendas, pagando de foro anual 2.0001s. Canga. O vinho era feito nas adegas do concelho e s6,depois
e A maior 'queza para os locais foi sem dúvida o vinho. Gasgar conduzido para o Funchal. feito pelo próprio viticultor, mediante
Frutuoso,'em finais do &ulo XVI, dá-nos conta desta situação. autorização da Camara.
Assim, quando refere as duas freguesias do concelho, ainda que O final do século XIX marca o regresso dos canaviais à ilha,
laconicamente, diz que em Ponta Delgada "vinhas e criações e alastrando a área de cultivo ao Norie da ilha. A S . - - -)roino@o e
encarada por todos como um meio para ultrapassar a crise oondigões marítimas favoreciam, aqueles que iam h cidade(.. .).
económica que fizera perigar o principal factor económico que A estrada maritima foi substituída pela terrestre. Tomou a
era a vinha. A presença da cana e engenhos no concelho esta camioneta o lugar do vapor. Silenciaram os caminhos outrora
documentada desde a década de cinquenta. tumultuosos, os caminhos para o embarcadoiro. Só as rochas
O primeiro engenho surgiu em Ponta Delgada em 1858. Em conservam o apito de estridência melancólica do Apor, do Butio,
1863 são referidos apenas trgs engenhos sendo dois em Ponta do Gavião e do Faicão.'
Delgada e um em S. Vicente. Em Ponta Delgada surgem os do
sítio da Fonte e do Açougue. O primeiro foi fundado em 1858 EXALTAMONATUREZA - A VISÁO DO PARA/SO
DA
pelo Conde de Carvathal, a cargo de um administrador, produz
98 hectolitros de aguardente. O segundo em 1861 por Candido A exaltação da natureza tem por palco o norte da ilha e como
Lusitano de Franp com 25 hectdiros de aguardente a pahr de protagonistas os inúmeros estrangeiros que desde o século XVIII
29.400 Kg de sorgo. De acordo com o levantamento industrial a pemrreram. O testemunho disto ficou exarado nos anais da
feio em 1907 por Vitorino Jose dos Santos em 1907 o concelho História e tem em alguns dos visitantes ilustres a sua prova
estava servido de 5 engenhos (três em S. Vicente, um em P. escrita. Neste caso, a exaltação do Norte faz-se mais pela
Ddgada e outro em Boaventura}, sendo apenas misto de vapor e obsewação e deleite visual, do que pelos valores materiais que
água em Ponta Delgada, que moiam 1.095.000 Kg de cana, o definem a humanizaçãodeste espap.
que representava 2,4% da produção da ilha. Em vereação Na diversa literatura o norte continua no esquecimento e foi
apenas temos notícia em 1908 do de Augusto Joaquim de preciso chegar ao século XIX, com o rápido surto do turismo
Abreu, do sítio do Agougue (Ponta Delgada) que pretende iniciar inglgs, para que surgissem os testemunhos exactos da sua
a IaboraHo de aguardente na sua fábrica a Pedra Funda pelo descoberta. Na década de vinte temos as primeiras incursões ao
que solicitava a aferição das medidas e respectiva licenp. interior e norte da ilha. A partir de então o norte entra nos
A cana do norte 96 poderia ser transformada em aguardente, percursos de visita dos ingleses na ilha que não se satisfazem
não havendo engenho para fazer açúcar, daqui resultaria que 'a apenas com a ida ao Monte, Camacha e, por isso mesmo, aos
maior parte da cana teria de ser arrancada" levando à ruína a poucos v20 alargando o seu horizonte de visão ao Pico Ruivo,
região norte da ilha. O município, sempre ao lado dos interesses Santana, Rabaçal e S. Vicente.
dos seus munícipes, não podia estar de acordo com estas Ponta Delgada B apresentada por todos como uma bonita
medidas, reclamando a revogação do decreto sacarino. A aldeia, bem situada e ricamente povoada. Isto fora já
situã@o levou ao encerramento em 1939 de seis fabricas em testemunhado V r Paulo Dias de Almeida em 1817: "E a melhor
todo o concelho. Em Aguas Mansas Horácio Bento de Gouveia povoação do Norte. Tdos os habitantes são muito civilizados e
fixou o retrato da decadência na freguesia de Ponta Delgada. concorre ali muito a gente da cidade. A povoação estaem um
Anote-se no mesmo ano o pedido de abeitura de uma nova por pequeno plano coberto de arvoredo e balseiras (...) E nesta
António Morberto de Omelas em Ponta Delgada. povoação onde se deve estabelecer a Vila, ...". Esta ideia de
Horácio Bento de Gouveia descreve de forma perspicaz a
situaqão de crise da cana na freguesia de Ponta Delgada: O
engenho de Cust6dio Filipe, reconstruído por mestre do Sul,
fazia rebentar de inveja Luls da Feiteira. Nwa roda de castanho
e novos baldes, novos cilindros, novo alambique, dependencia
para escritório privativo de gerente, a fábrica apresentava um
aspecto completamente diverso do velho casarão que fora
pertença de antigos fidalgos da freguesia.
O engenho da Fonte estava um cangalho. As paredes sem cal,
todo o rosto para o lado da rua esburacado, os armazhns da
garapa a abarrotarem de ponchos com os arcas comidos de
ferrugem.(.. .). Agora, o eixo da roda da água que movimenta a
engrenagem dos cilindros, de tanto girar, tinha as extremidades
por um fio.
Noutro romance, Águas Mansas(l971), o trama tem por palco
os engenhos da freguesia, donde se presente a luta contra uma
polltica monopolística do governo e a competigo desenfreada
entre os dois engenhos do centro da freguesia, de que hoje
apertas persistem aSchamin6s.
O CAI8 DOS VAPORES
Ate A abertura das estradas de ligação do concelho ao
Funchal- a ligação a S. Vicente iniciou-se em 1926 e s6 Ponta Delgada como um presépio manthm-se em Maria Lamas
terminou em 1938-, que apenas ocorreu no nosso século, o (1956) e consagra-se em Guido de Monterey(1974): "Ponta
meio mais rápido e seguro era o marítimo. Existia uma linha de Delgada B um dos sltios mais característicos da ilha, de uma
vapores costeiros que ligavam os vários concelhos da região. O beleza retumbante que os olhos mortais tentam captar para a
servip foi coniratado em Novembrode 1893 à empresa Insuiana eternidade. Ponta Delgada B sonho, é utopia B romance". Daqui
de Naveg* que deveria realizar três viagens por semana. Em resultou a auréola com que se engalanou a localidade com o
S. Vicente o pois0 mais adequado situava-se em Ponta Delgada, epiteto de corte do norte, que deu o mote para o romance de
o que contribuiu para algum beneficio do lugar. Agustina Bessa Luis em 1987.
Os vapores transportavam pessoas e haveres, sendo por A constru@o da piscina deponta Delgada enquadra-se neste
esta forma que se procedia ao escoamento dos produtos espírito. A sua realização foi sugerida h camara por uma I
!
agrícolas, para os senhores residentes no Funchal. Em 1898 a comissão criada para o efeito que arrecadou 20 contos A obra s6 1i
câmara clama por um melhor serviço para o 'vaporzinho foi adjudicada em 1958 a firma Leacock e CP Lda por 60.486$90.
costeiro", que deverá tocar o concelho pelo menos duas vezes
por semana e *ter maior lotação para satisfazer necessidades de
transporte dos produtosncomo seja o gado e pipas de vinho e
Em 1961 construiu-se um bar e estabeleceu-se como tarifa de
entrada um escudo. Horácio Bento de Gouveia testemunha
essa realidade: " A piscina da freguesia de Ponta Delgada que
i,
aguardente. meu parente Dr. Henriquede Freitas concebeu, surge com o
Horácio Bento de Gouveia recorda com saudade esses objectivo náio simplesmente turlstíco, mas de valorízaçáo
bmpos: 'para alem de 30 anos a beira-mar, com seus po-, foi regional.(. ..) Vai para vinte anos. Lançada a ideia de realizar-se a
centro muito activo da gente do Norte(.. .)Era o mar a estrada por obra almejada, procuram-se donativos. E a piscina foi uma
onde se conduziam as mercadoriase se deslocavam, quando as realidade entre o calhau do sítio da Vigia e a igreja.' 1

Anda mungkin juga menyukai