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BRUNO LUIZ SANTANA VICENTIN

CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO DE ESTADOS QUÂNTICOS DE


DOIS QUBITS

Trabalho de Conclusão de Curso em


Física, da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel

Orientador: Profª. Dra. Santosh Shelly


Sharma

Londrina
2008
2

BRUNO LUIZ SANTANA VICENTIN

CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO DE ESTADOS QUÂNTICOS DE


DOIS QUBITS

Trabalho de Conclusão de Curso em


Física, da Universidade Estadual de
Londrina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª. Drª. Santosh Shelly Sharma


Universidade Estadual de Londrina

Prof. Dr. Antônio Edson Gonçalves


Universidade Estadual de Londrina

Prof. MSc. Sérgio A. Carias de Oliveira


Universidade Estadual de Londrina

Londrina, ____de_____________de 2008


3

A Deus, meus pais, e à minha namorada...


companheiros de todas as horas...
4

AGRADECIMENTOS

A Profª. Dra. S. Shelly Sharma, pela paciência, dedicação e amizade.


Aos meus pais, Wilson e Marli, e meu irmão Denis, todos fonte de incentivo e
sustento moral. Nada foi em vão!
À minha namorada, Fernanda, por me promover amadurecimento e apoio nas horas
mais difíceis, com todo carinho.
A Deus. Sem justificativa, por que tudo devo a Ele.
Aos professores e amigos de departamento, que me fizeram crescer e aprender.
5

“Anybody who is not shocked by quantum


mechanis has not understood it.”

Niels Bohr.
6

VICENTIN, Bruno L. S. Concentração de emaranhamento de estados quânticos


de dois qubits. 2008. 56 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Física) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina

RESUMO

Primeiramente são introduzidos os conceitos necessários ao entendimento da


Mecânica Quântica, como tópicos de Álgebra Linear, formalismo quântico e os
postulados fundamentais da Física Quântica. Apresenta-se uma noção sobre
estados quânticos, representação e suas propriedades, como o emaranhamento.
São descritas algumas medidas de emaranhamento, e, logo depois, efetuados
processos de medida em estados quânticos particulares à fim de solidificação dos
conceitos aprendidos. Feito isto, é discutida a possibilidade e utilidade de processos
de concentração do emaranhamento, onde o emaranhamento presente no sistema
como um todo é concentrado em determinados estados, ao mesmo tempo que o
emaranhamento de outros subsistemas é sacrificado. São estudados também
protocolos para obtenção de Estados Maximamente Emaranhados (MES), dois dos
quais para estados puros (projeção de Schmidt e concentração por qubit assistente)
e um para estado misto (BBPSSW96), todos para estados de dois qubits. Como
aplicação do conceito de MES, é descrito um processo de teletransporte, onde são
solidificados os conceitos aprendidos.

Palavras-chave: Estados quânticos, Emaranhamento, Concentração de


emaranhamento, Teletransporte.
7

VICENTIN, Bruno L. S.. Entanglement Concentration of two qubits quantum


states. 2008. 56 p. Final Course Paper (Physics Bachelor) – Universidade Estadual
de Londrina, Londrina

ABSTRACT

First are introduced the necessary concepts to understand Quantum Mechanics, like
Linear Algebra and fundamental postulates of Quantum Physics. A short notion of
quantum states is shown, together its properties like quantum entanglement. It’s
described some entanglement measurement procedures and soon evaluated works
on particularly chosen entangled states, to solidify the concepts that have been
learning. Done that, it’s discussed the possibility and utility of the entanglement
concentration process, where the entanglement in an ensemble is concentrate in a
less number of states, while it’s sacrificed by other ones. Than, we study some
protocols, which gives us the way to get Maximally Entangled States (MES), first to
pure states (Schmidt projection and qubit assistant method), and later a procedure to
mixed states (BBPSSW96), all the protocols are made to two qubit quantum states.
As an application of the concept and importance of having MES, it’s described a
teleportation procedure.

Key-words: Quantum states, Entanglement, Entanglement concentration,


Teleportation.
8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10

2 FORMALISMO QUÂNTICO ....................................................................................... 12


2.1 ÁLGEBRA NOTAÇÃO DE DIRAC .................................................................................... 12
2.2 POSTULADOS DE MECÂNICA QUÂNTICA ........................................................................ 14
2.3 CONCEITOS DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA ..................................................................... 16

3 ESTADOS QUÂNTICOS ............................................................................................ 18


3.1 ÁLGEBRA DE SPINS .................................................................................................... 18
3.2 ESTADOS QUÂNTICOS PUROS E MISTOS....................................................................... 19
3.2.1 Estados quânticos puros ...................................................................................... 19
3.2.2 Estados quânticos mistos ..................................................................................... 19
3.3 MEDIDA DE PUREZA DE ESTADOS QUÂNTICOS – ENTROPIA LINEAR ................................ 20

4 EMARANHAMENTO .................................................................................................. 21
4.1 CRITÉRIO DE SEPARABILIDADE .................................................................................... 21
4.2 MEDIDAS DE EMARANHAMENTO ................................................................................... 22
4.2.1 Negatividade Global ............................................................................................. 23
4.2.2 Decomposição de Schmidt ................................................................................... 25

5 ESTUDO DO EMARANHAMENTO DE ESTADOS QUÂNTICOS.............................. 26


5.1 ESTADO QUÂNTICO PURO DE DOIS QUBITS .................................................................. 26
5.2 ESTADO QUÂNTICO MISTO DE DOIS QUBITS ................................................................. 29
5.2.1 O caso F=0........................................................................................................... 32
5.2.2 O caso F=1........................................................................................................... 33
5.2.3 Caso geral ............................................................................................................ 33

6 CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO............................................................. 37
9

6.1 CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO DE ESTADO PURO DE DOIS QUBITS .................... 38


6.1.1 Projeção de Schmidt ............................................................................................ 38
6.1.2 Concentração por qubit assistente ....................................................................... 40

7 CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO DE ESTADO DE DOIS QUBITS –


PROTOCOLO BBPSSW96 ........................................................................................... 44

8 TELETRANSPORTE DE PARTÍCULAS QUÂNTICAS............................................... 50

9 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 54

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .................................................................................... 56


10

1 INTRODUÇÃO

A utilidade dos computadores em qualquer tipo de serviço é mais que bem


estabelecida no agitado mundo moderno, onde tudo deve ser rápido, prático e
seguro. Dos grandes mercados de ações ao sistema de bibliotecas de sua
universidade pode-se notar a informatização. Com a crescente demanda por
rapidez, agilidade e maior fluxo de informação é quase inevitável não pensar na
tecnologia que evolve toda essa estrutura, e mais ainda, nos avanços que podem
ser alcançados com objetivo de tornar o processamento de informação mais
eficiente. A nova tecnologia proposta para dar suporte ao mundo moderno não é
apenas baseada nos bits de um computador, ou no software a ser utilizado, mas vai
bem além: transcende ao mundo microscópico.
Um computador é uma máquina fundamentada nas leis clássicas da física
que processa informação. Mas, o que é o misterioso computador quântico? Nada
mais é que uma “máquina” que usa as leis da Mecânica Quântica para processar
informação. Feynman [1] apontou, que os sistemas clássicos não seriam
satisfatórios para modelar sistemas quânticos com eficiência, e que tais sistemas só
poderiam ser modelados por sistemas também quânticos, ou seja, apenas
computadores quânticos seriam capazes de processar informação quântica.
Deutsch [2] foi um dos primeiros a levantar a questão da maior capacidade de
processamento de um computador quântico com a Máquina Quântica de Turing,
publicando também o primeiro algoritmo quântico. Por um bom tempo a computação
quântica era apenas uma curiosidade, até que em meados dos anos noventa Shor
[3] apresentou um algoritmo que solucionava o problema de fatoração de números
inteiros muito grandes, que é a base de sistemas criptográficos como o RSA. Com
este algoritmo, um computador quântico seria capaz de resolver um problema de
400 dígitos em aproximadamente um ano, enquanto que uma máquina clássica
precisaria ficar rodando por bilhões de anos.
Estruturas básicas formadoras da matéria como elétrons, ou até mesmo
partículas de luz, podem ser utilizadas para troca de informação através de
interações, operações locais e do conhecimento de uma propriedade absolutamente
incompreensível ao mundo clássico: o emaranhamento. O emaranhamento foi
11

primeiro proposto por Schrödinger [4] e é uma fundamental e indispensável


propriedade física para a comunicação e computação quânticas, assim como
processamento de informação. Certo é que esta é uma propriedade de sistemas
quânticos compostos, no sentido de possuir vários subsistemas. Assim, pode haver
emaranhamento entre dois átomos, entre spins de elétrons, polarização de dois
fótons, etc. Como um recurso físico, esta propriedade pode ser medida e
quantificada. As técnicas de medida e quantificação de emaranhamento são
importantes ferramentas, já que os protocolos de comunicação quântica levam em
conta o grau de emaranhamento entre as partes envolvidas. Além de medir o
emaranhamento, podemos também fazer operações locais sobre o sistema, de
modo a manipular o emaranhamento em processos de concentração e destilação,
de acordo com os fins específicos propostos. Por exemplo, para uma variada gama
de utilidades do processamento de informação quântica é necessário que o sistema
esteja o mais entrelaçado possível, ou seja, tenha um máximo grau de
emaranhamento. Obter um Estado Maximamente Emaranhado (MES) a partir de um
estado inicial com emaranhamento arbitrário é o processo chamado Concentração
de Emaranhamento, onde o emaranhamento do sistema como um todo pode ser
concentrado em determinados subsistemas. Sua importância se dá devido à
dificuldade em criar-se sistemas com tal configuração em laboratório, uma vez que
são requeridos estes estados para diversos tipos de aplicações.
Neste trabalho estudamos três processos de concentração de
emaranhamento: O primeiro, estudado com base na ref. [21], é a Projeção de
Schmidt, junto do qual utiliza-se o Método de Procrustean para colocar o estado
numa forma padronizada de MESs. O segundo, encontrado na ref. [22], é um
processo probabilístico, junto do qual se estuda como otimizar a probabilidade de
obterem-se MESs. O Terceiro protocolo opera sobre estados mistos, e é estudado
com base na ref. [24]. Para fixar o conceito e importância de se obter MESs, é
efetuado um protocolo de teletransporte.
12

2 FORMALISMO QUÂNTICO

2.1 ÁLGEBRA LINEAR E NOTAÇÃO DE DIRAC

Para estudar a Mecânica Quântica, usa-se como ferramenta a Álgebra


Linear. Aqui, os objetos básicos são os Espaços Vetoriais, onde elementos de um
conjunto em um espaço vetorial são chamados vetores, os quais podem ser
descritos por matrizes colunas [5]:

 z1 
v   ...  . (2.1)
 z n 

Na mecânica quântica, porém, existe uma notação padrão, a notação de


Dirac [6], que simplifica e auxilia o estudo de um sistema quântico. A Notação para
um vetor em um espaço vetorial complexo é o vetor ket

 (r , t )   , (2.2)

onde  representa a função de onda complexa que rege o sistema quântico, e cujo
conjugado complexo é o vetor bra

 (r , t )   . (2.3)

Usando esta notação, pode-se dizer que um conjunto gerador de um espaço


vetorial é qualquer conjunto de vetores v1 , v 2 ... v n , tal que qualquer vetor naquele

espaço pode ser escrito na forma de uma combinação linear dos vetores do
conjunto, ou seja
v  i a i v i (2.4)
13

Uma base de um espaço vetorial é formada por vetores Linearmente


Independentes. Uma base para C 2 é:

1 0 
v1    ; v2    . (2.5)
0  1 

a 
Definindo v   1  , este vetor por ser escrito como uma combinação
a 2 
linear dos vetores v1 e v2 , da seguinte forma:

v  a1 v1  a 2 v 2 . (2.6)

A seguir, são apresentados e definidos conceitos que proporcionam uma


base para o entendimento da Mecânica Quântica, e, na seção seguinte,
apresentados os postulados que dão fundamento à Teoria Quântica.

Definição 2.1. Produto interno: Um produto interno no espaço complexo onde atua
a função de onda é uma função que toma dois vetores de entrada, v e w , e

produz um número complexo de saída:

v w   viwi . (2.7)
i

Definição 2.2. Normalização de vetores: A norma de um vetor é definida por

  v   1 , e um vetor unitário é um vetor normalizado. A normalização de um

vetor é feita dividindo-se o vetor por sua norma.


14

Definição 2.3. Ortogonalidade: Dois vetores de índice i e j são ortogonais se for


satisfeita a relação:

 0i  j
i j   i, j   . (2.8)
 1i  j

Definção 2.4. Ortonormalidade: Um conjunto de vetores é ortonormal se todos os


vetores do conjunto forem unitários e ortogonais.

2.2 POSTULADOS DE MECÂNICA QUÂNTICA.

Os postulados apresentados nesta seção são resultados de intensos


estudos dos físicos do início do século XX, ao tentar entender o que se passa nas
estruturas elementares da matéria e alguns fenômenos não explicáveis até então,
como o padrão de difração apresentado por elétrons ao atravessar uma dupla fenda.
Talvez o principal resultado encontrado seja a equação de ondas cuja solução
fornece as informações do sistema quântico tratado, que é a Eq. de Schrödinger [4]

2 2 
  r , t   V (r , t ) r , t   i  r , t  , (2.8)
2m t

onde V(r,t) é potencial ao qual o sistema quântico está submetido.

Postulado 2.1. Espaço das funções de onda: A todo sistema quântico está
associado um espaço vetorial complexo, chamado espaço de Hillbert, onde atuam
os operadores e vetores complexos que representam o estado físico do sistema. A
evolução de um sistema quântico fechado é descrita por uma transformação unitária.
Isto é, o estado  (r , t1 ) do sistema no tempo t1 é relacionado ao estado  ´(r , t2 )

no tempo t 2 por um operador unitário U da forma


15

 ´(r , t2 )  U  (r , t1 ) (2.9)

Postulado 2.2. Densidade de probablidades: O módulo quadrado da função de


onda  r, t  , quando multiplicado por um elemento infinitesimal de volume dv, resulta
em uma quantidade infinitesimal interpretada como a probabilidade de se encontrar
o sistema descrito pela função de onda em um volume infinitesimal dv.

Postulado 2.3. Observáveis e operadores: A cada grandeza física mensurável F



(observável) do sistema quântico associa-se um operador F que atua no espaço de
Hillbert do sistema.
A cada observável pode ser associado um conjunto completo de

autofunções e autovalores correspondentes F  n  Fn n , onde  n é a autofunção do

estado quântico e Fn o autovalor. Ao efetuar-se a medida de um observável F em


Mecânica Quântica, obtemos como resultado um dos autovalores de F, e o valor
^
esperado para a medida de F é

  (r, t ) F  (r , t )dr .


F  (2.10)
  (r , t ) (r , t )dr

O estado do sistema após o processo de medida é dado por

Mm
m   . (2.11)
p(m)

onde M m é um operador de medida, m o valor possível para a medida, e p (m) a

probabilidade de que o resultado m seja obtido.


16

Postulado 2.4: Princípio da superposição. Dada a linearidade da equação de


Schrödinger, qualquer combinação linear de suas soluções também representará um
estado físico do sistema quântico.

Postulado 2.5. Estados compostos: Os elementos do espaço de Hillbert de um


sistema quântico composto AB são formados pelo produto tensorial dos vetores de
base dos espaços individuais,
 A, B   A   B . (2.12)

Esta regra pode ser estendida para N subsistemas.

2.3 CONCEITOS DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA

Na computação clássica, a estrutura elementar de informação é o Bit, que


nada mais é que a interpretação de sinais elétricos num circuito, que podem assumir
apenas dois valores nesta interpretação: 0 e 1. Para a computação quântica a
unidade fundamental para transmissão de informação quântica é o quantum-bit, ou
qubit [7]. Um qubit é qualquer sistema quântico de dois estados, por exemplo uma

partícula de spin- 1 (férmions). Se dois estados ortogonais de um sistema podem


2
ser usados para representar os valores clássicos 0 e 1, entretanto um qubit difere do
bit clássico pelo fato de que aquele pode existir em superposições complexas
arbitrárias dos valores 0 e 1,    0   1 , onde os coeficientes são números

complexos, e podemos observar que o estado total é uma superposição dos estados
fundamentais, 0 e 1 . Cada estado forma uma base no espaço vetorial complexo

de duas dimensões chamado de Espaço de Hillbert, onde atuam os operadores na


função de onda.
Um exemplo de bit quântico pode ser o estado de spin de uma

partícula. Considere um férmion que tem seu spin intrínseco S  1 , e projeção da


2
17

componente Z do spin, mS   S . Com isto, podemos ter dois estados diferentes para

uma partícula: um com S  1 e mS  1 ( que interpretaremos como estado 1), e


2 2

outro com S  1 e mS   1 (que será interpretado como estado 0). Na notação de


2 2
Dirac, pode se escrever

1 1 1 1
S , ms  , 1 ; S , ms  ,  0 . (2.14)
2 2 2 2

Partindo disto, um estado de um qubit é escrito como

1 1 1 1
 a ,  b ,  a 1  b 0 , (2.15)
2 2 2 2

onde a e b são as amplitudes de probabilidade de se encontrar a partícula em cada


estado.
18

3 ESTADOS QUÂNTICOS

3.1 ÁLGEBRA DE SPINS

Os estados quânticos fornecem toda a informação possível sobre as


propriedades de um sistema, assim como sua evolução temporal e, ainda, possíveis
resultados de medições efetuadas no sistema. Um estado quântico pode ser
representado por sua função de onda  (estado puro), ou por um Operador

Densidade  (estado misto). Qualquer sistema quântico com dois estados possíveis
pode ser representado por Álgebra de Spins, por exemplo:

 Átomo de dois níveis.


e - (excitado) e  1

g – (estado fundamental) g  0

Tais sistemas são chamados qubits (quantum bits). Um estado quântico do


átomo pode ser escrito da maneira geral como

   0  1 . (2.16)

Se no sistema há dois átomos de dois níveis, a dimensão do espaço de


Hilbert associado aos dois átomos é 2  2  4 , representado pelos vetores de base
00 , 10 , 01 e 11 . Com estes vetores de base, representa-se o estado geral da

seguinte forma:

  a 00  b 10  c 01  d 11 . (2.17)
19

3.2 ESTADOS QUÂNTICOS PUROS E MISTOS

3.2.1 Estados quânticos puros

Quando se conhece o vetor de estado do sistema, diz-se que este é descrito


por um estado puro. Por exemplo:

. (3.1)

Observe que pode exibir efeitos de interferência (termos cruzados). De fato,

. (3.2)

É comum dizer que , descrito pela equação , está

numa superposição coerente dos estados e .

3.2.2 Estados quânticos mistos

Existem situações nas quais não se sabe em que estado o sistema se


encontra, existe apenas uma probabilidade P do sistema ser encontrado no

estado . Mais precisamente, suponha que um sistema quântico esteja em algum

estado de um conjunto de estados, com respectiva probabilidade . Chama-se


o conjunto pi  i  um conjunto de estados puros. O operador densidade para o

sistema é definido como:


20

, (3.3)

onde , como esperado para os pesos probabilísticos, e o estado será


puro se a soma dos elementos da diagonal principal do quadrado do operador
densidade é um, ou seja,

tr (  2 )  1 . (3.4)

3.3 MEDIDA DE PUREZA DE ESTADOS QUÂNTICOS – ENTROPIA LINEAR

Descreveu-se há pouco como detectar se um estado é puro ou misto. No

entanto, não é suficiente fazer apenas essa distinção, mas também saber quão puro

ou misto é o estado que se está trabalhando. Um bom quantificador do grau de

pureza de um estado quântico é a Entropia Linear [8], Sl , que é dada pela relação

Sl 
d
d 1
 
1  tr (  ) 2 , (3.5)

onde  é simplesmente a matriz densidade, e d é a dimensão desta matriz.

O operador densidade de um estado puro é obtido fazendo-se


 ( A, B)  ( A, B)   , enquanto o operador densidade de um estado misto é dado

pela Eq. (3.3)

Se a Entropia Linear for zero, o estado é dito puro. Se o resultado for

qualquer maior que zero e menor que um, diz-se que o que estado é misto, e tem

máximo grau de mistura quando sua Entropia Linear é igual a um.


21

4 EMARANHAMENTO

Emaranhamento é um recurso para implementação de processos


computacionais e comunicação, capaz de transformar a teoria de informação
quantitativa e qualitativamente. O conceito é genuinamente quântico, o que permite
estender a teoria de informação além de suas limitações clássicas.
Formulado teoricamente na década de 30 e comprovado experimentalmente
nos anos 60, o emaranhamento é um fenômeno misterioso para as pessoas
acostumadas com as leis da física newtoniana. Essa propriedade de sistemas
quânticos compostos foi pela primeira vez descrita Schrödinger [4] e questionada por
Einstein, Podolsky e Rosen [9], atravéz de um experimento ideológico que ficou
conhecido como paradoxo EPR, onde o resultado de uma medida feita em uma das
partes do sistema quântico afeta imediatamente o resultado de uma medida feita em
outra parte do sistema, não importando a distância entre elas.

4.1 CRITÉRIO DE SEPARABILIDADE

Suponha um sistema composto formado por dois (ou mais) sistemas físicos

distintos. O espaço de estados de um sistema físico composto é o produto tensorial

dos espaços de estados dos sistemas individuais. Se os sistemas forem numerados

de 1 até n, e o sistema i for preparado no estado i , decorre do Postulado 2.6 que

o estado do sistema composto será  1   2  ...   n .

Um sistema quântico composto é dito emaranhado se ele não puder ser


decomposto em produtos tensoriais de estados individuais, da seguinte forma:

   1   2  ...   n . (4.1)
22

No caso mais geral pode-se verificar que um sistema é emaranhado quando o


operador densidade de um sistema bipartido não pode ser escrito como uma soma
de estados puros separáveis

  
    a (i )   b (i ) , (4.2)
i

 
onde  a e  b são os operadores densidade para os sistemas a e b.
Assim, um sistema é emaranhado se for composto de subsistemas não
separáveis. O grau de entrelaçamento entre as partes pode ser variável, e como
recurso físico pode-se medir o emaranhamento. Para isso foram desenvolvidas
medidas de emaranhamento, uma das quais será apresentada a seguir.

4.2. MEDIDAS DE EMARANHAMENTO

No Capítulo 3, foram discutidos os estados quânticos, puros e mistos, os


quais podem estar ou não emaranhados. Discutiram-se também os métodos de
detecção e quantificação da pureza dos estados quânticos. A proposta agora é
apresentar métodos que não apenas detectam se o emaranhamento está ou não
presente, mas também medi-lo, ou seja, ter informação de quão emaranhado está o
sistema quântico. O conceito de medida de emaranhamento é bastante complicado,
mas possui alta relevância no sentido de que, ao se saber a quantidade de
emaranhamento presente nos diversos subsistemas, pode se manipular os estados
de tal maneira a transferir o emaranhamento de alguns subsistemas para outros,
obtendo, assim, estados finais com maior grau de emaranhamento que os inicias.
Suponha uma dada medida de emaranhamento E. Um quantificador de
emaranhamento deve satisfazer às seguintes propriedades [10]:

(i) Valor zero para estados separáveis


23

(ii) Normalização
(iii) Não crescente por Operações Locais e Comunicação Clássica (LOCC)
(iv) Continuiade
(v) Aditividade parcial
(vi) Subaditividade
(vii) Convexidade

Encontrar uma medida que satisfaça a todas essas propriedades é algo


difícil, então G. Vidal [11] propôs que um bom quantificador de emaranhamento é
aquele que satisfaz apenas, em média, a propriedade de não crescimento por
LOCC, definindo assim o monótono de emaranhamento. A quantificação de
emaranhamento de estados mistos é ainda um grande problema em aberto,
constituindo parte de bons trabalhos em Computação Quântica e criptografia
quântica.
A seguir, descrevem-se algumas medidas mais utilizadas para quantificar o
emaranhamento e que serão usados ao longo do trabalho para análise dos estados
propostos adiante, com intuito de concentração do emaranhamento detectado nos
mesmos.

4.2.1 Negatividade Global

A Negatividade Global [12] é uma versão quantitativa do critério de


separação de Peres [13], e é definida por:
N Gn   Tn  1 , (4.3)

onde  Tn é o traço da norma da matriz densidade parcialmente transposta com

relação o n-ésimo subsistema, de um sistema formado por m subsistemas.


O operador densidade para um sistema composto de dois subsistemas
respectivamente nomeados por A e B é dado por:

  im 
i ,m , j ,n
jn im jn , (4.4)
24

onde os índices i e j se referem aos estados do subsistema A, e m e n aos do


subsistema B. Quando se transpõe parcialmente este operador com relação a A, a
equação (2) se altera para


T  A

i ,m , j ,n
jm  in im jn . (4.5)

 TA
Sendo  e  os autovalores positivos e negativos de  , o traço pode
ser escrito da seguinte forma:
  
Tr   TA   1 (4.6)
 

 m

m   n

n 1


m

m   n  1
n


m

m  1   n .
n
(4.7)

 TA
A norma do traço de  é definida como

 TA   m   n . (4.8)
m n

Assim, substituindo a equação (4.7) em (4.8)



 TA  2 n  1 . (4.9)
n

Substituindo na definição de negatividade,


N GA  2 n , (4.10)
n

onde se resultado for 1, o estado é maximamente emaranhando, enquanto que 0


implica em um estado separável.
25

4.2.2 Decomposição de Shcmidt

O Teorema de Schmidit [14] diz que qualquer estado puro de um sistema


quântico bipartido pode ser escrito na forma de uma soma,

   i i A iB (4.11)
i

onde i é um número real tal que 


i
i  1 . Os valores dos coeficientes i

determinam o nível de emaranhamento do sistema. Para encontrar estes valores, é



preciso calcular a matriz densidade (     ) e fazer o traço parcial em relação

aos qubits A e B, para determinar as matrizes densidade reduzidas em B e em A,


respectivamente.
 
Tr A (  )   (red ) B
 
Tr B (  )   (red ) A (4.12)
então

 (red ) A   i2 i A i A , (4.13)
i

onde os autovalores (coeficientes de Schmidt) serão os i2 , os quais dão informação

sobre o grau de emaranhamento do sistema composto. Um estado separável (ou


seja, não emaranhado) tem somente um coeficiente de Schmidt.
26

5 ESTUDO DE EMARANHAMENTO DE ESTADOS QUÂNTICOS.

Neste capítulo estudamos alguns estados quânticos, onde serão utilizados

os conceitos dos capítulos anteriores.

5.1 ESTADO QUÂNTICO PURO DE DOIS QUBITS.

Considere o seguinte estado quântico [15]:

 ab
 0 0  1 1 , (5.1)

onde

    
2 2
e 1 . (5.2)

Verificar-se-á se este é um estado emaranhado, tentando escreve-lo sob a


forma de um produto tensorial de estados individuais. Assim, considere os vetores:

a  1 0  1 1 , (5.3)

e
b  2 0  2 1 , (5.4)

onde

1  1  2  2
2 2 2 2
 1. (5.6)

Fazendo o produto tensorial:

a  b   1 2 00  1  2 11   1  2 01   2 1 10 . (5.7)

Qualquer escolha feita para colocar a equação na forma do estado original


de dois qubits, levará à anulação do produto. Assim, como não é possível escrever o
27

estado total como produto de estados individuais, temos um estado emaranhado.


Para verificar a quantidade de emaranhamento deste sistema, será utilizada a
Entropia Linear, e com o resultado é possível obter um gráfico para visualizar o
comportamento do emaranhamento.
Considere a Eq. (3.5), que define a Entropia Linear,

Sl 
d
d 1

1  Tr (  ) 2 .  (5.8)

Escrevendo a Eq. (5.1) na forma

 ab
  00 ab
  11 ab
, (5.9)

o operador densidade  é

      00 ab
  11 ab
  00 ab
   11 ab

 00 00    00 11   11 11    11 00 .
2 2
(5.10)

Como Tra (  )  (bred )  a 0  0 a  a 1  1 a .

Neste caso, é fácil ver que

Tra (  )   (bred )   0 0  1 1.
2 2
(5.11)

Logo,

 2 0   4 0 
(bred )    (  b
) 2
  . (5.12)
 0  
2 ( red )
 0  2 x 2
4
 

A dimensão é d=2, e então


28

 
Sl  2 1    
4 4
  4  4
 4 .
2
(5.13)

E n tro p ia c o m o m e d id a d e e m a ra n h a m e n to
p o n to d e M á x im o e m a ra n h a m e n to
1 ,0

x = 0 ,7 0 7
E n tr o p ia L in e a r

0 ,8

0 ,6

0 ,4

0 ,2

0 ,0

0 ,0 0 ,2 0 ,4 0 ,6 0 ,8 1 ,0
x

Figura 1: Curva da entropia linear do sistema puro.

O gráfico da Fig 1. mostra que o emaranhamento do sistema cresce até um

determinado valor limite para o qual S = 1. Pela definição de Entropia Linear, tem-se

um estado com máximo grau de emaranhamento para X  1 .


2
29

ESTADO QUÂNTICO MISTO DE DOIS QUBITS

Analisaremos agora o emaranhamento de um estado de Werner [16],

WF  F     
1
3
 
1  F                , (5.14)

que é um estado misto com emaranhamento em função de uma variável, a


Fidelidade [17]. Primeiramente, é preciso trabalhar algumas relações que serão úteis
para estudo. Definindo os estados singleto.

00  11 i 10  i 01
  ,   (5.15)
2 2
00  11 i 10  i 01
  ,   (5.16)
2 2

Lembrando das matrizes de Pauli, considere as operações:

0  i  1 0 00  11  i 10  i 01
( y  I )       
   , (5.17)
 i 0  0 1 2  2
Analogamente;
i 10  i 01
( y  I )      . (5.18)
2

Considere agora a representação matricial da função de onda genérica de


dois qubits:

  a 00  b 01  c 10  d 11 , (5.19)

como sendo
30

a
 
b
   . (5.20)
c
 
d 
 
Utilizando esta representação, e sabendo que a conjugada complexa é um
vetor linha, o operador densidade, definido como   , é escrito como

 aa * ba * ca * da * 
 * 
 ab bb * cb * db * 
   * . (5.21)
 ac bc * cc * dc * 
 ad * bd * cd * dd * 

De posse então dos estados   ,   ,   e   , chega-se às seguintes

representações:

1
 2 0 0 1   1 0 0  1 
2  2 2
 0 0 0 0   0 0 0 0 
   ;    
 
;
 0 0 0 0   0 0 0 0 
1 0 0 1  1 0 0 1 
 2 2  2 2
(5.22)
0 0 0 0 0 0 0 0
   
 0 12  12 0  0 1 1 0
    ;     2 2
.
1 1 1 1
0 2 2
0 0 2 2
0
0  0 0 
 0 0 0  0 0

as quais são necessárias para estudar o estado misto de Werner

WF  F     
1
3

1  F                ,  (5.23)

Suponha que tenhamos em um sistema emaranhado dois subsistemas,


onde um dos quais está no laboratório Alice e o outro no laboratório Bob, cada um
no estado da Eq. (5.23). Ambas as partes querem destilar o emaranhamento em
31

termos de estados singleto   de dados pares emaranhados compartilhados em

um estado misto bipartido arbitrário  . Uma medida da probabilidade de encontrar o

estado   no estado  é feita em termos da Fidelidade

F    . (5.24)

F é uma medida da probabilidade com que um canal de saída passe uma


informação que seja a mesma do canal de entrada, conduzida por alguém que
conheça a entrada. Se um estado puro enviado por uma canal quântico emerge
como um estado misto de matriz densidade definida por w, a fidelidade da
transmissão é definida por F   w  . Um canal Quântico será considerado “fiel”

se num limite apropriado a fidelidade se aproximar da unidade.


Usando os resultados da Eq. (5.22), temos
1 0 0 1 
 2 2
 0 1 0 0 
           , (5.25)
 0 0 1 0 
1 0 0 1 
 2 2
e a equação (5.23) tem a forma

 1 0 0  1  1 0 0 1 
 2 2  2 2
 0 0 0 0  1  0 1 0 0 
WF  F    1  F  . (5.26)
 0 0 0 0  3  0 0 1 0 
 1 0 0 1  1 0 0 1 
 2 2   2 2

A Eq. (5.26) é uma equação matricial em função de um parâmetro F, que


pode ser simplificada se F=1, ou F=0.
32

1 0 0 1 
 2 2
1 0 1 0 0 
 F  0  WF1   ; (5.27)
3 0 0 1 0 
1 0 0 1 
 2 2

 1 0 0  1 
 2 2
 0 0 0 0 
 F  1  WF 2  . (5.28)
 0 0 0 0 
 1 0 0 1 
 2 2 

5.2.1 O caso F=0

O processo a ser seguido é o seguinte: toma-se o estado quântico dado,


escrevendo-o na base computacional. Em seguida, toma-se a transposta parcial em
relação ao Qubit A, como definido na Eq. (3). Obtendo então WFTA em sua forma
matricial, calculam-se os autovalores negativos desta matriz, e por último, substitui-
se o resultado na fórmula da Negatividade.
O estado WF 1 na base computacional tem a forma:

WFT1A 
1
 00 00  10 01  01 10  11 11   1  01 01  10 10  , (5.29)
6 3
1 0 0 0 
 6
 0 1 1 0 
WFT1A  3 6 . (5.30)
 0 1 1 0 
 6 3 
 0 0 0 1 
 6

Agora é preciso diagonalizar a matriz para encontrar seus autovalores


negativos. Como os termos a11 e a 44 não conectam a nenhum outro, o trabalho é
simplificado sendo necessário apenas fazer
33

 1  1 
det 3 6 0 1 1
 1  e 2  . (5.31)
 1 1  2 6
 6 3 

Como os dois autovalores encontrados são maiores que zero, o estado é


separável!

O caso F=1

Seguindo o mesmo procedimento do item anterior, obtém-se como auto-


1 1
valores 1   e 2  .
2 2
Substituindo este resultado na fórmula da negatividade

1
N GA  2 n  2   1. (5.32)
n 2

Pela definição de Negatividade Global o estado W f 2 é maximamente

emaranhado.

5.2.3 Caso Geral

Será feito agora um estudo do estado do emaranhamento para 0  F  1 do


estado de Werner e assim será possível verificar como varia o emaranhamento em
função da Fidelidade em um gráfico.
A Eq. (5.26) pode ser reescrita como
34

 1  F  1  F  
 0 0 
 F
 2 0 0    6
F 
1  F 
6 
2 
 0 0   0 0 0 
0 0 3 
WF   
 0 0 0 0   0 1  F  , (5.33)
 0 0 
 F F  
1  F  
0 0 3
 2 2   1  F 
 0 0 
 6 6 
ou ainda
 2F  1 1  4F 
 0 0 
 6 6 
 0 1  F  0 0 
 3 
WF  
1  F  . (5.34)
 0 0 0 
 3 
 1  4 F 0 0
2F  1 

 6 6 

Escrevendo a Eq. (5.33) na base computacional, fica

WF 
2F  1
 00 00  11 11  1 4F  00 11  11 00   1 F  01 01  10 10 . (5.35)
6 6 3

A transposta parcial em relação ao qubit A é

WFTA 
2F  1
 00 00  11 11  1 4F  10 01  01 10   1 F  01 01  10 10 . (5.36)
6 6 3

Na representação matricial

 2F  1 
 0 0 0 
 6 
 0 1  F  1  4 F 0 
 3 6 
WFTA 
1  4 F 1  F  . (5.37)
 0 0 
 6 3 
 0 2F  1 
0 0 
 6 
35

Como nos problemas anteriores, é necessário encontrar os autovalores da


matriz obtida. Analisando a Eq. (5.36), dois dos quatro autovalores são facilmente
obtidos, que são os elementos da diagonal principal que não se conectam a nenhum
2F  1
outro, os quais são positivos e iguais a . Os outros dois autovalores são
6
obtidos ao efetuar a diagonalização da matriz

 1 F 1  4F 
 
WFTA´  3 6 . (5.38)
 1  4F 1 F 
 
 6 3 
Usando a condição de diagonalização

1  F 1  4F 
 3  6 
det 
1  4F 1 F 0 , (5.39)
  
 6 3 
temos
2
1  1   1  4F 
 3 1  F       3 1  F       6   0 (5.40)
     
2
1
1  F 2  2 1  F   2   1  4 F   0 (5.41)
9 3  6 

1  F   41  4 F  1 2
2
2
 
  1  F   1  4 F  .
2
 3 36 (5.42)
2 2 3 6 

2F  1
Assim, 3  , que não vale para cálculo de Negatividade Global, e
3
1
1  F, F  1 .
2
2

Da definição de Negatividade Global


36

1
N GA  2 F , F  1 . (5.43)
2 2

Com este resultado, podemos plotar um gráfico da Negatividade Global do


sistema em função da Fidelidade

Figura 2: Gráfico da variação da negatividade global N do estado de Werner em função de sua


fidelidade F.

1
Pode-se ver que se 0  F  , o autovalor não será negativo, então o estado
2
1
é separável. Somente haverá autovalores negativos para F  . Como obtido
2
anteriormente, se F  1  N GA  1  1 , e então o estado se torna maximamente

emaranhado.
37

6 CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO

Já foi dito que o emaranhamento é um recurso físico muito útil para o


processamento de informação quântica, e alguns destes processos, como o
teletransporte [18], requerem estados maximamente emaranhados. Tais estados são
necessários para garantir uma comunicação mais eficiente entre as partes e podem
ser obtidos a partir de estados com emaranhamento parcial. A idéia é simples: o
emaranhamento do sistema como um todo pode ser concentrado em determinados
qubits, sacrificando o de outros [19]. Ao final do processo, obtém-se um Estado
Maximamente Emaranhado (MES). Pode-se escrever estados maximamente
emaranhados de dois qubits como estados de Bell [20], representado pelo singleto

01  10
Bell  . (6.1)
2

Conforme estudado, existem duas classes básicas de estados quânticos:


puros e mistos. A partir dessas classes define-se Concentração de Emaranhamento
quando se obtém um MES a partir de um estado puro, e Purificação, ou Destilação
de emaranhamento, quando um MES é obtido a partir de um estado inicial misto
[18].
38

6.1 CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO DE ESTADO PURO DE DOIS QUBITS

6.1.1 Projeção de Schmidt

O emaranhamento presente em uma fonte de n pares de partículas de dois


níveis parcialmente emaranhadas pode ser concentrado em um menor número de
singletos perfeitos através de medidas locais, as quais projetam o estado de n pares
de partículas em um subespaço gerado por estados que compartilham o mesmo
Coeficiente de Schmidt. Este processo, descrito por Bennett et. al. [21], é chamado
Projeção de Schmidt.
Suponha que Alice e Bob compartilhem um par de partículas emaranhadas,
de forma que o estado inicial do sistema é encontrado na forma

  A, B   cos 11  sin   2  2 (6.2)

Fazendo n cópias do estado acima, o estado inicial do conjunto é

n  A, B    cos 1 (i ) 1 (i )  sin   2 (i )  2 (i ) 
n
(6.3)
i 1

Se n=2, e considerando o caso particular 11  00 e  2  2  11 , tem a

forma
2  A, B   [cos 00  sin  11 ]12  [cos 00  sin  11 ]34 , (6.4)

2  A, B   cos 2  01020304  cossen 01021314  cossen 11120304  sen 2 11121314 , (6.5)

onde Alice está de posse dos qubits 1 e 3, e Bob dos qubits 2 e 4. Existem nesta
equação 22 termos, com 2+1 termos de coeficientes distintos. Assim, generalizando
39

para n cópias, quando binomialmente expandida a Eq. (6.2) possui 2n termos, dos
quais n  1 tem coeficientes diferentes, cos n  , cos n 1 sen ,..., sen n .
Considerando então n=3

3  A, B   cos3  010203040506  cos 2 sen [ 010203041516  010213140506  111203040506 ]

 sen 2 cos  010213141516  111203041516  111213140506   sen3 111213141516 . (6.6)

Se Alice medir seu 1º qubit como up, 1 , e comunicar a Bob seu resultado,

ao efetuar sua versão da medida este verá o mesmo resultado em virtude do


emaranhamento inicial do sistema. O estado da Eq. (6.5) será projetado para

k  A, B   cos 2 sen 03040506  sen 2 cos  03041516  13140506   sen3 13141516 , (6.7)

que possui 3+1 vetores de base correspondentes à potência com que sen aparece.
Assim, generalizando para n cópias, após uma medida projetiva com resultado k, o
estado inicial n ( A, B) é levado a um estado final k ( A, B) com n+1 vetores de base

correspondentes à potência k  0,..., n , o estado k ( A, B) é maximamente

emaranhado.
O resultado da medida projetiva tem a seguinte distribuição de
probabilidades:
n

pk    cos2   sin   .
1 k 2 k
(6.8)
k 

É importante lembrar que nem a medida k nem qualquer outra operação


local de qualquer uma das partes pode aumentar o valor esperado da entropia de
emaranhamento entre Alice e Bob. Do ponto de vista de cada observador, um
estado emaranhado aparece como um estado misto, descrito por uma matriz
densidade obtida ao se fazer o traço sobre os graus de liberdade de cada
observador. A matriz densidade vista por Bob, no caso de Alice efetuar a medida
sobre seus qubtis, fica inalterada, o que preserva a entropia de emaranhamento. O
40

que acontece é que o emaranhamento presente no sistema em diversos qubits foi


transferido para determinados qubtis, fazendo com que o par tivesse maior
emaranhamento, enquanto que o emaranhamento dos outros foi sacrificado.
Considere a Eq. (6.7). Os vetores de base que correspondem ao máximo
emaranhamento são aqueles de coeficiente sen 2 cos  . Usando o método de
Procrustean [21] de concentração de emaranhamento, podemos “descartar” os
outros coeficientes, ficando apenas com o os que contribuem para que o estado seja
maximamente emaranhado. Suponha que tenhamos um estado de fóton. Podemos
obter tal resultado ao passar o sistema por um polarizador. O método de
Procrustean consiste em eliminar as partes de cada subsistema que não contribuem
para máximo emaranhamento.
A Eq. (6.7) pode então ser reescrita, se normalizada, e utilizando a notação
03041516  0304 1516  01 , e analogamente 13140506  1314 0506  10 , na forma de

um par de Bell,

01  10
 k ( A, B)  . (6.10)
2

6.1.2 Concentração por qubit assistente

Nesta seção é estudado um processo iterativo de concentração de


emaranhamento para estados emaranhados puros, descrito por Bandyopadhyay
[22], onde primeiramente é implementado um processo probabilístico de
concentração de emaranhamento no qual Alice usa um artifício conhecido como
método de qubit auxiliar (ou assistente) [23], e logo depois é descrito um processo
de otimização desta probabilidade.
Suponha que Alice e Bob compartilhem um estado emaranhado puro da
seguinte forma,
41

 A2 B
  00 A2 B
  11 A2 B
(6.11)

onde  e  são reais e    .


Considere agora que Alice prepara um qubit auxiliar no estado

  0  1 . (6.12)

Repare que Alice deve conhecer os coeficientes de Schmidt do estado


inicial  AB
, de modo que possibilite preparar seu qubit auxiliar (ancilla)

adequadamente. Considerando o ancilla, o estado combinado de três qubits, dois de


Alice e um de Bob, é

 AB
  A1
 A2 B
  2 000 A1 A2 B
  011 A1 A2 B
  100 A1 A2 B
  2 111 A1 A2 B
. (6.13)

Após a preparação do estado acima, seguem-se as seguintes etapas:

Passo 1: Alice realiza uma operação de CNOT (um “não controlado”, onde se o
primeiro qubit for zero, o segundo é invertido, 0 para 1, ou 1 para 0) em seus qubits,
enquanto Bob não precisa fazer nada. O estado ´ é o resultado da operação, e é

escrito como,

´ AB
  2 000 A1 A2 B
  011 A1 A2 B
  110 A1 A2 B
  2 101 A1 A2 B
. (6.14)

Desde que os dois primeiros qubits pertençam a Alice, pode-se trocar suas
posições,

´ AB
  2 000 A1 A2 B
  101 A1 A2 B
  110 A1 A2 B
  2 011 A1 A2 B
. (6.15)
42

Passo 2: Agora, Alice realiza uma medida projetiva de von Neuman no qubit A2 , ou
seja, ela meda a componente z do spin do qubit A2 . Isto pode ser feito escrevendo
a equação acima como

´ AB
0 A2 
  00   11
2 2

A1 B
  1 A2
  01  10 
A1 B
. (6.16)

Analisando a função de onda acima, fica claro que se o resultado da


medição da componente z do spin do qubit A2 for “1”, o par resultante compartilhado
por Alice e Bob se torna maximamente emaranhado. Caso contrário, o estado final
terá emaranhamento menor que o inicialmente compartilhado.
A probabilidade de que o resultado da medida seja “1” é

Pz 1  2 2  2 , (6.17)

que é simplesmente a probabilidade de concentração de emaranhamento do par


simples para este método.
O resultado acima pode ser estendido para um número N de estados puros
emaranhados, de forma a realizar a operação para cada par de partículas. Então,
para obter do sistema inicial de N estados emaranhados um MES, a questão é
realizar as operações acima quanto mais vezes for possível com probabilidade de
sucesso, ou seja, de obter como resultado o valor “1” para a componente z do spin
de A2 . Com isto, ao final do processo tem-se 2 N 2  2 MESs (dado o número N de
estados e a probabilidade de sucesso de cada operação).
Este é um simples processo de concentração de emaranhamento com certa
probabilidade de sucesso. Entretanto, é possível trabalhar no sistema de modo a
maximizar também esta probabilidade. Supondo que Alice e Bob inicialmente
compartilhem um número N de estados puros emaranhados, os passos básicos são
os seguintes:

Passo 3: Aplicando o protocolo sobre os N membros individualmente, ao final do


processo restam 2 N 2  2 Estados Maximamente Emaranhados.
43


Passo 4: Agora eles escolhem os N 1  2 2  2  N  4   4    pares que não são

maximamente emaranhados (componente z do spin de A2 igual a “0”). Relembrando


a equação

´ AB

 0   00   11
2 2

A1 B
  1 A1
  01  10A B ,
1
(6.18)

e o número de estados com menor emaranhamento, cada membro do conjunto com


menor emaranhamento encontra-se num estado dado por

1 AB
  1 00 AB
 1 11 AB
, (6.19)

2
onde nota-se a semelhança de 1 e , e onde  1  e
4 4
AB AB

2
1  . Veja então que neste estado escrito bem parecido ao da Eq. (6.11),
4 4
é possível repetir os passos 1 e 2, com Alice preparando um qubit auxiliar no estado

1 AB
  1 00 AB
 1 11 . (6.20)

com possibilidades de estados de saída tanto MES quanto com menor


emaranhamento.

Passo 5: este processo é repetido indefinidamente; toda vez que o processo é feito,
restam pares com menor emaranhamento no qual pode ser aplicado novamente o
protocolo inicial. No caso limite de uma seqüência de infinitas aplicações, o estado
final compreende uma fração de 2  2 Estados Maximamente Emaranhados.
44

7 CONCENTRAÇÃO DE EMARANHAMENTO DE ESTADO DE DOIS QUBITS -


PROTOCOLO BBPSSW96.

O protocolo inicial de concentração de emaranhamento BBPSSW96 [24],


[25], será estudado neste capítulo. Para este protocolo deve ser preparado um
Estado de Werner com emaranhamento, e ter acesso à aparelhagem para efetuar
Operações Locais e Comunicação Clássica (Local Operations and Classical
Comunication, LOCC) nas partes do sistema para obter um estado maximamente
emaranhado. Acompanhe as seguintes etapas:

Passo 1: Considere o seguinte estado de Werner, WF , da Eq. (5.22)

WF  F  
12 12
1
3

   1  F   
12 12
   
12 12
   12 12
  (7.1)

Fazendo uma copia de WF dada por

WF  F 
34 34
1
3

  1  F  
34 34
   
34 34
   34 34

  , (7.2)

onde Alice possui os qubits 1 e 3, e Bob os quibts 2 e 4, é possível construir o


estado composto  0  WF  WF .

Considere agora a seguinte operação unitária:

 Y  1 : WF  WF ´ (7.3)

WF ´ ´ F     
1
3

1  F                 (7.4)

Então, o resultado será um estado de Werner emaranhado com estrutura


semelhante à inicial. Da mesma forma que para o estado original, pode-se fazer
1  WF ´WF ´ . Detalhadamente, fica:
45


1  WF ´ ´ F  
 12 12
 
1
3
1  F     12 12
   12 12
  
12 12

  


WF ´ ´ F 


34 34
 
1
3
1  F    34 34
   
34 34
  
34 34


   , (7.5)

assim,

1  F2      
1 F             
1212 3434 3 1212 34 34 1212 34 34


1  F         +
3 12 12 34 34

1 F                        + 
3 12 12 34 34 12 12 34 34 12 12 34 34

 1 F  
 
2

                      +
 3  12 12 34 34 12 12 34 34 12 12 34 34

 1 F 
 
2

  

                   +
 3  12 12 34 34 12 12 34 34 12 12 34 34

1  F 
 
2

  

                  (7.6)
 3  12 12 34 34 12 12 34 34 12 12 34 34

Na representação matricial, a Eq. (7.6) fica:

0 0 0 0  1 0 0 0 
   
0 1 1 0   1  F   0 1  1 0 
WF ´ F  2 2
   2 2
 , (7.7)
0
1 1 0   3   0  1 1 0 
0
2 2  2 2 
 0 0 0   0 0 0 1 
46

1 F 
 0 0 0 
 3 
 0  1  2F   4F  1 
0 
F F
     
WF ´   6  2  6  2
, (7.8)
 0  4F  1  F  1  2F  F
    0 
  6  2  6  2 
 1 F 
 0 0 0 
 3 

1F  1F 
 0 0 0   0 0 0 
 3   3 
 0 12F F 4F1 F 12F F 4F1 F
    0   0     0 
  6  2  6  2    6  2  6  2 
WF´WF´  . (7.9)
 0 4F1 F 12F F 4F1 F 12F F
    0   0     0 
  6  2  6  2    6  2  6  2 
 1F  1F
 0 0 0   0 0 0 
 3   3 

Passo 2: Operação de uma transformação unitária por porta lógica no estado  .


Definição: Porta lógica CNOT:

U CNOT  0 0  1  1 1  U NOT
(7.10)

1
1   z   1  1 1   z    x
2 2

A porta lógica Controlled Not (CNOT), é uma operação básica da


Computação Quântica, embora não seja universal. Pode ser usada, entre outros
motivos, para desemaranhar pares EPR. A porta CNOT atua sobre o segundo quibit
(o qubit alvo) se e somente se o primeiro qubit for 1.
Neste protocolo para destilação de emaranhamento, Alice e Bob aplicam,
bilateralmente, uma operação do tipo CNOT sobre cada um de seus pares de qubits.
Denotam-se estas operações conjuntas como UBCNOT. Assim, após esta operação
1   2  U BCNOT 1U BCNOT . (7.11)
47

Estas operações atuam condicionalmente sobre os qubits 3 e 4 (qubits


alvo), dependendo dos estados do qubits 1 e 2 (qubits fonte ou de controle).
Então:

(7.12)

A atuação da porta UBCNOT deve ser feita termo a termo. Por simplicidade
e para compreender o que acontece na atuação da transformação, toma-se o
primeiro termo da equação para 1 e aplica-se a transformação, assim fica claro o
que acontece com os outros termos. Então, tomando o primeiro termo da Eq. (7.6), e
dividindo por F 2 para simplificar

11    12 12
   34 34
 , (7.13)

onde o índice 1 acima de 1 refere-se a ser o primeiro termo da equação. Sabendo


que

i 01  i 10
 12
  
12 12
 
1
2
 
01 12 12 01  10 12 12 10 01 12 12 10  10 12 12 01 (7.14)
2
i 01  i 10
 34
  
34 34
 
1
2
 
01 34 34 01  10 34 34 10 01 34 34 10  10 34 34 01 (7.15)
2

e expandindo a Eq. (7.13), fica

11 
1
 0101 0101  0110 0110  0101 0110  0110 0101 
4


1
 1001 1001  1010 1010  1001 1010  1010 1001  0101 1001 
4


1
 0110 1010  0101 1010  0110 1001  1001 0101  1010 0110 
4
48


1
 1001 0110  1010 0101  , (7.16)
4

Fazendo então U BCNOT 11U BCNOT ,

11 
1
 0101 0101  0110 0110  0101 0110  0110 0101 
4


1
 1001 1001  1010 1010  1001 1010  1010 1001  0101 1001 
4


1
 0110 1010  0101 1010  0110 1001  1001 0101  1010 0110 
4


1
 1001 0110  1010 0101  , (7.17)
4

Analisando a equação acima, é direto ver que neste elemento de matriz o


estado do qubit fonte (   ) permaneceu inalterado, assim como o qubit alvo. Este
12

processo deve ser repetido para todos os termos de 1 , onde analisando a saída do
sistema após a aplicação de UBCNOT em cada termo, pode-se ver a qual estado foi
levado o sistema.
A expressão completa para  2 é:

2  F2  1212
   34 34
 
F1 F 
3
  1212
   34 34
   1212
    34 34
 


F 1  F  
3
  12 12
   
34 34
   
12 12
  
34 34
   
12 12
 
34 34
 

F1  F 

1  F  
 
2

                   
3 12 12 34 34
 3  12 12 34 34 12 12 34 34

 1 F  
 
2

                 


 3  12 12 34 34 12 12 34 34 12 12 34 34
49

1 F 
 
2

                   


 3  12 12 34 34 12 12 34 34 12 12 34 34

1F  
 
2

  1212    3434  .
  
 (7.18)
 3 

Passo 3: Alice e Bob medem seus qubits alvo e imediatamente compartilham seus
resultados através de comunicação clássica. Se os resultados obtidos entre as duas
medidas concordarem, cada um manterá seu qubit fonte, em caso contrário estes
serão descartados.
O estado fonte  s ´ (o índice s refere-se ao qubit fonte no inglês, source)

obtido após a operação é uma combinação de projeções de Bell com

1
9
F2 
1 F 2  
. F´ (7.19)
F  F 1  F   1  F 
2 2 5 2

3 9

Passo 4: Unilateralmente, Alice aplica Y em seu qubit fonte com intenção de


converter  s ´ em um estado  s de fidelidade F´ (relativo a   ).

Passo 5: O estado  s obtido após a aplicação de Y não é um estado de Werner,

mas existe um processo, que é conhecido por operação aleatória bilateral [24] que o
transforma de volta em tal estado, preservando a fidelidade F´ , que é maior que F, o
que garante maior grau de emaranhamento ao sistema.

Após efetuados os passos do protocolo, um número N de estados de


Werner de fidelidade F é levado a uma amostra de estados de Werner com

fidelidade F´ F  1 . Fazendo novamente os passos sobre o sistema de saída,


2
obtém-se um outro estado de Werner com maior grau de emaranhamento, ou seja,
as repetições garantirão que haja mais estados singletos sendo formados, o que
leva a um maior fator de concentração do emaranhamento.
50

8 TELETRANSPORTE DE PARTÍCULAS QUÂNTICAS

Já estudamos como obter estados maximamente emaranhados. Agora,


veremos uma aplicação importante de todo o trabalho, que é o teletransporte [14].
MESs são necessários porque garantem que a fidelidade de teletransporte seja
100%, ou seja, temos maior probabilidade de que o estado final em uma das partes
seja idêntico ao inicial na outra parte. Verificaremos um breve exemplo de
teletransporte.
Considere o seguinte estado de Bell

1 AB

1
 0 A1B  1A0B . (8.1)
2

Considere agora a Eq. (3.5), que define a Entropia Linear,


Se for possível cirar o estado geral
 ab
  01 ab   10 ab
, (8.2)

o operador densidade  deste estado é:


      01 ab   10 ab
 
01 ab    10 ab

 01 01    01 10   10 10    10 01 .
2 2
(8.3)

Como Tra (  )   (bred )  a 0  0 a  a 1  1 a .

Neste caso, é fácil ver que

Tra (  )   (bred )     0 0     1 1 (8.4)

Com esses elementos de matriz pode se construir, se os coeficientes forem


reais, a matriz reduzida em B
51

   0   ( ) 2 0 
Tra (  )     (Tra  ) 2    (8.5)
 0     0 ( ) 2  2 x 2

A dimensão é d=2, e então

 
Sl  2 1  2( ) 2  (8.6)

Para que o estado seja maximamente emaranhado, a Entropia Linear deve


ser igual a um. Então,

1  2    2          .


2 1 2 1 2 1 1
(8.7)
2 2 4 2

1 1
Se        , assim, fica provado que o estado da Eq. (8.1) é
2 2
maximamente emaranhado.
Suponha agora que Alice, em seu laboratório, prepara um qubit no estado

2 
a0 
b1  . (8.8)

O estado combinado é

 AB
 2 
 1 AB

1
01 AB
a 0 
b1   1
10 AB
a 0 
b1  
2 2


1

a 001 AB  a 010 AB
 b 101 AB  b 110 AB
. (8.9)
2

Aplicando uma CNOT sobre o estado (8.9), onde o qubit de controle é  e


A é o qubit alvo
52

CNOT  AB

1
a 001 AB  a 010 AB
 b 111 AB  b 100 AB
, (8.10)
2

e aplicando também a porta Hadamard, definida por

1  1 1
H  1 1  H 0 
1
 0  1  , H 1  1  0  1 , (8.11)
2  2 2

chega-se ao seguinte estado

H .CNOT  AB

1
2
 
00 A a 1 B  b 0 B
  10 a 1
A B
b 0 B
 
1
2

[ 01 A  a 0 B
b 1 B

 11 A a 0 B
b 1 B
] (8.12)

Repare que as partículas A estão no laboratório de Alice, enquanto que B com


Bob, que possui uma forma parecida com a do qubit preparado por Alice no início.
Quando Alice faz uma medida sobre seus qubits, esta comunica-se classicamente
com Bob de forma que este verifica seu estado correspondente e aplica uma
operação adequada sobre seu qubit, obtendo um estado igual ao do qubit  . Assim,
o estado inicial da partícula  que inicialmente estava com Alice, agora foi
teletransportado para Bob.
53

9 CONCLUSÃO

Estados quânticos maximamente emaranhados são necessários para o


trabalho com diversos tipos de protocolos de comunicação quântica. O Capitulo 8
mostra bem essa necessidade, já que para o teletransporte utilizou-se MÊS no qual
Alice e Bob partilhavam um estado de Bell. Com este estado, através de operações
locais pode-se enviar um qubit de Alice para Bob. Assim, considerando não apenas
esta aplicação mas muitas outras (as quais não puderam ser descritas neste
trabalho), fica claro que o estudo de protocolos de concentração de emaranhamento
é altamente importante, já que os estados obtidos em laboratório nem sempre são
maximamente emaranhados. Se é possível obter tais estados a partir de estados
parcialmente emaranhados, à medida que se otimiza o processo e se torna mais
eficiente, é quase incontestável sua aplicabilidade.
54

REFERÊNCIAS

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