DECTICOS
Tm como funo estabelecer a articulao entre o acto de fala e o contexto em que se produz. Decticos pessoais podem ser: Pronomes pessoais (implcitos, muitas vezes, na flexo verbal) (eu, tu, me, lhe) Pronomes demonstrativos (este, isto, aquilo, aquela) Pronomes possessivos (meu, tua, sua, nossa, vosso) Vocativos (Antnio, fecha a porta!)
Decticos temporais podem ser: Advrbios de tempo (agora, logo, depois) Tempos verbais (corri, corro, correrei) Preposies (aps, sob, sobre, para)
Decticos espaciais podem ser: Advrbios de lugar (aqui, l, acol) Pronomes demonstrativos (este, aquele, esse...)
1.
L o seguinte texto. Lembro essas manhs e o brilho fresco da gua pelas noites sufocantes de Julho, e o frmito
da terra na hora do recomeo. Meu pai, quando parti, disse-me: -Volta. Minha me olhava-me em silncio, dorida, e todavia serena como se detivesse o fio do meu destino, ou soubesse, da sua carne, que tudo estava certo como a vida: o nascer, o partir, o morrer. -Volta -repetiu ainda o meu pai. Eis que volto, enfim, nesta tarde de Inverno, e o ciclo se fechou. Abro as portas da casa deserta, abro as janelas e a varanda. (...) Pensei, sofri, lutei. Mas de tudo o que aconteceu como se nada me tivesse acontecido. Algum me incumbiu do que fiz, muito antes de eu nascer, quando outros homens, outra gente, acabavam a tarefa que eu havia de comear. Essa tarefa deixo-a aos que vierem depois. Verglio Ferreira,"A Carta", in Contos
1.1.
1.2.
Refere casos em que uma s palavra exprime simultaneamente referncias diversas (ex.: volto dectico pessoal, temporal e espacial).
Sofia Amundsen regressava da escola. Percorrera com Jorunn o primeiro troo do caminho. Tinham conversado sobre robs. Para Jorunn, o crebro humano era um computador complexo. Sofia no estava de acordo. Um homem deveria ser algo mais do que uma mquina. No supermercado, despediram-se. Sofia morava no extremo de um extenso bairro de vivendas e o caminho que tinha de percorrer para a escola era quase o dobro do de Jorunn. A sua casa parecia ficar no fim do mundo, porque atrs do jardim j no havia casas, apenas floresta. Meteu para Kveveien. No fim da rua, havia uma curva estreita, a que chamavam a "Curva do Capito", e onde quase s ao fim-de-semana se viam pessoas. Era o comeo de Maio. Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia