Fernando Pessoa,
Os Descobrimentos
eo
Sebastianismo
Capítulo I
2
Eu, Dr. Emeritus Ebicus considero que a expansão Portuguesa foi uma
época magnífica pois foi altura em que Portugal se expandiu, ficando assim,
reconhecido Internacionalmente.
Foi com a conquista de Ceuta (impulsionada pelo João I e Infante D.
Henrique) em 1415, que os célebres Descobrimentos se iniciaram. Estes foram
uma grande contribuição para o desenvolvimento Português.
Portugal estando bastante facilitado devido á sua situação geográfica, á
prática de actividades piscatórias e ao elevado conhecimento técnico e científico
de navegação, com o objectivo de alargar o território, ter acesso directo ao
mercado de certas matérias-primas, expandir a fé cristã e melhorar a qualidade
de vida iniciou a sua exploração geografico-marítima com a descoberta das ilhas
atlânticas. A Madeira (re)descoberta entre 1419 e 1420 e o arquipélago dos
Açores em 1427, por navegadores enviados pelo Infante D. Henrique. A
exploração económica das ilhas foi dirigida para a agricultura e a pecuária.
Em simultâneo, com a passagem do cabo Bojador por Gil Eanes em 1434,
as descobertas prosseguiram para o Norte de África (onde se encontravam os
mouros) chegando assim ao Rio do Ouro, a Arguim, às ilhas de Cabo Verde e á
Serra Leoa entre 1436 e 1460.
Com o reinado de D.Afonso V, Portugal ainda na costa africana,
conquistou Alcácer Ceguer, Arzila e Tânger (de 1458 a 1471) graças a Fernão
Gomes que, tempo mais tarde passou a ter o direito ao comércio naquela costa,
explorando assim o golfo da guiné até ao cabo de Santa Catarina, estabelecendo
uma fortaleza em S.Jorge da Mina. Os portugueses com a exploração africana,
desenvolveram o comércio de ouro, do marfim, das especiarias africanas
(malagueta) possibilitando a expansão da língua portuguesa.
D. João II, com o objectivo de chegar á Índia através do Atlântico Sul
recuperou o monopólio comercial. Em 1482, Diogo Cão atingiu a foz do rio
Zaire e cinco anos mais tarde, Bartolomeu Dias dobrou o cabo das Tormentas,
mais tarde denominado de cabo da Boa Esperança por este, ter constituido a
abertura do caminho para a Índia pelo Oceano Índico, tendo sido assim mais
uma vitória portuguesa. 5
O que é o Sebastianismo?
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
O Mostrengo
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo,
«El-Rei D. João Segundo!»
IV - O Mostrengo
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse, «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo,
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse,
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes,
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Segunda Parte | Possessio Maris
Fernando Pessoa – Mensagem
Mostrengo vem de Monstro (o Adamastor); e classifica uma pessoa mal
feita de corpo, um estafermo, uma pessoa vadia/ inútil. 12
Horizonte
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
‘Splendia sobre as naus da iniciação.
Porém com o início dos descobrimentos, "abria em flor o Longe". O longe que
nos sugere as grandes esperanças dos portugueses de tentar alcançar os seus
objectivos, onde o horizonte importante de ser desvendado e de ser atingido. O
facto desta palavra estar em letra maiúscula talvez reforce o seu significado,
longe, longínquo, mas, contudo e por fim se abre em flor. Mais uma vez, este
longe, que se abre em flor, na nossa opinião dá-nos a ideia de todas as
conquistas realizadas pelos portugueses. A referência do poema às naus
portuguesas reforça, evidentemente a época dos descobrimentos, pois tais
embarcações foram utilizadas pelos portugueses para desvendar grande parte das
terras desconhecidas.
Na segunda estrofe predomina um pouco a descrição pois existem
sucessivas aproximações de um plano mais afastado (linha abstracta da longínqua
costa) para planos mais próximos (erguer da encosta e descoberta de sons e
cores).
Na última estrofe talvez exista uma associação do horizonte ao sonho pois
o sonho é conseguir captar o horizonte (formas invisíveis e longínquas), que com
a ajuda da vontade e da esperança essas tornam-se objectos concretos.
Nos versos 16 e 17, consideramos que ocorre uma passagem de algo
abstracto para concreto com a revelação do mistério, pois o abstracto é algo
misterioso e incerto que irão descobrir e o concreto poderá ser a descoberta ou,
especificamente, o que se descobriu.
Os recursos de estilo presentes no poema são a enumeração e descrição.
A opinião do nosso grupo altera-se. Na nossa opinião o poema é
interessante pois permite várias interpretações, no entanto é um pouco confuso,
dificultando a sua interpretação. Com base na análise do poema pensamos que
Fernando Pessoa mostra muito orgulho em Portugal dos descobrimentos, pois
foi uma das etapas da história mais importantes e enriquecedoras para Portugal e
para os portugueses. Pois Pessoa demonstra neste poema bastante respeito e
admiração. Este poema também demonstra o empenho e a vontade dos
navegadores portugueses, pois se não fossem eles o Império português seria
muito mais reduzido e consideramos também que a época dos portugueses,
como já mencionamos foi muito enriquecedora, pois os portugueses conheceram
novas culturas, novas matérias-primas, novas línguas e muito mais! Também 15