ESTADO DE MINAS - SEGUNDA-FEIRA, 9 DE FEVEREIRO DE 2004
GERAIS
❚ TRAGÉDIA
MOTORISTA MORRE APÓS SER JOGADO FORA DE CARAVAN, QUE BATEU EM GOL E PEGOU FOGO,
NA MG-050, PERTO DE ITAÚNA, CENTRO-OESTE DO ESTADO. SEIS VÍTIMAS SÃO CARBONIZADAS
Carros batem de frente Nova linha de trem
e matam sete pessoas apavora moradores
ANA PAULA FRANCO
Sete pessoas morreram
em acidente no início da tar-
de de ontem, no km 93 da
MG-050, perto do trevo de
Itaúna, a 80 quilômetros da
capital, no Centro-Oeste do
Estado. O Gol, placa GTQ
2790, de Contagem, onde es-
tavam quatro pessoas, bateu
de frente na Caravan, placa
GOR 0700, de Belo Horizon-
te, com três ocupantes, in-
FOGO
Polícia Rodoviária Estadual não sabe as causas da batida dos veículos, que explodiram. Um deles teria rodado na pista molhada
Mais três mortos nas estradas
Quatro acidentes graves fo-
ram registrados pela polícia
rodoviária na estradas minei-
ras ontem. Além do de Itaúna,
ocorreu uma batida no km
420 da BR-381, próximo a fá-
brica da Cotochés, envolvendo
o Palio Weekend, placa GWB
7837, a caminhonete Ford,
placa GKO 8006, e o ônibus
Scania, placa MSR 1010, por
volta das 12h30. O Palio rodou
na pista molhada, invadiu a
contramão, e bateu no ônibus
e na caminhonete.
O motorista do Palio,
Amauri de Souza, de 43 anos,
e os seus filhos Artur da Silva,
de 3, e Eduardo da Silva, de 1,
foram levados para o Hospital
❚ TIROS
Domingo tem um homicídio a cada três horas
Minas Gerais registrou das
21h de sexta-feira às 21h de
ontem, 19 assassinatos, a
maior parte deles na Região
Metropolitana de Belo Hori-
zonte. Somente no domingo,
foram sete homicídios, em
bairros da capital, Ibirité, Be-
tim e Contagem. O mais vio-
lento foi no bairro Dom Bos-
co, em Betim, onde um ho-
mem não identificado foi en-
contrado, na rua Campestre,
cluindo uma criança. Nenhu-
ma sobreviveu.
Outro grave acidente ocor-
reu no km 420 da BR-381, en-
volvendo um Palio, uma cami-
nhonete e um ônibus, por vol-
ta das 12h30. Uma mulher e
uma criança, que estavam no
primeiro veículo, morreram.
A Polícia Rodoviária Esta-
dual não soube informar a
causa do acidente em Itaúna,
mas revelou que seis pessoas
morreram carbonizadas, ex-
de Pronto-Socorro João XXIII.
Marse Luciana da Silva, de 31,
mulher de Amauri, morreu na
hora, e Eduardo, no HPS;
Amauri e Artur estão em co-
ma. O condutor da caminho-
nete teve cortes leves e o mo-
torista e os passageiros do
ônibus nada sofreram. A chu-
va e a imprudência dos moto-
ristas, aliadas às precárias
condições das estradas, são
apontadas como as principais
causas das tragédias pela polí-
cia rodoviária.
Outros dois acidentes gra-
ves foram registrados no Anel
Rodoviário. Pela manhã, o
motorista Wellington Santos
Rodrigues perdeu o controle
na altura do número 250,
com várias mutilações pelo
corpo. A polícia ainda não
tem pistas dos criminosos. Na
Pedreira Prado Lopes, Odair
Jesus, de 20 anos, recebeu
vários tiros à queima roupa,
foi socorrido no Hospital Odi-
lon Behrens, mas não resistiu
aos ferimentos.
No bairro Imbiruçu, em Be-
tim, Francisco Antônio da Sil-
va, de 32, foi alvejado com vá-
ceto o motorista da Caravan,
Wellington Antunes Maia, de
34 anos, que foi jogado fora
do carro.
Os policiais não encontra-
ram testemunhas da tragé-
dia, mas acreditam que um
dos carros tenha rodado na
pista porque chovia na hora.
Quando os bombeiros chega-
ram, os dois veículos estavam
em chamas.
Segundo a prima do moto-
rista do Caravan, Jéssica Ta-
de seu Tipo azul, atravessou
um canteiro e bateu na trasei-
ra do caminhão baú, placa
GHA 8372, de Itaúna, que es-
tava parado no posto de gaso-
lina no km 27, próximo ao
bairro Maria Goreti, Nordeste
de BH. Wellington e outros
dois passageiros do Tipo fo-
ram levados às pressas para o
HPS João XXIII, todos com
traumas no rosto e escoria-
ções. A outra passageira, Jor-
dana Mirim Diniz Caetano, de
20, morreu na hora. O carro
ficou completamente destruí-
do e o caminhão, dirigido por
Cristiano Luiz Santos, que
dormia na cabine, teve a tra-
seira amassada.
rios tiros pelo corpo. Ele ain-
da foi socorrido na Unidade de
Atendimento Integrado (UAI)
do bairro Jardim Teresópolis,
mas morreu. No bairro São
Pedro, na região Centro-Sul de
Belo Horizonte, um homem
sem identificação foi alvo de
tiros e encontrado morto por
militares do 22º Batalhão na
rua São Tomaz de Aquino.
Dois assassinatos aconte-
ceram fora da RMBH, de
OBITUÁRIO
■ ADEMIR MADUREIRA
DOS SANTOS
Natural de Belo Horizonte, solteiro,
39 anos, filho de Vicente Honorato
da Silva e Ilídia Batista da Silva
■ FRANCISCA BARBOSA RIBEIRO
Natural de Belo Horizonte, faleceu
aos 80 anos. Deixou os filhos Cleusa
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vares, Wellington seguia pa-
ra Divinópolis, município
próximo ao local do acidente,
acompanhado da namorada,
Edilene Helena da Silva, e do
filho dela, Otávio Emílio, de
8, para buscar a mãe dele,
que foi visitar parentes na ci-
dade. Os quatro ocupantes do
Gol não haviam sido identifi-
cados até ontem à noite. Os
sete corpos foram encami-
nhados para o necrotério de
uma funerária em Itaúna.
TV ALTEROSA/REPRODUÇÃO
O passeio dos seis ocupan-
tes de um Fiat 147, que se-
guia pela LMG 806, em Ribei-
rão das Neves, na Grande BH,
também terminou em tragé-
dia. O carro caiu num penhas-
co no km 18, e o motorista e
cinco passageiros ficaram
gravemente feridos. As seis
vítimas foram levadas para os
hospitais Odilon Bherens,
HPS Venda Nova e HPS em
BH, com traumatismos e fra-
turas. E, no Anel Rodoviário,
próximo ao shopping Del Rey,
uma moto deslizou na pista
molhada. Dois homens tive-
ram fratura exposta na perna
e precisaram ser socorridos
pelo resgate.
acordo com a Polícia Militar.
Em Lambari, a 345 quilôme-
tros de Belo Horizonte, Geral-
do Luiz Borges, de 43 anos,
matou a golpes de facão Ales-
sandro de Paula, de 29, na
noite de sexta-feira. Em Itaú-
na, a 85 quilômetros da capi-
tal, um homem desconhecido
entrou atirando na Boate Oá-
sis, na MG 50, na manhã de
ontem, e matou Neide Apare-
cida Teixeira, de 35.
Raimunda, Ivair Raimundo e Ângela
Maria
■ CONCEIÇÃO APARECIDA
MACHADO VIANA
Faleceu aos 77 anos, em Vespasiano.
Natural de Santana de Cataguases,
interior de Minas. Deixou os filhos
João, Antônio, Daniel, Judite e Jane
❚ SUSTO
ACIDENTE, NO SÁBADO, OCORREU EM TRECHO
RECÉM-INAUGURADO EM ÁREA RESIDENCIAL
Moradores que vivem à beira
dos trilhos onde passam os trens
da Ferrovia Centro Atlântica
(FCA), divisa entre os bairros Na-
ções Unidas e General Carneiro,
em Sabará, estão apavorados. Na
noite de sábado, dois trens da
companhia que seguiam em sen-
tidos opostos se esbarraram na
porta de três casas e, por pouco,
não tombaram sobre as constru-
ções. Os moradores reclamam
que a companhia responsável pe-
la linha colocou em funciona-
mento há menos de duas sema-
nas novos trilhos, desrespeitan-
do a distância mínima de 15 me-
tros de casas e construções, colo-
cando em risco a segurança das
pessoas que moram no trecho
onde aconteceu o acidente.
“A sorte é que os vagões es-
tavam vazios e não seguiam nu-
ma velocidade alta, apenas tom-
baram. Mas o barulho foi gran-
de e o susto enorme”, conta a
dona de casa Helena Fonseca
Martins, de 53 anos, que mora a
dez metros do novo trecho da li-
nha. A FCA, que carrega um
triste histórico de acidentes,
com direito a desastres ambien-
tais e multas milionárias aplica-
das pelo Ibama, classifica as ca-
sas que invadiram sua área de
domínio como “um problema de
planejamento urbano”, de acor-
BATIDA
Acidente envolveu dois trens que seguiam em direção contrária
Ferrovia promete estudo
para remoção das famílias
A Ferrovia Centro Atlântica
condiciona a retirada das três fa-
mílias que vivem à beira dos tri-
lhos no bairro Nações Unidas,
em Sabará, à aprovação de um
estudo, que já está sendo anali-
sado pela Rede Ferroviária Fede-
ral e pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT).
O projeto prevê a construção de
uma variante férrea e, se aprova-
do, vai indenizar as famílias que
deverão ser transferidas com a
ajuda da prefeitura de Sabará,
de acordo com a assessoria de
imprensa da FCA.
“Diretores da ferrovia pro-
meteram um projeto grande,
com direito a viaduto e passare-
la, e disseram que essas famílias
seriam retiradas quando as
obras começarem, mas não fa-
laram quando isso vai aconte-
cer”, observa José Roberto Fer-
nandes, representante da pre-
feitura de Sabará. Enquanto is-
so, as famílias vão precisar con-
viver com o barulho e o perigo,
MEDO
Ana Maria aponta a casa onde mora, a menos de seis metros da linha
do com a assessoria de imprensa.
“Além do perigo de uma tra-
gédia súbita, há também o risco
de comprometimento da estru-
tura das casas”, observa o dire-
tor de assuntos municipais da
prefeitura de Sabará, José Ro-
berto Fernandes, que já entrou
em contato com a FCA e espera
uma posição da empresa para
indenizar e retirar as três famí-
lias da Rua Lambari, onde pas-
sam os trens.
“Técnicos da empreiteira con-
tratada vieram aqui, fizeram a
medição e constataram que esta-
mos em área de risco. Mas a em-
presa não fala em indenização”,
reclama Ana Maria Calixto, de
59, lembrando que nos mesmos
trilhos onde são transportados
derivados de petróleo, fertilizan-
tes, produtos químicos, minérios
também viajam as pessoas que
usam o trem que liga Vitória (ES)
a Minas Gerais. “Dessa vez o er-
ro aconteceu com vagão vazio,
mas poderia estar lotado de gen-
te”, protesta, sem esconder a in-
dignação com a FCA que prome-
teu fazer um muro de arrimo na
sua casa, distante seis metros dos
trilhos, mas apenas improvisou
uma escora com dormentes. “Fi-
zeram uma gambiarra e ficam
cozinhando as promessas em ba-
nho-maria”, reclama.
MARCOS VIEIRA
cada vez mais ameaçadores.
“Eles mexem nos trilhos, nos
dormentes, nos muros, mas se
esquecem das pessoas”, protes-
ta Fábio Martins, que mora em
frente ao perigo.
Por meio da assessoria de im-
prensa, a FCA frisa que no ano
passado indenizou e retirou cer-
ca de 20 famílias que viviam no
alto do morro da Vila Rossi, em
General Carneiro. No local, foi
construído um muro de conten-
ção. A empresa diz ainda que já
concluiu a pavimentação da rua
Januária e a construção do trevo
de acesso à rodovia 262, inaugu-
rada em no final de janeiro. E
anuncia ainda um novo viaduto
sobre a rodovia. Em nota oficial,
a empresa diz apenas que, pos-
teriormente à construção do via-
duto, vai erguer um ponto de
ônibus e uma passarela para
atender as famílias que moram
perto da área de domínio da fer-
rovia, sem precisar a data da
conclusão dessas obras.
MARIA TEREZA CORREIA