Disciplina: Português
Professora: Elisabete Miguel
Toya Nereide Vicente Coelho
Ano: 10º
Turma: F
Número: 26
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Toya Nereide Vicente Coelho
Conto Rosita, livro “Na berma de nenhuma estrada e outros contos” de Mia Couto
Introdução
A minha leitura
Tive de ler o conto várias vezes pois não percebi logo à primeira o que me estava a
ser transmitido, no entanto, as releituras nunca foram penosas porque à medida que
ia entendendo as imagens, as metáforas, a riqueza linguística, o meu interesse e
prazer foram crescendo. Gostei muito do conto “Rosita” gostei sim, pois este conto
transmitiu-me uma história e em simultâneo uma grande realidade. E é pelo facto de
Mia Couto transmitir essa realidade, penso eu, que torna o conto especial, porque ao
longo da leitura a minha mente já caía na tentação de querer também entrar na
história, sentir o que o narrador estava a sentir. A cada palavra, a cada frase, crescia-
me uma enorme vontade de querer saber mais e mais, sem temer arriscar, por
segundos, parava e cismava no tamanho interesse que crescia sem receio, no meu
desejo incomparável de ir pela história dentro, como se nada me detivesse, logo,
logo, continuava a leitura, dominada pelo toque essencial, único, especial da
narração.
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Conto Rosita, livro “Na berma de nenhuma estrada e outros contos” de Mia Couto
“Mas quando regressei a Chokwé, lá estava ele me esperando. Fiel, no lugar onde nos
separáramos.”
“E foi num repente: o céu ganhou cor de terra, lembrando cuspes do diabo. As
nuvens pesavam como se feitas de lama. Em tais densidades, o céu deixava de ser
morado por aves.”
“E pensei na vizinha Sofia Pedro. Ela estava grávida, bem no final do prazo”
“A morte é outro rio: de uma vez em quando, ela salta a margem e nos inunda com
tamanho de um oceano.”
“O anjo era, afinal, um soldado sul-africano que me abria os braços, suspenso numa
corda. A nuvem era um helicóptero que ventoinhava em cima do armazém onde nos
abrigávamos.”
“Mas eu não podia deixar ali o meu velho boi, minha única riqueza.”
“E eu, já em desespero: você não vai, eu também não vou. Prontos, morremos os
dois, um sem o outro.”
“Mas os outros, salvados como eu, se espantaram. Não havia nenhum boi junto de
mim.”
“Sim, nesse destino havia terra. De novo, o infinito território da vida. E Rosita já
nascia em mim.”
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Conto Rosita, livro “Na berma de nenhuma estrada e outros contos” de Mia Couto
Não há uma razão específica para esta ilustração, há diferentes razões. Quis ilustrar
não tudo mas algumas das visões/ acções da personagem principal, o que o
protagonista viu, passou, sofreu. Ao centro, em grande plano, estão Sofia Pedro e
Rosita; por detrás há as tristezas, o sufoco, as perdas, as lágrimas , com a imagem
maior, central, de mãe e filha, quis representar exactamente o contrário, a felicidade,
a coragem, a força, a alegria, os sorrisos, numa mensagem de futuro, de esperança.
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Conto Rosita, livro “Na berma de nenhuma estrada e outros contos” de Mia Couto
Categorias da narrativa
O protagonista do conto tem um papel importante porque é ele que conta a história e
por sua vez participa em todas acções narradas; o papel do Makalatani, penso eu que
seja para poder mostrar os efeitos secundários daquela água contaminada; o do
soldado sul-africano, digo que tenha sido para poder mostrar que seja lá o que for e
no que for devemos sempre ter esperança; o de Sofia Pedro e de sua filha Rosita
presumo que seja um papel bastante importante porque põe-nos diante de uma
realidade, o sofrimento que passou naqueles 5 dias, estando grávida sem qualquer
forma de matar a sede e a fome e, mesmo estando no topo de uma árvore, ainda
conseguiu arranjar forças para dar à luz uma criança; e, por fim, os dos outros que
foram salvos, julgo que seja apenas para dar um pequeno toque no final, assim como
por exemplo quando afirmaram que não havia nenhum “boi” ao lado do protagonista.
As caracterizações das personagens, tanto físicas, como psicológicas ou sociais são
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Conto Rosita, livro “Na berma de nenhuma estrada e outros contos” de Mia Couto
Desfecho do conto
O final não era o que esperava, na verdade nem me atrevi a esperar, fui
surpreendida sim, mas, penso eu, todo o leitor ficará surpreendido. Primeiro,
descobrir quem é o seu velho companheiro, depois saber que o seu guloso boi, sua
única riqueza, Makalatani, era um delírio, não me passou pela cabeça em instante
algum; para maior surpresa não supunha que a vizinha, Sofia Pedro, tivesse
sobrevivido, ainda para mais nas condições em que se encontrava, não imaginava que
uma mulher, na barriga uma criança prestes a nascer a qualquer momento,
conseguisse fugir daquelas águas furiosas, que pudesse sobreviver àqueles 5 dias em
apertos, sem água nem alimento, que suportasse as dores do parto no topo de uma
árvore, e que tudo vencesse e acabasse a amamentar a filhita a bordo de um anjo
branco que, em boa hora, descera de uma nuvem.
Concluo este meu trabalho, deixando bem expresso que gostei muito do conto e que
apreciei muito o final, foi um “ponto” cativante, acrescentou-lhe suavidade, alegria, e
esperança.
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Anexos
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Conclusão
Na capa deste trabalho, tem como imagem de fundo um rio, mas este não é um
rio qualquer, não é um simples rio, é o rio Limpopo, responsável pela cheia que se
deu em Chokwé, Moçambique, a 1 de Março de 2000. Mia Couto escreve esta história
baseando-se nos depoimentos que o próprio recolheu durante as cheias.
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Puisque je l’affirme
Un coeur généreux
Bibliografia sumária:
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Conto Rosita, livro “Na berma de nenhuma estrada e outros contos” de Mia Couto
Índice
Introdução
Categorias da narrativa
Desfecho do conto
Conclusão
Anexos
Bibliografia sumária
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