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A PARABOLA DO SAMARITANO - Lc 10, 25-37

Leitura do texto

INTRODUÇÃO

Assistimos aqui a um drama em três actos: partindo de uma situação inicial de carência, caos e vazio,
contemplaremos a acção criadora do Senhor sobre as personagens e veremos a sua transfiguração no final da
narração.
Vamos realizar uma análise das personagens (não só o Escriba, e Jesus, mas também as secundárias,
como o homem assaltado pêlos bandidos; o sacerdote e o levita; o estalajadeiro), suas atitudes e posições
perante o ponto central – o homem ferido – ao longo da narração, de forma a compreender como encontrar a
“vida eterna”, tal como o Samaritano, quando se deixou modelar à “imagem e semelhança” de Deus, segundo
nos propõe Jesus. No texto, este encontro, esta aprendizagem final e tomada de posição fica em aberto. Faz
com que nos sintamos reflectidos, com a nossa liberdade de escolha perante o convite que nos é feito por
Jesus: “Vai e faz tu também o mesmo”.
Não nos coloquemos em posição de meros espectadores diante de nenhuma destas personagens.
Olhemos para eles como se fossem nossos contemporâneos. A sua história, os seus comportamentos e as suas
reacções podem ser os nossos. Tentemos acolher esta boa notícia que nos foi dada por Jesus deixando-nos
modelar, pelas mãos criadoras daquele que realizou neles a sua obra de transfiguração.

1. SITUAÇÃO INICIAL: O VAZIO


«No princípio» era o nada

A narração Começa numa situação de caos, carência e vazio. As personagens aparecem inicialmente
caracterizadas pelo não-saber e pelo não-poder. Vejamos:
- O Escriba, não sabe como aceder à «vida eterna», falta-lhe alguma coisa de que anda à procura:
sentir-se «justificado». Esta falta de vida faz com que participe na situação do homem ferido, “meio morto”;
- Jesus, encontra-se numa situação de necessidade e de vulnerabilidade, aparece em desvantagem,
pois diante dele está um perito da Lei que «se levantou» com a intenção «de o experimentar». Jesus parte do
nada para confrontar a argumentação de um doutor da Lei;
- Deus, na parábola não se nomeia nem se lhe faz nenhuma referência, constatando-se uma presença
de «grau zero». Também este facto retrata uma situação de carência;
- O samaritano, homem que socorre o ferido. É caracterizado pela dissidência, fama duvidosa,
objecto de suspeição, na época. No início não tem nome, é apenas um samaritano e no final é tido como
aquele que é misericordioso.

É colocada então, neste vazio, a seguinte questão: “Quem é o meu próximo?”


Jesus, que foi experimentado, tem a coragem de responder, através da parábola.
A parábola torna-se polémica pela insólita perspectiva que adopta: no centro há um homem meio-
morto e todas as personagens encontram um lugar a partir dele. Ou seja, Jesus, para responder à questão,
não parte do alto, das discussões teóricas sobre a identidade do próximo. Parte de baixo, da situação concreta
de carência em que se encontra o homem ferido, gerando um efeito surpresa: põe em discussão valores,
juízos, costumes e papéis estabelecidos e tidos como correctos.
As personagens, que parecem respeitadoras da ordem vigente e cuja posição de superioridade é
apresentada como certa, permanecem fora de toda a mudança ou transformação: o sacerdote e o levita,
convencidos de ter evitado a impureza fugindo de um provável cadáver, não encontram o benefício da
transfiguração. Permanecem em situação de vazio, de carência, cumprindo o que diz a Lei que respeitam e
pensando estar a fazer o correcto.
Das três personagens da parábola, não são o sacerdote e o levita, (que ostentam o distintivo da
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dignidade), que se comportam de modo apropriado, mas aquela que pertence ao povo dos hereges e
cismáticos, o samaritano. O viandante sequioso e indefeso em terra hostil age como o Filho de Deus que dá
água viva e se revela o verdadeiro conhecedor de como se herda a vida eterna.
Antes da nossa parábola, Lucas insere a cena em que Jesus bendiz o Pai por ter escondido certas
coisas aos sábios e inteligentes, e revelado aos pequeninos (Lc 10,21). Em coerência com esta afirmação,
será um «ignorante» samaritano quem adoptará o comportamento adequado e não um «sábio» jurista.

2. PASSAGEM: ACÇÃO DE DEUS


«[...] Então, o Senhor formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe nas narinas o sopro da vida"» (Gn
1,26; 2,7)
Nas palavras que Jesus dirige às personagens, assistimos à sua acção criadora e recriadora sobre
elas. Ele é o verdadeiro protagonista e aquele que guia, aquele que «projecta» as estratégias do encontro:
Como oleiro experiente, repete a mesma acção de Deus no Génesis: O samaritano da parábola, feito
«à imagem e semelhança» de Deus, é proposto como modelo para o Escriba: «Vai e faz-te à imagem e
semelhança daquele samaritano, porque, agora, ele é ícone do ânimo misericordioso de Deus».
Como pescador experiente, Jesus atira as redes e lança os seus anzóis para tirar o Escriba das águas
enganadoras da vulgaridade e do desejo de au-tojustificação que o submergem.
Como bom pastor que conhece as suas ovelhas. Procura fazer sair o escriba do deserto da
superficialidade e do intelectualismo, guia-o à terra do Dom: salvar a vida de quem está quase a perdê-la.
Aponta-lhe um caminho de saída: «Mas um samaritano [...], vendo-o [...], aproximou-se...».
Como mestre de sabedoria e hábil conversador, usa todos os recursos da palavra e inventa
estratégias de aproximação: pergunta, pede, dialoga, argumenta, propõe, procura convencer, conta, sugere,
afirma, avalia a situação do outro, provoca, tenta diversas tácticas relacionais.
Como amigo procura criar relações pessoais. Não julga. Não acusa. Prefere dialogar e propor. Não
responde à pergunta do Escriba, cria um «espaço vazio» entre os dois para que possa descobrir sozinho a
resposta à sua pergunta, transformando o conceito de «próximo» que o escriba tinha.
Como perfeito artista e pintor, desenha os traços do samaritano, fazendo o seu auto-retrato: na
imagem do homem que, movido à compaixão, se torna próximo do ferido, vemos reflectidos os valores, as
convicções e as preferências do próprio Jesus, a sua teologia e a sua catequese, a sua imagem do Reino, a sua
crítica profética, aquilo a que dá importância e aquilo a que não a dá, o que considera pecado, omissão ou
virtude, a sua proposta de comportamento. O samaritano transforma-se no ícone das bem-aventuranças.
Como perito de humanidade, mostra-se profundamente atento e interessado na interioridade dos
seus interlocutores: lê no coração do Escriba a sua intenção de o experimentar e, sublinha que a compaixão
foi a origem do comportamento do samaritano para com o homem ferido.
Como profeta possuído pelo fogo do Absoluto de Deus e apaixonado pela sua justiça, apresenta o
que para si é inevitável: Deus como Pai e os seres humanos como próximos.
A personagen do Escriba é chamada a uma nova criação e, diante dela, apresenta-se uma al-
ternativa de escolha: permanecer nas suas velhas convicções e conhecimentos, continuando a procurar a
justificação nas leis e nos costumes ou escolher «a vida eterna» e deixar-se arrastar pela oferta de transfor-
mação e de «transfiguração» de Jesus.

3. SITUAÇÃO FINAL: TRANSFORMAÇÃO


«Abençoando-os, Deus... (Gn 1,28) «... e o homem transformou-se num ser vivo» (Gn 2,7)
No texto, assiste-se a uma passagem de um modo de pensar e de julgar para outro, uma passagem de
determinados costumes, estruturas e convicções para outros; neste «processo pascal», assistimos a uma
«morte»: o que parecia definitivo revela-se provisório; os principais apoios e seguranças mostram a sua
incapacidade de transmitir «vida eterna» e são superados pela novidade do comportamento e das palavras de
Jesus:
• Da lei às relações humanas. A palavra da lei a que o Escriba se agarra é incapaz de lhe dar a vida
e de responder à sua pergunta. O Escriba só conhece o próximo através da erudição. Jesus convida-o a não se
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concentrar em si mesmo, mas na relação com os seus semelhantes. Para isso recorre ao nível mais elementar:
o do ser humano necessitado, comum a todos e acima de qualquer ideologia ou religião, e a quem reconhece
como próximo através do envolvimento. Assim, em contacto com pessoas reais, com comportamentos reais,
aprende que a verdadeira sabedoria consiste em mostrar-se humano.
• Do saber ao agir. O seu «saber» é estéril: O Escriba dirige-se a Jesus para progredir
conhecimento («Mestre, que devo fazer?...», «E quem é o meu próximo?»}. O que «sabe» não lhe pôde dar
«a vida eterna». Conhece bem a Lei, mas ignora quem é o próximo que deve amar. Jesus oferece-lhe um
«saber alternativo» e convida-o a deixar os seus «múltiplos saberes», não a ler, mas a olhar para as pessoas e
para os seus comportamentos reais e a fazer como o Samaritano. É fazendo e não sabendo, que se obtém a
vida. E não é no futuro, mas agora e graças à palavra de Jesus que se acede à novidade deste conhecimento.

ALGUMAS PERSONAGENS TRANSFIGURADAS


O Samaritano. Havia entrado em cena anonimamente e sido identificado unicamente pela sua
pertença étnica. Desvenda, no fim, a sua identidade: a misericórdia que nele morava fez com que ele se
comportasse como próximo de quem precisava dele para continuar a viver. E recebe de Jesus um nome novo:
«Aquele que se encheu de compaixão».
O Escriba. Exprimia o seu desejo de vida eterna em termos de posse, «herdar...». É desafiado a
mudar esse desejo através de um gesto de privação similar ao do Samaritano: “dar”.
O «próximo». Nas palavras do Escriba, era uma referência ambígua, sem rosto nem nada de
concreto e de difícil identificação. Torna-se, nas palavras de Jesus, alguém de concreto, com carne e osso.
Não pode ser definido pela sua maior ou menor proximidade em relação ao outro; agora, aparece a habitar no
coração de cada ser humano que se relaciona com outros como um tu, e se torna alguém que, de modo
desinteressado, se encarrega de outros e lhes permite que vivam.
Jesus. No início era um rabi: No fim, revela-se alguém que tem uma autoridade que lhe permite ex-
primir-se com a linguagem imperativa dos mandamentos divinos: «Vai e faz tu também o mesmo».
Deus. A sua imagem aparece transformada: não é o Deus impávido e distante que mora nos
santuários feitos por mãos humanas ou que dita leis, nem o eterno recebedor que exige homenagens,
oferendas ou sacrifícios no Templo. Através de Jesus, revela-se um Deus gerador de vida. Revela a sua
presença nas pessoas feridas que jazem nas valetas. «O culto em espírito e verdade» encontra-se ao alcance
de quem se aproximar de outro para lhe prestar ajuda. O sacerdote e o levita passaram de largo para não ficar
impuros e poder oferecer sacrifícios. O Samaritano - que estava fora do mundo sacrificial - levava no seu
íntimo a única coisa que Deus pede: a misericórdia e a compaixão (cf. Mq 6,8), o veradeiro sacrifício.

UM FINAL ABERTO
O final não é «normal» (o Escriba não obteve resposta a nível teórico...). Pelo contrário, Jesus
ofereceu-lhe um novo horizonte que representa um desafio, uma porta de saída imprevisível e surpreendente
para uma relação vivificante («Vai e faz tu também o mesmo»). A ruptura do projecto inicial (encontrar uma
resposta) é a condição para aceder a um projecto maior (fazer-se «próximo» e praticar «a misericórdia»). Os
gestos do Samaritano que tira e entrega o que lhe pertencia (azeite, vinho, dinheiro...) testemunham que é
através da perda e da doação que se ganha a vida (cf. Mc 8,35).
O Escriba é colocado diante de uma alternativa. Não sabemos se permanecerá fechado na sua prisão
da legalidade, se «passará adiante» ou se, como o Samaritano, procurará a vida eterna onde ela se
encontra: naqueles que estão privados da vida. Como no diálogo com o cego Bartimeu, Jesus perguntou-
lhe: «O que queres que faça por ti?», e ofereceu-lhe uma perspectiva e outro ponto de apoio diferente do seu
eu: a pessoa do outro.
O Escriba, cego, pensava que a noção de próximo se definia em relação a ele mesmo e procurava
saber qual era a fronteira entre os que eram o seu próximo e os que não o eram. A óptica que Jesus lhe propõe
é totalmente diferente: «Não te compete decidir quem é o teu próximo; mas deves mostrar-te próximo de
todo o ser humano que se encontra em necessidade. O centro não és tu, é o outro para quem deves
voltar-te.»
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Depois deste passeio contemplativo ao longo do texto evangélico, podemos dar um passo em frente
e perguntar a nós próprios para onde é que «nos conduzem» as suas personagens, em que direcção parece
quererem levar-nos.

Reflexão pessoal:
 Leitura e meditação do texto: Levados pela mão: do samaritano e do escriba
 Responder a algumas perguntas que são propostas na reflexão, ou então a estas que se
seguem:
• De quem podes tu hoje ser próximo?
• Que transformação Jesus te propõe hoje?

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