Anda di halaman 1dari 104
OBRAS DO AUTOR PopulacSes Mevidionais do Brasit (2 vols): I — Populagées do CentroSul (2 ed, 1900; 2 ed, 1902; 51 ed, 3959; a ed, 1988; 8° od 1952). 11 — 0 Campeador Rio-grandense (1* ed, 1952). Obra pastuma. Pequonos Estudos de Psicotogin Social Gedy, 1804; 2 ed, 1923; 3 ed, 1942). Buolnedo do Pove Brasiioiro (1% ed, 3928; 2* ed. 1923; 2 ed, 1999; “ed, 1956), Traduzide para a espanhol (Buenos Aires, 1997) © @ Japonée (Sho Paulo, 2/4) © Ocaso do Império (34 ed, 1928; 2% ed 1088). © Ideaitsmo da Constitulgto (i* ed, 1020; 2 ed, 1927; 3+ ed. 1609). Problemas de Polttion Objettva GP ed, 1990; 2 ed, 1847), Race ¢ Assimiiagto (G* ed, 1982; 2° ef, 1908; 3° ed, 1998) Problemus de Diveito Corporativo (1 ed. 1938). Problomas do Diresto Sindical (3* ed., 189). Problemas de Organteacde © Problemas de Divecdo (1% ed, 1952). Direito do Trabalho e Democracia Social (Ut ed, 1851), Institulgdes Politica Brasitciras (2 vols.): T— Fundamentos Soeiais do Estado (1 ed, 1849; 2° ed, 1855), Ik — Metodologia do Direito Pablico (1° ed, 1949; 2» ed, 1986). Introducio & Histéria Soctal dn Economia Pré-Capitalista no Bre ‘sl (1 ed., 1998). Obes péstuma. Histéria Social da Economia Capitatista no Brasil (2 vols, éatuma, no. pre. Historia da Pormugde Raciat do Brasil: T— Raca ¢ Selegdes Etnicas, Obra péstuma, no preto 11 — Raga © Selogies Teliricas. Obra péstuma, nop nsaioe (euniio de texbalhot esparsos do Autor: — opisculos, © ‘ublieagoes em Jornais e cevistas eapeciallzadas). Obra. pose tua, no prelo. NOTA — Todas as obras de Oliveira Vianna serio pablicadas pela Livraria José Olymplo Edie tora, com exclusividade, Obra * Livnatia JOSE OLYMPIO Eprrdna io de Juneiro: Teun Go Ouvidor, 110 ikvenida "Silo Poganha, 12. 6 andar ‘Sao Punto: Rew dow Gusmbes, 100-108 Belo Horizonte: Rua Sho Paul Rocjer itas Parte ateyre L. Ul. OLIVEIRA VIANNA RAGA E ASSIMILAGAO I. OS PROBLEMAS DA RACA OS PROBLEMAS DA ASSIMILACAO * 4 EDICAO * Lavearra JOS& OLYMPIO Eprrora lo de Janclre — 1889 Desta 4 ediedo de Raga ¢ Assimilagdo fo- ram tirados, fora de comércio, vinte exemplares ex papel Weaterpost, assinades por ; Marcos Almir Madeira ¢ Helio Benevides Palmier. FAD Volta 4 ob. Ez Mek 203 043 oe = Ia UR GS. F. de Filosofia iOorECA BBLS ae /E6.1959 Be : Poe eee Francisca José de O1ivema VIANNA coorvansea — 25/mm/1950) (nicosto-pena do G. Blow) * {NDICE GERAL PARTE PRIMEIRA OS PROBLEMAS DA RAGA car. I — Ragas histérieas, ragas nacionais e ragas zool gicas i II — Biotipologia e psicologia éiniea .... TIT — Ox tipos antropolégicos ¢ os problemas da bio: sociologia ae PARTE SEGUNDA OS PROBLEMAS DA ASSIMILAGAO TV — 0 melting-pot ¢ os seus métodos de anilise matematicn .0..c0ceeceee+ V — Os grupos arianos ao sul ¢ a sua tendéncia & assimilagio VI — Op axpectos antropoldgicos do melting-por bra: sileiro a0 sul . NOTAS COMPLEMENTARES 1 — © antigermanismo de Prrrano Oe eatusdos antropoléxicos em Portugal Il + Raga € psicologia diferencial JENNINGS € a selegio racial : Moxarure © a ecologia humana See Ragas © pesquisas estatisticas Gocfivientes regionais de ereseimento da popula- o brasileira. mW - IV — Pesquisas sabre pricologia étnica no Brasil Os tipos antropolégieas brasileiros e o problema da sua classificagio . at 4-0 problema do valor mental do negro . n 26 2 BL 7 42 151 155 162 167 im 175, ist 195 f t & i | t eee A MARGEM DA 2.° EDIGAO Teve éste livro uma acothida benévola por parte da critica ¢ do piblico, Houve um certo movimento de inte- résse om tino dos temas néle agitados. Em alguns contros de cultura médica, varios dos seus pontos de vista foram dis- eutidos. Quando mais néo fosse, pelo menos parece ter tido 0 mérito de chamar @ atengio dos homens de cifncia ¢ dos estudiosos das questées sociais para os problemas da raca, até entdéo inteiramente descuidados ou postos & margem. Nao tive, alids, outro intuito — e isto mesmo conjessei nv pequeno preficio que eserevi, para a primeira edigéo. Por isto mes- mo 6 que no tem rasio um dos eriticos déste livro quando me acusa de néo ter do meu pais. Para éle, eu nao fiz mais do que tentar resolver, sem éxito, éstes problemas. Ora, na vordade, eu nem sequer “tentei” resolvé-los. Contentei-me simplesmente em sugerir a necessidade de pesquisas sistematizadns, cientificamente cons dusitdas, no sentido de achar solucdo para os virios proble- mas da nossa jormagio e evolugio racial. Encareci, apenas, « importincia déles, exemplificando para maior elareza. Tan- 0 na parte relativa aos problemas da raga, como na parte relativa aos problemas da assimilagéo, os exemplos citadds ¢ os duddos exibidos o foram apenas « titulo de exemplo, com 0 lo solugio aos problemas raciuis intuito de esclarecer, definir, precisar um pensamento ou uma tese — e néo de expor nenhum resultado definitivo ou enun- ciar « f6rmula de nenkuma lei descoberta. E poderia como Henri Berr: — “Comme je suis preoccupé de science @ fonder et non de systome a dejendre, je n’aprouverai aucu- ne mortification — mais plutst de la joie — & combler des lacunes ou & corriger des erreurs”. Preparando esta 28 edigéo, nada modifiquei da 1 ¢ 2 partes da edigio anterior,” Apenas ajuntei, a alguns capi- tulos, indicagées da bibliografia mais recente. Quanto as Notas complementares, estas aparecem acres- cidas de mais trés -capitulos: 1 — Os tipos antropolégicos brasileiros © @ problema da sua classificagio. Néle oponko algumas objecées & classi- ficagio do professor Roquette-Pinto, do Musou Nacional; TL ~ Pesquisas sébre psicologia étnica no Brasil. Néle atendo uma observacio do prof. Valdemar Berardi- nelli, da Faculdade de Medicina do.Rio; Il — 0 problema-do valor mental do negro, Néle res- pondo.a.uma:critica do prof. Artur Ramos, da Faculdade de Medicina da Bahia, Chins HS Este pequeno volume, fago uma répida sinte- se de apenas alguns capitulos de duas obras mais vastas: uina — 0 Ariano no Brosil (*) (biologia ¢ mevologia da raga) — ja quase concluida; outra, 4 Antropologia Social (**) (psicologia ¢ sociologia da raca), em preparacéo. Neste yolumezinho procure ressaltar alguns aspectos, que me parecem interessantes, do proble- ma da raga ou das ragas no Brasil. Nao concluo nada, porque nada ha feito, em nosso pais, sobre ‘os tomas aqui agitados. Formulo apenas algumas hipéteses — c as pesquisas dos técuicos irdo dizer se sio ou nfo verdadeiras, Pertencem, na sua maio- ria, 10 grupo daquelas working hypothesis, de que fala Hannon, isto 4 sujeitas ainda a0 referen- dum dos investigadores, Estas hipéteses, aliis, nfo causa mal nenhum a ciéncia: sao estimulos para o trabalho, so suges- tes para pesquisas. Mesmo que se verifiquem erra- das, a ciéucia lucraré com elas; porque, como obser- vava ha pouco Et1.wo0n, “a ciéneia tem sempre pro- grediéo sbre a ruina das hipéteses”. Umas sio des- truidas e, em lugar delas, outras surgem, mais fe- cundas e verdadeiras: © assim se acrescenta 0 patric monie comum do saber humano. Ouivema Vianna, Jarmo, 1982, Sio Bosventura, 41 Nemesén 38 edigho de Rage e Assime 0, ainda inédito, — O Aviano no Brasil ‘Seri editada, brevemente, ra, como um das volumes da_obea da Formagio Racial do Brasil (3 vols.). (Nota de Helio sre Marcos Alnsir Madeira) (29) lem — Rocr e Selecées Teliricas (Nota de Helio Benovides Palmier © Marcos Almir Madeira). PARTE PRIMEIRA : 7 OS PROBLEMAS DA RAGA Car. I — Ragas histéricas, ragas nacionais e racas zoolégicas. Car. II — Biotipologia e psicologia étnica. i Ca. TLL — Os tipos antropolégicos ¢ os proble- mas da bio-sociologia. CAPITULO 1 Ragas histéricas, ragas nacionais e ragas zoolégicas [ 4 toca no Brasil: o seu interasce hi 40 anos ¢ a rarso. I ENTRE os fatdres que mais tém concorrido para obs- curecer o valor incomparivel das nacionalidades , amerieanas para os estudos da raga, especialmente para of estudos da biologia étnica, est a aco exercida por u R OLIVEIRA VIANNA aquéles publicistas ¢ cientistas europeus que reagiram contra os toorizadores da superioridade das racas ger- minicas. Os pregoeiros do “pangermanismo”, do “nor- decismo”, do “anglo-saxonismo” haviam eriadv, com a ‘sua. doutrina, um sistema de idéias extromamente cho- ‘eantes do ofgulho nacional de varios povos eiviliza- dos (1). ae fato deu motivo a uma reagio que se caracte- rizou, como era de esperar, pela sustentagio’ da tese % oposta: da igualdade de tédas as ragas (2). No esférco pela demonstracio da tese igualitarista, éstes doutrina- doresfeaciondrios) se preocuparam em acentuar a ne~ nhuma importineia dos estudos da raca. Como todas to ragas eram iguais, que valeria estos « perder tempo com as pesquisns sdbre biologie diferencial_das racas? shbre_psicologiadiferencial das ragunz sobre-8 quawiig, da mestigagem das racas? sobre © problema das “racas_apias ac S das raga porverntura inap- tas acoiviliagas?— Estas preocupagées igualitaristas ¢ a massa de da- Caos aparenlemente corroborativos, pmemnEaEastee smiticas, reforeadas_pelas incertezas, .contradi pe res tas da superigtidade,.lamcaram wma | eases , indescritivel sbbire a compreensio dos proble- ‘amanha foi a obscuridade que em térno dalerse féz, que ainda hoje ninguém consegne ver com clareza nenhum dos problemas a éles relatives. Cons- tituiu-se como que um estado de cepticismo generali- zado, sob a acéo do qual os fatos de diferenciagao ra- cial mais patentes so postor em diivida, formando-se em trno déles um ambiente de displicéncia ¢ desinte= résse. mas racials. () Havers — The racial baste of civilization, 1926, cape. Th i, W, Ve VIL ; oe (2)' Parnavtz — Consequences pochovociales dele eral uerte au point de oue eugénique (in “Baginie et sélection", 1922. pag. 135). c RAGA 5 ASSIMILAGKO 13 Ora, a verdade é que éste copticismo, estas dhividas; estas incertezas 86 sio plenamente justificaveis entre os povos curopeus. Compreende-se, realmente, que seja impossivel a ésses povos discernirem o papel que cada uma das suas ragas formadoras desempenhou na eli horagio da sua civilizagio ¢ na evolugio da sua historia. Tao remota ¢ a época em que estas racas comecaram a se caldear ali, que é realmente um problema insohivel a discriminagio da fungao exereida por eada uma delas nos destinos désees diversos povos. Desde 0 neolitieo, talvez mesmo desde o paleolitice superior on desde 0 m@&ppalealiticn, 08 pesquisadores aT Pre-hinurig~en- contram_sinais, documentos, -proyas_em suma, de que essas diversas racas, que atualmentea_analise étnica “Féconhece-como.sendosa-origem dos, elementos formado- res das nacionalidades européias,~ji—viviam dentro do inesmg havilat, jase cruzavam, ja cooperavam na obra da formayiodas_cultiFis-e—naevolucho_historiencde cada grurg, E éste periodo longinquo deve remontar, ho minimo, a trinta mil anos! # natural, pois, que os moderos investigadores eu- ropeus, quando procuram determinar 0 papel que cada ‘uma dessis ragas, a-Nordica, a Céltiea, a Thériea, ete., tem exercido na histéria geral da civilizagio e ma dos seus grupos nacionais, sintamse realmente emharacae dos. ¥ realmente dificil para éles chegarem a uma de- terminacio exata e justa -da contribuigse trazida por ‘cada uma delas, Sio légicos, portanto, no seu eepticismo, Ora, a nossa situagio néo é de modo algum com- pardvel A déstes povos: ‘nossa formacio foi feita de modo intcicamente diferente, 0: encontro das diversas ragas humanas, vindas da Europa e da Afriea, em terras americanas tem, no maximo, um horizonte de 100 anos. Os fendmenos resultantes dos contatos étnicos, nio s6 no ponto de vista das culturas, como no ponto de vista dos eruzamentos, apresentam uma evidéncia, uma vi “u OLIVEIRA VIANNA sibilidade, uma clareza que fere.o olhar dos mais inex perientes observadores.. Deixemos de lado 05 fatos resultantes dos-contatos de culturas, das acomodagdes, interfusdes, assimilagdes ‘ce absorcies de culturas. Consideremos apenas 0s pro- \ 1 Mennas eelativos aos fotos puramente bivlégicos ¢ antro- poldgices. F ficil compreender que nada menos razoi- vel existe do que adotarmos a atitude de indiferenga ¢ displicéneia assumida pelos publicistas, etndlogos ¢ sociélogos que, na Europa, reagiram contra a doutrina da superioridade’germinica. © nosso problema étnico comega por nie concer nir apenas as ragas européias; no mundo americano, outros elementos entraram edmo fatéres de formagio ¢ elaboragao dos grupos humanos, No meio da confusio de tantos tipos, trazidos pelas corréntes emigratérias, saidas dos cemtros arianos, outros tipos, inteiramente distintos pela cultura e pela morfologia, também apa- receram, também tYouxeram a sua parcela para formagio das novas nacionalidades. £ 0 negro com as suas vii mmodalidades de cultura e de tipo. Bo indio também \ com as suas diferenciagdes de cultura ¢ a sua diversi- dade de tipos, distinguindo-se em grupos retardatirios e em grupos de organizacao superior: desde o asteea ¢ do inca, senhores de uma alta eivilizagéo, até ao tapuia neolitico, puro cacador némade, ainda numa fase rudi- mentar de eivilizagio. Nio & possivel, pois. sustentar nestes lados do ‘Atlintico, onde as desigualdades étnicas se revestem de um relévo tio nitide, que os problemas de diferen- ciagio das racas sejam problemas sem interésse. O fato de terem afluido para aqui etnias vindas de todos os continentes torna a America, ao contritio, o centro por exceléncia dos estudos da Raga, quer no ponto de vista da antropologia fisiea, quer no ponte de vista da antropologia social. = meade taeeth Beer eeee Especialmente nos sens aspectos biolégic Nos fendmenos da Raga mostram-se aqui em estado de ela’ horagio continua: més os temos, por assim dizer, sob as nossas vistas, visiveis a olhos nus — e tude é como se estivésseinos observando numa retorta as fases de una reagio quimica, Os fendmenos de hibridagio po- dem aqui ser estudados com uma amplitude ¢ uma pre cisio impossiveis no mundo europen — porque s6 aqui se dia mestigagem de ragas extremumente distintas, que nos permite observar os fendmenos heredolégicos, oriundos désses cruzamentos, em condigées. dtimas de visibilidade. & um privilégio todo nosso, de que néo podem gozar os observadores dos mesmos fendmenos, quando operados imicamente nos centros de origem dos grupos brancos. LAgio Os povos americanos sio, pois, tio preciosos para cais 0 sio para as pesqu 0 is sobre a febre amarela e'a malisa.”"Qs germes patginicos, que produzem o in» paluc ismo ou o tifo icteréide, podan ser observados nos tubos ¢ caldos de cultura dos laboratérios, na Fran- ca, na Inglaterra, na Alemanha; mas s6 nos tépicos, 36 debaixo dos climas ardentes, é que o seu estudo pode ser feito de maneira fecunda, 0 mesmo acontece coma biologia © a psicologia das racas: uma e outra | podem ser estndadas em eentros puramente arianc®, em populagées puramente arianas; mas s6 na Améric | 36 entre as suas populacées heterogéneas, onde se cal- deiam os tipos antropoldgicos mais diferentes, onde as ragas mais pi n ys: iz estudos de hiologia da raga quanto os climas tropi- a Sse misturram com as ragas arianas; 86 af € que elas podem ser estudadas em condicdes sti mas de eficiéneia investigndora. \ NY 16 OLIVERRA VIANNA IL Prova de que. para ésse desinterésse que se nota presentemente aqui pelos estudos raciais, colaborou, se néo influiu exclusivamente, a gorrente antigerimanista, eriada pela sugestio dos orgullios nacionais feridos, esta em que o abandono dos estudos das diferenciagées ra- ciais entre nos coincide exatamente com a época do advento, na Europa, das idéias igualitaristas, Ha cérea de 40 anos, pelo menos até 1890, 0s jossos meios intelectuais, os nossos centros de cultura, of grandes nomes mais representativos das ciéneias eo- ciais, como das ciéncias naturais, estavam, com efeito, deixando-se_impressionar_pelas_provas inegiveis das difereneiages raciais em nosso “nosso pais. Para no falar dos socidlogos e historiadores, como Sitvio ROMERO ¢ José Venissino, hasta recordar 0 que se passava nos centros de cultura, onde se moviam os especialistas ma ciéncia do Homem: naturalistas como Barista Cae- Tano e Batista Lacerpa, ou médicos como Movka Bras, Frico Corio, Jansen Ferema e, principal- mente, Nava Ropricurs, Este grupo de espiritos, na sua maior parte médicos, estavam entéo vivamente empenhados em estabelocer a discriminagio, sob critérios rigarosamente cientificos, dlos earacteres diferenciais das trés ragas Tormadoras da nossa nacionalidade: eisicn. Bes ja haviam observado que’ essas ragas, ‘ipos _antropolégicos” como diriamos hoje. nio parecia ter uma individualidade propria, uma mnaneira peculiar, uma forma especifica de reagio, £ assim que Moura Bnastt jé havia notado, na vasta_cliniea_oftalmolégica,certa-tendéneia prefe- suas 505 tipos mesticos, espoctalmiente Aor" do grupo afro-atiano, Ningudm, como NiXk RODRIGUES — = Baga F Assiuriagio ~~ reneial do tipo negro para 0 glaucoma; havia mesmo comegado-aohservaF ima _certa var visual entre as trés racas formadoras. JANSEN Fenner i porsua.ver, ja diseriminara certas parti da raca negra, observadas no_dominio da sua clinica gi necolégica. Exico Cogito, notavel professor da Fa: “euldade de Medicina, havia encontrado também_corte:_ Jngées diferenciais entre o pauperismo e as trés racas fundamentais (3). Os trabalhos de Nuva Ropnicurs ‘chegaram mesmo a fixar cortas idiossinerasias de ordem patolégica_¢ de ofdempsicoligica, proprias_aos_nos pos mestigns, especial Pos componentes. até hoje tragou, com Método tanto quanto possivel cien- Lifieo, os earacteristicos, nfo sé fisiolégicos, como princi palmente psicopatolégicos que diferenciam os nossos mulatos dos tipos fundamentais que Ihes dio origem (4). Pois bem. Estas preocupagies de diferenciagio racial estavam crescentemente empolgando os nossos meios de cnltura médica © atraindo as atengées dos nossos clinicos até os fins do II Império; mas, por motives que nao foram claramente expresses ou, pelo menos, expressamente confessados, éste espléndido mo- vimento de interésse cientifico ¢ de pesquisas como que bruscamente cessou. Todos ésses espiritos invest gadores evitaram daj por diante tocar na questo das diferenciagies raciais. Pelo menos, desinteressaram-se dela, 2] Ora, nio é preciso grande esférgo de penetragiio para compreendermos que, para esta brusea parada, (9) y. Nina Ronutcves — Os mesticos brasileiros tin. “Brasil Médico”, Tio, 1890, pags. 519, 62, 71). Die ale, falando dos médicos do seu tempo: — “Avidéia de yma reagio diferente para os diverion tipos.antropolisiens de que se compe a populacso deste pais tink i fondadas razdee ma “eonselzncia do nose piblico profission ‘Vide ainda: Nixa Roonicuis — Os efricanos no\ Brasil, 1938. (4) “v, Nuva Rooicurs — As races Inumanas ¢ a responsabilidade penal no Brasil, Bahia, 1895, 2 8 OLIVEIRA VIANNA para esta cessagio tio sibita do interésse pelas pesqui- sas da raga, a causa determinante foi, sem divida, a influéncia exercida_sébre espirito dos nossos homens de ciéneia pelas teorias tendenciosas,| construidas para contrabater a tebtia da _superioridide racial’ dos po- vos germinicos, desenvolvida prineipalmenté pelos pen- sadores ¢ antropologistas alemfes. Basta confrontar a data em que essas teorias igualitaristas surgiram nos centros latinos ¢ eslaves e a Gpoca em que cessou entre nds o interésse pelos problemas da_patologia e da psicologia diferencial das racas, para nos convencermos de que essa nossa atitude de indiferenga, de abandono, de desinterasse foi apenas um movimento reflexo, um movimento de imitagio, daquela atitude reacionéria das grandes figuras representativas da cultura latina ¢ es lava. Nao viamos que essa atitude éra, alids, to ten- deneiosa e excessiva quanto era excessiva e tendenciosa a atitude dos teoristas alemes do pangermanismo WI Nao ¢ esta a causa iniea que tem contribuido para . criar em térno da psicologia difereneial das racas ase ambiente de equivecos, que tanto esta dificultando, ainda hoje, 0 estudo désse problema delicado, por certo o mais delicado ¢ importante problema da antropo- Jogia social. Ha ainda uma outra causa, tio_poderosa teu 2 peinaltse-e¥ coatashe Wrarida 9. comprcen- so dajaiatoge- tar Faris ela nugio das “cas nacio- nals” 6 das “ragas historioas”, ce verdade, o que te tem feito até agora como nome dé psitologia diferencial de “ragas” sido Outra~chusa senda mi on boa psicologia dif cial Ue“ poves"y ow Thais prépriamente, de “etaias’ cial a ‘etn nao _tem_ RAGA £ ASSIMILAGKO v Diziamos, por exemplo, que a psicologia da raca francesa era tal: mas, quando ‘assim nos expressavae mos, 0 que realmente querfamos dizer era.que a psic cologia da etnia francesa era tal. OQ mesmo se davae tana temtévames debinie-a_psiologla aT in- Splesatcate" Fae glen. daSraga- italiana asim por diante” Em todas estas “psicologias” 0 que fazia- mos, realmente, era a earscterizagio dos atributos di- ferenciais da mentalidade coletiva de_cada—an rupos Wacignais= frances, 0 povo ingles, 0 POT entretanto, para esta confusio inicial uma ativa, Na éyoca em que dominou.o con ceito_das_‘‘ragas histéricas” eda “Tacas_nacionals”, ométodos de anilise_antropolégica_difereneial nao haviam ainda aingido a exatidao que_alingiram na atualidade, “nem_as pesquisas antropomelrieas se ha- viain realizado com a exiensi ea sistemalizagso da época_atual,Os alemaes_pensavam entio que cram formados_de_uma_raca+tiniea; que todos éles_perten- cam opesor das suas variagoes imdividivais, «um mes. mo_tipo-antropologico, iH & a mesma “raga” germ ica, délico-lonras(H..europeus). Tae Taco julgavam que les, apesar da diversidade dos sous ti pos_individuals, eraitderivadosTE “umn tipo onan, morfolagicamente caracterizado: a raga celta (HH. al- pinus), distinto-d0 Tipo que formava a hase das outras nagies visinhas Ena presuncio de homogeneidade fazia com que mpregada indiferente- mente pat nEio_grupo_nacional,-on © tipo_antropoldgico_presumidamente_constitativo do grupo. Bis por que, tragando a psicologia do povo inglés, do povo francés, do povo alemio, o antigos psicologistas da raga pensavam ter tragado a psicologia 5 Y — 20 OLIVEIEA VIANNA do tipo étnico respective: da raga inglésa, da raga francesa, da raga alema, Ora, éste grande equivoco, naseido do falso concei- to_de-homogerieidadé—cinizadosdiversos—grupos ma -cionais_ou_histérieos,.desaparecen em face dos resulta dos da andlise antropométrica, a queos investizadores migdernos submeteram ésses_diversos_povos. _ Viu-se entio_que_nio havia_propriamei “raca alema”, na “raga francesa”, wina Stagg _inglésa” uma ‘raga eter to Sentide_de_um tpg inico.-morfolo- gicamente_earaeterizado, constituindo,comoclemento exclusivo,.0.pavo ingléSxo-povo-alemig, 0, pave francé: 0 -povoyitalianoy “O—que_as_pesquisas_de_antropologi verificaram foique eada_um_déstes grupos nacionsis, ada uma dessas etnias era comy istocés7de varios tipo’ antropoldgicos, caracterizados por atributos diferendiais, descritiva ¢ antropométrica- mente determinados, Or pove francés, por exemplo. Ficou demonstrado ser éle composto de trés ou quatro ragas, no minimo — 0 que levou Topranp a dizer espirituosamente: “Bm-Eranga, hi franceses, mas nfo hi_raca francesa”. Reconheceu-se, realmente, que a nagio francesa era for- mada de_elementos de raga nérdica, de elementos de raga celta, dé-elementos~de-raca ibérica_e de outros elementos secamdarios, algins mesmo remanes vicos de antigas populace Wool Por sua vez, os aleinges tiveram, ao procurar de- terminar 0 tipo antropolégico de sua nigho, a surprésa, para éles desagradivel, de verificar 0 que os francesce j@ haviam verifieado: que a sua nagio nao era com- posta de uma raga tinica — o grande délico-louro, filo das bramas ‘balticas: mas, de varias racas, isto 6, de varios tipos antropolégicos; 0 nérdico, o celta, 0 es lavénico e outros menos importantes (5). © mesmo iio Femanescentes ati cas. (5) Hawkins — obr. city cap. Tl ta_de_varias racass” RAGA £ ASSIMILAGAZO 2 aconteceu com o povo inglés, com o povo italiano, com todos 05 outros povos curopeu: ‘Todas aquelas “psicologias” de ragas, formuladas na época em que a andlise étuiea afio havia revelado ainda essa complexidade de composi¢io antropolégica das virias etnias européias, deixaram, pois, de ter sentido como psicologia de raga, cousiderando esta no sentido bioldgico. "Nao merecem, entretanto, que ae ponhamo: margem: podemos conside1 jas como férmulas mais ou menos felizes de expressio de psi- cologias de povos ou de etnias. Neste ponto, podem ser aceitas, como sendo relativamente exatas, a psi- cologia da “raga” germanica e da-Hraga” celta, feita por Larouce, da “raga” dindrica, feita por GUNTHER (6). Tédas essas supostas psicologias de racas no passam, no fundo, de- psicologias-de- coletividades, -de grupos nacionais — de etnias, a mancira da psicologia dos povos europeus, -de Foun.tée, ou da psicologia geral das ragas, de Le Box (7). Iv Compreende-se agora a série de equivocos, confu- ses, mal-entendidos ¢ contradigées que naturalmente urgiram dessus idéias tio errdneas sbbre a composicio fétnica das nacionalidades européias © sébre a psicol6- gia das suas racas formadoras, Em primeiro lugar, os negadores ¢ opositores da psicologia das ragas acentuaram’o desmentido que os fatos traziam as afirmagées da psicologia diferencial (6) Larouce ~~ Les séleetions sociales, 196, pige. 137; Guxtiten The racial elements of European History (und), New York, t/d, pig. 58. 17) Fouutée — Esquisse psychologique des peuples européens, Paris, s/d.; Lx Don — Les lois paychologiques de Pévolution des peu ples, Paris 1905, wr 22 OLIVEIRA VIANNA das ragas, quando estas “ragas” eram consideradas nas diversas fases da sua evolugio histériea. O povo inglés, por exemplo — diziam éles — na época em que era ainda um povo de agricultores ¢ de pastores exibia uma psicologia muito diferente daquela que exibia na époea em que se transformou nus povo de industriais, eomerciantes ¢ navegadores. Onde entio a psicologia da “raga” inglésa? Outras vézes 0 ataque incidia sdbre_os_psigo-ra- cistas-que atribuiam certos catacteristicos psicolégica® ou sociais como especificos de uma determinada raga, da raga germaniea, por exemplo: génio inventive, ge nio guerreiro, instinto de independéncia, individualis- mo, fidelidade, migrabilidade, ete. Os opugnadores aca- havam descobrindo que éstes caracteristicos, ou nem sempre haviam existido na histéria da “raga”, ou entio nie eram privativos desta “raga”. Tanto que também ‘eram encontrados em ontras “racas”. Ea psicologia da “raga” desmoronava. Era 0 argumento de Hentz, de Corasanat, de Kipp (8). Outras vézes ainda se langava mio de um grande argumento, aparentemente decisive — € era quie 05 povos germénicos, por, exemplo, modernamente consi- derados os mais altos vanguardeiros da civilizacio, ja haviam sido, entretanto, hé pouco mais de dois mil anos, puros barbaros, vivendo dentro da espessura das florestas, enquanto resplandecia na orla dé Mediter- raneo a civilizagio greco-romana, formada por povos que eram, entretanto, considerados inferiores pelos. pre- goviros da superioridade germinica. Era, e & ainda, ste 0 argumento predileto dos publicistas, literatos, historiadores amadores de todo género, (8) Menrz — Reco ond civilisation, 1928, cap. XHIT: Couarannt = Latins ot anglosaxons, 1905; Kino — La science de puissance, 1919, ie. 309, RAGA WE ASSIMILAGAO 28 Consegiténcia, como. ¢ facil de ver, dessa nofasta fconfusio feita entre “psicologia de etnia” e logia de raga”. Nao se compreendia entio que estava- mos diante de duas ciéneias disti a) a psicologin das etnias — cigneia social, ramo - da psicologia coletiva, estudando 0 que chamamos a “alma dos povos”, produto complexo, para cuja for- macio contribuem todas as férgas elaboradoras da ci- vilizagio ¢ da evolugo histérica dos povos: 0 meio fisiografico, 0 clima, os agentes econdmicos, os cho- ques de cultitras, as migracées, as Iutas de classes, | anil outros fatores, inclusive a “raea”, no sentido zoo.) Tégico ou morfoldgico. : b) a psicologia das racas —— eiéneia natural, cién- cia puramente antropolégica, para a qual a raga é um fate biolégico ¢ psicologia da raga unia pura questio de psicofisiologia humana, nada tendo que ver, pelo menos imediatamente, com a psicologia dos grupos so- ciais (nacionalidade, povos, etnias). Quando se fala, pois, da “psicologia” da raga A, © que se quer hoje significar com esta expressfio é 0 conjunto de qualidades que caracterizam a psicofisio- logia de um certo tipo morfoldgico (raga A) em eon- fronto com outros tipos morfoldgicos (racas B, C, D, E, etc.). Problemas, portanto, de biologia humana, de fisiologia dos temperamentos, isto é, de determinagio da base fisiea do carater, da sensibilidade ¢ da intelic séncia. 0 objetivo desta nova eigneia sio as correla: gées possivelmente existentes entre éste on aquéle tipo morfolégico (raga) ¢ éste ou aquéle tipo de tempera: mento ¢ de inteligéneia, IE’ sébre estas bases, dentro destas Timitagées, que a ciéncia moderna coloca 0 pro- Dlema da psicologia difereneial das racas. Poderiamos, para evitar confusées, chamar psico- logia étnica a esta psicologia da raca considerada como 2 OLIVEIRA VIANNA tipo zoolégico, da raga enearada biologicamente, reser- vando a expressio psicologia nacional para a antiga psicologia dos grupos nacionais, isto é para aquilo que 0s antigos psico-racistas, Gontneau, WoLTMANS, Lapouce, Amaion, julgavam erradamente ser psicolo- gia da raga (9). Com esta distingio, dissiparemos, sem davida, eon- fusdes lamentiveis, que tém sido a causa geradora de uma infinidade de questes irritantes, Psicologia na- cional estamos fazendo desde Hensnoto;. psicologia étnica, esta 86 presentemente, com os métodos da bio- metria, da psicometria © da biotipologia, & que esta: mos comegando a fazer. Esclarece-se agora 0 equtivoco dos que argitiam contra a psicologia das ragas, alegando, por exeraplo, que a “raga inglésa” do tempo dos Plantagenetas nao tinha a mesma mentalidade que a da era elisabetiana e vitoriana, Realmente, da época doz Plantagenetas & era vitoriana muita cousa variou na Inglaterra; mas, © que-variow nao foi a psicologia da “raga” inglésas esta no existe, sendo 0 povo inglés, como sabemos, composto de varias racas, O que variou foi_a menta- lidade_coletiva da_nagio inglsat ng época-normanda, St mentalidade-cra-ald@=0miT Aggie agricola ¢ pasto- fil,wvivendowisolada dentro do seu mundo fsilarsaj4_ na época vitoriana, esta mentalidade ers de wna nacio na 6 , Hidade_era_de uma nus industrial,_comereial, nayesndora, colonizadora,-dota- dade_espirito agressive e belicos (10). O_Nordigo (H. enropais) — que é dentre os fipos antropolégicos formadores_do_poxe inglés, 0 tipo~prmneipal~e~ mais numeroso_— éste,,porém, nao varion em naday a sua eee tia ‘umia_conzeqiieneia do seu psicofisiologia, que () v. Henz — obr. 0) y. Seay — Th (y= Psychologie de fap. VIL ‘expansion of Bngland, eap. 11; Banvoux jetorre contemporaine, 1905, caps. 1, He Tk, | \ RAGA E ASSIMILAGKO 25, constitucional”,,.comoaveremos,né,-hoje.a mesma, da épycavitorianayada_épocasnoranda, da” éyoca los nglos e pictos, da époea paleolitiea. quando por ali deviam ter aparecido as primeiras hordas nérdicas. © mesmo podemos dizer da nagio francesa. Ela podera ter variado, como variou, na sta mentalidade coletiva, isto é na sua psicologin nacional; mas, o elemento celta (H. alpinus), que Ihe constitui a base da estrutura racial, éste, certamente, deve ter hoje a mesma psicofisiologia, que 0 seu tipo morfoldgico lhe impés desde que éle fér a sua aparigio na face do globo, como uma das muitas variedades da espécie bumana, Be C CAPITULO IL Biotipologia e psicologia étnica (Eshéco de uma teorin da raca} Sonim: — 1. 0 probleme de pics ilerenca She rvs ow fee botptage be stv Some ¢ n piodogi dni, Mesto 0° arp de proton Teoria fos tga om sie Kacey © aso euel, Garelasen itr muragieos* gos "ip. de ener = Sere : TG nce © sex tonpertmepas 0 Teicomoti dv mest savas Picometin dot ino go seu temperament ot clues de Base fos aranoss ay conelasee do Yeents — IV. el lindo de conceit Ha aga apts — ey. O pepel ta rat non gees: como 4e ms 8 notin r Ov muito nos enganamos, ou o advento dos oo da biotipologia humana, 4 maneira da escola de Sicaup. PeNve, Viora, ‘Mac-AULIFFE, KrerscHMen, recolocott o problema da psicologia diferencial das racas_ sibre novas bases — sobre bases rigorosament sion ficas, Diante das revelagées trazidas pelos teoris as *fipos constitucionais” —- endocrinologistas, ¥iotine logis: tas, etc, — nao ha mais razio para que se ponha em divida a possibilidade de uma correlacso entre os pos somatoligicos chamados “ragas” ¢ 08 tipos de inteligén- cia ¢ de temperamento descritos relos psicofisiologis- jcometristas, nosologistas em geral, nee oe oipologistas eoucluein, por exemplo, que 0 lotimico_correspon- i SAGA. ASSIMILAGKO 2 de, em geral, a um individuo de.tipo fisico entroncado ‘F brevilineo, ¢ o tipo de tempetamento, a que shaman esquizotimice, corresponde, em geral, a um tipo de indie “Viduo” magro, alto, Tongilines, Ora, sendo assim, >) — por TWEE Ge OF tipos morfoldgicos representativos das diversas ragas ao aro’ também, com mais on menos freqiiéncia, éste on aquéle tipo de temperamento, éste ou aquéle tipo de constituigio psiquica? _) Os estudos da biotipologia contempordnea estiio, realmente, demonstrando que hi_uma conexio muito Antima_entre_o_aspectos_morfoldgicos do_individuo © a5 pesuliaridaces da sua Fisiologia, da sua_patologiy— € da sua_psicologia (temperamento, inteliggncia). \Go~fitima esta conexao que-DRAPER; depois de mos trar que a perconalidade do individuo se desdobra em -\ quatco_“painéis”, como élé chama_(9painel_anatémi ‘co; © painel fisioldgico; o painel_patolégico; o painel “PRISE conclui que hi entre éstes painéis uma | “Felagio~de" interdepend , conhecide um painel, se podem, qi seguranca, determi nar, por indugio, os outros painéis correlativos. Co- nhecido, por exemplo, 0 painel anatémico, isto é, 0 tipo fisico on antropolégico de um individuo, pod inferir, dentro de um cocficiente de probabilidades mu to alto, quais as suas predisposigdes patolégicas, quais as modalidades provaveis do seu temperamento e da sua inteligéneia (1). * Estas conelusses da biologia contemporinea nos obrigam a fazer a revisio das nossas velha certos preconceitos relativos aos problemas da biologia difereneial das racas, isto 6, da sua fisiologia dife. (1) Dagrne — Human Constitution, 1924, pig. 25. Cle. Daven: Ponr — Body-build and its inheritance, 19%, igs 1S24. FE tamincen Manes Counia — Tnireduoio & antropobiologia, 103)3, Braannxeiit (V) — Nogdes de Biotipotogia, 1953; enanoantanr © MeNDONcA. — Biotipotogia Criminal, 1933, 28 OLEVEIRA VIANNA rencial, da sua patologia diferencial, da sua psicologia diferencial, Portanto: da sua sociologia diferencial. Os tipos étnicos no sio tipos morfolégicos di tintos? sim, so. 0 tipo do Nérdico nio é distinto do tipo do Celta? sim, & Bste nao é diferente do tipo do Nérdico © do Thérico? sim, é diferente. Por outro lado, éstes tipos arianos no diferem dos tipos negros ¢ dos tipos amerindios? Diferem, sem diivida. Logo, a expresso de Draven, cadd uma cnta_um_“painel_anai distin. “Tégico” também distinto? Em face das revelagées da ciencla contempordnea, por_que_continuar_a_contestar que haja diferenca no ponto de vista da_mentalidade ¢ do cariter entre o Negro ¢ o fndio, entre Asses dois Tipos_e os tipos braneos ¢, ao grupo désses brancos, ‘entre o Cella e 0 Germanico, entre éstes © @ Iberico © ', Dinarico, se estamos de acérdo em aceitar o fato re ‘que tddas essas racas diferem anatémicamente entre eada uma delas representando um tipo somatolé- gico distinto? TCertos antropologistas ja comegam a notar, alifis, fa preponderincia déste on daquele tipo nesta‘ou na- quela raca; alguns mesmos, como Pavtssn,_ jé conoc. -raga_como uma “constclagio endocrinica here- — “Dai se segue-adiz_Nrcerono, num estudo recente, tragando(novos métodos de pesquisas sobre Psicologia das raga} — da se segue que certos tem- pefaiventos paicologicos, ou melhor, certos temperamen- tos endocrinicos se apresentam com maior freqiiéncia numa raga determinada.’ Cré-se mesmo poder reconhe- \ cer, por exemplo, maior freqiiéneia de tem esquizéides entre vs individuos de raca Néi ——e \ — — ——-— r RAGA E ASSIMILAGAO 29 querem Henexer-Roupex, Venscunrn. Ja 0 tempe- querem Hence -— Ti 9 tomy Famento ciclotimico_pa ce_predominante entre os in- dividaos de tipo celta” (2). # ainda debaixo desta.corrente-deidéias que cor. tos+orfologistas_e_antropologistas,_partindo da_clas. sificagio dos tipos fundamentais de Knetscumer (lon eilineos ow asténicos; muscilares ou atleticosy-brevi- lineos ou_pienicos)_acharam que Gsses tipos correspon- diam_a_trés das.grandes-ragas.arianas: 0 “tipo astenico” = 4 raga Nordica; o “tipo ‘pienieo” — 4 raca Celta; © “tipo atlético” — a raga Dindrica (3). Como se vé, nos ainda dominam as i réprios centros europens, onde idéias igualitaristas, ja se comeca a romper com 0 preconceito de que as racas, embora difiram entre si no ponto de vista da sua anatomia, nao diferem entre si no ponto de vista da sua psicologia Psicoligicamente, tidas-devem ser iguais anatémic mente é que sio diferentes... Esta atitude de credulidade na indiscriminacio psicoldgica dos diversos “tipos” arianos esta sendo con- siderada crescentemente como absurda em face dos dados que 0s pesquisadores e experimentadores mode nos estiio trazendo das suas investigagées no dominio da fisiopsicologia dos “tipos constitueionais”, NicEFORO, por exemplo, procurando assentar sdbre bases rigoro- samente cientificas (isto 6 biolégicas) © problema da psicologia diferencial das racas, colocowse, por isso, precisamente no ponto de vista da biotipologia, isto é, da escola de PeNve ¢ Krerscumen. Esbocaudo um ——_. @) Niewrono — Quelle 0 sire méthode & sue ste Sith ch tepid ee pis. 40) 3) earn do pove port 1933. CL? Merial ~ ob ity pig. 40. Sabre os tipos conatitacionnie + v. Mesoes Comma — Introducio @ antropologie, (RL) — Race, hérédieé, folie, 1938 30 OLEVEIRA VIANKA plano de pesquisas sdbre psicologia diferenciel das racas, fle sugere a exiagio de comités locais de tent cot em antropologia, psicologia ¢ biotipologia com © objetivo dé observar as populacdes locais para o fim de levantar uma estatistica da freqiiéncia dos diferentes “tipos de constituigio” em eada uma das ragas forma- doras da populagao (4). Os observadores, em eada centro local de pesquisass celecionariam os representantes mais aproximados de Ia tipo stnico (Nardico, Celta, Dinérico, Tbérico, cad Determinariam, em seguida, Negro, Amerindio, ete.). para cada um déles o tipo constitueional mais freqiien- te, na sua férmula endocriniea, Concomitantementey ‘com éstes grupos de tipos aparentemente puros, for- de tips mesticos, oriundos mar-se-iam outros grupos, dag vias combinagSes deeas divert FOE Goi Fe Jacko W8sree tijsoe mestigos, seria deverminado também, para ord um déles, 0 seu tipo constitucional, a U8 forma biotipolégien. Por otro lado, especialistas em psicologia, em ndocrinologia deveriam realizar pesquisa psiquiatria ¢ ¢1 isolar, de uma maneira objetiva tendentes a diseernir e cientifiea, as corel constitacitnal-déssee indiFidtios ou désses_ grupos (puros ow miestigos) ¢ 0s tipos psicalégi¢os mais freqi Somente depois de todo ate trabalho — eonelui Nice- Foro — sdmente depois que estas duas ordens de pes: 1m chegado a conclusées definitivas, expres: quisas tivesse cap em formulas quantitativas € qualitativas, em por contagens, em coeficientes de correlagio, ete.; sdmente depois de tudo isso é que se poderiam estabelecer, sobre HAGA E ASSIMILAGIO 31 bases verdadeiramente cientifieas, conclusées de ord bases werdadeiraente cientieas es de ordem geral sébre a psicologia diferencial das: racas. —— “E’ preciso no e: nfo esquecer — acrescenta ai 0 scenta ainda Nicerono —- que, em tidas estas pesquisas, ser neces sir n a sth io_empregar_miétodos estatisticos, fimos, delicados, PAE_NEO so certamente os métodos de_que se tem = Le Lamente a Ce que se tem ser- vido até agora nas i ow vid i nas pesquisas do género dagueles que acabamorletilar Uma boa_parte do material numé Feo, que se tem cothido até agora sdbre Gatos pontos, sm elcito,.sem_posibilitate de atilizagio para = ie lndeirowesiatista ¢ isto cin viFtude da falta de mé- igdos_na_exposigéo © na elaboragaa tor dalon, Eh a tEenes Wratase de uma destas pesquisa Didlosi psicoldgicas sociais, em q psi s © sociais, em que a antropologia, a siologie @ psiquiatria © a endoerinologia colaboram catritamente, eon destas pesiquisas da qual o professor 7 Lt tragon as Tinhas metodolégieas numa das ias memérias publicadas na “Revne Anthropologique”, Este € também é © pensamento de van Loon — antropologisia holandés, quem devemos igaras pae tibuigdes valiosas sébre dste ponto (3) ea i Nas suas investigagbes sobre as correlagées exister tes entre os trés tipos morfoldgicns — 0 picnics. iu asiénico, e o atlético da sua classificagio teeta tipos psieoldgieos, © ciclotimico © 0 eaquizatinice Krerscnater, por exemplo, encontrou a seguinte dis- Yes, oot —Oremiation def 2 dion de Fitnde compare, de lo ty acetate te et st Psa at clot iy igo Pochette ima sade dom pg ay Hea exper 32 OLIVEIRA VIANNA tibuigio, aliée muito semelhante a encontrada por Ki- BLER, Von DER Hoxsr, Munrz ¢ outros (6): ‘IPOs eroconnEs, esquizewEs Astanicos 5% 93% : 3% 2% Prenicos 7 96.9% 4% Como se vé, of tipos morfoldgicos do atlético, do picnico © do asténico nfo tém, eada um déles, uma psicologia privativa, sua, exclusiva; nenhum déstes -tipos ¢ correlative a um tipo psicolégico particular & proprio, que s6 a éle seja atributivo; nfo. Cada_um déles gera os dois tipos psicolégicos,o_eidlotimico © ‘_@iUiinICD; mas, Como se ve das percentualidadé exibidas, 0 tipo morfolégico do asténico é extraor- dinariamente freqiiente em temperamentos esquizé des; dos asténicos, 95% pertencem a éste tipo psicold- gieos apenas 5% a0 tipo ciclotimico. Os pienicos tém uma fisiopsicologia inteiramente diversa: sio menos fe- ‘eundos em temperamentos esquizdides, dando apenas uma proporgio fraquissima déles: 4%; a0 passo que 6 enorme a sua freqiiéncia em tipos ciclotinicos, produ- zindo-os numa proporgio de 96%. Essas diferengas ma proporgio dos “tipos.psico- Tégicos” correlacionados sos diversos “tipos morfolé- gicos” nés as encontraremos adotando outra qualquer das classificagies de tipos de temperamento ou de inte- ligéneia: a de Rmor, a de OstwaLo, a de Pautuan, a de Bune, ete. (7). Mas, como quer que seja, com esta ‘ou com aquela classificagio, o que sempre acubaremos por verificar 6 que nenhum tipo de temperamento ou (6) Knerscnswex — La structure du corps et le crac pigs. dt @ 209. Cle. MacAuuaren — Les tempéraments, 1926, cumin — Manuel de psychologic médicale, 1927, cap. X- 41) ¥. Manni — Bspices et variétés inelligences, 1920. 2 1990, RAGA FE ASSIMILAGAO 33 de inteligéncia é privative déste ou daquele tipo mor. {oligo WG apena,” para cada tipo ovtoldeg— taiores ou menores probabilidades de aparecer corre. lacionado a éste ou aquele tipo de temperamento, a @ste on aquele tipo de inteligéneia, eas Esta maior ou menor froqfigneia de certos tipos de temperamento ou de inteligéncia nds também a eneon- tramos quando consideramos estas modalidades mor- folégicas chamadas racus. Hi-as mais fecundas neste ou naquele tipo détemperamento; hi-as mais fecun- das neste on naquele tipo de inteligéncia, Entre 08 ne- Bros, como entre os indios, por exemplo,encontramos Alma certa capacidade dos seus diversos tipos_anteopo- “Tigi para produaivenr Wai Wvoqiomtaments eos aquéle_tipo_de_temperamento,éste_ou_aquéle po de inteligéncia_(7bis). a Quem poder negar que o Afer, nos seus varios tipos, tenha uma predisposicéo particular para gerar temperamentos eiclotimicos? Q negro é realmente, na generalidade dos casos, wn cieldide caracteristice. Pelo —~ (que observainos em noso povo, ja sabiamos disto; mas vale a pena recordar ésse perfil. psieo déle nos deixou Frevenico Munuer (8). — “O nogro — diz Munten — 6, em tédas as cou sas, um_sensitive, em que_afantasia domina, Q fundo ~) do seu temperamento_¢.uma_gerenidade expansiva, Ea fa famtasia sem free que.tledeve seu amor aos en: feites ¢ & sua frivolidade, assim comonseu-gosto pelos gico que (7 Bis) EP o que se constata com os esquimés e os fineses: — 1s fimees elo ume racy mis cndegla © enmreendedera do que os lapdes” Cv, Lusonone — The race Biology of the swedish Ley Upsala, 1932, pig. 8.) Pee eee (8) “v Movesacgus — Les races humuaines, 1882, pig. 38 34 OLIVEDRA VIANNA espotdculos.e_pela’ danga, _Ble_esquece -as suas preo- clipagées como as SHE penas ¢ se reconsiligeont asia sorte triste. Vive por assinn dizer, au jour le joury nic Sexinquieta_nem do futuro,-nem_do_ do pansade. Dest’ falta de energia.resulta_uma certa hondade de TaRper« mento.para_os seus camaradas-e_para_os,sous hospedes: ale tem a mio e.0-coragao,ahertos;_partilha com sles 3 stin_fortuna-suponde_que fario 0 mesmo para com le. Cheio’ de benevoléneia paragon oe seus amigos, é ervel /paFA-O5.66us_inimmigos; mas, como ~adimtece_com Todas as pessoas sanguimeas,,«_sua Calera, 0 seu rancor,acabam ‘coma morte da vitima, [le nao conhece essa espécie de erueldade canilyileea-Gom que costumam saciar as suas paixées outras racas, como a malaia e a amerindia A vida do negro se passa em contrastes; 08 sen opostos acham lugar no seu coracéo. Da alegria mais intensa ¢ mais insensata éle passa ao mais amargo dos desesperos; da esperanga sem ror; da prodigalidade inconsideravel a avareza eordida”. smite ao extreme ter- Nao 6 ste © retrato do ciclotimico que di Knerscaser? Sente-se que 0 tipo morfoligico do negro € fregiientemente correlative aos temperamentos expansivos, como o dos cieléides kretschmerianos, © contrario se di com o indio, © selvagein, em geral, é sombrio, reseryado, recordgndo.anuito, na sua constituigae afetiva,,o.“autista” de Brevter, Obser- vando-o naS-Suas attudes @ mos seus modos de vida, seitGse que, na goneralidade doe casos, ele se compor- ta como esquizdide tipico, Eq nao-quero reforimine™ao qie-nossos“pFoprids testemunhos contemporaneos ‘nos dizem; basta-nos apenas reproduzir esta pagina de Ro- DRIGUES FERREIRA, o célebre naturalista, eserita ha quase cento e cingiienta~anos; em que éle deu_do indio eta tio eurioga ¢ eXata-psicologia: — pee Para deegostar © cousa basta ¢ sobeja: basta que o diretor o advirta que trate gostar-se umn déstes qualqu MAGA & ASSIAIILAGAO 35 de fazer_aastiacasa-onde-mora;-basta-que-o-vigicio o sdimocste da-obrigacio quetem de aprender a douteina ari se batizar;ebuatu, enfim, que,,hide st para si, Pneereae Tew desconfiar_de_ana—aedo_ou de um eT aie BEIT Shonda; ao que tudo acresce que, se chega a Yer que adoece ou morro alguim dos companheiros, des- Gontia entao do Ingar da povoagio, desconfia-da quali _dtdo do Sostonts, desconfiamdo-FeTmCiO_que Ihes Fazer ‘Taos qAeo farem, Em térmos semelliantes, esta mos ‘Pande a ByeiGneia que eM o Elos mul mimosos e ainda mais guardados que bichosdeséda, nem POC muda az condita” (9). Este retraio como se vé, de um puro esquizéide, com tédas as caracterfstieas que the atribuem Knets- cHMER ¢ os da sua escola. : Nao seria’ razoavel, pois, se diamte de um grupo social, em que dominasse a raga amerindia, coneluis- semos pela presenga néle de unta maioria de tempera- mentos e=quizéides, com todas as conseqiiéneias de or- dem moral e intelectual dai decorrentes?. De um grupo onde 0 elemento preponderante fasse 0 negro seria por- ventura absurdo concluirmos pela presenga neste grupo de uma maioria de individuos caracteristicamente eiclo- timicos? wri Esta correlagio entre 0 tipo morfolégica © 0 tipo psicoldgico revela-se entre os proprios mesticos. Bem sei que éste dominio da psicologia dos mesticos ainda um terreno mal explorado, em que as pesquisas ainda niio permitem conclusées definitivas (10); mas ja comecam a definir-se algumas das linbas do seu perfil psicolégico. Recordo aqui as interessantes pesquisas psicomé- tricas de Pascat ¢ SULLIVAN sibre os mesticos de indio (9) Rooucves Perssata — Vingem filosdfiea ao rio Negro (“Rev. ‘Trimesteal”. vol. 48, pig. 51)~ G0)" Bean (M)" The methodology of racial testing: its si nificance for sociology (“Amer. Journ. of Sociology”, 1925, pig. 65) 36 OLIVEIRA VIANNA e braneo em Tuscon, no México (11). Bstes_investi- gadores encontraram uma sensivel correlacdo entre o tipo_psicoldgico_e_o tipo morfolégico dos_mesticos, has suas varias gradagoes de sangue, Os dados de SULLIVAN ¢- PASCAL. nao se reférem a0 temperamento € siti 0 tipo de inteligéucia; isto mostra, porém, que “0s Diotipologistas estio pisando em camiuho certo quando afirmam que o tipo constitucional nio deter- mina apenas o tipo de temperamento, mas também o tipo de inteligéneia; néo rege apenas a condi tive do individuo, mas também a sua eondigao inte- lectual. Os dois pesquisadores americanos cheyaram, com efcito, a conclusio dé que hi uma diteta eorrelagio entre a quantidade de sangue indio © quociente in- telectual, o coeficiemte de aproveitamento escolar ¢ a condigio social dos mexicanos em Tuscon. Dizem éles ainda que a chegaram HuNTER e Garrat sobre os mestigos de indio © branco. Isto é quanto maior a soma de sangue indigena do individuo e, portanto, quanto mais o tipo do individno se aproxima do_tipo-morfolégico do indio, tanto mais éstes indiviz duos _reproduzem, nas suis condigée—imelectiaisy as ~ cafacterisieas inteleetuais do indio, ¢ vice-versa, Fe Estas pesquisas no campo da psicometria, reali- zadas por éstes, como por outros investigadores, sébre a psicologia diferencial do negro ¢ do branco, & possi- vel que oferecam até a0 momento presente conelusses contraditérias (11 bis), Considerando-se, porém, téda (2) Pasear ax Suuavan — Reciel influences in the mental and Physical development of mexican children, 1995. V. também wma pesquisa de Suter cealizads sébre indigenas e tiraneos numa eseols americana no “Journal of Social Forces", marga, 1955, pigs. 418 ss. (11 Bis) EY preciso sempre ter em vista que a tecnica dos testes esti ‘em evolugio; hi ainda muito aperfeigenmento a. introdutirse rela pare que dé tido o que dela se pode esperar RAGA E ASSIMILAGKO 37 essa massa de dados obtidos sébre quase 32 mil indiy duos (12), entre negros, braneos ¢ indios, é impossivel deixar de reconhecer que ha uma certa correlacao (esta- belecida, é claro, sébre bases de maior freqiiéncia) en- tre asses tipos morfoldgicos (étnicos) © certos atributos intelectuais. £ esta também a conclusio a que tém chegado os que fizeram 0 estudo psicométrico comparativo entre “08 diversos tipos arianos, como 6 0 easo dos antropo- metristas americanos nas suas investigagdes sobre os rutas (cérea de 112.000 individuos) do grande exér- ano da Grande Guerra, Estes téenicos ve- rificaram que os diversos tipos arianos nfo se apresen- tavam, em face de anélise psicomeétrica, em igualdade de condigées; nem os nérdieos, nem os celtas, nem os mediterrineos davai o mesmo coeficiente veste ou naquele teste de inteligéncia, Em certos testes apre- sentavam-se inais favorecidos os tipos nirdicos do que 0s tipos celtas; em outros, éstes ¢ os tipos mediterré- neos mais do que os nérdicos (13). Nessas pesquisas tio vastas, realizadas em eseala tao gigantesca, & certo que houve, nos métodos empre- gados, muitas imperfeigdes (14); é certo que muitos outros fatdres concorreram, que niio os puramente ra- ciais, para as diferengas encontradas entre as diversas etnias (15); mas, nao ha divida que, pelo volume, dos grupos antropolégicos sébre que se realizaram (12) Cle. Somoxis — Contemporary sactological theories, 1928, pigs 2959, (23) Dur, — Limmigrarion ane KeateUnis et le déclin de Pinteltigence américaine ("La Grande Revue”, 1925, pig. 130). (18) y, Pormus Axo Bascock — Temperament and race, 1926, cap XIIB, “Meso — obr. city pigs, 687 snj Bovonunt — Biometricn, W825, paige, 2523. (nota) (25)"Nuuran — The race hypothesis (“Amer. Journ. of Socion logy", 1926, rig. 428); Rusnnano — The Negro: le he biologioal injeriar? (Idem, 1927, pig. 256). 38 OLIVEIRA VIANNA essas pesquisas; 6 impossivel pr em diivida que haja qualquer trago substancial de verdade nas conclusdes a que chegaram, Ha um conceito de Rirey que con- vyém lembrar: é de que 0. Acaso no opera por atacado. Realmeme: néo é possivel que se possa atribuir a cor digées meramente acidentais éste conjunto tio consi- derdvel de correlacées morfopsidologieas reveladas. por aquéles investigadores, Iv itifiquemos com esta compreensio ciontifica da psicologia das racas é preciso, antes de tdo, um certo senso de relatividade, cousa que nem sempre levamos para ésse dominio, Em geral, temos désses fendmienos uma nogio rigida, dogmitica, mo: notipica; nao compreendemos que as foreas da vida orginica, tais como as da vida superorginica, niio se snbordinam a formulas rigidas, a leis inflexiveis, a es quemas invariiveis. Hoje, em eiéncias naturais-como em ciéneias sociais, nenhuma lei é absoluta, nenhum principio é absoluto, nenhuma ‘afitmacio & absoluta; tudo deve ser sempre compreendido num sentido rela- tive. Diclo magnificamente Frawx Hanks: — “No uso da expresso “raga”, a primeira dis ficuldade € a difieuldade em pensar em térmos relati- vos ¢ nao em térmos absolutos, em probabilidades e nio em certezas. © homem comum pede a sua ciéncia © que pede a sua religido e a sua filosofia moral: que Ihe fornega verdades absolutas e eternas; mas-o certa_ que_o mindo-eniqu Sim mundo vaviablidade, _de probabilidade, de transformacio con- tinua, ‘dé relatividade, Os tipos étnicos vivem num estado-de-flutuagao ¢ as diferencas entre os tipos sio relativas ¢ nio absolutas, Isto nio significa que estas rc RAGA E ASSIMILAGKO 39 diferencas sejam sem significacéo; mas apenas que elas dovem ser consideradas como sendo o que realmente cio, jsto & como variagdes de certos atributos fundamen- tais, que perteneem a toda a humanidade” (16). ste sentimento de relatividade que deve presi- dir a nossa compreensio dos problemas concernentes fa psicologia diferencial das ragas. Esta deve s carada segundo o critério dos “grupos de fre da distribuicéo dos caracteres nas grandes séries; em suma, segundo 0 eritério da “lei dos grandes niimeros”. Em principio, nenhnm atribute da psique humana é privativo desta ou daquela raga, eomo queriam fazer acreditar os antigos psicologistas de ragas. Bsse_atri- Iuto apenas deve-se_revelar mais fregiienteménte neste 6% Haquéle tipo antropolégico. E’ justamente nesta maior ou nienor fregiiéncia na aparigao déste ou da- quele atributo que vamos encontrar a earacterizagio psiquiea diferéncial de um tipo antropolégico qualquer em face dos outros. Do Braneo em face do Amarelo. Do Branco em face do Negro. Do Celta em face do Nor. dico. . ! v Compreende-se agora por que uma nacéio nfo pode ser indiferente nem & qualidade, nem a quantida- de dos elementos raciais que entram na sua composigie. ‘Trazendo para a formagio do plasnta racial os seus “tipos de constituigfio” mais freqiientes, éstes elemen- tos raciais determinam os tipos de temperamento e de inteligéncia que devem preponderar na massa social. Ora, para os destinos de uma qualquer sociedade ou grupo humano nio ¢ indiferente contar em seu scio (16) Hankins — Introduction to the study of society, 1929, pig. 96. 40 OLIVEIRA VIANNA uma quantidade maior ow menor de individuos de tem: Peramento “ativo”, ou de temperamento “fleumatico”, de natnrezas “sensiveis” on de naturezas “frias”, de in- doles ciclotimicas ou de indoles esquizotimicas; como nio sera indiferente possuir uma quantidade maior ou menor de inteligéncias “imaginosas” on de inteligen- cias “positivas”, de espiritos “ealeulistas” ou de espi- ritos “sonladores”, de mentalidades “pritieas” ou de mentalidades “artisticas”, de tipos “subjetivos” ou de tipos “objetivos” — de tenders ou de toughs, de James. Um povo, cujas matrizes étnicas geram, di- gamos, 80% de individuos do temperamento “instivel”, de Fuso, nao pode dar a mesma forma de civilizagio, nem ter o mesmo ritmo de progresso, nem revelar ag mesmas expressées de cultura, nas artes, nas cigucias, na politica, nas atividades econdmieas, que wn outro Povo, cujas matrizes étnieas produzem, em quantidade mais numerosa, temperamentos priticos atives ou re- solutes. Esta verdade provase por si mesma, provasse com 4 nossa prépria experiéneia pessoal; basta considerar. mos uma pequena sociedade, um grupo, uma associa. slo, um clube. Ninguém dird que as atividades de um Pequeno circulo de homens de ciéucia, uma academia, ou um centro de estudos, em que preponderem intel. géncias de‘ tipo concreto © positive, sejam as mesmas de um outro, em que os tipos intelectuais preponde- rantes sejam inteligéncias imaginosas e artisticas, — “Um pintor fornecera uma obra de qualidade muito diferente — diz CuaPantive — conforme pertenca 20 tipo “introverso” ou ao tipo “extroverso”, a0 tipo “estitico” ou 20 tipo “inimico”; mas, mum ¢ noutro, eso, estamos diante de aptidées para a pintura” (17). {1D Craranion — Comment diagnowiquer ler aptitudes chez es écoliers, 1925, pig. 42. a RAGA E ASSIMILAGKO 4 Duas ragas — a Nérdica ¢ a Céltica, por exemplo — podem exibir uma fecundidade exatamente igual em temperamentos artisticos; mas basta que wna seja mais fecunda em temperaments artisticos do tipo introverso ¢ outra mais fecunda em temperamentos artisticos de tipo extroverso; que uma dé maior proporgio de inte- ligeneias do tipo “clissieo” de Osrwatp, ¢ outra, maior proporcio de inteligincins do tipo “romantico (18), para que as formas das suas manifestagdes eulturais, num e€ noutro grupo, apresentem um eunho préprio, exibam um colorido especial, que torna éstes dois grupos nitidamente diferenciados um do outro, Porreus se c em imaginar os reflexos so- ciais que se podem manifestar num grupo humano, pando néle prepondera ate on aquéle tipo de tem peramento. Por exemplo, um grupo em que sejam mais numerosos 0s individuos de temperamento irresoluto, fraca eapacidade de agio, instabilidade nas delibera: ges ¢ atitudes. Neste grupo — conclui le — a ividade cconémica se revelari pouco eficiente, a po- breza se generalizaré, 0 nfimero dos indigentes nao pode deixar de ser avultado. Ele supée outro grupo, em que 0s tipos impulsivos e moralmente “descontrolados” scjam mais abundantes — ¢ conelai que éste grupo ha de apresentar forgosamente uma elevacio maior no in. dice da sua criminalidade ¢ na intensidade dos conflitos sociais — o que se traduziri, na vida administrativa do grupo, num maior nimero de instituigdes penais, pri- ses, penitenciafias, reformatério, ¢ numa Tanior ati- vidade do organise jadic ‘Policial”" (19), “Os widdos de expres la social, sejam mo- rais, sejam intelectuais, de um dado grupo, como se (28) Osrwace — Les gronds hommes, 1920, cap. XI. 29) Powrsvs aso Bascoce — obr. eit, copitulos IX, XVIT ¢ xv. 42 OLIVEIRA VIANNA vé, esto dependentes dos tipos de temperamentos ¢ dos tipos de inteligénein néle preponderantes. Estes tipos de inteligéncia ¢ de temperamento esto, por sua ver, dependentes dos “tips de constituigio”. Ora, como éstes, por sta vex, estio dependentes dos “tipos Atnicos”, isto & daqueles tipos somatolégicos a que chamamos “ragas”, a_conclusio 6 que a raga 6 em wil. tima_anilise, um fator determinante das ati € dos destinos dos grupos Inumano: Tuaginemos uma sociedade relativamente homoge nea, onde domine fortemente um determinado tipo é- nico, OQ eneadeamento causal, 0 sorites’ antroposso- cioligico deve ser éste: a) a “raga” (tipo étnico) determina a maior fre qiiéncia déste ou daquele “tipo de constituigio”; b) aste “tipo de constituigio” determina a maior freqiiéneia dos “tipos de temperamentos” ¢ dos “tipos de inteliggncia” ; c) ates tipos de imeligéneia e de temperamento mais freqiientes, portanto mais numerosos, vio condi nar as manifestagées das atividades soeiais ¢ cultur do grupo, Imaginemos, a titulo de exemplo, duas sociedades em nosso meio: uma, em que dominassem os mestigos do indio, ¢ outra, em que dominassem os mestigos do negro; havendo para a formaeio déstes mesticos, num noutro grupo, um elemento comum, digamos: 0 branco peninsular, Dando que o braneo soja mais fecundo no temperamento A, supondo que o indio seja mais fecundo no temperamento B e o negro mais fecun- do no temperamento C, é elaro que os dois grupos em hipétese nio poderiio apresentar, no ponto de vista da sua psicologia coletiva, a mesma fisionomia. No pri- mieiro, dominario os temperamentos resultantes da combinagio A x Be, no segundo, os temperamentos idades~ RAGA E ASSIMILAGAO 43 resultantes da combinagio A'x C. Nas atividades eco- ‘némicas déstes dois grupos, na vida familiar, nas rela- ges da politica, nas relagdes da arte, da ciéncia, ete., ‘em tudo se descobriré sempre 0 trago dessa composi diferencial. Supondo que C représente um temperamento esquizdide e B um temperamento eicléide, pode-se ima- gina como serio diferentes os destinos de cada um désses grupos. Quando mesmo éstes destinos sejam ignais em grandeza ¢ em brilho, haverd sempre uma diferenga qualquer, embora imprecisa e sutil, a assi- nalar as manifestagées culturais de eada um déles: aquéle tipo de temperamento preponderante dar-lhes-é uma tonalidade, um colorido especifieo e origina CAPITULO UI Os tipos. antropolégicos e os problemas da_bio-sociologia Somimo: ~ 1 © problema da Xlpor antropal classificagio dos 0 tipo“ Tmpossibilidades. de consi Tnconvententes que resul. tam desta uniffeagio para a solugio dos nasios problemas de biosociologia, de antropossociologia de psicalogia dines. — TT © problema da adi- 2 brasileiro. co”: sun complesidade, Aerélo um tipo dao, mapio do ariano nos testes da selesio telixica, Necetsidade de dise of diver “pos” brancos. — ua comploxidade. © indio e os sous “tipos”. Origens préhistirioas doz amerindios. DION ¢ 4 sua. tese a diversidade antropolégiea dos povos amerindios, 0 tipo “negro”: saa complexidade, 0 tino su complenidade. Tipos abstrator ¢ tipoe 1 IV. Reagio contra 0 método dae “médias”, Conecivo de Parutauut, de BuNak, ete, Process de pesqui sas para a determinagio de tipos antropelégi cos: conceite de Sronywse e CorvienteGn 10s tipos locals Brasileiros: 0 “gaucho”, 0 rueciro", 6 “laranjo", 9 “enisbano”, 0 “cearense”, ee, — V. Povquisas antropeligicas entre nds, Neves: sidade de uma oriemtagio pritien. 0s recenseamentos de 1872 ¢ 1890, os nossos de- mografistas oficiais adotaram uma classificacio dos tipos antropolégicos brasileiros, tomande como eri- tério diferenciador exclusivamente éste cardter mor: folégico: a cér da pele. Dai a divisio da nossa 4“ RAGA EB ASSIMILAGAO 45, populagio em quatro grupos étnicos: 0 dos brancos; © dos negros; 0 dos eahoclos; © dos mulatos (1). No grupo branco estavam 05 brancos puros e 0s fenétipos do branco (mestigos afro-arianos ¢ indo- arianos em reversio para o tipo branco). No grupo caboclo: 0s amerindios puros ¢ os fendtipos do ame- rindio (mamelucos ou cafusos em reversio para o tipo amerindio). No grupo negro: 0s negros puros ¢ os fenétipos do negro (mulatos e cafusos em reversio para o tipo ‘hegro). © grupo dos pardos ou mulatos era constituide por aquéles mestigos afro-arianos, que, pela pigmentagio particular da pele, no podendo in- corporar-se a nenhuma das ragas originirias, formavam ‘um grupo a parte, perfeitamente diferenciado dos ou- tos grupos. Era, como se vé, a oficializagio da classificagio popular dos nossos tipos étnicos, Hoje, esta classi- ficagdo nao mais pode ser aceita, E’ que éstes grandes quadros étnieos, dentro dos quais os nossos antig estatistas acomodavam os varios tips antropolé; cos, constitutives da nossa populagio, revelam-se dema- siadamente complexos heterogéneos — ¢ esta hetero- geneidade os torna impréprios para serem utilizados com éxito nas pesquisas tendentes solugio dos grandes problemas relatives a hiologia, 4 psicologia e a soci logia das racas no Brasil. I Tomemos © grupo branco, por exemplo. Como podemos consideri-lo no ponto de vista da sua signifi- cagio bio-socioldgica? (Q) Eita cassifiengio foi adoada também pelo prof. Rov quermpiito: ¥, Ensnias de Antropotogia Brasileira, 1933, 16 OLIVEINA VIANNA gam-se pela identidade de um vinico carter antropo- logico: « edr da pele. E’ 0 grupo dos brancos. Ora, ste grupo ¢ altamente complexo, No ponto de vista antropoligico, éle compreende ou, pelo me- nos, deve compreender, nio_s6_08 ‘tipos branedides, - resultantes da¢évolugi art }dos mossos mesti- 908, como tambéin-os-represthtantes de todas as ragas 8 aqui afluentes, sejain os colonos aqui fixados, sejam ‘os «descendentes déles. Hi, portanto, néle in- dividuos de tipo Europeus,como a_maior_partedos flemies do worte, (fos holandese3, cds dinamargueses, dos=ingleseqdos suecoy dos Torueguser © dos balti- ianos, Tetbes, estonianos, grandes russos). Ha também elementos de tipo Slavonicus, com a gene- ralidade dos polacos vistulianos, dos russos brancos, dos alemnies silesianos, numerosissimos entre nés, Ha também clementos de tipo Alpinus, como grande par- te dos austriacos, dos Iningaros, dos teheco-eslovacos, dos pequenos russos, muitos dos italianos da Lombardia, do Piemonte, do Trentino. Ha também elementos de tipo Dinaricus, como os ingoslavos em goral: sérvios, hosniacos, croatas, montenegrinos, grande parte dos migrantes do Trieste, do Véneto, da Istria, da Dalmi- cia, Por fim, os numerosos representantes da raca ibero-insular (H. meridionalis): portuguéses, espa nhéis, italianos do sul, grogos, insulares do Mediterra- neo e do Atlintico, vindos dos Agires, das Candrias, das Baleares, da Cérsega, da Sicflia, da Surdenha, de Malta, das ilhas do Tirreno e do Egeu. Grandes doliegeéfalos Touros, de raga Nordica, Pequenos braquicéfalos louros, de raga Eslavonica. Grandes braquieéfalos louros, de raga Galata, de Guianr. Grandes braquicéfalos brunos, de raga Dindriea. Pequenos dolicoeéfalos_hrunos, de raga Ibética. Grandes dolicocéfalosbrunos, de raga Atlantica. Robustos braquicéfalos brunos da regizo Pate ee cet a Pecos Poco Paces taco cdg ece seco RAGA B ASSIMILAGKO a danubiana © das regives alpestres da Europa, de raga Celta. | Todog éles, sem diivida, brancos; mas, no ponto de vista da morfologia ¢ da biotipologia, como Sio variados 05 tipos encontrados entre éles, sejam co- lonos ou descendentes! Dentro de objetivos meramente antropométricos, é possivel que se possam desprezar essas diferenciagées biotipolégicas que se manifestam entre 05 elementos do grupo branco (europeus de origem ¢ deseendentes) ; mas, no ponto de vista da Ginica ce da antropossociologia, éste_grupo_formado jo-sociologi, da psicologia por elementos tio heterogéneos torna-se, na_verdade, impréprio para qualquer utilizagio cientifi Realm lerarmos ste grupo como wn todo homogéneo, que inferéneias poderiamos tirar com relagio as suas condigdes morfonosoldgicas, de tama- tuhos reflexos no campo da demografia © da bio-socio- logia? is suas condigdes fisiopsicolégicas, de tama- shos reflexos no campo da sociologia, da etnografia © da psicologia social? Se as caracteristicas bioldgicas, se as caracteristicas nosolégicas de um grupo, se as suas caracteristicas psicoldgicas, nfio podem deixar de estar correlucionadas com os tipos morfolégicos compo- nentes déles, como j@ vimos no eapitulo anterior, que sentido realmente poderio ter os dados antropomstri- cos ou biométricos que obtivermos, se éles foram obtidos sébre um grupo extraordinariamente heterogéneo, eyp que se nio levou em eonta nenhuma das condi¢des bio- tipoldgieas dos varios clementos entram na sta composigao? Stnicos que E possivel que ao norte ¢ ao centro do pais, em yirtude da preponderdneia quase absoluta de uma etnia apenas — a portuguésa, de morfologia mais on menos uniforme — branco posta ser considerado um tipo tinico, em térno do qual gravitem as variagSes in- dividuais; mas 0 mesmo nio se poder dizer do sul 48 OLIVEIRA VIANNA do pafs,de Sao Paulo para baixo, onde os elementos arianos ali fixados pertencem a tédas as etnias euro- . Possivel de aplicagio ao norte do pais, esta classifieacdo dos nossos demografistas nio 0 poder ser, com 9 mesnio éxito, ao sul do Brasil. Ora, esta regio do sul é justamente a zona énicamente mais viva do pais, a mais riea para as exploragdes antropo- logicas e etmogrificas, onde os grandes problemas da biologia da raga ¢ da sociologia da raga se estio reve- Iando com uma nitidez impressionant Eu senti vivamente a impossibilidade de utilizar- me desta classifieagdo tradicional dos nossos elementos étnicos quando procurei verificar 0 modo por que os diyersos “tipos” europeus estéo reagindo ao nosso elie ma tropical (2). No momento em que formulava as bases para as pesquisas, fui forgado a reconhecer que, com esta classificagio, néo poderia chegar a resultado algum feeundo. Ela me levaria fatalmente a conclu- sbes sem significagdo, que condenariam 4 esterilidade tada a atividade investigadora. Por qué? Porque, nos climas wropieais, as diversas racas arianas nao tem a mesma capacidade de aclimagio, de “resposta adapta- tiva”, como diria Cuéxor. £0_problema da influéneia degenerativa do di. —ma.tropical_sobre_os srupos étnicos de origem curopéia — diz, 0 professor GerMANo ConRElA, num recer trabalho sdbre 05 1usos-descendentes da India — & uma questio ainda a estudar ¢ a resolver, pois cada ver 1 se reconhece que hé varios tipos de climas topicais ¢_ ~qe_as diversas etnias européias nie se aclimnatam, ~a_mesma facilidade em tédas as regiGes quentes” (3). (2) 0 Ariane no Brasil * (nédito) (3) Gemwaxo Comers — Les enfints ot les adolesconts Iuso- descendants de UInde porwigatse, Nova’ Goa (India Portuguesa), Roguern-Puxro — obrs eile. pigs TT. fal 40 Brat (we note da bhS. 7). RAGA H ASSIMILAGLO 9 Se as etnias européias possuem cada uma delas um modo especifico de reacdo ao’ clima tropical, con preende-se a necessidade de destacar do grupo branco as “ragas”, que 0 compdem, para poder determinar, com seguranca, a aclimatabilidade diferencial de cada uma. E’ impossivel, portanto, jogar apenas com éste grupo to heterogéneo como se éle fosse composto de um tipo antropolégico ‘nico. Considerando 0 grupo branco como um “tipo”, as pesquisas sobre a capacidade adaptativa déste su- posto tipo niio nos Ievariam a nenhuma conclusfio apro- veitavel, de ordem pritica. De que nos serviria saber, com efeito, que o tipo branco é aclimativel na regiiio tropical ou equatorial do nosso pais, se éste conheci- mento nfo nos daria nenhum critério seguro para di tribuirmos pelas nossas varias regides climaticas as di- versas etnias imigrantes ou os “tipos” antropolégi- cos que elas nos trazem? 0 “tipo branco” € actima-“) tavel na Amazinia — diriam os pesquisadores. Mas, branco é 0 Nérdico; branco é 0 Celta; braneo é 0 Thero. Ora, cada qual désses tipos tem uma “resposta adapta. \ iva” prdpria aos elimas tropicais, como veremos. — __) il Com efeito, em face das experiéncias colonizadg- ras da Africa, da Austrélia, da Asia e da Améri grupos formados por etnias de raga Nérdiea parecem revelar sensivel incompatihilidade com os climas de tipo tropical, principalmente os equatoriais (3 bis). E° 7s) Ta entre nds uma cocrente que megs 2 agio do dle fete Pare ‘Pennaz — Meteorologia ‘easileire, 1934, pigs, 343 Bey sosud ne Cherny dlimentogso © rag 1936, pigs 109 me Un Selon itor Coun 0 elon soca dementia) forme ina ties — ume de autores prd inffoéncls do slima e outa de futores contra =e coueluin oe; em. face esas “opiniges cone ‘ 50 OLIVEIRA VIANNA uninime 0 conceito, entre os antropologistas ¢ téenicos em medicina tropical, de que 0 Nérdico nao pode acli- matsir-se nas regiées megatérmicas do globo, entenden- dose aclimatagéo no sentide que Ihe dio 0s modernos ecologistas ¢ antropogeografistas, GLENN TREWANTHA, Hunnyeron, Gurrira Tartor, EYKMANN, SAPrER, ete. (4). Nos centros tropieais de colonizacio nordica, os estigmas de degenerescéncia se revelam de uma maneira muito fregiiente entre os “descenden- tes”. E’ 0 que se observa na Australia Tropical, na india, na Afriea Inglésa e na América Insular. Ainda agora o ailtimo recenseamento de 1921, realizado na fio muito forte no erescimento da populagio branca nestes iiltimos dez anos ¢, a0 mesmo tempo, manifesta a sua inquietacio ante o desenvolvimento alarmante dos poor whites © leadcran, © lina, 930 tins influénin, Bite absalwn 6 cle tea pelo" yto de Minerva, sumo, no fare. 'A “conan cot, a Ege se deve proseuir nat peal Guay — Recont though on the problem of, athe acclimation tthe ‘ee ropien (Coppin ke “i; Emon Bons "The ‘cline of Ziberia nds elec om ‘Mow Gite 219, pie. 300); Gurr Tuvton Sm phe ‘etletent of tops astral’ (ems, ie Tie Mane Jevenson "an “American “colony in lve "Glee ‘2%, B88); “Duscor — Quecnland ond Jamaica idem, 190% yi SS); "Husiseron, — Chiearon and einate, 2%, egy. TIS Gasrezagy = Chinas and acterization 1901" Covacy. Wins The pollen othe actinic nthe opel rego ithe Inston Repat Tor 10 iy" Ceopraphic et Colonisation, 1933, : pet Herter eee Or enropoe do Norte ~ shares Kat Saarex — nfo ém com sepuide consis, noe plaloropialy ne eoubel temporiion Blea "tém "tents ‘opanacty ‘etas nei toca permanent, ie ‘bse. asic, em eo slona abot peor aelo manual aso Odes Xeon nvarivelmente, frcaando™ Te” Soci Sciences “Sone 1982, $10). ideas in fe A En elagio i pouca ade = Madapeser (Gang Re Tourn“ Soiotony het iio das etnias celiac: v, Grayorien 19%, pag. 198); @ também “Amer. 58. RAGA E ASSIMILAGRO sl crackers, isto & “fracassados”, degenerados ¢ indi- gentes (5). Entretanto, os elementos do grupo Mediterraneo, a0 contrério dos elementos do grupo Nérdico. revelam ‘uma inegavel capacidade de adaptagio aos climas tro- pieais, Mesmo em “descendentes” de tereeira e quar- ia geragies, no se encontra nenhum sinal sensivel ou positive de degeneragio, nem no fisico, nem no mo- ral. E’, pelo menos, o que acaba de observar o profe: sor GERMANO CoRREIA para os lusosdescendentes da india e da Afrien (6) Como entio fundirmos todos étes brancos — ibé- rieos, dinirieos, celtas, nérdicos, tdo diferentes uns dos ‘outros — num s6 grupo e realizarmos com éles inves- tigagées sébre aclimatabilidade, como se estivéssemos diante de uma série homogénea, composta de um tipo antropoldgico vinico? ” Como, por exemplo, determinar os indices di renciais de morhidade de cada um désses tipos? Estes indices sio extremamente importantes: @les funcionam como elemento indicative da capacidade adaptativa de ‘um dado tipo étnico num dado meio climatico. files também tém uma grande significagio econdmico-demo- grifiea: servem para o caleulo da “eficiéneia” dos di- versos tipos, isto 6, para determinagio da sua maipr (5) ¥ “Geographical | Review", 1926, pig. MD. E_ também Cearke “An south efricen smapshot "(The International Die gest, 1951, B81 pig 30) vomos ali + tendéneia da popalse Go anglosaxinia para uma “oligarchy of poor whites". Segundo Pesquisas receniesy os ingleses (classe inferior, poor whites) ali re Uidenter apreventam um indice intelectual "} média ‘da. popu Tago inglésa na pita de evigern (wv. “Revue Internationale da Tra Fevereiro, 1984, pag. 258) (6) Gramaxo Comtia — Les Insodessendante de PInde Pore tuguise, Goa, 1928; — Les tnsodescendants de C Angola, Nova Goa, 1930. 52 OLIVEIEA VIANNA ou_menor produtividade material ou intelectual num dado meio (7). De-importineia ainda maior so os indices dife- renoiais de mortalidade adulta, de mortalidade infantil, de, natimortalidade, de fecundidade e de fertilidade (net fertility). Bstes indices sio verdadeiros testes de aclimatabilidade ¢ néo 6 nos permitiri nar as possibilidades de aclimagio déste ou daquele tipo em nosso meio, como nos permitiriam determinar, no campo da demografia, a importancia futura, isto é, a posigéo estatistica futura que esta ou aquela etnia, esta ou aquela “raca” (tipo) viria a ter numa dada populagio local, em que éste tipo ou esta etnia en- trasse como elemento formador, em coneorréncia com outros tipos on outras etnias, Todos ésses indices — quer 0 de morbidade, quer © de mortalidade, quer o de natalidade, quer 0 de esteri- lidade, quer o de jertilidade — sio diferenciais. Isto 6 variam com as etnias ¢ com os tipos étnieos: m_ determi. (7)_Bvidentemente oma ctnia ou oma “raga” (tipo), ewia amédia cnual de dias de doenga, em virtude de uma maior welt matabilidade num dado meio, ela n, Ih de fer econdmeamente ‘mais prospers, isto & hi de ter uma produtividade total superior 4 uma ontrs, eujo mémero médio anual de dies, de docntar 2, Jusamente em virude de wna edaptabilidade menor de 2n. Ne Aawtrilia, pelos. eilealos estatisticos nos hospitals de Queensland, chegouse 4 concluso de que, mz zonas do norte da ilha, de tipo tropical, 0 indice de morbidade da popalagio anglowaxsnia é de 7 por 100; nas zomas' do centro, mai brandasy € de. 3 por 1.000, g ,mae,xonas do. sul, J de chim temperado, "a merbidale de 25 9% apenas (Gucerion Tavion — Environment and re:e, 1921, Pig. 261); v. também: Huxsixeron —— The. relation of heath 20 racial ‘rapacity. (“Geographical Review", 1921, pig 231). Cle. Micitsls — Lavoro ¢ ‘razed, 194, pig. 96. Sébre a’ importincia econsmiea © social da morbidade:' ¥. BexTo Carquesa —'O Povo Portugués, 1916, ‘pigs, 241 |Amsariacos ¢ rus|Nérdica, Celta & Bos eeseeseveal Bslavinien J. Marcoudes ‘Afonso Pena | Bxpir. Sonto[Alomios, italienos| Nérdicn Thera, Cel spanks e ho| tw AUsntica Tinesee hat Porané’ |Austriacon, enstor|NOriea, Celta @ ‘Palamics "=| Fslavonica oto Pinheiro | Minas Gerais] Alemies, austria] era, Celta © Nor Cone italignoe | die Inconfidéacia * — [pspanbie eale|Thera, Mes aan Celta @ Nérdien. Monsio io Puulo|Japoéwes © espa|Nipiniea (2) while Ther. Banderantes » — |Peetuguiéses « aleltbera, Celta e Noe ries Sas Graz Machado .| — Porani |Russos, _auatrivos|Colts, Nérdiea @ @ alemies | Eslavéniea, Senador Corral” —[Russos © austriacor{Celta, Nirdion Ealaréniea, Apviarana » — |penssos, atemies |atemies, russes efCalta, Nérdica 6 iH austriacet revsa] Eslavéniea, Anitipolis ....| S. Caterina} Alemies ¢ anstrin] Gin esesrecnee | Nordica © Cela, Batéves Jénior + TAlemies ¢ ruscos [Nordica © Cebe, Rio Branco » — Taemies © Sse. [Celta, “Nérdica 6 Balavinie, Ha, como se ve, duas ordens de problemas e, con- seqiientemente, duas ordens de pesquisas a fazer. Ha as pesquisas relativas A interfuséo das etnias ¢ ha as pesquisas relativas a interfusdo das racas (6). Estas iiltimas estio dependendo daquelas — € onde nio ha interfusio de “etnias” nio se pode pensar em inter- (6) Sébve o conceito de “etnia”, v. Larovce — Les séleetions sociales, 1996, pigs. 1D; Hoyos SANS y ARANZap! — Etmografig sus Bases, sus métodos y aplicaciones « Esprla, pigs. 89; Recxaver — La question des races devant anatomic ot 1a linguistique (“Compto- ronda. de Ta III sersion de Dinstitut.Ioters, @Aatbropalogle". 1921, ‘big. 193); Moxtaxvon (G.) ruce; les races, 1993, pig. 18. morte FOS 6 OLIVEIRA VIANNA fusio de “ragas”: se os “grupos eulturais” nao se mes lam, as “‘ragas”, que os compéem, também nao se podem meselar. & indispensiyel, pois, antes de estudarmos 0 melting-pot das racas (biologia dos eruzamentos), estu- darinos 0 melting-pot das etnias (interfusto ¢ assimi- Tagio de imigrantes). © problema se formula assim: — Estes varios grupos nacionais (etnias), que se fixaram ao sul do pais, ricos como vimos, ora em cle- mentos ibéricos, ora em elementos celtas, ora em ele- méntos nérdicos, ora em elementos eslavénicos, ora em elementos dinarieos, e diversifieados por formas par- ticulares de cultura, principalmente por distinges so- ciais de Lingua ¢ de religi@o, como se esto intereruzando € com que intensidade realizam a sua tendéneia natural 8 assimilagio e fusio? 111 Broom Wesset, sociologista e demografista ameri- cano, adotou para pesquisas déste género um método que nos faculta apurar, com segurangs, 0 grau de ine terfusio das etnias nestas coletividades complexas for- madas elas aluyiées eolonizadoras, em paises de imigragio como os Estados Unidos ou como o nosso. Ele toma para campo das suas pesquisas, a populagio da cidade de New London, no Conneetieut — centro de convergéneia de imigrantes estrangeiros de téda parte (7). ‘Wessex. comeca calculando 0 grau de resistencia das diversas etnias & fusio — e dste grau de resistencia 4 fusio dado pelo edleulo pereentual do mimero de (D Boos Wesses. — Ethnic Factors in the population of New London (“Amer. Journal of Sociology", julhe, 1929, pg. 18). Poste: rlarmente, Wester, desonvelvew © sstematizou 0 seu metodo, dandelhe maior amplitude e fecundidade: v. Boom Wasses, — An ethnic survey of Woonsocket, 1931. RAGA E assiMILAgio 1 familias homnogéneas em cada etnia considerada. fle estabelece, para isto, como base de pesquisa, o eritério de $6 considerar “homogéneas” as famflias, nas quais os pais de ambos os cinjuges pertencam a mesma etnia, isto 6, sejam da mesma nacionalidade, Uma familia italiana, ou alema, ou polaca, de tipo “homogéneo”. pois, uma familia em que os pais do marido e os pais da mulher (uns e outros) sto, exelusivamente, ow ita lianos, ou alemées, ou polacos. Se déstes quateo pais apenas um déles deixa de ser italiauo, on alemio, ou polaco, esta familia nfo 6 mais considerada “homogé- nea” © passa para o grupo das familias “heterogéneac”, on “mistas”, isto é daquelas familias que estio no melting-pot. Broom Wesser. consegue recensear cérea de 1.819 jas, entre estrangeiras ¢ nacionais, residentes fan New London — e isto por meio de um inquérito feito nas escolas daquela cidade. Destas 1.819 familias, éle verificou que nada menos de 1.352, ou sejam 74,3%, eram “homogéneas”, isto é pertenciam a mesma etnia pelos quatro costados, Destas 1.819 familias © meliing- Pot s6 havia conseguido absorver apenas 467, ou sejam 25,7%. Tomando estas familias como representativas da populagio total de New London, vé-se que éste alto coeficiente de homogeneidade revela qué o processo de fusio das etnias, em New London pelo menos, caminhat com certa lentidio. Davis, alii, ja havia observado, antecipando neste ponto as conclusées de WEssEL, que nos Estados Unidos a tendéneia, no dominio da nupeia- lidade, era para os casamentos homogamicos, ou de igual com igual —e dai uma certa deficiéncia de poder absortive no melting-pot americano (3). {B) Davis — Solective immigretion, 1925, pig. 145. 2 QLIVEIRA VIANNA 7 Dentre estas diversas etnias habitantes de New London, «quais, porém, as que apresentam, em relagio 4 totalidade do grupo homogéneo, maior proporeio de familias assim resistentes & lei da assimilagio e quais as que apresentam menor proporgao? Iv Isto importa em caleular os coeficientes de homo. geneidade das etnias, isto 6, a pareela com que cada etnia contribui para a formagio do grupo das familias nao assimiladas — das que permanecem ainda fora do melting-pot. Eo ealenlo consiste apenas em procurar a relagao percentual entre o ntimero de familias homo- géneas de cada etnia © © total das familias recenseadas. Este calenlo pode ser feito, ou sbbre o mimero das fa- milias homogéneas (coluna a), ou sdbre 0 mimero dos seus ancestrais (coluna 6), indiferentemente: o resultado mio pode deixar de ser o mesmo (coluna c). Daf éstes cocficientes eneontrados por Wesset. BENIAs oe ee @) ow © Americana 1 1.6 220% Canadento BB % 1.2% Inglésa » 16 1D Fandesa “oo seen 35 a0 A Taliena a8 1312 WBS Polaca 22. 1a ‘300 69% Portngaisa 5 204 28% Russe al 8 Ms Bscandi 2 nt 15 Susan ua 564 1B % Diversis Ey 320 45% Familias homogéneat 1.382 5.408 143-% Pamiliag amigas... 61 1.268 25.1 % Total ceecesesesseee | TBD vate | 00pm RAGA BO ASSIMILAGKO 79 Fates dados demonstram wma grande diversidade entre as etnias na aptidao de resisténcia ao melting.por. © grupo italiano € 0 mais refratirio & assimilagio, 0 que apresenta maior coeficiente ‘de homogeneidade; neste ponto é s6 inferior & etnia americana, Ingléses canadenses, como escandinavos e russos, contribuem eo Jo os que i menor proporcio para 0 grapo das familias homogéneas; éstes dois tltimos naturalmente devide ao seu pequeno mimero na populacéo conside vada, v Em seguida, feito o caleulo dos coeficientes de homogencidade para as diversas etnias, Boom WESSEL entra no estudo prdpriamente do melting-pot. Procura entio determinar 03 coeficientes diferenciais de fusio, isto é, a maior on menor contribuigio de cada uma des- tas etnias para o grupo representado no melting-pot. Para isto, éle perquire, preliminarmente, com os dados obtidos nas suas investigagdes, a nacionalidade de todos os 7.276 ancestrais das 1.819 familias recensea- das (4 por familia). Determina, depois, nestes 7.276 ancestrais, 0 miimero de ancestrais que cabem a cada etnia e chega ao seguinte resultad a 80 OLIVEIRA VIANNA Pt ACA E ASSIMILAGKO al EENIAS Pecentneen te dos coefivientes relitivos ao primeiro grupo de ances- trais 03 coeficientes relativos ao segundo grupo. To. Amerioaa eee 2.06 822% mando-se, por exemplo, para a ctnia americana, o Canadense 39 32% ] cocficiente geral dos ancestrais, isto 6, 32.2% e déle Inglésa rat 316 43 | subtraindo o coeficiente de ancestrais homogéneos, Telandese soeeee . 625, 8,6 Go | isto é, 22,0% chi 10.2% e 1 : — oe a isto 6, 22,0%, achamos 10.2%, 0 que representa Pte eee = Sh 10% camente 0 coeficiente de ancestrais que estie no mel- Portgaésa coscssssvweeseeeeseeee 243 33% ting-pot (coeficiente de fuséo). Foi o que féz Wrsset. Rava ome at 12% e achou os seguintes coeficientes: Eseandinava bury 23% Judaiea =, st 1a Diverses 583 19% Eersentawens 9x | yciriny-pot Tras fan 1.810 fomie | doe 1330 Tame Tou : 736 T80% ic tis | it Mette | Pee ae i ( Feito éste eileulo preliminar, ¢ fécil agora determi- ‘7 o nar, para cada etnia, o mimero de ancestrais que se — ea a casaram fora do seu respectivo grupo, isto é que estio Indie 43 i no melting-pot. Basta subtrair, em cada etnia, do Telandess ee an ntimero global de ancestrais, 0 mimero de ancestrais Tiana al 208 homogéneo: é claro que o resto representard logicamen- va 7 69 te os ancestrais que se ligaram exogamicamente, isto é feet Ttite @ Af que se misturaram com os individuos de outras nacii ‘Escandinava 23 15 nalidades. val at Judaica. Py 1A Os italianos, por exemplo. Concorrem, neste grupo Diversas 90 4s de 7.276 ancestrais, com 1.536 individuos; mas, por Total ees 1000 743 outro lado, 0 niimero de italianos que se casaram endo- gimicamente, isto é dentro das etnias italianas, ¢ de 1.512; logo a diferenca entre 1.536 e 1.512, isto é, 24, nos dari o miimero de individuos que se ligaram a elementos de outras nacionalidades — e sio, portanto, contribuintes do melting-pot, E assim para todas as etnias consideradas, Rste caloulo pode ser simplificado: em ver de rea- lizé-lo sobre os dois grupos dados, um representando os ancestrais das 1.819 familias © outro os ancestrais homogéneos, porde-se realizi-lo subtraindo simplesmen- 0 melting-pot, em New London, & representado, como ja vitnos, pelos 25,79, das 1.819 familias recen- seadas, Ora, para ale a contribuigio maxima (10.2%) € da etnia americana; s6 ela representa quase a me- tade do melting-pot. Depois, vém as etnias fins com ela: a inglésa, a irlandesa, a canadense. Elas juntas representam 19,4% dos 25%, que cabem ao meltin: pot, 0 que mostra o eardter profundamente saxdnio 6 8 OLIVEIRA VIANNA do niicleo em fusio, Contribuem as outras etnias’ com percentage minima, prineip ea italiana, Esta, embora represente um grupo numeroso na miassa da populacio local, exibe, como vimos no quadro anterior, um alto indice de “homogeneidade — e isto faz com que seja assim fnfima (0,3%) a sua contribuigto para 0 melting-pot. Entre os judens, tédas as funilias eneon. tradas eram homogéneas, isto é, eram semitas pelos seus quatro costados: —~ dai ser nenhuma sua contribuigto para 08 25.7% das familias em fusio. Estes dados nos permite caleular a contribuigio de cada etnia para o melting-pot, a pareela com que cada uma entra para formé-lo, isto & sen coeficiente de fuséo. EP preciso nao confundir, entretanto, coeficiente de fusto com indice de fusibilidade, Sao cousas muito diferentes, vi No eéleulo dos coeficientes de fusio, 0 melting-pot 6 considerado um todo — e 0 problema é procurar 0 volunme da contribuigio com que concorre para éle cada etnia: 0s dados da yiltima colna (c) nos dio a ex pressio percentual desta contribuigo, Bles nos per- mitem eonhecer quais os elementos que formam um dado melting-pot, a proporgio déles, a importincia da sua contribuigio; conseqiienter do da evo- Tucio do grupo em fusio. f assim que, dos dados de Broom Wrsset, poderemos inferir que 0 melting-pot de New London tem uma composigio caraeteristicammente anglo-saxdnia e anglo-saxdnios deverio ser, pois, os tipos antropoldgicos déle emergentes, como as modalidades culturais déle resultantes, jente, 0 se RAGA E ASSIMILAGAO | 83 Para o cilewlo dos'indives de fusibilidade o proble- ma ji outro, O que se procnra determinar & 0 grau de fusibilidade de eada etnia, a sna eapacidade de exogamia, a intensidade da sua corrente no sentido do melting-pot. Hii etnias que se fundem mais rapida- mente ¢ ontras, ao contrario, que permanecem infusiveis ou sé se fundem mediante processos de grande lentidio ¢ isto devido a condigSes especiais de lingua, de reli- gifo, de cultura principalmente, Para determinar éste indice, 0 processo é simples: toma-se, para cada etnia, o ntimero global de ancestrais; depois, 0 nimero de ancestrais das familias mistas; por fim, procura-se a relagio percentual déste para aquéle. Foi o que féz Broom — e achou: sus | Sy @) (a) o Americana 2346 1.608 a2 307 Canadense < 9 e aT os Inglisa n6 2 a 160 Telandcsa es 0 285 450 Tisliana 1.536 1.512 4 16 Polaca «+++ sil 500 ul 31 Portuguesa - 23 208 30 159 Rasa vse. 7 a 3 oo Bseandinaval 1 na a 03 Judaica +5 564 sot 6 0% Diversas «++ 58 320, 263 50 ‘Total TaT6 Sam | 8 Como se vé, os naiores coeficientes de fusibilidade, isto é, maior aptidio exogimica cabe, em New London pelo menos, uo grupo anglo-saxéo: inglés, canadense, irlandés, americano. Do grupo inglés, pot exemple. 76% esti no melting-pot; do canadense, 61,675 0 ix a4 OLIVEIRA VIANNA ’ landés dé-lhe menos, mas ainda assim 45,0% dos seus elementos para ali afluem, Depois, singularmemte, © 5.° lugar cabe ao grupo portugués. © escandinavo e 0 italiano sio os que apresentam uma capacidade de exo- gimia mais reduzida: nao chega a 2% a percentagem dos seus elementos ent fusio. © grupo judeu é infusivel. vir Em sintese: 0 melting-pot, nos grandes centros de imigracio, oferece um duplo aspecto: a) etnias ao isolamento; negativo — da maior ou menor tendéncis dax &) positive — da maior ou menor tendénein das etnias & fusio, Sob o primeiro aspecto, a andlise estatistica calcula 05 coeficientes de homogeneidade, isto 6, 0 mtmero ab- soluto e relative das familias de cada etnia escapa a mesticagem. Sob o segundo aspecto, a aniilise estatis tica determina 0s coeficientes de fuséo e os indices de fusibilidade, isto é, 0 mimero absolute ¢ reletive das familias de cada etnia sujeitas a mesticagem. Os d cileulos nos deixam ver as condigies de enquistamento ou de assimilagio dos elementos estrangeiros no grupo em estudo. viril Grande ilusio sera, porém, supormos que a de- terminagio déstes eoeficientes e déstes indices baste para © inteiro conhecimento de todos os fendmenos resul- tantes da interfusio das etnias, w RAGA E ASsimr 85, No ponto de vista dos aspectos negatives do mel- ting-pot, por exemplo, os coeficientes de homogencida- de, 86 por si, sio insuficientes para dar a exata me da tendéncia das etnias ao insulamento, Os imi- grantes sirios, ou japondses, ou alemies, podem, com efeito, apresentar um coeficiente absolute de familias homogéneas; mas, se seus descendentes, filhos e netos, em ver de seguirem esta tendéncia endogamica, se mis- turam facilmente com clementos de outras etnias, néo se pode dizer que os japonéses, os alemiies 0s sitios sejan grupos infusivos ou inassimiliveis, Se, porém, {stes descendentes também se mantém fiéis, eom os seus, ancestrais, 4 lei da sua etnia originaria, entio des acabam constituindo 0 fendmeno da “ilha étnica” — e desde entio a cconomia do centro imigratério co- meca a ser perturbada no seu equilibrio ¢ na sua 3 malidade. O mesmo se dir dos aspectos positives do melting: pot: os indices de fusibilidade e os coeficientes de fustio encontrados para as etnias podem nio ser idénticos aos das diversas geragdes, quando as consideramos entre si. Pode acontecer, por exemplo, que as segundas ¢ as ter- cciras geragdes contribuam para o melting-pot com maior parcela (cacficiente de fusio) e de wma mancira mais intensa (indice de fusibilidade) do que fazem as pri meiras geragées (imigrantes), Como pode acontecer cousa diversa disto: — estas irés geragies podem apresentar diferencas sensiveis, nem no volume da sua ‘iggo, nem na intensidade das suas correntes de Fo que acontece, de certa maneira, com o¢ judens na Europa ¢ com os negros nos Estados Unidos, Rstes, segundo Hersxovrrz, esto sendo levados insensivelmente, por forea de preconceitos raciais, para um regime de endogamia foreada; de modo que as segundas e terceiras geracées ufo apresentam uma ten- 86 OLIVEIRA VIANNA © a mai acentnada que as prinieiras para as ligagies exogimicas, isto 6, com elementos de outras etnias {arianas): ficam‘dentro do seu préprio grupo, eruzan. do-se entre si, numa espécie de inbreeding (9) Os estudos estatisticos do melting-pot niio se esgo. tam, pois, com a determinagio matemitiea nem dos coeficientes de homogeneidade, nem dos coeficientes de fusfio, nem dos indices de fusil Faz-se preciso aprofundar a andlise, discriminar as di versas geracSes € buscar-Ihes também os coeficientes de homogeneidade ¢ os indices de fusibilidade. Uns e outros nos desvendarao novas particularidades do mel- ting-pot, nuuitos dos seus segredos, hem como as tendén- cias latentes on obscuras do seu proceso evolu Com éste intento, para discriminagio das geragées, ‘Wesset. classifieon os elementos das 1.819 familias em estudo, residentes em New London, segundo as seguintes convengoes: Primeira geracéo, Nela figuram todos os cdnjuges residentes na América, mas nascides no estrangeiro (imigeantes) ; Segunda geracéio: Nela figuram todos os eénju- ges nascidos na América, mas filhos de pais estrangeiros Terceira geragéo: Nela figuram todos os ednju- ges nascidos na América e netos de estrangeiros (isto é, eujos pais, nascidos na América, sio filhos de estean- geiros). (9) Sabre os — The American Negro, 1928, eap:. IIT, IV lows: ve Pane = Human ‘migration end ‘margital man (Ar of Sociology", malo, 1928, pags. 913). Ale, esta inh 2 mute relativa, porque, ma Sufca. a fusko ° Exoeorann — ‘Intermarriage among Jews. in Switzerland (Amer. Journ. of Sociology”, novemby 1928, pig. $16); — The jewish syne ogue in the U. States (idem, Julho, 1935) wv RAGA E ASSIMILAGAO 87 Estas trés geragées, no’ grupo recenseado por Wes- sex (1.819 familias), aparecem associadas variadamen. te. duas a duae, formando as seis combinagées seg (1 — 1): familias em que ambos os ednjuges siio estrangeiros (imigrantes) ; (2 — 1): familias em que um dos conjuges é es trangeiro ¢ outro filho de estrangeiro; (2 — 2): familias em que ambos 0s ednjuges sio filhos de estrangeiros; (3 — 1); familias om que um dos cénjuges é es trangeiro e 0 outro neto de estrangeiro; (3 —2): familias em que um dos ednjuges é filho de estrangeiro ¢ 0 outro neto de estrangeito (3 — 3); familias em que ambos os cdnjuges sto netos de estrangeiros, Feita a distribuicio das fami técio lassificador, WEsset, passa entio a calcular os coeficientes de homogeneidade ¢ os indices de fasibili intes: jas segundo éste cri- dade segundo as geragées. Ix Primeiramente, 08 coeficientes de homogencidade. Para isto, @le separa, déstes 1.819 casais, aquéles em que ambos os cénjages sio, por exemplo, italianos (1 — 1); 0n um déles filho de italiano e outro italiano imigramte (2 — 1); ou ambos filhos de italianos (2 — 2). O mesma faz com as outras etnias. Note-se: 0s casais formados pela (3 — 3). isto 6, de netos de estrangeiros, sto para Wr Set sempre homogéneos, sejam quais forem as etnias de seus avés — e isto porque, segundo @le, de acérdo combinagio 88 OLIVEIRA VIANNA © com Boas e Hppricka, os netos de estrangeiros, ¢ cujos pais sfo nascidos no pais, represemtam um tipo ja bas. tanto aclimado ¢ assimilado e devem ser, por isto, con: siderados “nacionais” (old american). Eis por que, nd quadro abaixo, em que éle resume os resultados dos seus cileulos, 0s easais formados pela combinacio (3 — 3) aparecem como “americans”; como tais, sio consi- derados homogéneos, sem mais nenhuma atengio & diversidade das suas etnias origin: eracian den sncetaie Americans i ~| =| =] a Canaense soo... afoef =| = 2 Inglésa eee wl af 3 » Tlandesa ss. -| ssf aw] ww} — 6 Naliane « ve fst af a] =] swe Polved soeesteeeeeeeee | Sf =f

Anda mungkin juga menyukai