Antnio Torrado
escreveu e Cristina Malaquias ilustrou
Choveu. Fazia frio. Tiritantes e cheios de fome, acolheram-se a uma gruta. Era uma gruta muito comprida, to comprida que eles se internaram por ela adentro, procura nem sabiam de qu. Cada vez mais fundo, cada vez mais longe do mundo que conheciam, foram ter a uma clareira iluminada. No meio, sentado nas pernas cruzadas, estava o Gnio das Cavernas. Que querem de mim? perguntou-lhes o Gnio. A bem dizer, eles no queriam nada a no ser um dono, comida, calor, carinho. Foi o que pediram. Concedido disse-lhes o Gnio. Com uma nica condio: cada um transforma-se no outro. Eles, a princpio, nem entendiam a proposta, mas quando perceberam que o gato tinha de passar a co e o co, a gato, protestaram com toda a gana. Eu no quero ser co bufou o gato. Eu no quero ser gato rosnou o co. Nada feito. Ou aceitavam a troca ou acabariam por morrer, fome e ao frio. L se resignaram mudana, j que a alternativa tambm no era nada apetecvel. O Gnio executou a magia e o gato passou para a pele de co e o co para a pele de gato. Esquisito. Correram ambos na direco da entrada da gruta, ainda assarapantados. Que cozinho e que gatinho to bonitos. Posso lev-los para casa? perguntou uma menina ao pai. Os ces e os gatos no se do bem uns com os outros apressou-se a explicar o pai. 2
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Mas estes do-se. To juntinhos. To amigos disse a menina. Era verdade. Cada um olhava para o outro como se fosse ele prprio. Ora, como que uma pessoa ou um bicho pode dar-se mal com ele mesmo? E assim o gato-co e o co-gato arranjaram uma nova dona. noite, enroscados um no outro, no se sabe onde comea o co e acaba o gato. Fizeram-se, realmente amigos. At pode acontecer que, um dia, o Gnio das Cavernas lhes devolva as respectivas identidades e o co volte a ser co e o gato volte a ser gato. Mas valer a pena?
FIM
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