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Resumo – Aristóteles

Em 1996, descobriu-se em Atenas, Grécia, o sítio arqueológico onde funcionou o Liceu


- a escola fundada por Aristóteles (384-322 a.C.), para concorrer com a Academia, a
escola anterior, fundada por seu antigo professor, Platão (427-347 a.C.). A fundação do
Liceu não reflete nenhuma ingratidão do discípulo com seu mestre, que por sinal já
havia morrido cerca de dez anos quando a escola aristotélica surgiu (336 a.C.).

Aluno de Platão, a quem reconhecia o gênio, Aristóteles passou a discordar de uma


idéia fundamental de sua filosofia e, então, o pensamento dos dois se distanciou.
Talvez seja esse o ponto de partida para se falar da obra filosófica aristotélica.

Platão concebia a existência de dois mundos: aquele que é apreendido por nossos
sentidos - por assim dizer, o mundo concreto -, que está em constante mutação; e um
outro mundo - abstrato -, o mundo das idéias, imutável, independente do tempo e do
espaço, que nos é acessível somente pelo intelecto.

O mundo da experiência

Para Aristóteles, existe um único mundo: este em que vivemos. Só nele encontramos
bases sólidas para empreender investigações filosóficas. Aliás, é o nosso
deslumbramento com este mundo que nos leva a filosofar, para conhecê-lo e entendê-
lo.

Aristóteles sustenta que o que está além de nossa experiência não pode ser nada para
nós. Nesse sentido, ele não acreditava e não via razões para acreditar no mundo das
idéias ou das formas ideais platônicas.

Porém, conhecer o mundo da experiência, "concreto", foi um desejo ao qual Aristóteles


se entregou apaixonadamente. Assim, ele descreveu os campos básicos da
investigação da realidade e deu-lhes os nomes com que são conhecidos até os nossos
dias: lógica, física, política, economia, psicologia, metafísica, meteorologia, retórica e
ética.

Aliás, ele inventou também os termos técnicos dessas disciplinas e eles também se
mantêm em uso desde então. Exemplos? Energia, dinâmica, indução, demonstração,
substância, essência, propriedade, categoria, proposição, tópico, etc.

O que é ser?

Filósofo que sistematizou a lógica, Aristóteles definiu as formas de inferência que são
válidas e as que não são, além de nomeá-las. Durante dois milênios, estudar lógica
significou estudar a lógica aristotélica.

Aristóteles aplicou a lógica, antes de mais nada, para responder a uma questão que lhe
parecia a mais importante de todas: o que é ser?, ou, em outras palavras, o que
significa existir? Primeiramente, o filósofo constatou que as coisas não são a matéria
de que se constituem.
Por exemplo, uma pilha de telhas, outra de tijolos, vigas e colunas de madeira não são
uma casa. Para se tornarem casa, é necessário que estejam reunidas de um modo
determinado, numa estrutura muito específica e detalhada. Essa estrutura é a casa; e
os materiais, embora necessários, podem variar.

Com o tempo, nosso corpo está em constante mutação - transforma-se da infância


para adolescência, desta para a idade adulta e, finalmente, para a velhice. Nem por
isso deixamos de ser nós mesmos. Da mesma maneira, um cão é um cão em virtude
de uma organização e estrutura que ele compartilha com outros cães e que o
diferencia de outros animais que também são feitos de carne, pelos, ossos, sangue...

As quatro causas

Para Aristóteles uma coisa é o que é devido a sua forma. Como, porém, o filósofo
entende essa expressão? Ele compreende a forma como a explicação da coisa, a causa
de algo ser aquilo que é. Na verdade, Aristóteles distingue a existência de quatro
causas diferentes e complementares:

Causa material: de que a coisa é feita? No exemplo da casa, de tijolos.


Causa eficiente: o que fez a coisa? A construção.
Causa formal: o que lhe dá a forma? A própria casa.
Causa final: o que lhe deu a forma? A intenção do construtor.

Embora Aristóteles não seja materialista (vimos que a forma não é a matéria), sua
explicação do mundo é mundana, está no próprio mundo. Finalmente, para o filósofo, a
essência de qualquer objeto é a sua função. Diz ele que, se o olho tivesse uma alma,
esta seria o olhar; se um machado tivesse uma alma, esta seria o cortar. Entendendo
isso, entendemos as coisas.

Mas o pensamento aristotélico não se limitou a essa área da filosofia que podemos
chamar de teoria do conhecimento ou epistemologia. Deixando de lado os domínios
que deram origem a outras ciências e nos limitando à filosofia propriamente dita,
Aristóteles ainda refletiu sobre a ética, a política e a poética (que, no caso,
compreende não apenas a poesia, mas a obra literária e teatral).

Ética e política

No campo da ética, segundo Aristóteles, todos nós queremos ser felizes no sentido
mais pleno dessa palavra. Para obter a felicidade, devemos desenvolver e exercer
nossas capacidades no interior do convívio social.

Aristóteles acredita que a auto-indulgência e a autoconfiança exageradas criam


conflitos com os outros e prejudicam nosso caráter. Contudo, inibir esses sentimentos
também seria prejudicial. Vem daí sua célebre doutrina do justo meio, pela qual a
virtude é um ponto intermediário entre dois extremos, os quais, por sua vez,
constituem vícios ou defeitos de caráter.

Por exemplo, a generosidade é uma virtude que se situa entre o esbanjamento e a


mesquinharia. A coragem fica entre a imprudência e a covardia; o amor-próprio, entre
a vaidade e a falta de auto-estima, o desprezo por si mesmo. Nesse sentido, a ética
aristotélica é uma ética do comedimento, da moderação, do afastamento de todo e
qualquer excesso.
Para Aristóteles, é a ética que conduz à política. Segundo o filósofo, governar é
permitir aos cidadãos viver a vida plena e feliz eticamente alcançada. O Estado,
portanto, deve tornar possível o desenvolvimento e a felicidade do indivíduo. Por fim, o
indivíduo só pode ser feliz em sociedade, pois o homem é, mais do que um ser social,
um animal político - ou seja, que precisa estabelecer relações com outros homens.

O papel da arte

A poética tem, para Aristóteles, um papel importantíssimo nisso, na medida em que é


a arte - em especial a tragédia - que nos proporciona as grandes noções sobre a vida,
por meio de uma experiência emocional. Identificamo-nos com os personagens da
tragédia e isso nos proporciona a catarse, uma descarga de desordens emocionais que
nos purifica, seja pela piedade ou pelo terror que o conflito vivido pelas personagens
desperta em nós.

Tudo isso é, evidentemente, um resumo ultra-sintético do pensamento aristotélico. Sua


obra é gigantesca, apesar de a maior parte dela ter se perdido ao longo dos tempos. O
que chegou até nós corresponde a 1/5 de sua produção. São notas suas e de seus
discípulos que passaram nas mãos de estudiosos da Antigüidade, da Idade Média
(parte dos quais em países islâmicos), e que foram reorganizadas pela posteridade.

Principalmente em função disso, a leitura de Aristóteles é difícil e seus textos não


possuem a qualidade artística que encontramos nas obras de Platão

Comentários das Obras

Nome do Livro: Ética À Nicômaco

A virtude é de duas espécies, a intelectual e a moral. A primeira gera-se e cresce


graças ao ensino, requer experiência e tempo; enquanto a segunda é adquirida em
resultado do hábito, donde ter se formado o nome. Por uma pequena modificação da
palavra. Nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza. De todas as coisas
que nos vêm por natureza, primeiro adquirimos a potência e mais tarde exteriorizamos
os atos. Não foi por ver ou ouvir frequentemente que adquirimos a visão e a audição,
mas pelo contrário, nós as possuímos antes de usá-las, e não entramos na posse delas
pelo uso. Com as virtudes dá-se exatamente o oposto: adquirimo-las pelo exercício.
Pelo hábito do medo ou da ousadia, nos tornamos valentes ou covardes. Podemos dizer
o mesmo dos apetites e da emoção da ira: uns se tornam temperantes e calmos,
outros intemperantes e irascíveis. As diferenças de caráter nascem de atividades
semelhantes. Tanto a deficiência como o excesso de exercício destrói a força; o
alimento ou a bebida que ultrapassem determinados limites, tanto para mais ou para
menos, destroem a saúde ao passo que, sendo tomados nas devidas proporções, a
produzem, aumentam e preservam. O mesmo acontece com a temperança, a coragem
e as outras virtudes. O homem que a tudo teme e de tudo foge, torna-se um covarde,
o homem que não teme nada, torna-se temerário; o que se entrega aos prazeres
torna-se intemperante, o que evita todos os prazeres, se torna de certo modo
insensível. A temperança e a coragem são destruídas pelo excesso e pela falta,
preservadas pela mediania. É por causa do prazer que praticamos más ações, e por
causa da dor que nos abstemos de ações nobres. Platão diz que devemos ser educados
desde a juventude, a fim de deleitarmos e de sofrermos comas coisas que nos devem
causar deleite ou sofrimento. Existem três objetos de escolha e três de rejeição. O
nobre, o vantajoso, o agradável e seus contrários. O vil, o prejudicial e o doloroso. A
respeito de todos eles o homem bom tende a agir certo e o homem mau a agir errado,
e especialmente no que toca ao prazer. Medimos nossas próprias ações pelo estalão do
prazer e da dor. Na alma humana encontram-se três espécies de coisas: a paixão, as
faculdades e disposições de caráter, portanto, a virtude deve pertencer a um destas.
Por paixões, entendo os apetites, a cólera, o medo, a audácia, a inveja, a alegria, a
amizade, o ódio, o desejo, a emulação, a compaixão, em geral os sentimentos que são
acompanhados de prazer ou dor; por faculdades, as coisas em virtude das quais se diz
que somos capazes de sentir tudo isso, de nos irarmos, de magoar-nos ou
compadecer-nos; por disposições de caráter as coisas em virtude das quais nossa
posição com referência às paixões é boa ou má. Más se sentirmos demasiadamente, e
boas se for moderadamente. Um mestre em qualquer arte evita o excesso e a falta,
buscando o meio-termo não no objeto, mas relativamente a nós. Referindo-se a
virtude moral, pode-se dizer que a virtude é mais exata e melhor que a arte, como
também o é a natureza. Deve ter o atributo de visar o meio-termo. Quanto à justiça e
injustiça devemos considerar com que espécies de ações se relacionam elas; que
espécie de meio termo é a justiça, e entre que extremos o ato justo é intermediário.
Justiça é para a maioria das pessoas, a disposição de caráter que torna as pessoas
propensas a fazer o que é justo que às faz agir justamente e desejar o que é justo; e
do mesmo modo, por injustiça se entende a disposição que as leva a agir injustamente
e a desejar o que é injusto. A justiça é uma virtude completa, não em absoluto, e sim
em ralação ao nosso próximo. Por isso é muitas vezes considerada a maior das
virtudes. Ela é a virtude completa no pleno sentido do termo. É completa porque
aquele que a possui pode exercer sua virtude não só sobre si mesmo, mas também
sobre o próximo. O injusto foi dividido em ilegítimo e ímprobo e o justo em legítimo e
probo. Tudo que é ímprobo é ilegítimo, mas nem tudo que é ilegítimo é ímprobo. O
injusto e a injustiça no sentido de improbidade não se identificam coma primeira
espécie , mas diferem dela como parte do todo.A injustiça nesse sentido é uma parte
da injustiça no sentido amplo, e, do mesmo modo, a justiça num sentido o da justiça
do outro. A lei nos manda praticar todas as virtudes e nos proíbe de praticar qualquer
vício. A justiça corretiva será o intermediário entre a perda e o ganho. Recorrer ao juiz
é recorrer à justiça. Se o juiz é o meio termo, o justo também o é. O juiz restabelece a
igualdade. É como se houvesse uma linha dividida em partes desiguais e ele retirasse
a diferença pela qual o segmento maior excede a metade para acrescentá-la ao menor.
O justo então é o intermediário entre uma espécie de ganho e uma espécie de perda, a
saber, os que são involuntários. Consiste em ter uma quantidade igual antes e depois
da transação.

Ética a Nicômaco

A obra Ética a Nicômaco é composta por 10 livros. Embora Aristóteles tenha voltado a
tratar do tema em outros livros sobre ética[1], este é, sem dúvida, o principal de seus
trabalhos no ramo.

Aristóteles nasceu em Estagira (por isso era chamado também de O Estagirita),


província da Macedônia. Aproximadamente em 367 ou 366 a.C. partiu para Atenas, a
fim de instruir-se nas artes filosóficas.
Na época, duas grandes instituições educacionais disputavam a preferência dos jovens.
Uma delas era a Academia de Platão, que, escolhida por Aristóteles, foi sua casa por
aproximadamente 20 anos.

Ali Aristóteles conheceu Platão e, ao que consta, tornaram-se amigos, apesar das
divergências relativas à Filosofia. Há uma celebre frase creditada à Aristóteles: "Sou
amigo de Platão, mas mais amigo da verdade".

Aristóteles teria, na Academia, criado as raízes que lhe permitiram escrever sobre
Ética, alguns anos mais tarde.

O nome do livro deve-se principalmente ao compilador da obra, que foi Nicômaco, filho
de Aristóteles (o pai de Aristóteles também chamava-se Nicômaco).

Aristóteles foi o primeiro filósofo a distinguir ética da política, sendo que a primeira
exprime a ação voluntária e moral do indivíduo, enquanto a segunda exprime as
vinculações do indivíduo com a sociedade.

Ética é uma palavra que pode ser definida como a ciência da conduta. Designa as
concepções morais nas quais um ser humano tem fé.

Para Aristóteles o homem tem um único objetivo a ser perseguido:o bem.

No primeiro livro, Aristóteles dedica-se a virtude humana, que para ele são duas: as
virtudes éticas e as virtudes dianoéticas.

Por virtudes éticas entende-se aquelas que nascem do hábito e as virtudes dianoéticas
são aquelas que decorrem da inteligência e podem ser desenvolvidas por um
ensinamento.

Por ser o bem o fim de todas as coisa, os fins distantes das ações são dos mais
excelentes e os que devem ser procurados, a detrimento dos fins secundários.

No livro II Aristóteles trata da virtude. Esta é uma qualidade potencial que só se realiza
quando se agem com justiça.

A virtude não é um dom e pode ser adquirida mediante o ensino. Para isto o homem
precisa ser educado, justo, comedido e razoável. Ela opõe-se ao mal e possui um valor
mediador que interesse à Aristóteles.

A boa legislação torna bons os cidadãos por meio dos hábitos. As virtudes e os hábitos
tornam os homens justos ou não.

No livro III Aristóteles estuda o valor das ações voluntárias e involuntárias. A virtude
relaciona-se com as paixões e ações voluntárias. Já o relacionamento das paixões com
as ações involuntárias ocorrem por compulsão ou ignorância.

Uma ação deliberada tem origem no desejo do sujeito. Este desejo pode ser racional e
pode provir de uma escolha ou de uma intenção. O homem, assim, é responsável por
sua virtude e por seus vícios.

No livro IV são descritas certas virtudes éticas que o homem deve possuir.
A generosidade é o meio termo em relação à riqueza, assim como a magnificência. Já
a ambição é o desejo por honra. A calma é o meio termo para a cólera.

O livro V aborda a questão da justiça, estudada nos seus mais diversos tipos e
relações.

Para Aristóteles, justiça é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a


fazer o que é justo, desejando e agindo. Quando se conhece a boa condição, a má
também se torna conhecida.

As virtudes dianoéticas são estudadas no livro VI. Elas dizem respeito à inteligência e
são cinco: ciência, arte, prudência, inteligência e sabedoria.

A ciência demonstra os fatos; a arte tem por objetivo a criação; a prudência é baseada
no bom senso e na razão; a inteligência é a detentora dos conhecimentos e, por fim, a
sabedoria é necessária para as mais elevadas ações ou reflexões.

No livro VII Aristóteles ataca os homens que utilizam o saber para objetivos nefastos.

Para ele, deve-se evitar o vício, a incontinência e a bruteza.

Os livros VIII e IX, tratam da amizade e o amor. São os livros mais conhecidos de
Aristóteles.

A amizade é uma virtude fundamental, necessária para a vida. É por meio dela que o
homem pode se salvar e buscar a felicidade. Homens bons são amigos.

Segue tratando os tipos de amizade, argumentando que a verdadeira amizade poupa


erros, impele belas ações e constitui a força de amigos.

Por fim, no livro X o assunto é a felicidade, bem supremo procurado por todos os
homens.

O exercício da virtude pode dar-se pelo prazer. Para ter uma vida feliz, os homens
escolher o que é agradável e evitam a dor. O prazer é completo a todo o momento.
Não há movimento ou geração no prazer, pois ele é um todo. O prazer completa a
atividade como um fim alcançado.

A felicidade é atingida quando o homem se liberta dos males terrestres, mas não pode
ser contínua. Por isso, é preciso ser virtuoso e respeitar os valores morais.

Nome do Livro: A Política (Politeia)

Aristóteles (384-322 a .C.)


Enquanto seu mestre Platão inclinou-se preferencialmente por fazer desenhos de
construções sociais imaginárias, utópicas, por projeções sobre qual o melhor futuro da
humanidade, Aristóteles, seu discípulo mais famoso, procurou tratar das coisas reais,
dos sistema políticos existentes na sua época. Atentou por classificá-los, definindo suas
características mais proeminentes, separando-os em puros ou pervertidos. Desta
forma, enquanto Platão inspirou revolucionários e doutrinários da sociedade perfeita,
Aristóteles foi o mentor dos grandes juristas e dos pensadores políticos mais inclinados
à ciência e ao realismo.

Aristóteles e Atenas

"O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos
quando afastado da lei e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa quando armada,
e o homem nasce dotado de armas para serem bem usadas pela inteligência e pelo
talento, mas podem sê-lo em sentido inteiramente oposto. Logo, quando destituído de
qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais, e o pior em
relação ao sexo e à gula"

Aristóteles chegou a Atenas com 18 anos para estudar na Academia platônica. Era
natural da pequena cidade de Estagira, no norte da Grécia, onde nasceu em 384 a.C.,
filho de um médico da corte macedônica. Mais tarde, o rei Felipe II, provavelmente por
indicação do seu doutor, solicitou-lhe que assumisse a função de preceptor do jovem
príncipe, o seu filho Alexandre. Aquele que se tornaria o conquistador do Império persa
e um dos maiores generais da história. Regressando a Atenas, após ter cumprido a
tarefa, decepcionou-se por Platão, seu mentor intelectual, não tê-lo indicado como seu
sucessor na Academia. Em vista disso, resolveu fundar uma escola anexa ao templo de
Apolo Liceo, conhecida como escola peripatética ou Liceo. Com a repentina morte de
Alexandre o Grande nas terras do Oriente em 323 a.C., Aristóteles viu-se ameaçado
por uma agitação antimacedônica, visto que os atenienses o tinham não só como um
estrangeiro, um meteco, mas também como um provável agente dos interesses do
conquistador. Ameaçado, o filósofo refugiou-se em Cálcis, evitando, como ele disse,
que Atenas atentasse novamente contra a filosofia, tal como ocorrera antes dele com
Anaxágoras, com Diágoras e Protágoras, e também com Sócrates. Lá, no exílio, ele
faleceu em 322 a.C., com pouco mais de sessenta anos.

Cérebro prodigioso e de saber enciclopédico, Aristóteles compôs dois grandes trabalhos


sobre a ciência política: "Política" (Politéia) que provavelmente eram lições dadas no
Liceo e registradas por seus alunos, e a "Constituição de Atenas", obra que só se
tornou mais conhecida, ainda que em fragmentos, no final do século XIX, mais
precisamente em 1880-1, quando foi encontrada no Egito; registra as várias formas e
alterações constitucionais que ela passou por obra dos seus grandes legisladores, tais
como Drácon, Sólon, Pisístrato, Clístenes e Péricles e que também pode ser lida como
uma história política da cidade.

A "Política" (Politéia) divide-se em oito livros, que tratam: da composição da


cidade, da escravidão, da família, das riquezas, bem como de uma crítica às teorias de
Platão. Analisa também as constituições de outras cidades, num notável exercício
comparativo, descrevendo-lhes os regimes políticos. Aristóteles, por sua vez, não foge
da tentação de também idealizar qual o modo de vida mais desejável para as cidades e
os indivíduos, mas dedica a isso bem menos tempo do que seu mestre. Finaliza a obra
com os objetivos da educação e a importância das matérias a serem ensinadas.

A política como ciência

Aristóteles utiliza-se do termo política para um assunto único: a ciência da felicidade


humana. A felicidade consistiria numa certa maneira de viver, no meio que circunda o
homem, nos costumes e nas instituições adotadas pela comunidade à qual pertence. O
objetivo da política é, primeiro, descobrir a maneira de viver que leva à felicidade
humana, isto é, sua situação material, e, depois, a forma de governo e as instituições
sociais capazes de a assegurarem. As relações sociais e seus preceitos são tratados
pela ética, enquanto que a forma de governo se obtém pelo estudo das constituições
das cidades-estados, matéria pertinente à política.

"Em todas as artes e ciências", disse ele, "o fim é um bem, e o maior dos bens e bem
em mais alto grau se acha principalmente na ciência todo-poderosa; esta ciência é a
política, e o bem em política é a justiça, ou seja, o interesse comum; todos os homens
pensam, por isso, que a justiça é uma espécie de igualdade, e até certo ponto eles
concordam de um modo geral com as distinções de ordem filosófica estabelecidas por
nós a propósito dos princípios éticos."

Constituição e governo

Segundo o estagirita, governo e constituição significam a mesma coisa, sendo que o


governo pode ser exercido de três maneiras diferentes; por um só, por poucos ou por
muitos. Se tais governos têm como objetivo o bem comum, podemos dizer que são
constituições retas, ou puras. Por outro lado, se os poderes forem exercidos para
satisfazer o interesse privado de um só, de um grupo ou de apenas uma classe social,
essa constituição está desvirtuada, depravou-se. Nota-se aqui o claro confronto
ressaltado por ele entre a busca do bem comum e o interesse privado ou de classe.
Quando um regime se inclina para o último, para algum tipo de exclusivismo, voltando
as costas ao coletivo, é porque perverteu-se.

As formas de governo

O exame do comportamento político dos homens, não importando a latitude, mostra


que eles sempre se organizaram em três formas de governo: a monárquica (governo
de um só), a aristocrática (governo dos melhores) e, finalmente, a democrática (o
governo da maioria ou do povo). Essas formas, no entanto, estão sujeitas, como
vimos, a serem degradadas pelos interesses privados e pessoais dos homens, sofrendo
alterações na sua essência. A tirania e a oligarquia, por exemplo, são deformações da
monarquia e da aristocracia que terminam por beneficiar interesses particulares, o do
tirano e o do grupo que detém o poder, marginalizando o bem público. Quanto à
democracia, Aristóteles lhe manifesta maior simpatia do que Platão, mas indica que ela
está sujeita à influência dos demagogos, que constantemente incitam o povo contra os
possuidores de bens, causando tentativas revolucionárias. Essas são esmagadas por
golpes dados em nome da ordem. A polarização das forças na vida da cidade é
estabelecida pelo conflito de interesses contrários: o dos pobres (pró-democráticos) e
o dos ricos (a favor da oligarquia).

O regime ideal

Solon frente a Creso, o sábio enfrenta o rico (tela de Nikolaus Knupfer, 1650-2)
Para obter uma sociedade estável, ele considera que o regime mais adequado é o
misto, que equilibre a força dos ricos com o número dos pobres. Para ele a sociedade
ideal seria aquela baseada na mediania, que, ao mesmo tempo em que, graças
presença de uma poderosa classe média, atenua os conflitos entre ricos e pobres,
dando estabilidade à organização social. Esse governo, ele definia como timocracia
(timé = honra), onde o poder político seria exercido pelos cidadãos proprietários de
algum patrimônio e que governariam para o bem comum. Em outros momentos este
regime ideal é chamado de politia (governo da maioria, mas regido por homens
selecionados segundo a sua renda), que ele classifica entre as constituições retas.

Projeção e crítica

Aristóteles não apoiou a política de Alexandre de integração com os asiáticos

A preocupação de Aristóteles caracterizou-se por enfatizar os regimes políticos que


existiam, que eram concretos, elaborando uma precisa classificação deles, enquanto
que Platão reservava seu interesse maior pelo idealizado. O método aristotélico,
empírico e detalhista, influenciará a maioria dos grandes teóricos da ciência política,
como N. Maquiavel no O Príncipe, 1532; T. Hobbes no Leviatã, 1651; e Montesquieu
em O Espírito das Leis, 1748. Critica-se Aristóteles por ele não ter vislumbrado o
surgimento, em sua
própria época, de uma
forma política superior
à da pólis, a
emergência de um
estado-imperial,
supranacional e
multicultural, cujas
sementes foram
deixadas pelo seu
discípulo, Alexandre o
Grande. Sabe-se,
inclusive, que ele se
manifestou em carta
ao conquistador
negando-lhe apoio a
qualquer integração
maior com os
asiáticos, levantando
contra eles
argumentos
preconceituosos e até
racistas. Por mais
poderoso que fosse o seu intelecto, ele continua um homem limitado pelos muros da
cidade-estado.

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