1. INTRODUÇÃO
A implementação do Centro de Permacultura do Vale Jequitinhonha é uma das ações previstas nos projetos
Arassussa e Caminho das Águas, no sentido de contribuir com a disseminação das práticas de cultivo e
recuperação de solos e vegetação, de forma ecológica, sem agredir o meio ambiente. Temos como norte os
princípios da permacultura, aprendidos em oficinas e visitas realizadas pelos Institutos de Permacultura da
Amazônia, Pampas e do Cerrado, parceiros nessa proposta.
O Sítio Maravilha possui 12,4 ha, sendo que, atualmente, cultivamos aproximadamente 5 ha. A área de reserva
legal está situada na zona 4, início do terreno, próximo à estrada, com uma vegetação denominada de
“capoeira”. Ela se parece com uma caatinga, pois tem muita jurema. A Área de Preservação Permanente (APP)
está localizada na beira do rio, considerada também zona 04. Atualmente, nossa meta é reflorestar essa parte
do sítio com gameleiras, jenipapo, acácia verde, tamburi, ingá e bambu.
As zonas 01, 02 e 03 têm uma área de aproximadamente 5 ha. Na zona 01, situa-se a casa-mãe, a cozinha, a
caixa para coleta de água de chuva, os canteiros e espirais com flores e ervas medicinais e outras próprias para
temperos, assim como o quiosque, o banheiro compostável e a horta. Na zona 02, estão os pomares com
árvores frutíferas, consorciadas com a lavoura de grãos. Na zona 03, encontram-se as roças de milho e os
plantios consorciados com batata, mandioca e feijão catador.
Parceria - O Sítio Maravilha foi cedido para o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento pela Ação Social,
entidade filantrópica que também atua no município, atendendo crianças, jovens e adultos em situação de risco
social.
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Cursos e Oficinas
Todas as práticas que estão sendo disseminadas nas comunidades são, primeiramente, aplicadas e
desenvolvidas no sítio. Neste trimestre, realizamos três cursos no sítio. Em 2009, nossa meta é também ampliar o
conceito do quintal maravilha, que tem sua origem no nome do Sítio Maravilha. Assim como o sítio, podemos
transformar os quintais em uma “maravilha” sustentável, com horta, coleta de água, produção de composto
orgânico, uso de cobertura vegetal e de biofertilizantes, reaproveitando tudo. Agora, estamos também
aprendendo a cuidar da nossa casa, buscando definir os melhores lugares para se plantar e o tipo de planta
mais adequada, a partir da aplicação da radiestesia.
O curso “Casa Saudável” foi realizado durante o período de 02 a 06 de março, coordenado por Flávio Duarte,
do Instituto Brasileiro de Geobiologia. O curso teve como objetivo trabalhar os princípios de uma habitação
saudável, analisando a moradia, o local de trabalho e a concepção da habitação como um agente de saúde.
Esses conceitos vieram somar para que o grupo de campo do projeto Caminho das Águas e demais participantes
pudessem ter um olhar diferenciado quanto ao cuidado relativo às casas das pessoas, desde a parte interior até
as modificações que vêm sendo feitas em cada quintal para torná-lo sustentável.
No primeiro momento, os participantes realizaram uma caminhada pelo Sítio Maravilha, a fim de conhecer o
trabalho de permacultura desenvolvido na nossa cidade, identificar e reconhecer os tipos de plantas, definindo
quais são as nativas, as pioneiras e como se relacionam no ambiente. A seguir, os técnicos compartilharam e
explicaram a teoria necessária antes da parte prática e do início da construção da “Floresta de Alimento”.
Iniciamos um pequeno plantio na zona 5 do sítio com 19 árvores nativas. Nessa área de capoeira, é preciso,
primeiro, fazer o enriquecimento do solo, para depois entrar com alguma árvore frutífera. Outra prática foi o
plantio em aléias (linhas), feito na zona três, próximo ao viveiro, onde o solo é melhor. Já entramos com as
leguminosas, que promovem a adubação verde, como a crotalária e o guandu. Com as chuvas, essas plantas
todas brotaram.
O terceiro curso, também ministrado por Flávio Duarte, nos dias 07, 08, 14 e 15 de março, foi mais um
protótipo do banheiro seco, feito com adobe. Tivemos a participação de 12 pessoas, entre elas pedreiros das
comunidades Olinto Ramalho, Cruzinhas, Aguada Nova e Zona Urbana (MR Pré-moldados). Antes de começar a
construção do banheiro, foi realizada uma apresentação, para que pudéssemos conhecer os participantes. A
maioria não conhecia o Sítio Maravilha e sua proposta. Esse foi um momento para conhecer e entender que na
permacultura tudo está conectado. O banheiro seco tem como objetivo dar destino ao esgoto negro (fezes) e
para isso usa serragem, folhas secas ou terra, que fazem o papel da água na descarga.
Horta
A horta do sítio passou por um período crítico desde o final de 2008. Tivemos muitos ataques de pragas e queda
na produção de hortaliças. Durante as diversas conversas e avaliações desse trabalho, os trabalhadores do sítio
e os permacultores constataram que a horta estava muito úmida e que precisava de mais sol, pois estava toda
- Retirada de todo o sombrite da horta, pois as hortaliças gostam de sol. A cobertura será usada somente nas
sementeiras.
- Elaboração de um planejamento de irrigação para todo o sítio. Para isso, tivemos o apoio dos técnicos do IPA,
que mediram os espaços e fizeram um projeto de irrigação para o viveiro, o pomar e a horta. A água não irá
direto para os aspersores/bailarinas, mas para uma caixa no alto do morro. De lá, descerá por gravidade para
irrigar as áreas planejadas. Foram discutidos também os tipos de canos, marcas, tamanhos e a construção de
mais uma caixa de irrigação no morro.
Ainda estamos em fase de restauração da horta, preparando canteiros e semeando. Fizemos a limpeza de toda
área, plantamos 14 canteiros mandalas de cenoura, beterraba, cebola, coentro e alface. Já semeamos várias
sementes, mas ainda não tivemos bons resultados, pois veio a chuva e alagou tudo. Uma boa experiência que
tivemos foi a aplicação de biofertilizante de esterco de boi com nim, misturado com repelente de sabão, nos pés
de quiabo. Eles estão bem vistosos, grandes e cheios de quiabo.
Viveiro de mudas
O viveiro de mudas ou “catedral para celebrar a vida”, conforme falou Ali Sharif, vem cumprindo sua função de
produzir mudas de todas as espécies: nativas (gameleira, angico, aroeira), frutíferas (jatobá, cajueiro, graviola,
manga, tamarindo, acerola, goiaba, pinha etc.) e outras como urucum, nim, bambu, oitti. Nesses três meses,
foram preparadas 2.000 mudas de Ingá, aroeira, gameleira, nim e outras. Dessas, 1.200 estão prontas para
serem distribuídas nas comunidades. Já iniciamos essa distribuição: 200 para Cruzinhas, 150 para Olinto e 50
para Graça. As mudas da comunidade Alfredo Graça serão distribuídas na Folia da Água.
O sítio, hoje, tem praticamente todo o solo coberto por plantas pioneiras, batateiras, abobreiras e matos
pioneiros, como jitirana, que são cortados, mas deixados na terra para protegê-la. A mudança do solo é visível.
Próximo ao lago, que está cheio, por causa das chuvas, observamos que a terra, antes toda descoberta, está
cheia de plantas e pequenos insetos. As margens do lago estão protegidas por essa cobertura vegetal e a água
está mais clara, indicando que já está sendo filtrada pelas plantas, antes de cair lá dentro.
Foi realizada uma pequena poda de alguns matos para melhorar o acesso ao lago e também foram retiradas de
dentro dele algumas plantas aquáticas. Não retiramos todas, pois servem de proteção para a água. Se o lago
ficar totalmente limpo, teremos uma alta evaporação, baixando de forma mais rápida o nível da água,
principalmente na seca. Plantamos também frutíferas a seu lado, para gerar sombra e alimentação para os
peixes futuramente. Os canais de infiltração estão sendo construídos no sítio com o objetivo de distribuir as águas
de chuva que empoçam em alguns lugares. Foram marcados e furados dois canais, um no início do plantio das
bananeiras e outro no final.
AVANÇOS OBTIDOS
Índices qualitativos
- Disseminação das práticas de permacultura em Araçuaí e outros municípios.
- Equipe do sítio comprometida com a proposta da permacultura.
- Reutilização de toda a matéria orgânica.
- 100% do solo do sítio estão com cobertura vegetal.
Índices quantitativos
- 250 árvores plantadas.
- 03 cursos realizados (Casa Saudável e Agrofloresta).
- 37 pessoas visitantes (de Minas Novas e Ponto dos Volantes).
- Construção de canais de infiltração.
- Produção de 2.000 mudas no viveiro.
- Disponibilização de 1.200 mudas para as comunidades.
1° trimestre / 2009
30 mudas romã
77 mudas tamarindo
23 mudas umbú
127 mudas oiti
963mudas nim
85 mudas amora
30 mudas chagas
64 mudas pinha
110 mudas amêndoa
07 mudas Mamão
16 mudas Murta-flor
20 mudas maracujá
1552 mudas Total / Janeiro à março/2009
Visitas
- 17/02 - Uma professora da UFMG, de educação indígena, acompanhada de mais dois índios professores.
- 31/03 - 16 pessoas de Pontos dos Volantes (Visão Mundial e agricultores da região).
- 13/04 - 25 agricultores de Minas Novas, ligados à entidade Campo Vale.
4. DIFICULDADES ENCONTRADAS
O Sítio Maravilha é um instrumento de provocação para Araçuaí e região. Lá realizamos as práticas do que é
possível: recuperar o solo improdutivo e recuperar a vegetação nativa com pequenas ações e cuidados, tendo
como princípio a queimada zero, o lixo zero, a reutilização de tudo que existe no espaço onde vivemos, dando
outra função para os materiais que poderiam ter virado lixo. Isso é feito até mesmo com as fezes humanas, que
deixam de ser um agente poluidor para se transformar em um composto orgânico para o solo. Convencer as
pessoas a mudar paradigmas, a produzir de maneira ecológica e não simplesmente garimpar a terra têm sido
nossos maiores desafios.
Eliane L. de Almeida Oliveira
1. INTRODUÇÃO
O Instituto Brasileiro de Geologia, Biologia da Construção e Arte Zahori, em parceria com o Centro Popular de
Cultura e Desenvolvimento (CPCD), ministrou o curso “Casa Saudável” para 15 participantes no Sítio Maravilha.
Objetivos do curso:
- Conhecer os princípios da Casa Saudável.
- Entender suas bases prático-teóricas.
- Aplicar os conceitos na escolha e modificações de construções existentes.
O curso foi ministrado por Flávio Pereira Dias Duarte, diretor da Arquitetura IBG, geobiólogo e artista da Zahori.
Participaram representantes da Cáritas Diocesana, a equipe do Sítio Maravilha e do CPCD de Araçuaí e de
Virgem da Lapa.
2. DESCRIÇÕES E ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO CURSO “CASA SAUDÁVEL”, DE ACORDO COM
PROGRAMAÇÃO APRESENTADA
Base prático-teórica:
Introdução
- Apresentação do curso.
- Introdução à Geobiologia.
- Detectar locais saudáveis e insalubres para nossas camas e locais de trabalho.
- Identificar possíveis fatores de risco à nossa saúde provindos do lar.
- Técnicas de resolução de problemas encontrados.
Temas abordados
- Qualidade Interna do Ar
- Paredes - terceira pele
- Umidade
- Temperatura
- Som
- Iluminação
- Radioatividade
- Magnetismo natural
- Eletromagnetismo e saúde
- Proporções harmônicas
- Ergonomia
- Materiais de construção
- Perturbações geológicas
Considerando a casa como um ser vivo, alguns fatores de risco devem ser analisados para manter o equilíbrio
harmônico com seus usuários: qualidade interna do ar, umidade, temperatura, som, luminosidade,
radioatividade, campo magnético, campo eletromagnético, proporções, ergonomia e fatores geobiológicos.
Primeiro, foram apresentados esses fatores e, posteriormente, foram feitos experimentos em residências na
cidade.
Análise da casa
A equipe foi dividida em dois grupos, cabendo a cada um analisar duas residências. Um grupo fez a análise
usando pêndulo e varetas “dual rod” como instrumentos de medição. O outro analisou usando os seguintes
aparelhos: luxômetro – medidor de luminosidade; higrômetro – medidor de umidade; bússola – direção e
A análise é feita por cômodo da casa, medindo todos os aspectos considerados de risco pela “Prospecção
Geobiológica”, que pode detectar locais saudáveis e insalubres para nossas camas e locais de trabalho,
identificar possíveis fatores de risco à nossa saúde provindos do lar e apresentar técnicas de resolução dos
problemas encontrados (ver anexo: Tabela de Análise).
Horta - Apresentou nível biótico +10: a presença de grande quantidade de adubo orgânico e a ausência de
plantas vivas na área influenciaram esse nível, considerado baixo pelos participantes.
Quarto 1 - Veio de água que passa debaixo da cama, fator que interfere na saúde, tendo em vista a
presença prolongada da pessoa que ali dorme. Para corrigir, foi implantado fora da casa, sobre o fluxo de água
e as bordas, um tratamento de acupuntura com bambu. Esse procedimento isola o fluxo, transformando-o em
veios finos e espalhados para barrar a influência.
Nordeste do sítio - Ponto estrela, local onde foi implantada a acupuntura corretiva com uma pedra, a fim de
intensificar e melhorar a produção do sítio, acrescida de ‘intenções da existência do sítio’.
Total +6 +8
Os participantes são das cidades de Araçuaí, Curvelo e Virgem da Lapa, integrantes dos diversos projetos do
CPCD: Cidade Criança, Ser Criança, Cidade Educativa, Caminho das Águas, Pedagogia do Abraço e Sítio
Maravilha, além de representantes da Cáritas Diocesana.
As pessoas chegaram curiosas e movidas pelo interesse em relação ao assunto do curso, que era desconhecido
pela maioria. A curiosidade girava em torno do funcionamento da vareta “dual rod” e dos pêndulos. À medida
que a teoria era exposta, a curiosidade aumentava, mas foi embasando as suposições levantadas e, com a
experimentação prática, foi possível ao grupo certificar a precisão ou não dos instrumentos de medição
apresentados.
Algumas pessoas tiveram dificuldade em acompanhar a linguagem adotada, que usava muitos termos
específicos e desconhecidos. No decorrer das aulas, porém, eles foram compreendidos e empregados
normalmente.
Indicadores de Êxito
Índices qualitativos
- Participantes motivados.
- Ambiente propício às experiências do curso.
- Mediador do curso flexível.
- Infraestrutura adequada.
- Materiais de medição acessíveis e de fácil confecção.
- Apresentação de novos instrumentos de medição.
- Técnica prática de direcionamento dos pontos cardeais.
Índices quantitativos
- 15 participantes.
- 4 casas visitadas e analisadas.
- 4 tabelas de análise apresentadas.
- 2 relatórios de análise apresentados.
- 10 pêndulos “dual rod” confeccionados.
- 10 pares de varetas confeccionados.
- 1 análise da área do Sítio Maravilha.
- Implantação de uma pedra na área nordeste em um ‘ponto estrela’ do sítio, acompanhada de medição do
nível biótico e da intensidade vibratória e análise do antes e depois.
- Implantação de uma intervenção de acupuntura com bambu (cura) em um veio de água na lateral da casa do
sítio.
Indicadores de dificuldades
A geobiologia estuda a relação direta de onde vivemos e a nossa energia. Do termo geo, que é considerado a
energia do lugar, podemos observar e aferir a quantidade de vento, ruídos, calor, luminosidade, umidade, que
são os fatores de energia que interferem na saúde. Existem as influências artificiais, como inseticidas, materiais
de construção, epidemias, circulação e luminosidade artificial, odores, composição do mobiliário, eletricidade e
magnetismo, que também são fatores de risco na casa a serem considerados em uma análise da Casa Saudável,
segundo os princípios geobiológicos.
O curso proporcionou a aprendizagem em nível teórico e prático, de forma que os participantes pudessem
experimentar e avaliar tais condições nos ambientes onde as pessoas vivem. A análise requer dedicação e treino
dos praticantes, para se chegar à exatidão daquilo que se pretende. Os instrumentos – pêndulo e varetas “dual
rod” – são de fácil acesso às pessoas interessadas e, se observados os princípios, torna-se possível a adequação
da casa que chamamos ‘saudável’. Assim, é possível tornar qualquer casa um local viável de se viver
saudavelmente.
O interesse em propagar a prática da radiestesia nas comunidades, foco do nosso trabalho, complementa os
vários conceitos até agora enfatizados, como a prática da permacultura, da fitoterapia, de produtos nutracêuticos
e fitocosméticos, massagens, escalda-pés e a técnica Shantala. Essas experiências apresentam resultados que
contemplam a proposta de efetivar uma Araçuaí sustentável.
Carta de recomendações aos clientes das casas analisadas segundo o padrão geobiológico:
– Cliente I
A partir da análise geobiológica que fizemos em sua casa, temos as seguintes considerações:
Tabela de pontuação:
Sala de TV +9 Normal
A partir da análise geobiológica que fizemos em sua casa, temos as seguintes considerações:
Obs.:
Manter as plantas do quintal para que elas continuem protegendo a casa das ondas da rede de alta tensão.
Continuar com os alimentos produzidos em casa, que são saudáveis e deliciosos.
Tabela de pontuação:
Banheiro +2 Normal
Cozinha +7 Saudável
Quarto computador +4 Normal
Quarto de visitas +5 Normal
Quarto do casal +5 Normal
Sala de visita +3 Normal
Sala de TV +1 Normal
Total +27 Diante dos números e dos
Diante da análise de geobiologia feita na casa do Sr. Celso, observamos os seguintes aspectos:
Na sala:
Alta incidência de ondas eletromagnéticas vindas de aparelhos eletrônicos.
Ausência de plantas vivas.
No quarto de seu filho Lucas:
Incidência de ondas pulsionadas oriundas de antenas externas (parabólica e telefone celular).
Ausência de plantas vivas.
No quarto do casal:
Falta de luminosidade.
Pouca ventilação.
Presença de materiais sintéticos (guarda-roupa).
No quarto da filha:
Presença de um veio de água que passa sob a cabeceira da cama.
Falta ventilação.
Luminosidade.
Umidade.
Ausência de plantas.
Presença de materiais sintéticos.
Na cozinha:
Necessidade de melhorar o posicionamento dos armários, ou seja, adequar altura/pessoa usuária.
Falta de plantas vivas.
Utilização de lâmpadas fluorescentes (em toda casa).
Após análise geobiológica realizada em sua residência, sugerimos algumas alterações para que as condições de
qualidade de vida de seu lar sejam aprimoradas. Propomos, portanto:
- Colocação de janelas ou vitrôs na sala de TV e nos quartos, o que vai melhorar a ventilação e a iluminação
desses ambientes.
- Fazer a mudança dos fios elétricos, especificamente do telefone, que está mandando ondas negativas à
saúde. Pode ser feita a mudança da rota dos fios, passando-os pelo quintal e tirando-os de cima do telhado.
- Inserir plantas vivas no interior da casa.
– Cliente II
Após visita realizada em sua casa, vimos propor-lhe dicas necessárias para melhorar ainda mais sua qualidade
de vida e a de sua família, tornando seu lar uma “casa saudável”.
Nível biótico -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
+1 +1
Radioatividade +1 +1 +1 +1 +1 +1
-1 -1
Luminosidade -1 -1 -1 -1 +1 -1
Luminosidade -1 -1
-1 -1 -1 -1 -1 -1
natural
-1 -1
Umidade -1 -1 -1 -1 -1 -1
+1 +1
Sonoridade +1 +1 +1 +1 +1 +1 60
Ventilação -1 -1
-1 -1 -1 -1 -1 -1
natural
Ar condicionado 0 0 0 0 0 0 0 0
Magnetismo -1 -1
-1 -1 -1 -1 -1 -1
natural
Plantas vivas -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Perturbações
0 0 0 0 0 0 0 0
geobiológicas
Ondas de
0 0 0 0 0 0 0 0
formas
Total/cômodos -4 -7 -7 -7 -6 -7 -6 -7
Nível biótico +1 +1 0 +1 - 0 +1
Radioatividade +1 +1 +1 +1 - +1 +1
Luminosidade +1 +1 +1 +1 - +1 +1
Luminosidade
-1 -1 -1 +1 - +1 +1
natural
Umidade -1 -1 -1 -1 - -1 -1
Sonoridade +1 +1 +1 +1 - +1 +1
Ventilação
+1 +1 +1 +1 - +1 +1
natural
Ar condicionado +1 +1 +1 +1 - +1 +1
Magnetismo
-1 -1 -1 -1 - -1 -1
natural
Formas
+1 +1 +1 +1 - +1 +1
harmônicas
Campos elétricos +1 +1 +1 +1 - +1 +1
Campos
+1 +1 +1 +1 - +1 +1
magnéticos
Microondas
0 0 0 0 - 0 0
pulsadas
Microondas não
0 0 0 0 - 0 0
pulsadas
Plantas vivas -1 -1 -1 -1 - -1 -1
Perturbações
0 0 0 0 - 0 0
geobiológicas
Ondas de
0 0 0 0 - 0 0
formas
Nível biótico +1 0 +1 +1 +1 +1 0
Radioatividade +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1
Luminosidade +1 -1 +1 +1 0 +1 -1
Luminosidade
+1 +1 +1 +1 +1 +1 +1
natural
Umidade -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
+1 +1 +1 +1 +1 +1 +1
Sonoridade
35% 35% 35% 35% 35% 35% 35%
Ventilação
+1 +1 +1 +1 +1 +1 +1
natural
Ar condicionado +1 +1 +1 +1 +1 +1 +1
Magnetismo
-1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
natural
Formas
+1 +1 +1 +1 +1 +1 +1
harmônicas
Campos elétricos 0 0 -1 0 +1 0 +1
Campos
0 0 0 0 0 0 0
magnéticos
Microondas
-1 -1 -1 -1 -1 0 -1
pulsadas
Microondas não
-1 0 0 0 0 0 0
pulsadas
Plantas vivas -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Perturbações
-1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
geobiológicas
Ondas de formas 0 0 0 0 0 0 0
Total/cômodos +4 +1 +4 +5 +5 +6 +2
“A nossa preocupação é definir de que forma poderemos replicar nosso aprendizado nas comunidades, fazendo
com que isso gere transformação social. Devemos ser multiplicadores, estabelecendo de que forma mudar
conceitos de acordo com a realidade de cada lugar ou das pessoas. O cuidado com as plantas, com a casa,
com a água etc. depende muito de nossa capacidade de acreditar nas simples coisas que melhoram nossa
qualidade de vida. Mas precisamos também levar conhecimentos para o nosso público, ou seja, para as famílias
das comunidades.”
Eliane Almeida
Diretora pedagógica do CPCD
“Achei positivo tudo o que aprendi nesse encontro. Aprendi que nossa saúde, para ser boa, é preciso que
cuidemos melhor não só do nosso corpo, mas de nossa casa, dos quintais. Enfim, tudo que está no nosso meio
tem que estar bem cuidado, para que possamos viver melhor.”
Elida Jardim - Educadora
Virgem da Lapa
“Trabalho no projeto Caminho da Águas e esse novo conhecimento acrescentará em meu trabalho na
comunidade, para que eu consiga realizar um trabalho satisfatório e de resultados positivos, em que as famílias
possam melhorar a qualidade de vida.”
Viviane Sena
Coordenadora da Comunidade Alfredo Graça
“Participar desta formação é uma forma de enriquecer a nossa bagagem, pois saímos da roda com um novo
olhar para as coisas. Tudo serve para ampliar nosso aprendizado e ter uma vida saudável.”
Ana Paula - Coordenadora
Projeto Ser Criança - Araçuaí
“A mudança começa na gente. Acho que temos de colocar em prática tudo o que aqui foi aprendido,
transformando nossa casa em um espaço agradável, onde as pessoas possam viver bem.”
Giani Vieira - Coordenadora
Projeto “Cidade Educativa”
A geologia estuda a relação direta de onde vivemos e a nossa energia. Geo – energia do lugar, quantidade de
vento, ruído, calor, luminosidade e umidade, que são fatores de energia para a saúde. Existem as influências
naturais e artificiais:
- Naturais: sol, luminosidade, temperatura, posição geográfica, água poluída, som e umidade.
- Artificiais: epidemias, estética, luminosidade artificial, material de construção, circulação, entorno da casa,
dejetos produzidos (lixo), radioatividade, higiene, odores, composição mobiliária, eletricidade e magnetismo.
- Ergonomia: relação móvel/estrutura física – deve ser proporcional à estatura física de quem usa.
Casa viva: a nossa relação com a casa deve ser uma relação com a amiga-casa, que nos dá conforto. Ela mora
no planeta e precisa de manutenção. Para ser construída, precisa de uma célula – o tijolo.
O ângulo reto é concepção do homem e não da natureza. Não existe nada na natureza que se pareça com o
ângulo reto.
1. INTRODUÇÃO
Nos dias 07, 08, 14 e 15 de março, executamos o projeto do banheiro seco, no Sítio Maravilha. A construção foi
ministrada por Flávio Pereira Dias Duarte, diretor de Arquitetura IBG Geobiólogo. A construção do banheiro teve
a participação de 12 pessoas, entre elas pedreiros das comunidades Olinto Ramalho, Cruzinhas, Aguada Nova e
da Zona Urbana (MR Pré-moldados).
2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Antes de começar a construção do banheiro, fizemos uma apresentação para conhecer os participantes. A
maioria deles não conhecia o Sítio Maravilha nem sua proposta. Foi um momento para conhecer e entender que
na permacultura tudo está conectado. O banheiro seco tem como objetivo dar destino ao esgoto negro (fezes) e
usa serragem, folhas secas ou terra fazendo o papel da água na descarga.
A partir das primeiras conversas, os pedreiros começaram a entender o que iriam construir nas comunidades e
aprenderam novos conceitos. O curso teve como objetivo capacitar os pedreiros para construir esses banheiros
em suas comunidades, valorizando e resgatando a construção com adobe, técnica que era utilizada no passado
pela maioria das pessoas.
O primeiro passo para a construção do banheiro foi escolher o melhor lugar. Como no sítio já existem três
banheiros, um próximo do outro, esse foi colocado perto do viveiro de mudas. Sendo um banheiro compostável,
ele precisa de muito sol. Por isso, os pedreiros devem ficar atentos à posição do sol, colocando o banheiro virado
para o Norte, que tem maior incidência da luz solar.
Escolhido o lugar, fizemos a medição do banheiro e marcamos sua base, que é muito importante nesse
momento, pois é ela que segura todo o peso do banheiro. Como cada pedreiro tem o seu jeito de marcar a
Nas paredes, foi usado o adobe, uma boa alternativa para a construção, pois seu impacto na natureza é
mínimo. Além de dar à construção uma temperatura agradável, toda a comunidade tem como construir o seu
próprio banheiro. Nas conversas durante a construção, as pessoas relataram que a maioria prefere construir com
tijolo de cerâmica por achar mais fácil. Há anos, as construções da região não utilizam adobe. Com a
construção do banheiro ecológico, estamos reforçando e incentivando as pessoas a produzir seu próprio tijolo.
Cada etapa do banheiro foi milimetricamente respeitada: o alinhamento, os materiais usados e quais deveriam
ser usados. Para levantar as paredes, usamos terra e um pouco de cal. Os pedreiros ficaram atentos para
escolher a melhor terra argilosa no preparo da massa. No momento da construção, acontecia uma troca de
experiências e de conhecimentos. Os pedreiros ficaram sabendo como foram descobertos a cal e o cimento e
como se deu o emprego deles na construção (ver anexo). A conversa entre os participantes foi fundamental para
a construção do banheiro. Cada um dava a sua opinião e contribuía com sua experiência. Na opinião dos
pedreiros, a construção de um banheiro ecológico na comunidade deverá demorar aproximadamente seis dias
para ficar pronto. Mas isso pode variar de acordo com cada comunidade e com a contribuição das famílias.
Modificações
No momento da construção é que percebemos onde é preciso melhorar ou adaptar. Na medida em que o
banheiro foi sendo erguido, aconteciam as modificações necessárias:
- No projeto original, na parte superior, seriam usadas garrafas para ajudar na iluminação. Durante a
construção, entretanto, viu-se que o acabamento não ficaria bom com as garrafas e optou-se por retirá-las.
- A escada de bambu para acesso ao assento não foi aprovada, por ser fraca: ela balança e corre o risco de
quebrar com as pessoas. Será feita uma escada de adobe.
- Outra modificação foi na porta da câmara de decomposição: para facilitar sua fixação na parede, seria
necessário colocar um chumbador para prendê-la no adobe. Como a porta é muito pesada, a sugestão é fazer
uma de zinco.
Para fazer a pintura do banheiro, usamos a tinta de terra, uma alternativa de baixo custo, aproveitando o que a
nossa propriedade tem. Como todas as paredes são de adobe, elas precisam de um impermeabilizante, para
que não sofram com a umidade no período de chuvas. Para isso, usamos folhas de palma, que promovem a
impermeabilização de forma eficiente. Colocamos as folhas de palma de molho na água durante a semana.
Após cinco dias, ela solta uma gosma homogênea, com um cheiro muito forte. Depois, misturada com a cola e a
terra, perde o cheiro. Para cada 18 litros de tinta de terra, colocamos dois litros de palma.
Indicadores de êxito
Índices qualitativos:
- boa participação dos pedreiros;
- compromisso com o trabalho;
- busca de alternativas para a construção;
- uso de pouco material industrializado;
- resgate do uso do adobe;
- troca de saberes;
- aprendizagem;
- valorização do conhecimento;
- compromisso com o meio ambiente.
Índices quantitativos:
- 12 pessoas participaram da construção;
- 08 litros de tinta de terra;
- 01 banheiro construído.
Indicadores de dificuldades
“Foram quatro dias de muito trabalho. Começamos tímidos, mas logo as pessoas foram se soltando e o trabalho
começou a render. O que valeu muito foram as ideias. Cada um deu a sua opinião para que o banheiro ficasse
melhor. Essa construção foi um “pontapé” grandioso no ânimo das comunidades. Só de pensar que vamos
deixar de mandar para o solo uma imensa quantidade de dejetos, já valeu a pena. A comunidade vai abraçar a
ideia e penso que todos vão querer ter em sua casa um banheiro ecologicamente correto.”
Jorge Luiz - Coordenador
“Foi ótimo a gente fazer a demonstração do banheiro para pessoas que já trabalhavam com obra, pois trocamos
e aprimoramos o projeto que havia sido feito para o banheiro experimental. Com a participação do pessoal, o
banheiro ficou com a qualidade melhor e com o custo mais barato. Foi de grande valia a participação dos
pedreiros, no sentido de opinar sobre a realidade que eles conhecem de obra e a realidade em que seria
construído o banheiro. Acho que os banheiros serão bem aceitos na comunidade.”
Flávio Duarte - Arquiteto
Depoimentos
“O mais importante é que a gente está revivendo uma cultura que foi dos nossos avós e que foi mudando com as
novas tecnologias. A gente deixou de trabalhar com coisas tradicionais, mas estamos renovando novamente
trabalhando com o adobe.”
Darci Ramos Bonfim - Pedreiro
Comunidade Cruzinhas
“Excelente oportunidade de ter participado do curso para construir o banheiro! Cada vez que aprendemos uma
coisa nova, é bom. Acho que as pessoas vão gostar demais do banheiro. Ele vai contribuir para a higiene e todo
mundo vai usar. Não terá problema. O emprego é necessário para a população e o projeto está treinando as
pessoas para trabalhar nas suas comunidades, gerando renda. Também está resgatando a construção com o
adobe. Estamos revivendo o passado.”
Milton Pereira da Silva
MR Pré-moldados
“Aprendi a preparar o composto com o uso do material que vai sair do banheiro. As pessoas comentavam, mas
nunca tinham visto. Agora os rios não vão ser mais poluídos. Com um banheiro desses, quem ganha é a
natureza. Muitas coisas eu aprendi. Nessa área de adobe, aprendi muito, aprendi como fazer um tijolo bom.
Esse banheiro ecológico, pra mim, é muito importante. Ele vai ajudar as plantas frutíferas, contribuindo na
adubação.”
Antonio Carlos - Pedreiro
Zona Urbana
“Acho o banheiro importante porque as famílias estão recebendo um beneficio e ele vai contribuir para não
poluir o meio ambiente. Vai produzir um adubo que ajuda na produção do quintal, sem produtos químicos. Eu
tenho experiência, pois mexo com horta na minha propriedade, e isso aqui é de extrema importância para mim,
porque posso empregar isso na minha comunidade. O curso foi muito bom: além de aprender com pessoas de
outras comunidades, passei o que sei e o nosso professor teve a maior paciência com as pessoas para colocar
tudo na cabeça de cada um.”
Welton Ferreiro do Bonfim - Pedreiro
“Eu já assentei tijolo de adobe, mas não conhecia e nunca tinha ouvido falar nesse tipo de coisa. Aprendi muito
com a turma que trabalhamos e, se mandar levantar um banheiro desses, eu consigo na boa.”
Jaimo - Pedreiro - Zona Urbana
Outras informações
Emprego da cal
O óxido de cálcio (conhecido como cal) é uma das substâncias mais importantes para a indústria, sendo obtido
por decomposição térmica de calcário (900 °C). Também chamado de cal viva ou cal virgem, é um composto
sólido branco.
Normalmente utilizada na indústria da construção civil para a elaboração das argamassas com que se erguem
as paredes e os muros e também na pintura, a cal também tem emprego na indústria cerâmica, siderúrgica
(obtenção do ferro) e farmacêutica, como agente branqueador ou desodorizador. O óxido de cálcio é usado
para produzir hidróxido de cálcio, usado na agricultura para o controle de acidez dos solos e na metalurgia
extrativa para produzir escória, contendo as impurezas (especialmente areia) presentes nos minérios de metais.
Depois de pronta a massa, a cal ganha uma consistência forte e, com o passar do tempo, a tendência é se
fortalecer cada vez mais.
História do cimento
Já no Antigo Egito era utilizado um material feito de gesso calcinado como aglomerante. Entre os gregos e
romanos, eram usados solos vulcânicos das proximidades de Pozzuoli ou da ilha de Santorini, que endureciam
depois de misturadas com água.
Em 1756, o inglês John Smeaton criou uma mistura resistente a partir da calcinação de calcários argilosos e
moles. Esse é o marco da criação do cimento artificial. Tempos depois, em 1824, o construtor Joseph Aspdin,
também inglês, produziu um pó muito fino a partir de pedras calcárias e argila que, depois de misturado na
água e seco, produzia um material muito rígido, tanto quanto as pedras naturalmente empregadas na
construção. Ele batizou esse material de cimento Portland, em homenagem à Ilha de Portland, local onde
existiam rochas semelhantes a esse cimento. Desde então, esse é o principal tipo de cimento utilizado.
1. INTRODUÇÃO
Jorge Nava e João Araújo, técnicos do IPA (Instituto de Permacultura da Amazonas), estiveram em Araçuaí de 23
a 27 de março ministrando um curso sobre “Agrofloresta”, que aconteceu no Sítio Maravilha, situado a 28 km da
cidade. O objetivo do curso foi ampliar nossa visão e nosso conhecimento sobre permacultura, buscando
maneiras adequadas e ideais de plantar e produzir, ao mesmo tempo preservando e/ou recuperando o solo e a
vegetação.
Participaram do curso 21 pessoas, entre elas a equipe do CPCD (projetos Caminho das Águas, Cidade Criança,
Pedagogia do Abraço e funcionários do Sítio Maravilha), integrantes do Sindicato dos Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais de Araçuaí, integrantes da Aldeia Indígena Cintra Vermelha, um jovem da Escola Família
Agrícola de Itaobim e pessoas convidadas das comunidades nas quais atuam os projetos do CPCD.
No primeiro momento, os participantes realizaram uma caminhada pelo Sítio Maravilha, a fim de conhecer o
trabalho de permacultura desenvolvido na nossa cidade.
O que é ecologia?
É o estudo dos sistemas naturais e de suas interconexões.
Ecossistema é formado por grupos de organismos que interagem entre si e com o ambiente físico, existindo
juntos como um sistema natural, complexo e sustentável. Quando um ecossistema é mais equilibrado, significa
que as conexões foram bem feitas.
Divididos em grupos, fomos observar, identificar e colher, para apresentar na roda, amostras de plantas
rasteiras, arbustos e plantas de porte médio em uma área do sítio. Depois da apresentação, houve uma conversa
sobre a importância e as funções que cada uma delas exerce no ambiente.
Fatores limitantes:
- O clima (temperatura e chuva)
- O solo
- A duração do dia
- A altitude
- O fogo
- As atividades humanas
- As distâncias dos oceanos
Clima
- Clima é o fator determinante primário da vegetação.
- Em todo o mundo, diferentes climas são afetados pela precipitação, radiação solar e ação dos ventos sobre as
massas continentais e correntes oceânicas.
Precipitação
- É a chuva, a neve, a neblina, o granizo, o orvalho e a geada. Essas formas de precipitação passam por dois
processos primários de condensação e evaporação.
- O conhecimento desse processo é usado para projetar estruturas que controlem a temperatura e selecionar
tecnologias apropriadas para o aquecimento e a refrigeração.
Radiação solar
- A maior parte da radiação vem do Sol, como energia luminosa.
Microclima
- É a soma das condições ambientais em um local específico, afetado mais pelos fatores locais do que pelo
clima geral.
Solos
- São como um organismo vivo, a parte fértil da terra. É a camada de vida do planeta. Pela má aplicação da
agricultura, perdemos solo fértil.
Adubo químico: uréia = 45% de Nitrogênio (N) e 55% de Bucha (elemento químico - um tipo de sal).
Quem libera os nutrientes do solo para as plantas é o PH (Potencial de Hidrogênio). Ele é que vai decidir se a
planta cresce ou não. Para saber se o seu solo tem um PH bom, é necessário fazer um teste com um instrumento
específico, que é encontrado nas casas de produtos rurais. Se o resultado for menor do que 7, o solo é ácido. Se
for maior que 7, o solo é alcalino. O ideal para o plantio é um solo neutro = 7.
O solo ácido não produz nada, pois é pobre. Para solucionar esse problema, é necessário colocar calcário
(exemplo: cinza, pó de rocha). Existem plantas indicadoras do solo ácido, como a samambaia.
Para colonizar uma área de solo pobre, é necessário cultivar plantas pioneiras e adubar o solo com elas.
Conceito
Os sistemas agroflorestais são formas de uso da terra em que as espécies perenes lenhosas são deliberadamente
plantadas na mesma unidade de manejo com cultivos agrícolas e animais.
Classificação
a- Agrossilvicultural (combinação de árvores ou arbustos com espécies semiperenes e ou anuais): inicia-se com
o estabelecimento de espécie pioneira de um a cinco anos.
b- Silvipastoril (árvores ou arbustos com animais/pastagem): segundo estágio - plantas que duram de cinco a
10 anos.
c- Agrossilvipastoril (árvores, cultivos anuais e animais/pastagem): clímax com animais de pasto.
Exemplos:
- plantas perenes (duram mais de 10 anos) = pequi, coco;
- plantas anuais = feijão, milho;
- semiperenes = abacaxi, maracujá e banana;
- ciclo curto = hortaliças, batata doce.
Sistema em aléias
É uma técnica que permite consorciar árvores nativas e outras plantas para a produção de alimentos. É quando
você planta em nível, a cada três metros, um tipo diferente de árvore, seguindo a ordem: plantas rasteiras,
arbustos e plantas de porte médio e assim sucessivamente.
Práticas realizadas:
Com essa análise, foi possível identificar o tipo de solo que temos em nossa propriedade, definindo, por
exemplo, se é mais arenoso ou argiloso e onde tem mais matéria orgânica. A observação é um fator importante
na permacultura e a partir disso é possível fazer as correções necessárias. Analisando a quantidade de material
Nível de Mangueira
Para a construção do “nível de mangueira”, foi utilizada uma ripa de dois metros de comprimento e uma
mangueira de nível. A ripa foi dividida de cinco em cinco centímetros. Inicialmente, são marcados 50 cm e, a
partir daí, inicia-se a divisão de cinco em cinco. A mangueira é pregada na ripa com grampos e as medições
precisam ser precisas para não haver erro. Para aprender a medir o nível com a mangueira, fomos para a
prática e cada participante do curso pôde experimentar e tirar dúvidas.
Pé de Galinha
O “pé de galinha” serve como referência para encontrar o nível em dois pontos e dessa forma demarcar uma
linha nivelada do terreno. Para construir o pé de galinha, é preciso usar duas ripas do mesmo tamanho.
Juntando as duas, faz-se um ângulo de 90° graus. Exemplo: se a ripa tem dois metros, meça um metro de um
lado e um metro de outro lado e pregue outra ripa no meio. Depois, medimos o cumprimento e dividimos ao
meio (exemplo: 1,42 – metade: 71 cm). No meio, coloque uma linha com o pêndulo, que pode ser uma pedra.
Com o pé de galinha pronto, foi possível fazer as marcações de canais.
Para marcar o canal de infiltração, você tira o nível do terreno: no pé de galinha, o pêndulo tem que ficar no
meio da ripa que você marcou da terceira madeira. No nível de mangueira, a água nas mangueiras tem que
estar na mesma altura.
No canal de captação, você tira o nível deixando os centímetros a mais do lado que você quiser que a água
corra. Exemplo: na primeira ripa (lado direito), marca-se 1,40m e na segunda (lado esquerdo), marca-se 1,45m.
A água irá correr para o lado esquerdo. Sendo que, no fim do canal, você construirá uma pequena barragem e
assim conduzirá a água da chuva para o local que você quiser.
Enxertia
Podemos utilizar duas maneiras para fazer a enxertia: borbulha e garfagem.
A enxertia em citros só pode ser usada com a técnica da borbulha. Com o canivete, retira-se um galho do pé de
laranja, lembrando que deve ser bem bonito. Temos que retirar a parte mais velha. Como os brotos mais claros
são deste ano, optamos por pegar os do ano passado. O galho é cortado e retira-se uma parte das folhas,
sendo que a outra parte é que será usada no enxerto. No pé de limão, corta-se um t de cabeça para baixo e
coloca-se o enxerto (parte da folha). Depois, amarra-se com plástico transparente, para que não caia água. O
plástico precisa ser transparente para receber a luz do sol.
O enxerto deverá ser feito do lado que o sol nasce, a aproximadamente 10 cm do chão. Depois de 15 dias, se
tiver pegado, amarre o galho do limão e está pronto. A vantagem da enxertia é que a produção é muito mais
rápida, produzindo, em média, com dois anos e meio.
Para a enxertia de mangas roseiras, é usada a enxertia garfagem. O galho é cortado ao meio e faz-se uma
unha. Os galhos precisam ser da mesma grossura e amarrados com plástico. Depois de pronto, o enxerto é
coberto com um saquinho transparente.
O grupo do curso teve a oportunidade de ver e discutir por que as plantas do morro não escaparam e somente
algumas resistiram: o manejo foi incorreto. Em um solo degradado, não se planta uma muda longe da outra,
pois elas precisam de proteção. Elas são companheiras e por isso é feita a combinação: pioneiras, arbustos e
porte médio. Depois, é preciso parar e observar a natureza: onde estão as pioneiras e quais são as da região.
Não adianta plantar antes as frutíferas.
Filme
Para encerrar o curso, foi apresentado aos participantes um documentário com duração de 50 minutos com o
título “Mudança de Clima / Mudança de vida”, que mostra situações causadas pelo aquecimento global no
planeta e suas influências no Brasil.
Construção do calendário
A construção do calendário de produção de frutas teve como objetivo fazer uma seleção no viveiro para manter
uma produção o ano todo, em épocas diferentes.
Os participantes são da cidade de Araçuaí, dos diversos projetos do CPCD (Caminho das Águas, Cidade
Criança, Pedagogia do Abraço e Sítio Maravilha), além de integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Araçuaí, índios da Aldeia Cintra Vermelha e moradores das comunidades Olinto Ramalho e Cruzinhas.
Todos os participantes estavam com muita expectativa para iniciar as atividades, descobrir e compreender o que
é uma agrofloresta.
Durante todo o curso, o grupo pôde aprender a teoria e, ao mesmo tempo, experimentar na prática tudo o que
foi ensinado. As discussões e as trocas de experiência contribuíram para esse aprendizado, uma vez que a parte
prática aliada à teoria facilitou a compreensão e o entendimento de tudo.
A formação do grupo é importante, pois todo conhecimento adquirido será repassado para as comunidades.
Esperamos avançar em relação ao cuidado com o meio ambiente, realizando ações sustentáveis e
ecologicamente corretas. Com o trabalho já realizado nos anos anteriores, vimos que já temos correções a serem
feitas, a partir do que aprendemos na oficina e do que já temos de resultados de algumas experiências nas
comunidades.
Indicadores de Êxito
Índices qualitativos
- Pessoas interessadas no conteúdo.
- Entrosamento/interação do grupo.
- Conhecimento de novas técnicas.
- Esclarecimento de dúvidas em relação aos plantios, principalmente nos canais.
- Ampliação de conhecimentos sobre a permacultura.
- Maior informação técnica.
- Oportunidade para correções de rumo em nossas práticas no campo.
Índices quantitativos
- 21 pessoas participando do curso.
- 01 comunidade visitada (Alfredo Graça).
- 19 mudas de aroeira, corante e angico plantadas no morro do sítio.
- 03 aléias construídas.
- 39 mudas de pau-brasil, leucena e ingá plantadas nas aléias.
- 01 “pé de galinha” construído.
- 01 “nível em mangueira” construído.
- 02 canais de captação marcados no sítio.
- 01 canal de captação construído.
- 19 garrafas utilizadas para experimentos.
- 01 filme assistido.
- 01 calendário de produção de frutas construído.
- 01 pesquisa sobre compostagem apresentada.
- 02 tipos de enxertia apresentados (Garfagem e Borbulha).
- 01 pé de limão podado.
- 01 composto construído.
- 02 compostos revirados.
6. BREVE SÍNTESE
Todo investimento que vem sendo feito na equipe de educadores contribui para a melhoria da nossa prática. O
aprendizado e as informações teóricas e práticas nos permitem desenvolver um trabalho mais eficaz. O
conhecimento adquirido será repassado para as comunidades e será um agente de transformação.
A agrofloresta é uma alternativa para a recuperação de áreas degradadas e para a agricultura familiar. Todas
as práticas desenvolvidas no curso são alternativas simples para amenizar a degradação ambiental e recuperar
áreas.
O curso proporcionou aprendizagem e trouxe uma rica bagagem de informações técnicas que são acrescentadas
à nossa prática e que, ao mesmo tempo, apontam correções de rumo necessárias à melhoria do trabalho para
atingirmos os objetivos.
Depoimentos
João Araújo - PA
“Achei o curso muito interessante. Nunca imaginei que poderíamos colocar um cachorro morto em um
composto. Valeu à pena ter deixado casa, filho e marido para trás, porque estou levando muito conhecimento
para a minha comunidade e vou tentar colocar tudo em prática.”
“O melhor aprendizado que tiro do curso é a técnica de tirar a dormência para plantar algumas sementes,
porque no Sítio a gente fazia e nunca dava certo.”
Sítio Maravilha
“Vou levar muitas coisas boas como restaurar o solo antes de plantar qualquer cultura. Aprendi também a fazer
a enxertia e a plantar no formato do sistema de aléias.”
Jeanne Vieira Soares - Mãe-cuidadora
Projeto Cidade Criança
“O interessante do curso foi a interação entre as pessoas. O conhecimento é algo que a gente carrega por toda
a vida. A coisa que mais me chamou a atenção foi a importância da informação técnica - por exemplo, o que é
nitrogênio e carbono. É bom saber, porque assim a gente faz as coisas com maior segurança.”
Jorge Luiz - Educador
CPCD
“Estudo na EFA (Escola Família Agrícola) e lá eles nos ensinam práticas que têm um custo, pois os materiais são
comprados. Aqui no curso, achei interessante porque aprendi a fazer práticas com materiais alternativos que
tenho na minha casa ou no meu quintal.”
Edson Ramalho Pinheiro - Escola Família Agrícola
Comunidade Vargem do João Alves
“O que eu aprendi aqui vou passar para outras pessoas da minha comunidade, colocando tudo em prática.
Achei que sabia alguma coisa, mas vi que não era o bastante.”
Maria de Fátima Borges - Comunidade São João Setúbal
Projeto Caminho das Águas
“Aprendi a recuperar o solo e a plantar da forma correta. Apesar de ser idosa, nunca é tarde para aprender
coisas novas.”
Maria Aparecida Alves Lopes - Comunidade Cruzinhas
“Gostei muito de participar. Nunca tive a oportunidade de receber um curso desses para discutir os cuidados
com a natureza. Se a cada dia plantarmos uma árvore, é mais saúde para os nossos filhos e netos.”
Domingos da Conceição Braz - Aldeia Cintra Vermelha
“O curso foi muito positivo. A gente se sente fortalecida quando vê que tem pessoas com a mesma causa. A
nossa proposta agora é criar uma floresta de alimentos na nossa aldeia.”
Cleonice Maria da Silva - Aldeia Cintra Vermelha
“Os nossos parentes da aldeia não conhecem essa sabedoria de cuidar da terra. Eles colocam fogo. Mas agora
vou ensinar tudo o que aprendi.”
Maria da Graça Conceição Braz - Aldeia Cintra Vermelha
“O curso foi muito bom para a coordenação, pois deu oportunidade para as pessoas. Não há diferença entre
professor e aluno. A troca de experiência foi muito rica entre pessoas de culturas e idades diferentes.”
Celso Souza - Permacultor
Sítio Maravilha
Fruta jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez.
Banana x x x x x x
Limão x x x x x
Acerola x x x x x x x x x
Graviola x x x
Goiaba x x
Laranja x x x x x x
Pinha x x x
Maracujá x x
Abacaxi x x x x x x
Pequi x x x x x
Melancia x x
Romã x x x
Mamão x x x
Jatobá x x
Mexerica x x x x x x
Carambola x x x x x x
Amora x x x x x x
Tamarindo x x x
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