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Público • Quarta-feira 10 Junho 2009 • 35

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Bartoon Luís Afonso

A ideia de Junho

N
ão reconheço nem estimo este tempo que tem
estado. Os meteorologistas dizem sempre a
mesma coisa, que é “normal para a época”. O
pior é que a época deles tem mais de cem anos
e as médias de tantos Junhos esbatem-se tanto
que os verdadeiros valores do nosso Junho perderam-se
Miguel na noite dos tempos.
Esteves Bem que podiam abrir uma janela de vez em quando. É
como os gritos dos bebés. Perante as dores do paxazinho
Cardoso nosso descendente só sabem dizer: “Não se preocupe,
Ainda que isso é normal.” Sim, normal para eles. Para quem
ontem nunca teve um deles em casa, a liquefazer-se em lágrimas,
é anormalíssimo. O mínimo que se pede aos entendidos
é um empático “Que horror! Tem toda a razão!” Depois,
sim, poderiam dizer que os climas e os bebés são, tal
como o futebol, mesmo assim.
Não é esta a nossa ideia de Junho. Parece Março. Ou
Maio, mas na Irlanda. Onde está o Junho em que já se pode
passar o dia inteiro na praia? Volta amanhã, dizem. E os
dias de Junho que perdemos? Qual é o contrário de “Estes,
já ninguém nos tira”? Esses, já ninguém nos devolve?
Deveria haver crítica de tempo feita por meteorologis-
tas falhados, cheios de ódio. Não fariam concessões, nem
sequer às estações do ano. Nem tentariam apaziguar a
populaça com murmúrios reconfortantes. Todos os dias
exigiriam um dia perfeito. Mesmo no negrume chicoteado
de Janeiro. Seriam perfeccionistas.
Todos os dias teriam de ser dias de Junho. Como estes
que ainda não tivemos, raios os partam.

O voto, de arma do povo passou a ser a arma de uma nova casta

A democracia circunstancial

T
DANIEL ROCHA
erminou o primeiro acto eleitoral. Seguem-se tamento claro e continuado da vida política por parte da
mais dois e a questão, agora, é avaliar a hipótese denominada sociedade civil. Por isto são responsáveis
de, com eles, algo mudar num país que se atola os partidos políticos dominantes e a sua lógica de apro-
num pântano. Mas como poderemos esperar priação da democracia. Em consequência da oligarquia
mudança se os protagonistas que se divisam são partidária, uns (poucos) sentam-se diariamente à mesa
os mesmos e o que de negativo dizem uns dos outros se do orçamento e só se lembram dos restantes de 4 em
poderia aplicar, tudo junto, a cada um deles? 4 anos, para os aliciarem a legitimar o logro. Embora a
A curta história dos nossos 35 anos de democracia pa-
Santana abstenção seja o que sabemos, espanta-me o tempo que
tenteia uma linear alternância entre ciclos eufóricos e Castilho o cidadão comum tem levado a interiorizar que a sua
depressivos, a que sempre tem faltado uma visão polí- hipótese de intervir na vida política vale pouco mais que
tica de longo prazo e uma capacidade de mobilizar os zero. De arma do povo, o voto, com esta lógica, passou a
portugueses a favor do verdadeiro interesse nacional e ser a arma de uma nova casta. Esta é a doença endémica
colectivo. Parafraseando James Clarke, têm-nos sobrado da nossa democracia, que só terá correcção com a rege-
pequenos políticos que só pensam na próxima eleição e neração deste regime, podre e corrupto, dominado por
escasseado políticos que se preocupem com a próxima gente que vive da política em vez de viver para a política.
geração. A Educação é, actualmente, um belo paradig- E para isso é necessário exibir publicamente os logros
ma do que afirmo. Partindo de diagnósticos correctos, e os erros. Porque os erros não podem virar princípios
orientou todas as medidas para um mesmo objectivo: por imposição autocrática daqueles que os cometem.
fabricar resultados estatísticos imediatos, com criminoso Reside aí, aliás, a diferença entre a democracia madura
desprezo pelo engano dramático em que envolveu mi- e a democracia circunstancial (a que atrai a atenção dos
lhares de jovens e adultos, embalados na miragem das governantes apenas em circunstância de eleições). Na pri- ganharão soluções para os problemas de todos nós nem
novas oportunidades. meira, as estruturas de participação activa da sociedade o respeito da nação. Outra legislatura crispada, persistin-
Se nos virarmos para a Economia, núcleo central do evitam a persistência nos erros e sujeitam o poder a um do nos erros monumentais que nesta foram cometidos,
debate político que a conjuntura sobreleva, encontramos saudável escrutínio continuado. Na segunda, os régulos será suicidária para o país e para as gerações vindouras.
a mesma natureza bipolar do nosso existir: ora gastamos de serviço acenam com a legitimidade da eleição que os Abandono-me ao critério dos que me podem apodar de
à tripa forra, julgando que somos ricos, embalados pelo escolheu para transformar a República na sua própria pessimista porque é a minha consciência que grita que,
crédito fácil que convida ao consumismo irreflectido e quinta. Necessário, ainda, é guardar memória dos que pela má condução da Economia e da Educação, estamos
predador, ora apertamos o cinto até ao limiar da própria mentiram e se serviram, quando deveriam servir, para a perder a independência nacional. Sei do que falo, meço
fome e de privações desumanas. O traço comum entre não os repescar de uma qualquer travessia de deserto o que digo e não estou a ser exagerado.
estas duas realidades não me parece difícil de dourado, pouco tempo volvido (creio ter sido Churchil Termino, remexendo na memória. O que Eça e Rama-
estabelecer: a um povo pouco esclarecido, po- Outra legislatura que comparou a política à guerra para dizer que na guer- lho Ortigão diziam do povo em 1871 sugere que a nossa
líticos sem escrúpulos têm dito que pode ad- crispada, ra só se morria uma vez, enquanto na política se podia evolução é demasiado lenta: “O país é espectador dis-
quirir saber e conhecimento por osmose, tendo ressuscitar várias vezes). traído: nada tem de comum com o que se representa no
o Magalhães e as Novas Oportunidades como persistindo nos erros Os problemas da Educação e da Economia, e com eles palco; não se interessa pelos personagens e acha-os todos
interfaces, e que é possível viver eternamente os da Saúde e da Justiça, só são solúveis (de forma a es- impuros e nulos; não se interessa pelas cenas e acha-as
gastando mais do que aquilo que se produz,
monumentais que tancar a marcha no plano inclinado da perda da sobera- todas inúteis e imorais... Só às vezes, no meio do seu té-
pois a recuperação económica chegará se con- nesta foram cometidos, nia em que nos encontramos) se soubermos gerar um dio, se lembra que para poder ver teve que pagar... Paga
fiarem no seu charlatanismo e ainda sobrarão consenso político e social que esteja nos antípodas dos para ter ministros que não governam, deputados que não
trocos para o TGV e BPN. será suicidária para o comportamentos em que os líderes políticos foram pródi- legislam, soldados que não defendem, padres que rezam
Uma reflexão que o acto eleitoral acabado país e para as gerações gos nestas eleições. O país está cansado de ódios e golpes contra ele. Paga àqueles que o espoliam e àqueles que são
de viver permite, e que, obviamente, se pro- baixos. Prosseguindo assim, ganharão eleições, mesmo seus parasitas ... Paga tudo, paga para tudo”. Professor
jecta nos dois que se seguem, respeita ao afas- vindouras que o número de votos seja cada vez menor. Mas não do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)

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