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A Família Internacional

D e c l a r a ç ã o d e P o s t u r a

“Controle Mental” e “Lavagem


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Cerebral”: Dissipando os Mitos


A Política da Perseguição Religiosa

O s últimos anos têm visto um aumento de


ataques cruéis contra indivíduos sinceros
de todas as crenças e religiões. Sua dedicação e
relacionado diretamente às minorias religiosas
vítimas de seus ataques, que foram rotuladas de
seitas. A palavra “seita” já é pejorativa, pois carrega
idealismo são ignorados e interpretados como o preconceito e intenção de denegrir minorias reli-
um sintoma evidente de “lavagem cerebral” ou giosas. Na tentativa de ocultar seu caráter religioso,
coação mental ou espiritual. O conceito de que as organizações anti-seitas se autodenominaram
os líderes religiosos estão controlando as mentes juízes sobre quais grupos merecem status de reli-
dos seus membros está sendo muito disseminado gião e quais deveriam ser considerados seitas que,
e dramatizado pela imprensa. Sendo assim, um segundo eles são grupos nocivos. Associar-se a
número cada vez maior de países, indo contra a sua religiões idôneas é considerada uma expressão do
própria constituição, têm restringido a liberdade livre arbítrio, mas afirmam que as seitas utilizam
religiosa e limitado a liberdade de ação do cida- técnicas de manipulação para controlar as pessoas,
dão nessa questão. Algumas pessoas anti-religião impedindo assim a escolha consciente.
também apresentaram essas teorias de “controle Nós sustentamos que as teorias de lavagem
mental” em tribunais como se fossem fatos cienti- cerebral, robotização e controle mental, tão di-
ficamente comprovados. Na realidade, o conceito vulgadas pelos nossos perseguidores são um mito,
de “lavagem cerebral” já foi rejeitado pela maior sem qualquer base em fatos científicos. Muitos
parte da comunidade acadêmica no mundo. Esse acadêmicos, teólogos, sociólogos, psicólogos e
empenho, juntamente com um forte lobby dos psiquiatras imparciais têm repudiado e desmas-
setores anti-religião conseguiram colocar, até um carado ativamente essas teorias falsas e acusações
certo ponto, a teoria de “lavagem cerebral” num infundadas, procurando informar adequadamente
nível de aceitação nominal em relatórios de gover- o público. O resto deste documento será, acima
nos e na legislação da Europa Ocidental, apesar de de tudo, dedicado a apresentar algumas das des-
continuar sendo um conceito nebuloso que carece cobertas mais relevantes desses profissionais.
de uma definição convincente.
Organizações anti‑religião em vários continen-
tes promovem e patrocinam os poucos psicólogos Onde começou o mito de “controle
ou acadêmicos que abraçam a teoria de “controle mental” e “lavagem cerebral”?
mental” com o objetivo de atacar membros de
E m tese, o termo “lavagem cerebral” descreve
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diversas igrejas e organizações religiosas. Esses um evento histórico definido: o processo de


“peritos”, usando uma terminologia aparentemente doutrinamento que se diz ter sido aplicado a al-
médica e científica, ajudam essas organizações a guns prisioneiros de guerra americanos na Guerra
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ocultar a discriminação religiosa contra tais pes- da Coréia (1950‑1953). O termo foi criado pelo
soas e grupos para adquirirem respeitabilidade jornalista Edward Hunter (1951) para descrever
pelos seus atos e afirmações nada científicos. As os programas e métodos de “reforma do pensa-
organizações que se opõem à liberdade religiosa mento” desenvolvidos pelos comunistas chineses
ou ao direito do cidadão se associar a um grupo quando assumiram o poder na China em 1949.
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são coletivamente identificadas como movimento Esperavam influenciar suficientemente seu próprio
anti‑seitas (ACM, pela sigla em inglês), nome povo e alguns prisioneiros de guerra a ponto de
ST012–0403
mudarem suas convicções e os levarem a aceitar nea de “lavagem cerebral” sem o uso de cativeiro
como verdadeiras, crenças que anteriormente con- ou tortura foi cientificamente documentada.1
sideravam falsas. Os seus métodos consistiam em O psiquiatra Robert J. Lifton preparou um
privar suas vítimas de alimento e sono e isolá-las estudo sobre “reforma do pensamento” depois da
em celas ou cubículos por longos períodos de tem- Guerra da Coréia. Ele entrevistou 25 prisioneiros

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po, fazendo‑as temer por suas vidas. Reiteravam políticos ocidentais submetidos a um período
incessantemente que suas convicções políticas, de remodelação ideológica (szu‑hsiang kai‑tsao)
religiosas ou sociais eram erradas, enquanto lhes — em alguns casos até três anos e meio — pe-
mostravam as vantagens de anuírem à maneira de las autoridades chinesas e vítimas de técnicas de
pensar dos seus algozes. tortura, tratamento cruel e encarceramento pro-
Lee Coleman, doutor em psiquiatria em longado.2 Além disso ele entrevistou também 15
Berkeley, na Califórnia há muito se interessa ex‑estudantes das universidades “revolucionárias”
pela relação entre psiquiatria e lei no contexto dos chinesas. Semelhantemente, Edgar Schein, no seu
Novos Movimentos Religiosos (NRMs). Autor estudo de persuasão coerciva, entrevistou 15 dos
de dezenas de artigos em periódicos profissionais mais “notáveis” prisioneiros de guerra americanos
e outros, critica abertamente o mito do controle da Guerra da Coréia. Ele, assim como Lifton, não
mental e da robotização do ser humano, expli- considerou cientificamente aceitável o estereótipo
cando que “do exagero da propaganda da guerra do indivíduo robótico vítima de lavagem cerebral
fria, que procurava ganhar apoio para uma guerra e controle mental tão divulgado pelo jornalista
impopular [a Guerra da Coréia], surgiu a idéia Edward Hunter no seu livro Brainwashing in
de que os comunistas chineses tinham criado Red China (1951) (Lavagem cerebral na China
um método de ‘controle mental’”. A idéia que comunista) (Schein, Persuasion 18).
assustou tanta gente, acrescenta ele, foi que “era Robert Lifton e Edgar Schein usaram o termo
possível criar um robô, alguém que parecia estar “lavagem cerebral” no título dos seus livros Thought
no controle dos seus pensamentos e sentimentos, Reform and the Psychology of Totalism — A Study
mas cuja mente na verdade estava sob o controle of “Brainwashing” in China (Reforma do pensa-
de outrem. São esses robôs que os oponentes das mento e a psicologia do totalitarismo: um estudo
seitas e certos psiquiatras afirmam com tanta ve- da lavagem cerebral na China) (Lifton 1961), e
emência que as seitas estão criando” (Coleman, Coercive Persuasion: A Socio‑Psychological Analysis
Psychiatry 15). of Brainwashing of American Civilian Prisioners by
É interessante notar que na China e nos cam- the Chinese Communists (Schein 1961) (Persuasão
pos de prisioneiros de guerra da Coréia, onde coerciva: uma análise sócio‑psicológica de lava-
ocorreram tentativas de “reforma do pensamento” gem cerebral em civis americanos prisioneiros dos
em prisioneiros americanos, não houve conver- comunistas chineses). Contudo, os dois autores
sões permanentes como conseqüência da suposta não só rejeitaram nos seus textos o uso do termo
“lavagem cerebral”. As primeiras pesquisas sobre “lavagem cerebral”, mas na verdade a essência
lavagem cerebral, feitas poucos anos depois das das teorias contemporâneas de “comportamento
ocorrências e com a participação de um número robótico” através de lavagem cerebral que têm por
limitado de indivíduos, descartavam a possibilidade objetivo denegrir os membros de certas igrejas,
de ocorrer lavagem cerebral sem extrema coação particularmente dos novos movimentos religiosos.
física. Certamente, nenhuma versão contemporâ- Lifton conclui: “Sob o ponto de vista de conquis-

1
Gene G. James em Brainwashing: The Myth and the Actuality (Lavagem cerebral, o mito e a realidade), (1986) Na pág. 254 do vol. LXI do
informativo trimestral da Universidade de Fordham de junho de 1986, afirmou ser “absurdo comparar esta [prática de recrutamento das novas
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religiões] com o medo de morrer nas prisões dos chineses e norte‑coreanos”; Barker em The Making of a Moonie (1984), (A formação de um
moonie), pág.134, disse que a comparação “não pode ser levada a sério”; Saliba, em Psychology and the New Cults: Part I (1985) (Psicologia
e as novas seitas: 1ª parte), disse no vol.7:51 do informativo da Academia de Psicologia: “O modelo dos prisioneiros de guerra no campo de
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concentração chinês... é altamente deficiente pois os membros de novos movimentos religiosos não são raptados nem detidos à força”; Anthony
e Robbins em New Religions, Families and Brainwashing , In God We Trust (Novas religiões, famílias e lavagem cerebral, em Deus confiamos)
(Robbins e outros (eds.) 1981) págs.263‑265 considerou a comparação “exagerada”.
2
O termo “lavagem cerebral” derivou da frase chinesa hsi nao, que literalmente quer dizer “limpeza da mente”, e descreve o processo pelo qual
os vestígios da velha ordem foram lavados no processo de reeducação para a pessoa assumir o seu papel adequado na nova ordem comunista. O
programa chinês comunista de reeducação era mais comumente chamado de szu‑hsiang kai‑tsao que foi traduzido de várias maneiras, “remodelação
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ideológica”, “reforma ideológica” ou “reforma do pensamento”. (Lunde e Wilson, “Brainwashing as a Defense to Criminal Liability: Patty Hearst
Revisited” (Lavagem cerebral como defesa de responsabilidade criminosa: Patty Hearst de novo) (1977), 13 Crim. L. Bull. 341, 343.)
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tar os prisioneiros para a ideologia comunista, o O tribunal militar norte-americano rejeitou o
programa indubitavelmente pode ser considerado argumento de “lavagem cerebral” apresentado pela
um fracasso” (Lifton 274). defesa dos ex-prisioneiros de guerra americanos
Contrariamente à versão de controle mental acusados de terem colaborado com o inimigo. A
apresentada pela indústria cinematográfica, no sua alegação foi que “os processos de doutrinamen-
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filme “The Manchurian Candidate”, os fatos não to comunista não incapacitaram mentalmente as
corroboram a fantasia. Dentre os 3.500 prisioneiros vítimas, portanto não constituíam defesa jurídica”
americanos, os 50 que na ocasião aparentemente (Amicus Brief 22).
se converteram ou colaboraram (Scheflin e Opton Outro processo famoso foi o de Patty Hearst,
89), simplesmente o fizeram por conveniência. Se filha do abastado proprietário de um jornal da
ocorreu alguma conversão autêntica, não foi mais Califórnia, seqüestrada no dia 4 de fevereiro de
do que se poderia esperar de uma convivência tão 1974. Depois de dois meses ela se “converteu” à
íntima com comunistas, e não devido à lavagem vida criminosa dos seqüestradores, um grupo de
cerebral ou técnicas pavlovianas capazes de cor- rebeldes urbanos denominado Exército Simbionês
romper o livre arbítrio e o bom senso. de Libertação (SLA, pela sigla em inglês), com
A súmula Amicus Curiae3 da Society For The os quais se envolveu e passou a colaborar. Ela
Scientific Study of Religion (Sociedade para o Estudo participou do assalto a um banco em 15 de abril
Científico da Religião) declara: de 1974. Foi presa pelo FBI em 18 de setembro
de 1975 e julgada por assalto à mão armada em
Não ocorreu conversão autên- 1976. No julgamento, Patty Hearst tentou justi-
tica ao Comunismo entre os pri- ficar a sua participação nos crimes cometidos pelo
sioneiros de guerra na Coréia nem grupo insistindo ter sofrido lavagem cerebral e se
entre os ocidentais presos na China tornado incapaz de responder por seus atos durante
Continental.4 O que os jornalistas à aquele período. No seu depoimento, declarou ter
caça de sensacionalismo interpreta- sofrido ameaças de morte do Exército Simbionês
ram como conversão, após um pro- de Libertação caso não abraçasse a causa. O “júri
fundo escrutínio foi comprovado ser rejeitou o argumento de lavagem cerebral insinu-
apenas comportamento colaboracio- ado pela defesa” e ela foi condenada a sete anos
nista devido à coação, acompanha- de prisão (Amicus Brief 23).5
do de pouca, ou nenhuma, modifi- A súmula Amicus salienta a conclusão de
cação de convicções em relação ao Lifton e Schein: “Persuasão coerciva no sentido
Comunismo. (11-12) pleno e inequívoco só se distingue das religi-
ões principais e outras influências sociais con-
Schein em The Chinese Indoctrination vencionais pelo emprego de encarceramento e
Program for Prisoners of War: A Study of Attempted maus‑tratos físicos” (Súmula Amicus 19,21). Ou
“Brainwashing” (O programa chinês de doutrina- seja, se a pessoa tiver liberdade para deixar um
mento de prisioneiros de guerra: um estudo da grupo e não for coagida fisicamente a se submeter,
tentativa de “lavagem cerebral”) afirma: “Embora então as condições em nada diferem das da vida
o colaboracionismo fosse predominante, a conver- normal, portanto não podem ser classificadas
são autêntica era rara. [Se] considerarmos todo o como lavagem cerebral.
empenho investido, o programa chinês foi um Schein e Lifton reconheceram também que
fracasso” (Schein, Indoctrination 332). a coação ocorre em muitas situações do coti-

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Esta súmula foi preparada para ser usada no processo Molko e Leal contra a Holy Spirit Association a fim de esclarecer até que ponto as teorias
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de lavagem cerebral são aceitas no meio científico. Foi inicialmente compilada pela Associação Americana de Psicologia, que subseqüentemente se
retirou do processo porque a sua força‑tarefa sobre Métodos Enganosos e Indiretos de Persuasão e Controle (DIMPAC) ainda não tinha feito o relatório,
e a súmula, conseqüentemente, antecipou‑se ao relatório da força‑tarefa. A Sociedade de Estudos Científicos da Religião deu prosseguimento à
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súmula e ela foi endossada por vários cientistas e acadêmicos nos Estados Unidos. A Dra. Singer e o Dr. Ofshe insinuaram incorretamente em
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declarações que a súmula Amicus arquivada pela Associação Americana de Psicologia no caso Molko foi “desacreditada”. A realidade, porém, é que
a Associação Americana de Psicologia estava esperando que a Dra. Singer, que presidia a força‑tarefa (DIMPAC), apresentasse o seu relatório, que
acabou rejeitado pela Associação Americana de Psicologia. Quanto à súmula Amicus, quando a Associação Americana de Psicologia se retirou do
processo, afirmou claramente que “com este ato a Associação não quer sugerir que endossa quaisquer pontos de vista opostos aos estabelecidos
na Súmula Amicus ou que não poderá, em última análise, apoiar os pontos de vista expressos na súmula” (citado por London 1990: 18).
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Ver também Lunde e Wilson, Brainswashing as a Defense to Criminal Liability: Patty Hearst Revisited.”
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5
Súmula Amicus, pág.23 cita Lunde e Wilson, “The Patty Hearst Trial” (O julgamento de Patty Hearst)
diano, com a opção das pessoas se envolverem um consenso digno de crédito sobre
ou abandonarem voluntariamente tal influên- este assunto.
cia. Só porque alguém em uma determinada
situação é coagido, isso em si não prova que Uma força‑tarefa da Associação Americana de
a situação seja prejudicial. No exército, por Psicologia sobre Deceptive and Indirect Methods

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exemplo, existe um alto grau de coação, bem of Persuasion and Control (DIMPAC) (Métodos
como em sociedades estudantis, ordens católicas, Enganosos e Indiretos de Persuasão e Controle)
organizações de auto-ajuda como a Associação presidida por Margaret Singer, e contando tam-
dos Alcoólicos Anônimos, grupos de terapia, bém com a participação de Harold Goldstein,
hospitais psiquiátricos, e até em alguns métodos Michael D. Langone, Jesse S. Miller, Morris
de educação infantil, mas isso não quer dizer que K. Temerlin e Louis Jolyon West, elaborou
essas situações sejam ruins. (Schein, Persuasion um relatório condenando as seitas e grupos de
202, 260‑277, 281- 282; Lifton 1961: 141, desenvolvimento mental pelo uso do que eles
435-436, 451). denominaram lavagem cerebral. O relatório
As tentativas do movimento anti‑seitas de foi entregue para a aprovação do Conselho de
explorar o tema da “lavagem cerebral”, não foram Responsabilidade Social e Ética da Psicologia da
muito bem recebidas nos círculos mais científicos Associação Americana de Psicologia. O Conselho,
e conscienciosos da comunidade acadêmica. Uma numa resposta final em 11 de maio de 1987,
resolução aprovada unanimemente pela Society for agradeceu aos membros da força‑tarefa DIMPAC
the Scientific Study of Religion (Associação para o pelo seu trabalho, mas considerou o relatório
Estudo Científico da Religião) (EUA) durante “insatisfatório para o Conselho”, declarando
uma reunião de conselho em 7 de novembro de que “de um modo geral, o relatório carece do
1990, reitera o caráter não científico das teorias rigor científico e da abordagem crítica imparcial
de controle mental: necessários para receber permissão da Associação
Americana de Psicologia (APA, pela sigla em
Em resposta a problemas de inglês) para sua divulgação”. O Conselho da
cunho jurídico e científico, foi so- APA advertiu a força‑tarefa que não utilizasse,
licitado à Society for the Scientific sob hipótese alguma, as incumbências anteriores
Study of Religion [SSSR] um pro- da APA, nem de forma alguma desse a entender
nunciamento sobre a questão da que este relatório fora aprovado pelo Conselho
nossa comunidade científica avaliar ou pela APA, instruindo‑a especificamente a
processos mentais definidos como informar os leitores do relatório que este havia
lavagem cerebral, controle mental, sido considerado “insatisfatório” pelo Conselho.
reforma do pensamento e persu- O Conselho considerou que a APA não tinha
asão coerciva, que por vezes têm informação suficiente para assumir uma postura
sido mencionados como caracterís- em relação ao polêmico assunto de métodos en-
ticas dos novos grupos religiosos. ganosos e indiretos de persuasão e controle. Esta
Em vez de continuar respondendo rejeição por parte da APA é conhecida como o
a estes debates caso por caso, a SSSR memorando BSERP e mostra que não existe um
toma a seguinte resolução: acordo genérico nem substancial em relação à
Esta associação considera que a lavagem cerebral e controle mental nos EUA.
pesquisa é insuficiente para permitir Apesar da óbvia rejeição por parte de profissio-
que acadêmicos bem informados e nais, Margaret Singer e outros recebem honorários
responsáveis cheguem a um consenso altíssimos oferecendo seu parecer como “peritos”.
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acerca da natureza e efeitos da coa- Contudo, à medida que mais pessoas tomam co-
ção e controle que não sejam físicos. nhecimento desses fatos, os tribunais estão come-
Declara também que não é sensato çando a impedir depoimentos tanto de Margaret
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automaticamente igualar as técnicas Singer como desses outros “peritos”. No processo


empregadas no processo de coação e de Green e Ryan contra o Maharishi Mahesh Yogi
controle físico às de coação e contro- (arquivado em 13 de março de 1991, EUA), a
le não físico. Além de uma revisão teoria da Dra. Singer e do Dr. Ofshe de que a “re-
crítica do conhecimento existente, é forma do pensamento” era possível com ausência
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necessário que se designe pesquisas de coerção física, foi declarada inadmissível como
apropriadas que permitam chegar a base de evidência, por falta de evidência científica
“substancial”.6 No processo de Stephen Fishman, mesmos poderes mágicos para ludi-
esta mesma teoria de reforma do pensamento e de briar as pessoas e arrebanhá-las. Estes
comportamento robótico apresentada por Singer e novos convertidos saem e convertem
Ofshe não foi aceita por carecer de aceitação “ge- ainda mais pessoas através de proces-
ral”. Estes dois processos estabeleceram que tanto sos semelhantes, e assim nasce e se
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na jurisprudência civil como criminal, as teorias desenvolve um novo grupo. Segundo
de controle mental não coercivo não gozam de os proponentes dessa teoria, esse pro-
aceitação suficiente (quer geral quer substancial) cesso gerará o crescimento do grupo
dentro da comunidade científica para servirem de até ele se tornar uma ameaça para a so-
base em laudo pericial no litígio. 7 ciedade. Os membros são controlados
Uma boa análise das alegações de tais teorias por alguma percepção extra-sensorial,
deixa claro por que não são aceitáveis. O professor e através deste poder mental todos eles
de Sociologia James T. Richardson da Universidade obedecem ao seu senhor durante 18
de Nevada, EUA, que estuda a dinâmica da con- horas por dia ou mais. A organização
versão e considera os novos movimentos religiosos continua a crescer porque este poder
como um movimento social, apresenta uma des- do líder, ainda que transmitido pe-
crição simplificada da mitologia contemporânea los membros evangelizadores, é tão
de controle mental. Segue‑se uma interpretação forte que neutraliza os esforços dos
das teorias de “lavagem cerebral” defendidas pelos convertidos para saírem do grupo. E
arquiinimigos dos novos movimentos religiosos, assim, segundo o mito, logo que um
Richard Delgado, doutor em direito, e os psiquia- recrutador da Igreja Moon (ou Hare
tras Margaret Singer e John Clark: Krishna, ou da Missão da Luz Divina,
ou dos Meninos de Deus) “olha nos
Segundo estes mitos, um líder in- olhos de alguém”, a pessoa “já era”, e
teressado em lucro financeiro, favores o seu destino será viver para o resto
sexuais, ou simplesmente poder, inicia da vida praticamente como escrava do
um novo grupo usando certos poderes líder onipotente do grupo.
extraordinários de hipnose ou contro- Esta mitologia explicando como
le mental. Ele consegue, de alguma se formam e prosperam as novas re-
forma, ludibriar adeptos em poten- ligiões é muito atraente, principal-
cial com um simples olhar e algumas mente para as pessoas que de alguma
frases mágicas, ou induzi-los ardilo- forma se sentem ameaçadas por sua
samente a participar de um pesado proliferação. Tais mitos fornecem a
processo de recrutamento em grupo. munição para se coibir o crescimento
O recruta fica totalmente domina- de novas religiões. Sendo assim, as
do, torna‑se um robô manipulável e, novas religiões podem se ver sujei-
o que é curioso, fica imbuído desses tas a “aconselhamento para evasão”

6
No processo civil de Jane Green e Patrick Ryan (13 de março de 1991) contra o Maharishi Mahesh Yogi (Nº 87‑0015 OG), no Tribunal
Distrital dos Estados Unidos, Distrito de Columbia, eles exigiram indenizações do movimento de meditação transcendental por supostos danos
mentais e psicológicos. A Dra. Margaret Singer e o Dr. Richard Ofshe compareceram como peritos, tentando apresentar como fato comprovado
que a reforma do pensamento podia ser induzida sem coação psicológica. Quiseram apresentar o argumento de que Robert Lifton em Thought
Reform e Psychology of Totalism: A Study of Brainwashing in China, 1961, e Edgar Schein, Coercive Persuasion, 1961, concluíram que os
programas de reforma do pensamento podiam alterar o sistema de crença de um indivíduo. A maior parte dos casos estudados por eles envolvia
coerção física. A questão era se a teoria da Dra. Singer e do Dr. Ofshe sobre reforma do pensamento sem coerção física seria aceitável como
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evidência científica. Considerando a natureza da evidência pericial científica em causas civis, o Tribunal aplicou o teste Frye, pelo qual a teoria
em que a opinião científica se baseava tinha que gozar de “considerável” aceitação na comunidade científica. O tribunal decidiu que a teoria de
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Singer e Ofshe não gozava de aprovação científica “considerável” e que, portanto, era inaceitável como laudo pericial.
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No processo de Stephen Fishman na Califórnia, (processo número CR‑88‑06161‑DLG), o tribunal da vara criminal, usando o teste da
aceitabilidade “geral”, decidiu que a teoria não era aceitável como base de opinião pericial em processos criminais. Num depoimento apresentado
em 7 de agosto de 1990, o Dr. Perry London, reitor da Faculdade de Psicologia Aplicada e Profissional da Universidade de Rutgers, psicólogo
diplomado nos EUA e em Israel, testificou contra o uso da expressão “reforma do pensamento” (ou “persuasão coerciva”, ou “lavagem cerebral”)
pelo Dr. Ofshe e a Dra. Singer em referência a duas teorias diferentes que ele denominou “Teoria da Influência Social” e “Teoria do Comportamento
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Robótico”. Dr. London assinalou que esses “peritos” tentaram usar publicações científicas que só se aplicavam à teoria da “Influência Social”
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na tentativa de causar “confusão e mal‑entendidos na mente dos ouvintes quanto ao status da ‘Teoria do Comportamento Robótico’, que não é
reconhecida pela comunidade científica, por falta de publicações científicas que a apóiem.”
(antigamente conhecido como “des- O psiquiatra anti‑psiquiatria, Dr. Thomas
programação”), ações legais e vários Szasz, no seu artigo “Alguns Chamam de Lavagem
tipos de controle governamental Cerebral” (The New Republic, 6 de março de 1976,
(tendo por justificativa o mito da la- pág.32) tentou retirar parte do entulho semântico
vagem cerebral). Anthony, Robbins ligado ao termo “lavagem cerebral”:

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e McCarthy consideram esse mito
uma “arma social” contra grupos que Tal como muitos termos cho-
não são muito bem vistos. (Robbins, cantes, “lavagem cerebral” é uma
Shepherd e McBride 163‑165)8 metáfora. Lavagem cerebral através
de coação e palavras é tão impossível
como machucar alguém fisicamente
“Lavagem cerebral” com um comentário mordaz.
— uma metáfora confusa Se lavagem cerebral não existe,

N o final das contas, a lavagem cerebral usada


pelos comunistas provou ser mais uma tática
para impingir medo do que uma forma fácil e
então do que se trata esta metáfora?
Representa um dos acontecimentos
e experiências humanas mais uni-
prática de exigir lealdade de adversários políticos. versais: a influência que uma pessoa
Contudo, os temores e a fascinação relacionados exerce sobre outra. Entretanto não
às possibilidades de uma lavagem cerebral ultra- consideramos “lavagem cerebral” to-
passaram a realidade. Para os peritos a lavagem das as influências psicológicas ou de
cerebral é, na melhor das hipóteses, uma conver- uma pessoa sobre outra. Reservamos
são muito passageira de convicções e fidelidade a este termo para influências que desa-
uma causa, e que depende de total controle físico provamos. (Streiker 153)
da pessoa sob indescritíveis condições de tortura
e encarceramento. Imagens de seres apáticos sob Lowell Streiker, reformador no campo da
os efeitos de uma “lavagem cerebral” e totalmente religião e da saúde mental e autor de vários livros,
controlados, capturaram a imaginação das pessoas diz o seguinte acerca de lavagem cerebral:
e o termo se tornou popularmente conhecido.
Os sociólogos David Bromley e Anson Shupe “Lavagem cerebral” é um termo
resumem a situação no seu livro, Strange Gods, de opróbrio para demonstrar que se
the Great American Cult Scare (Deuses estranhos, discorda das conseqüências de um
a grande ameaça das seitas nos EUA): certo processo na vida de um indi-
víduo. “Conversão” e “reforma” são
Temos visto que o termo lavagem termos que denotam aprovação dos
cerebral é incorreto para o conceito a resultados desse processo.
ser definido. É um termo repudiado “Lavagem cerebral” é um termo
e considerado um eufemismo mui- que tem sido empregado freqüente-
to óbvio por diversos sociólogos, mente tanto pelo povo como pelos
psicólogos e psiquiatras. Mas o pior acadêmicos para definir o fenômeno
é que se trata de uma distorção de religioso. Os críticos de campanhas e
um processo real e compreensível de atividades para o “despertar do fervor
modificação de atitude [alteração de religioso” têm muitas vezes acusado
comportamento e conversão religio- Billy Graham, Oral Roberts, evan-
sa], que não é misterioso nem raro na gelistas itinerantes, Campus Crusade
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sociedade norte-americana. (124)9 For Christ (Cruzada Universitária


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O capítulo “The ‘Deformation’ of New Religions: Impacts of Societal and Organizational Factors” (A ‘deformação’ causada pelas novas religiões:
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Impactos dos fatores sociais e organizacionais), por James T. Richardson, (Robbins 1985: 163‑164) cita as seguintes notas ao pé da página:
/1/ Esta interpretação mitológica claramente exagerada das novas religiões é ilustrada na obra de Richard Delgado, autoridade no campo jurídico, e
de Margaret Singer e John Clark, dois proeminentes psiquiatras associados ao movimento anti‑seitas. Ver Richard Delgado, “Limits to Proselytizing” (Os
limites do proselitismo), 17 (3) Society 25 (1980); John Clark, “Cults” (Seitas), 24 (3) Journal of the American Medical Association (Boletim da Associação
Americana de Medicina), 281 (1979); Margaret Singer, “Coming Out of the Cults” (Sair das Seitas), 12 Psychology Today (A psicologia atual) 72 (1979).
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/2/ Dick Anthony, Tom Robbins e Jim MacCarthy, “Legitimating Repression” (Legalizar a repressão), 17 (3) Society 39 (1980).
9
Ver também Biermans 38‑39.
por Cristo), etc., de lavagem cere- Ted Patrick ficou conhecido por
bral. (148-154,166) aplicar o termo “lavagem cerebral” às
seitas religiosas e pelos métodos coer-
O teólogo Harvey Cox, professor de Teologia civos que ele usou, justificando para
na Universidade de Harvard, concorda: “O termo isso as supostas lavagens cerebrais. O
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‘lavagem cerebral’ não conta com respeito e pres- mundo de Patrick é tão dualista, e
tígio nos círculos científicos ou psiquiátricos e é preto no branco, como o de qualquer
usado quase inteiramente para descrever o processo membro de uma seita. O universo
pelo qual alguém adquire determinadas convicções está dividido entre heróis e vilões.
das quais outros discordam” (Biermans 33).10 Os vilões têm poderes misteriosos
O sociólogo Robert W. Balch no seu artigo, de controle mental e percepção ex-
“What’s Wrong With The Study of New Religions and tra‑sensorial que os capacita a hipno-
What Can We Do About It?” (O que há de errado no tizar ou “lavar o cérebro” de jovens
estudo de novas religiões e o que podemos fazer?) ingênuos, na hora.
diz: “Como rótulo, o termo ‘lavagem cerebral’ é [Patrick] acredita que as sei-
essencialmente inexpressivo, porque se baseia em tas religiosas americanas são obra
meras suposições sobre assuntos subjetivos como do Comunismo e um joguete nas
liberdade e controle” (Biermans 5). 11 mãos deste, um meio de derrubar
Apesar de terem sido apresentadas poucas os Estados Unidos subvertendo as
evidências de que a “reforma do pensamento” dos mentes dos jovens. Ele é partidário
comunistas chineses tenha resultado num número da teoria da conspiração, segundo
significativo de deserções, ou de que sequer existam a qual praticamente todas as tragé-
seres humanos apáticos e “robóticos” vítimas de dias das gerações passadas (assassi-
lavagem cerebral, o movimento anti‑seitas, com o nato de políticos, massacres, terro-
seu pequeno número de “peritos”, continua pro- rismo, e coisas do gênero) foram
movendo o mito, tentando explorar ao máximo a atos dos “comunistas” e são o re-
“fé do público na lavagem cerebral e o medo dela” sultado direto de experiências com
(Bromley e Hammond 221‑224). controle mental realizadas por eles.
(148‑154, 166)
Desprogramação: Ted Patrick desempenhou papel relevante
A cura para a lavagem cerebral, na formação da primeira organização anti‑seitas,
segundo os grupos anti‑“seitas” Fundação para a Liberdade dos Cidadãos (CFF,

N a década de 1970, Theodore (“Ted”) Patrick,


um pretenso “perito”, que na verdade não
passa de um cidadão com segundo grau incompleto
pela sigla em inglês) em 1974, e lançou nos
Estados Unidos o mito do “controle mental e
comportamento robótico”. Patrick recusou-se
e autodenominado assistente social, desenvolveu a aceitar os novos movimentos religiosos como
e apresentou uma tese para a lavagem cerebral. religiões, considerando-os parte de uma conspira-
Optou por recriar condições semelhantes às dos ção comunista para, sistematicamente, solapar a
campos de prisioneiros de guerra na Coréia comu- personalidade dos jovens americanos. Iludindo‑se
nista e passou a “desconverter” à força, reprimindo, ao ponto de acreditar que qualquer pessoa que
coagindo, mantendo em cativeiro, impingindo pertencesse a um novo movimento religioso só
sentimento de culpa e tentando confundir a pessoa. poderia ter sofrido lavagem cerebral, Patrick
Ele denominou esta técnica “desprogramação”. justificou o uso da força bruta e da coação para
w w w

Lowell D. Streiker no seu livro Mind‑Bending: elas admitirem terem sido vítimas de “lavagem
Brainwashing, Cults, and Deprogramming in the cerebral”. Ele as mantinha em cativeiro até “con-
‘80s (Subjugação da mente: lavagem cerebral, vencerem os seqüestradores de que, genuinamen-
.
a f a m i l i a

seitas e desprogramação na década de 80) descre- te ou por puro desespero, tinham renunciado
ve o papel de Ted Patrick em promover o mito, à sua fé e estavam ‘desprogramadas’” (Barker,
anti‑seitas, de “lavagem cerebral”: Movements 17,19).12

10
Biermans (33) cita “Entrevista com Harvey Cox”, em Steven J. Gelberg e Hare Krishna (New York: Grove Press, 1983).
.
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11
Biermans (1988: 5) citando o livro de Robert W. Balch, “What’s Wrong with the Study of New Religions and What Can We Do About It”, em
Brock Kilbourne, e Scientific Research and New Religions (Pesquisa científica e novas religiões), 1985, 25.
Impedir filhos maiores de idade de tomarem Em 1995, Rick Ross, desprogramador asso-
suas próprias decisões na vida gerou ainda mais ciado à CAN, assumiu o trabalho de desprogramar
desprogramação violenta, colocando pais domina- o jovem Jason Scott, membro de uma pequena
dores contra filhos adultos. Na realidade, trata-se igreja Pentecostal. A tática não só foi um fiasco,
dos pais quererem forçar os filhos a se conformar mas Scott processou Rick Ross e a CAN. O juiz

g
ao estilo de vida ou crenças da preferência dos determinou uma indenização de 875 mil dólares
primeiros. Digamos que o filho resolva se tornar ao jovem por danos morais e 1 milhão de dó-
missionário, mas talvez os pais queriam que ele lares de compensações a serem pagas pela Cult
fosse médico — a solução é “resgatá-lo” dessa Awareness Network, o que forçou a falência da
decisão “errada”. organização.
Acusado de crimes pelas suas ações, Patrick No dia 8 de abril de1998, o Tribunal de
passou a cruelmente tirar proveito das “seitas”, Apelações dos Estados Unidos em San Francisco
oferecendo o seus serviços a qualquer pessoa que manteve o veredicto contra o grupo, em favor
tivesse condições de pagar o seu exorbitante ho- de Jason Scott. Foi confirmada a responsabilida-
norário para “resgatar” jovens “vítimas”.13 Patrick de da CAN na desprogramação “involuntária”
nunca hesitou em usar técnicas de “reforma ide- e comprovada a ação de seus membros como
ológica” idênticas às dos temidos “comunistas desprogramadores.
manipuladores” que ele tanto abominava. No dia 22 de março de 1999 foi publicada
Apesar de Ted Patrick ter iniciado a despro- pela agência de notícias Reuters a seguinte matéria
gramação, não foi o único a usar da violência para sobre a decisão unânime do Supremo Tribunal
tentar separar da fé membros de grupos religiosos Americano, que rejeitou qualquer possibilidade
não tradicionais. A técnica de desprogramação foi de recurso no caso Jason Scott vs. CAN:
adotada por grupos anti-seitas no mundo todo,
principalmente pelo Cult Awareness Network Nesta segunda-feira o Supremo
(CAN), que já foi uma das maiores e mais or- Tribunal dos EUA rejeitou o recur-
ganizadas redes anti-seitas. A desprogramação so de um grupo anti-seitas conde-
provou ser não apenas uma indústria lucrativa, nado por seqüestrar o membro de
por “prestar serviços” a familiares vulneráveis, uma igreja cristã Pentecostal a fim
mas também essencial para recrutar ativistas de “desprogramá-lo”. Sem comen-
contra seitas através de pais e ex-membros “re- tários ou divergências, o tribunal
generados”. manteve firme a sentença que de-
termina o pagamento de 1 milhão
de dólares de compensações e 875
A derrocada da CAN e da mil dólares de indenização no caso
desprogramação Jason Scott.

A própria desprogramação que a CAN utilizou


como um dos seus principais meios de sus-
tento, causou o seu fim. Ironicamente, a morte
Scott recebeu direito à indeniza-
ção em 1995 por determinação de
um tribunal federal em Seattle que
da CAN gerou também o fim da desprogramação afirmou terem sido violados os seus
na maior parte do mundo. direitos civis durante a tentativa de

12
O interesse pessoal de Ted Patrick em “resgatar” membros de novos movimentos religiosos começou quando alguns jovens de Os
Meninos de Deus testemunharam para o seu filho e lhe explicaram como receber Jesus como Salvador. Encolerizado pelo fato dos missionários
de Os Meninos de Deus estarem ensinando ao seu filho crenças religiosas diferentes das suas, Patrick maquinou meios duvidosos para lidar com
indivíduos (quer fossem menores ou maiores) que se convertiam a crenças de novos movimentos religiosos: seqüestro e “desprogramação”.
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13
Ted Patrick é conhecido pelas suas técnicas violentas de desprogramação e já respondeu a numerosos processos, tendo sido condenado
e preso várias vezes. Em junho de 1974, foi condenado a um ano de prisão, mas ficou em liberdade condicional. Em 1975, tentou desprogramar
.

uma mulher católica do Canadá e, como resultado, o governo o proibiu de entrar no Canadá. Em junho de 1975, no condado de Orange, na
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Califórnia, ele foi mais uma vez acusado de detenção ilegal e condenado a 60 dias de cadeia. Foi-lhe negada a liberdade condicional e em julho
de 1976 começou a cumprir pena de um ano de prisão. Em 1976, Wendy Helander o processou por 86 dias de detenção ilegal, e o tribunal de
Bridgeport, Connecticut, condenou Ted Patrick a pagar indenizações. Em fevereiro de 1977, enquanto em liberdade condicional tentou nova
desprogramação. Em agosto de 1977 confessou sua culpa. Em abril de 1980, recebeu mais uma sentença de um ano de prisão e cinco anos em
liberdade condicional. Em janeiro de 1982, foi indiciado por seis acusações de agressão sexual, três de seqüestro, rapto e agressão. Em outubro
.

de 1982, foi preso em San Diego por infringir a liberdade condicional, como conseqüência de mais uma tentativa de desprogramação. Em junho
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de 1984, sua liberdade condicional foi revogada devido a mais uma tentativa de desprogramação. Em maio de 1985, em San Diego, foi indiciado
por posse de cocaína. Em agosto de 1985, foi condenado a três anos de prisão por infração da liberdade condicional de 1980.
“desprogramá-lo” de sua convicção Surgem os “Conselheiros de Evasão”
pentecostal. Segundo testemunho
durante o julgamento, Jason Scott
foi seqüestrado por três homens, pre-
A desprogramação foi mais comum na sua fun-
dação, no início da década de 1970 até mea-
dos da década de 80, quando começou a enfrentar
so, amordaçado e vendado, ficando graves desafios jurídicos, culminando com a decisão
g
em paradeiro desconhecido por cin- em 1995 no caso Jason Scott vs. CAN.14
co dias. As organizações anti-seitas então começaram
a adotar estratégias envolvendo menos coação, em
A introdução da antologia (“Lavagem diferentes graus, e mais decisão própria de cada
Cerebral e as Seitas: A Ascensão e Queda de pessoa, tática que descobriram ser muito eficaz
uma Teoria”) a ser publicada em breve pelo para os seus objetivos e que evitava, na maioria dos
historiador de religião J. Gordon Melton e pelo casos, técnicas coercivas que as tornassem passíveis
estudioso italiano Massimo Introvigne, apresenta de sofrerem ações criminais. Parte da estratégia
a seguinte análise das importantes repercussões envolvia profissionais da área de saúde mental e
desse julgamento para o movimento anti-seitas assistentes sociais, criando assim uma fachada mais
no mundo: profissional para as atividades. No entanto, como
Stuart Wright observa em sua análise, “Fatores
O desprogramador Rick Ross fa- que Moldam o Papel do Apóstata”:
lhou na sua tentativa de desprogra-
mar Jason Scott, membro da Igreja A questão do voluntariado ficou
Unida Pentecostal, uma grande de- mais complexa quando os movimen-
nominação cristã. Na ação movida tos anti-seitas mudaram de estraté-
contra Ross, Scott incluiu também gia para intervenções menos coerci-
a CAN, considerada o maior grupo vas através da profissionalização, ou
na luta contra novos movimentos seja, um processo enfatizando mais
religiosos. Apesar da organização ter as pesquisas e a função de psiquia-
declarado publicamente não parti- tras, psicólogos e assistentes sociais
cipar diretamente de nenhuma ati- (Robbins 1988). A utilização de pes-
vidade de desprogramação, Scott a soal da área de saúde para controlar o
acusou de ser a ponte entre sua mãe aspecto social da questão deu origem
e Ross. O júri concordou com tal à terapia de evasão/aconselhamento
acusação, e como nem Ross nem a para evasão, uma forma de inter-
CAN puderam persuadir o júri que venção mais amena (Hassan 1988).
Scott teria sofrido “lavagem cerebral” Entretanto, até mesmo esses métodos
pela igreja, Ross e a CAN receberam em algumas ocasiões contaram com
uma dura sentença. O milhão de dó- a participação de desprogramações
lares a serem pagos obrigou a CAN coercivas, e continua motivo de de-
a declarar falência. Parte do ativo da bate o grau de “voluntariado” nessas
organização, inclusive o seu nome intervenções. (Bromley 105)
foram adquiridos por um consórcio
de grupos que ela se especializara em São incontáveis os relatos de conselhos para
atacar. Essa decisão permaneceu após evasão (involuntária), envolvendo dissimulações e
recurso, e o consórcio agora trabalha falsidades por parte de familiares desesperados para
o Cult Awareness Network dissemi- dissuadirem os convertidos de suas decisões.
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nando um novo conceito da organi- Ativistas anti-seitas investiram muito tempo e


zação. A queda da CAN foi um gran- esforço em distanciar suas organizações das técnicas
de revés para o movimento anti-seitas coercivas intimamente ligadas à desprogramação.
.
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no mundo de fala inglesa. Promoveram a terapia de evasão como meio de


14
Durante a década de 1990, as objeções a depoimentos de peritos sobre a teoria da lavagem cerebral causaram uma significativa
modificação nos litígios de ex-membros contra novas religiões (e contra as outras organizações que, de acordo com [Dra. Margaret] Singer,
praticaram persuasão coerciva). Depois de [caso em 1990 de Estados Unidos vs. Steven] Fishman, houve uma grande redução da desprogramação
.

à força (sendo ela substituída por algo menos coercivo: o aconselhamento para evasão) o que serviu de advertência para as organizações que
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defendiam tal prática. Apesar de ter diminuído bastante o número de desprogramações involuntárias, ainda ocorrem ocasionalmente (Melton
1999).
tranqüilizar a sociedade e as autoridades de que então persiste a mentira, apesar de todas as evi-
os “peritos” têm condições de dialogar de manei- dências contrárias?
ra eficiente e profissional com os convertidos e Os escritos de Lee Coleman revelam que o
colaborar para que compreendam sua condição rótulo de “lavagem cerebral” é usado para expli-
de vítimas, que foram influenciados contra a sua car e condenar qualquer mudança de atitude ou

g
vontade e por não saberem avaliar devidamente comportamento com o qual as pessoas discordam.
as situações nas quais se envolveram. Promovendo Os seus escritos nos dão um profundo insight das
essa nova forma de abandono da fé, as organizações motivações subjacentes do movimento anti‑seitas e
anti-seitas (como a antiga CAN) condenaram anti‑religião, de pais hostis e outros grupos ativos
oficialmente os procedimentos violentos rela- na comunidade da saúde mental. Ele declara:
cionados à desprogramação e tentaram provar
que não mancomunaram com os usuários de tal Críticos das “seitas”, principal-
método e que suas atividades são independentes. mente pais que procuram recuperar
No entanto essa postura foi refutada no veredicto seus filhos adultos, reconheceram que
no caso Jason Scott vs. CAN. o maior obstáculo tem sido o fato de
Como David Bromley observa no seu livro, os indivíduos que eles querem “liber-
The Politics of Religious Apostasy (A Política da tar” não se queixam de estarem sendo
Apostasia Religiosa), apesar do conselho de evasão coagidos nem enganados. Segundo
ter substituído a desprogramação por coação, o as nossas tradições jurídicas, as ati-
movimento anti-seitas continua alcançando seus vidades aparentemente voluntárias
objetivos. Ex-membros foram reintegrados à socia- de tais convertidos não podem ser
lização convencional, sendo suas dúvidas e disputas interrompidas a menos que se possa
reinterpretadas em relatos que coadunavam com provar incompetência. Foi então ne‑
o discruso dos movimentos anti-seitas em relação cessário criar uma estratégia. Ela veio
a seitas e lavagem cerebral (41). Segundo Carol sob a alegação de “roubo da mente”,
Giambalvo, conselheira de evasão, os “conselhei- e permitiu aos pais e outros críticos
ros de evasão normalmente são ex-membros de argumentarem que tinham motivo
seitas” (3). Dessa forma, o apóstata se torna um para se apoderarem do corpo do con-
profissional com uma função determinada den- vertido a fim de poderem libertar a
tro do movimento anti-seitas, garantindo o que sua mente. (Coleman, Religions 322,
Stuart Wright denomina “institucionalização da ênfase acrescentada)
apostasia” (Bromley 97). Em outras palavras, os
movimentos anti-seitas providenciam para os ex- Anteriormente ele escreveu:
membros carreiras como apóstatas profissionais,
inclusive como conselheiros de evasão, entre outras As acusações de “lavagem ce-
possibilidades. rebral” hoje em dia têm o mesmo
efeito que as acusações de “possessão
demoníaca” há centenas de anos. Na
A estratégia da “mente roubada” verdade, hoje os críticos não conse-

E mbora as teorias sobre “lavagem cerebral” e


“controle mental” tenham encontrado “pouca
confirmação na quantidade crescente de desco-
guem aceitar o fato de tantos jovens
sentirem‑se plenamente realizados
em algumas dessas novas igrejas, por
bertas em pesquisas de ciências sociais” (Bromley isso atribuem sua satisfação aos efei-
e Hammond 225‑229), o movimento anti‑seitas tos do “controle mental”. (Biermans
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ainda obtém grande sucesso fornecendo à mídia 36‑38 citando Coleman, Psychiatry
acusações de controle mental e assustando pais 16)
de membros de novos movimentos religiosos e o
.
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público com tais acusações. O estudioso europeu,


Massimo Introvigne, afirma: “As teórias de lava- “Eu fui vítima de lavagem cerebral!”
gem cerebral e controle mental certamente não — a culpa não é minha
se encaixam na ciência da psicologia ou social.
Faltam-lhes evidência empírica. Não passam de O desejo de achar um bode expiatório para
tudo, torna o argumento da “lavagem ce-
.
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meios para negar-se o status de religião a grupos rebral” uma perfeita solução para alguns pais de
considerados desviados ou subversivos.” Por que membros de novos movimentos religiosos, bem
como para alguns ex‑membros. “Tende a eximir idealismo mal orientado ou ingenuida-
todo mundo (exceto o novo movimento religio- de. (Bromley e Shupe 198‑202)16
so em questão) de qualquer responsabilidade”
(Barker 1989:17,19 citando Robbins (1988:95) Coleman escreve:
e Skonovd (1983:101).15 Em outras palavras, por
g
que confessar que você cometeu um erro quando Basta a pessoa admitir que sofreu
basta dizer: “Fui uma pobre vítima indefesa da lavagem cerebral e que não decidiu
lavagem cerebral! Eu não sabia o que estava fa- por livre e espontânea vontade in-
zendo, e não conseguia pensar por mim mesmo!” gressar na “seita”, e tudo será perdo-
Bromley explica: ado. A família, então, focará todo o
seu ressentimento na “seita”, que se
A explicação da lavagem cerebral, tornará a única responsável por qual-
adornada com a legitimidade cientí- quer comportamento inaceitável. É
fica, oferece às famílias um protótipo uma tentação forte demais para al-
superficialmente plausível de um com- gumas pessoas resistirem, e é entre
portamento aparentemente “bizarro” elas que o movimento anti‑seitas
que as exime de qualquer culpa, bem recruta os seus militantes. (Robbins,
como aos membros transviados (em Shepherd e McBride 72‑73)
alguma “seita”) dessas famílias. E so-
bretudo criou a base para colocar sob Os pesquisadores Alan Scheflin e Edward
o rótulo de “seitas” uma grande di- Opton em The Mind Manipulators (Os manipula-
versidade de novos grupos religiosos. dores da mente), indicam que “lavagem cerebral”
(Bromley e Hammond 221‑224) ou “controle mental” são formas convenientes de
racionalizar as ações de alguém e conseqüente-
Grande parte da recriminação que novas re- mente se esquivar da responsabilidade. Qualquer
ligiões sofrem se deve a relatos de ex-membros um pode cometer um ato, tal como entrar para
desprogramados ou que tiveram contato com um grupo impopular, e depois declarar que foi
conselheiros de evasão. Para o êxito do aconselha- programado para o fazer. Scheflin e Opton ob-
mento de evasão, é preciso oferecer aos ex-mem- servaram que noções esotéricas como “lavagem
bros maneiras convenientes de explicarem o seu cerebral”, permitem que as pessoas esqueçam que
comportamento outrora “anormal”, se eximirem são responsáveis pelos seus atos, semelhante ao
de toda a culpa e justificarem por que sequer se argumento de insanidade mental de certos réus.
uniram ao grupo que abandonaram. Os pais não Valores pessoais, autonomia de pensamento e
gostam de ouvir que havia algum problema na bom senso “não são arrancados das pessoas. O
vida de seu filho antes, portanto o grupo ao qual conceito de lavagem cerebral é a manipulação mental
se integraram tem que levar a culpa. mais atraente de todas” (Biermans (36‑38) citando
Scheflin e Opton (474); ver também Hexham e
Os pais são fortemente pressiona- Poewe 11, ênfase acrescentada).
dos a não se culparem nem culparem O aconselhamento para evasão se concentra
os seus filhos pelo envolvimento em em ajudar a “vítima” a transferir tudo de negativo
uma seita. Logo que um jovem se con- na sua vida para o antigo grupo. Incentiva os ex-
vence de que a nova religião não é tão convertidos a culparem outros e evitarem aceitar a
sublime, atraente ou boa como tinha culpa ou responsabilidade por seus atos. Contudo,
pensado, ele fica igualmente sob a mes- a campanha negativa feita por tais conselheiros tem
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ma pressão de não se culpar por um por base o mito do “controle mental”. Sendo assim,
.
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15
Skonovd diz também que a explicação de que todos os novos movimentos religiosos estão envolvidos em “lavagem cerebral” eficazmente
“isenta os indivíduos de responsabilidade pela sua própria conversão, por permanecerem no grupo, e por se comportarem de forma `anormal’ enquanto
nele, com base no argumento de que foram vítimas de lavagem cerebral para se converterem e depois manipulados por controle mental.”
16
James T. Richardson em “The ‘Deformation’ of New Religions: Impacts of Societal and Organizational Factors” (A deformação causada
pelas novas religiões: impactos dos fatores sociais e organizacionais) (Robbins e outros 1985: 167‑168) diz: “Alguns pais simplesmente não
conseguem acreditar que os seus filhos escolheriam livremente uma vida assim. Admitirem essa escolha equivale a admitirem que o seu filho
.
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os rejeitou, bem como os valores que lhe foram transmitidos, e talvez, sobretudo, a esperança e os planos que tinham para sua educação e
carreira.”
depois que o apóstata aceita a solução oferecida, ou mento tão divergente do anterior, ou seja, o amor
seja, a lavagem cerebral, na verdade está admitindo transformado em ódio acompanhado de histó-
ter tido uma “doença da mente”, então precisa rias notavelmente “semelhantes” de atrocidades,
suprir os “fatos” para evidenciar sua afirmação descobriram que a causa era a desprogramação
de ter “surtado” e nesse ínterim se unido a um e a terapia de evesão promovida pelos grupos

g
novo grupo religioso. Arranjar essa “evidência” anti‑seitas (Barker, Movements 128).17 Robbins
de lavagem cerebral, é a penitência e o preço que desenvolve mais essa questão (96‑97):
precisa pagar o apóstata que opta pela “saída fácil”.
Começa então uma emaranhada rede. (Robbins, A acusação de que seitas fazem
Shepherd, e McBride 95; Skonovd10) lavagem cerebral em seus membros
Coleman descreve esta transformação da se- se deve em grande parte aos relatos
guinte maneira: “De volta aos braços da mamãe de ex‑membros que tornam essa idéia
e do papai, isentos de toda a responsabilidade plausível e freqüentemente se tornam
pelas escolhas que fizeram, eles estão prontos para ativistas do movimento anti‑seitas.
legitimarem ainda mais sua nova postura, atacan- Pesquisas conduzidas por sociólogos
do outros que se desencaminharam da vereda da revelaram que, na realidade, ex‑mem-
pureza” (Robbins, Shepherd, e McBride 73‑74) bros manifestam uma vasta gama de
atitudes, já as recriminatórias são exibi-
das acima de tudo por aqueles que fo-
O processo de conversão ram desprogramados ou se envolveram
produzido pelo movimento anti-seita em grupos de apoio a ex‑membros e
— de apóstolo a apóstata programas terapêuticos ligados ao mo-

O comportamento anormal de ex‑membros


que se envolveram com desprogramadores
ou “conselheiros de evasão” é, para surpresa de
vimento anti‑seitas. (Beckford; Lewis;
Skonovd, Apostasy; Wright, Attitudes)

todos, explicado em parte pelo teórico da coa- Em outras palavras, existe ampla documen-
ção, Dr. Robert J. Lifton, cujos escritos muitas tação de que ex-membros na realidade só se tor-
vezes acabam atiçando as chamas da mitologia nam hostis em relação ao antigo grupo depois que
da lavagem cerebral e da discriminação religiosa. recebem conselhos de organizações anti-seitas.
Lifton explica: “Ele [o ex‑membro] deverá também Coleman afirma:
considerar suas impurezas resultado de influências
externas. Uma das melhores maneiras de se livrar O grau de controle mental que
parcialmente do sentimento de culpa é denun- um ex-membro de seita vai afirmar
ciando contínua e hostilmente essas influências. ter sofrido depende do contato que
Quanto mais culpado ele se sente, maior o seu ele tem com a ideologia anti-seitas.
ódio” (Robbins, Shepherd e McBride 73‑74). Profissionais da área de saúde mental
Tais sentimentos, adverte Lifton, incenti- que são contra seitas têm se apoiado
vam “faxinas étnicas”, “eliminação dos hereges”, demais em testes tendenciosos. Eles
e “guerras santas” no campo político e religioso. raramente procuram contato com
Infelizmente, no seu zelo para desacreditar as membros atuais de novas religiões ou
igrejas a que pertenceram e reconquistarem o seu com o grande número que se desligou
lugar junto às suas famílias, os ex-membros que se dessas religiões por livre e espontânea
juntam às organizações anti‑seitas têm contribuído vontade. Não existem condições de
muito para o crescente surto de discriminação re- avaliar corretamente os recrutas de
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ligiosa” (Robbins, Shepherd e McBride 73‑74). novos movimentos religiosos com


Cientistas sociais imparciais, rastreando as base em tais fontes. (Coleman, Reign
origens deste enigmático padrão de comporta- 323)
.
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17
Barker inclui também a seguinte nota ao pé da página:
Lewis (sem data) pág.15; James R. Lewis “Reconstructing the `Cult’ Experience: Post‑Involvement Attitudes as a Function
of Mode of Exit and Post Involvement Socialization”, uma análise sociológica (Reconstruir a experiência na `seita’: atitudes
posteriores como método de evasão e socialização posterior), vol.47, Nº2, 1986.
.
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O estudo de Lewis era a réplica de um anterior feito por Robbins e Anthony (1981), pág.275‑294. Ver Bromley (1988), principalmente a
parte III.
Por que as histórias de normalmente narram sua saga como
atrocidades são tão semelhantes? a de um prisioneiro. Apesar das di-

E stá mais do que provado que a maioria dos


convertidos religiosos abandona a sua re-
cém‑encontrada fé com a mesma facilidade que
ferenças nos detalhes, as histórias de
cativeiro dos apóstatas são vitais para
o movimento anti-seitas alcançar seu
g
nela ingressam. Pesquisas junto a ex-membros objetivo de controle social. Eles acu-
demonstram que a maioria dos que deixam no- sam os grupos de usarem delibera-
vas religiões avalia sua experiência de forma bem damente forte metodologia psíquica
ampla, desde positiva como positiva/negativa e até para minar a vontade da pessoa e
decepcionante (Wright, Rothbaum, e Jacobs, cita- práticas organizacionais sistemáticas
dos por Bromley 40). Bromley comenta também para sabotar instituições sociais im-
que “a maioria dos que abandonam tais grupos não portantes, procurando assim provar
adota uma relação abertamente contra o movimen- o potencial e a intenção subversiva
to, portanto vemos que quem brilha no palco é a de tais grupos. Dessa forma, o mo-
minoria de ex-membros associados a grupos anti- vimento anti-seitas confirma a sua
seitas” (40). Stuart Wright até sugere que muitos ideologia de seitas/lavagem cerebral.
têm uma visão positiva de suas experiências: “Na (42)
realidade, o compromisso outrora existente muitas
vezes é explicado como um período necessário ou Lee Coleman acrescenta:
significativo no desenvolvimento espiritual e sócio-
emocional da pessoa” (Bromley87-88).18 Em face das realidades da psico-
A grande maioria que abandona novas religiões logia social, principalmente a necessi-
o faz por decisão própria e procura voltar, sem dade de o ex‑membro justificar o seu
grande alarido, à vida convencional, retomando comportamento anterior de manei-
suas atividades familiares, profissionais e edu- ra a se isentar de responsabilidade, a
cacionais (Bromley 40-41). Mas isso raramente maioria dos pesquisadores concorda
acontece com os que passam pelo aconselhamento que depoimentos de ex‑membros em
de evasão ou desprogramação. Os convertidos referência a seu comportamento são
à ideologia anti-seitas frequentemente afirmam extremamente duvidosos e não deve-
terem sofrido lavagem cerebral e relatam histórias riam ser apresentados como evidên-
bem semelhantes de “atrocidades”, com o objetivo cia científica. (Robbins, Shepherd e
de colocar quem os ouve contra o novo movimento McBride 73-74)
religioso ao qual pertenceram. Onde é que eles
arranjam essas idéias tão parecidas? O sociólogo Na sua análise desse fenômeno, James T.
David Bromley comenta essa questão num capítulo Richardson, acrescenta o seguinte:
intitulado “Social Construction of Contested Exit
Roles (Síntese social da questionada evasão): No decorrer da história, os mais
ardorosos críticos de grupos religio-
Os apóstatas cuja transição de sos polêmicos têm sido os seus ex-
funções se dá através de rituais de membros. Alguns desses críticos con-
transformação de identidade auxi- victos se envolveram em atividades
liadas pelo movimento anti-seitas dramáticas, inclusive desprograma-

18
Barker também comenta: “Às vezes, na verdade, num ambiente despreocupado onde a pessoa se sente segura e protegida e no qual
w w w

recebe diretrizes específicas, é possível ela lutar e vencer, sendo que era incapaz de o fazer no mundo `exterior’. Na verdade, evidências indicam
que algumas pessoas podem, de diversas formas, vir a ter um melhor desempenho como resultado do tempo que passaram em algum movimento.”
.

(Barker 1989: 55‑57). O relatório de Hill para o governo da província de Ontário no Canadá, intitulado “The Study of Mind Development and Groups,
a f a m i l i a

Sects and Cults in Ontario” (O estudo do desenvolvimento da mente e grupos e seitas em Ontário) declara: “Apenas um pequeno número de
pessoas... narraram experiências totalmente negativas. A maior parte de ex‑membros, ainda que fortemente desiludidos com os seus movimentos
em outros aspectos, tinham uma atitude relativamente saudável, admitindo que a sua participação no movimento teve efeitos positivos. A maioria das
pessoas que saiu do movimento ou que passou por consideráveis dificuldades psicológicas, chegando quase a um esgotamento nervoso, parece ter
passado por crises pessoais em suas vidas antes de ingressar nos movimentos. Algumas já eram claramente instáveis.” (Hill 1980: 552.)
.

O relatório de Hill feito a pedido do governo da província de Ontário, no Canadá, e apresentado por ela, conclui com a recomendação
o r g

de que “não fosse aberto inquérito sobre as questões resultantes das atividades das seitas, grupos para o desenvolvimento da mente, novas
religiões ou desprogramadores” (Hill 1980:596).”
ção e delações que provocaram ação mes emocionantes, mas não coadu-
das autoridades contra os grupos. Em na com a psicologia humana. Pessoas
casos assim a motivação nem sempre que se conformam a certas expecta-
fica clara, mas é óbvio que às vezes es- tivas de conduta o fazem por opção.
sas pessoas dedicam a vida a campa- (Reign 323-324)

g
nhas de controle social. Costumam
despender bastante tempo orientan- Pesquisas de cientistas sociais também asse-
do a mídia e as autoridades (inclusive veram que ingressar e se tornar membro de uma
a polícia) e outros sobre os supostos nova religião envolve processos de decisão, ao
males de um determinado grupo. contrário das imagens retratadas pelos apologistas
(Bromley 76) da “lavagem cerebral”, cujo objetivo é provar que
tais decisões são forçadas e não atos voluntários.
O professor de estudos religiosos, Irving Hexham
Controle social normal e adequação e a professora de antropologia Karla Poewe da
voluntária não é lavagem cerebral Universidade de Calgary, no Canadá, oferecem

E xceto em situações extremas nas quais o com-


portamento e as convicções da pessoa são
determinadas fisicamente por algo que foge ao seu
uma conclusão semelhante:

Rejeitamos a tese de lavagem


controle, resta apenas o âmbito normal de expecta- cerebral não só porque represen-
tivas e influências sociais, emocionais, psicológicas ta um ataque generalizado contra
e religiosas que todos os membros da sociedade a conversão religiosa, mas também
vivenciam e com as quais convivem no seu dia- porque há evidências consideráveis
a-dia e durante o processo de amadurecimento. de que pessoas se associam a novas
Ordens religiosas, organizações políticas, sociais, religiões por livre e espontânea von-
empresariais, comerciais e educativas; clubes; tade. Relatos dos próprios membros
fraternidades; academias militares; organizações das seitas muitas vezes indicam que a
de jovens, todas procuram, até um certo ponto, sua decisão de se tornarem membros
influenciar e persuadir seus membros a aceitarem de uma nova religião foi precedida de
e aderirem a certas crenças e códigos de conduta. uma longa busca para encontrarem
Todas as organizações, desde escoteiros a academias não só sentido na vida, mas também
de elite, impõem limites à autonomia. Influenciar uma solução para graves crises pelas
as pessoas é a base da sociedade do ser humano, quais passavam. (Hexham e Poewe
desde as convicções religiosas a campanhas polí- 9‑10)
ticas incrementadas para direcionar os eleitores,
a campanhas publicitárias poderosas feitas com Melton e Moore concordam: “Contrariamente
o intuito de levar as pessoas a adquirirem certos à opinião popular, pesquisas atuais feitas por in-
produtos. A ordem social em si é mantida princi- vestigadores sociológicos indicam que não há
palmente por uma rede complexa de influências e razão para acreditar que os processos que levam
persuasões que obviamente impõem certos limites os indivíduos a tomarem a decisão de aderir a
na liberdade pessoal e autonomia do cidadão, sem uma religião alternativa, sejam, em comparação,
necessariamente afetar sua capacidade de raciocínio diferentes dos que envolvem a decisão de aderir a
ou minar sua capacidade legal. Novas religiões não outras associações e atividades voluntárias comuns
são exceção. Coleman afirma: a uma população” (Melton e Moore 36‑46).
w w w

Não deveria ser necessário exa-


minar detalhadamente os métodos O papel do movimento contra-seitas
de doutrinamento ou conversão uti-
A tendência dos cientistas sociais têm sido in-
.
a f a m i l i a

lizados por muitos grupos considera- cluir os religiosos que são contrários às seitas
dos “seitas”, para concluir que “con- em uma categoria à parte, conhecida como “contra-
trole mental” é um mito. A visão de seitas”. Está claro que os motivos e os meios para se
robôs sem capacidade de raciocínio opor a novas religiões diferem grandemente entre
que cumprem as ordens de outros os grupos seculares e os contra-seitas. Os últimos se
.
o r g

enquanto acreditam estar fazendo o concentram mais em teologia e aspectos religiosos


que bem querem talvez produza fil- das novas religiões.
Introvigne salienta as diferenças entre essas chamado controle mental, manipula-
duas correntes: ção mental ou desestabilização men-
tal. Narrativas de lavagem cerebral são
Os ministérios cristãos, no en- uma ferramenta poderosa e de fácil
tanto, não dizem que “seitas” não utilização para diferenciar entre religi-
g
são religiões. O seu maior interesse ões e seitas. Seitas usam a lavagem ce-
é deixar claro que “seitas” não são rebral (ou “controle mental” ou “ma-
cristãs, se encaixando, portanto, em nipulação”). Religiões, mais uma vez
uma categoria mais ampla, a das “fal‑ por definição, respeitam a liberdade
sas religiões”. “Inimigos” evangélicos da pessoa, a qual adere a uma religião
das “seitas” não pediram auxílio ao por decisão própria. (Introvigne)19
governo nem afirmaram que as seitas
deveriam perder a isenção de tributos A História está cheia de exemplos de ataques
que possuem por serem religiões. Sua de instituições tradicionais contra grupos religio-
maior preocupação era avisar outros sos que vivem às margens dos sistema religioso
evangélicos da natureza não cristã das (Cox em Needleman e Baker 125‑129). Bromley
seitas. Cientistas sociais geralmente e Shupe explicam esse fenômeno com base no
denominam esses ministérios evangé- contexto histórico:
licos “movimentos contra-seitas” para
fazer distinção entre eles e o movi- Os grupos que têm se oposto a
mento anti-seitas secular. Este último novas religiões tradicionalmente sur-
afirma se preocupar com os atos, não gem de igrejas estabelecidas, de dife-
as crenças, e procura a colaboração do rentes níveis do governo e de comuni-
poder público para agir contra grupos dades que tiveram um conflito direto
considerados por eles corruptos e sub- e pessoal com as novas religiões. Para
versivos. Ao contrário do movimen- as igrejas estabelecidas a questão tem
to contra-seitas evangélico, o secular sido o fato das novas religiões agressi-
afirma que seitas não são religiões. O vamente rejeitarem as antigas. Líderes
fato de se concentrarem em atos e não de igrejas estabelecidas normalmente
crenças os faz concluir que as seitas avisam os congregados dos perigos
não têm direito ao status de religião, espirituais oferecidos pelas novas reli-
por serem culpadas de atos crimi- giões e tentam desacreditar seus ensi-
nosos. No entanto esse movimento namentos. Muitas vezes não se inco-
anti-seitas não reivindica que religi- modam de incitar a opinião pública e
ões legítimas devam perder seu status estimular ação por parte do governo
caso cometam crimes. Sugere que as quando possível. Certas organizações
seitas são criadas no crime e praticam se formaram com o objetivo explícito
o crime pertinente a elas apenas, mas, de desmascarar e atacar uma ou mais
infelizmente, [ainda] não reconhecido novas religiões. (Impact 17-19)
pela lei. Esse crime originalmente foi
denominado lavagem cerebral, mas Robbins menciona que “certos líderes de igreja
desde que esse rótulo perdeu o crédito [cristãos fundamentalistas, alguns representantes
devido a declarações de estudiosos no de denominações tradicionais e de certos grupos
campo da saúde mental, passou a ser hebraicos] têm atacado ativamente as seitas”20
w w w

19
Para ter acesso a um arquivo abrangente de documentos, autos de processos e análises de acadêmicos sobre os debates de lavagem
cerebral/controle mental, por favor, visite o site do CESNUR: www.cesnur.org/testi/se_brainwash.htm.
.
a f a m i l i a

20
A Sentinela, edição de 15 de agosto de 1992, informa que em 1991, foi convocado um Consistório [assembléia solene de cardeais] para
discutir assuntos de grande interesse para a Igreja Católica, tal como o da “agressividade das seitas”. O jornal italiano Il Sabato, noticiou: “Todos
concordam com a necessidade de um estudo profundo do fenômeno dos novos movimentos religiosos, além da necessidade de evitar, o máximo
possível, a sua expansão.”
A Resolução sobre Missionários e Desprogramação oficialmente adotada pela União das Congregações Hebraicas Americanas em 21 de
.

novembro de 1977, declara: “Ratificamos o direito de usar desprogramação permitida por lei... Recomendamos que o nosso movimento trabalhe
o r g

a nível local e nacional com indivíduos e grupos preocupados com as atividades das seitas, colaborando juntos para eliminar a sua influência nas
nossas comunidades.” (Cultic Studies Journal, vol.2, Nº2, 1986.)
(172-173). Bromley e Shupe mostram também que Mídia, fabricantes de mitos,
os “quakers, adventistas do sétimo dia, mórmons, e controle mental
testemunhas de Jeová, menonitas, cientologistas e
até mesmo católicos em alguma ocasião já sofreram
acusações semelhantes às que são feitas contra as
T alvez seja preconceito, ou simplesmente a mo-
notonia da rotina diária, que torna as pessoas
vulneráveis aos relatos desconexos dos modernos

g
novas religiões” (211-212). criadores de mitos. Ou talvez seja simplesmente
A atitude passiva diante de um crime não uma propensão inata para acreditar no bizarro.
demonstra virtudes de caráter, no entanto muitas Seja qual for a explicação, a antiga arte de inven-
religiões tradicionais têm protestado pouquíssimo tar mentiras e criar mitos floresce em proporções
ou se omitido diante de ataques de organizações assustadoras nos tempos modernos. Isto pode ser
anti-seitas contra as vulneráveis novas religiões. atribuído em parte a uma imprensa que depende
Na verdade, algumas acham justificável condenar do sensacionalismo e do desvio deliberado da
a nova religião, denominando-a falsa religião. atenção do público para outras situações — por
Agora a rede anti-seitas se fortaleceu e em alguns motivos financeiros e manipuladores. Fatos e fá-
lugares do mundo começou a atacar denomina- bulas são lançados instantaneamente no mundo
ções tradicionais também. inteiro para obter a reação desejada; a informa-
Em 1997 na Bélgica, por exemplo, o relatório ção é cada vez mais transmitida para obter um
de uma comissão parlamentar contém acusações efeito predeterminado em vez de simplesmente
ridículas contra cinco grupos católicos tradicio- para manter o público informado. Os meios de
nais (entre eles a Renovação Carismática), contra comunicação em massa tornaram‑se poderosos
os quakers, o YWCA, os judeus hassídicos e criadores de mitos, capazes de difundir verdades
quase todos os budistas. (Relatório sobre seitas e inverdades para o mundo inteiro praticamente
da comissão parlamentar belga, emitido em 28 à velocidade da luz.
de abril de 1997, também propõe lei conside- Os lobistas anti-seitas têm sido bastante ati-
rando “controle mental” um crime. (Introvigne, vos em direcionar a mídia e as autoridades para
“Brainwashing”) minorias vulneráveis, criando suspeitas quanto à
James Richardson resume da seguinte manei- idoneidade moral ou jurídica de tais organizações.
ra o perigo iminente para os direitos religiosos Normalmente eles entregam aos órgãos de inves-
de todos: tigação, material negativo sobre o grupo-alvo de
modo a iniciarem e/ou realçarem a publicidade
Ao permitirem que as conver- negativa a respeito dele. Muitos “pacotes” infor-
sões religiosas sejam rotuladas de mativos de desinformação acerca de seitas chegam
“lavagem cerebral” e depois arrasta- aos órgãos do governo e de notícias e acabam sendo
das para a arena dos tribunais a fim aceitos como “fatos” a respeito dos grupos. Ativistas
de serem julgadas, as pessoas estão anti-seitas também incentivam os pais a redigirem
na realidade forçando o Estado a queixas e fazer lobby junto a agências de notícias
controlar as religiões e decretar quais e do governo solicitando medidas contra novas
são as crenças religiosas aceitáveis. religiões. Qualquer ação resultante desse empenho
Proteger uma pessoa de “lavagem confere à organização publicidade grátis e serve
cerebral” não passa de uma manei- para gerar histeria suficiente que passa a classificar
ra nociva de afirmar que ela tem os grupos anti-seitas como úteis e “peritos” junto
que ser protegida para não abraçar à mídia e para quem estiver assessorando parentes
crenças novas que venham a mudar preocupados e membros de grupos minoritários. A
o seu modo de vida. Desse modo a imprensa não se importa com esse relacionamento
w w w

lei, em nome do Estado, usurpa a simbiótico e em busca de sensacionalismo com os


autoridade de determinar quais são grupos anti-seitas, já que ganham audiência, e as
as conversões que constituem um novas religiões geralmente não têm tanto poder ou
.
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“grande abuso” e, portanto, sujeitas popularidade para revidar de maneira eficiente.


a serem controladas sem restrições, a James Richardson faz a seguinte análise:
ponto da igreja ser destruída através
de litígios prolongados e indeniza- A imprensa é a estrutura media-
ções arrasadoras. dora de maior peso entre o grande
.
o r g

público e as religiões marginalizadas.


Todas as grandes emissoras já colo-
caram no ar diversos filmes feitos sequer ter conversado com a pessoa.
para TV tratando o tema de “resga- (Religions, 322)
tar membros de seita que sofreram
lavagem cerebral”. Esse tipo de abor- Bromley e Hammond falam também do pa-
dagem também pode ter se desenvol- pel dos profissionais para manterem o movimento
g
vido devido ao interesse do público anti‑seitas em andamento: “Nesta rede os profissionais
por histórias picantes sobre “seitas eram especialmente importantes, pois supriam o
que roubam crianças”, ou “famílias parecer profissional para a formulação de leis contra
que foram divididas”. Histórias com seitas, perícias quando ex‑membros processavam os
esse nível de emoção e críticas con- grupos, e o aconselhamento de evasão” (225‑229).
tumazes vendem jornal e ganham Robbins (1988: 170‑172) registra melhor a co-
espectadores, portanto, os dirigentes mercialização da preocupação com as seitas:
de jornais e redes de TV e rádio têm
mais inclinação a usar essa aborda- O intenso alvoroço em torno das
gem. (Wright, Attitudes 156) “seitas destrutivas” produz o alicerce
para a elaboração de uma estrutura
que vem bem a calhar para assistentes
A indústria de “peritos” de profissionais credenciados desem-
dos movimentos anti-seitas penharem um papel novo e prestigio-

A s organizações anti-seitas modernas se asso-


ciam a um “grupo ativo de profissionais da
área de saúde mental que regularmente declaram
so como conselheiros e reabilitadores
de “vítimas das seitas” (Kilbourne e
Richardson 237; Robbins e Anthony
em tribunal, reuniões de profissionais e na im- 283‑297). Tem‑se recomendado com
prensa, terem encontrado evidência de ‘controle insistência terapia e aconselhamento a
mental’” (Robbins, Shepherd e McBride 71). membros de seitas, ex‑membros e fa-
Coleman salienta a necessidade de “peritos” para mílias traumatizadas pelo envolvimen-
sancionarem o mito do controle mental: to de um familiar numa seita. Alguns
clínicos têm‑se envolvido ativamente
Uma coisa é os pais e alguns após- neste campo.
tatas fazerem tais alegações [de contro- Um pormenor que vale bem a
le mental], mas outra coisa é validá-las pena ter em mente, é que o movimen-
em um julgamento. Para obter guarda to anti‑seitas não é nenhuma “insti-
temporária por motivos de incapaci- tuição de caridade”. “Profissionais” e
dade mental, seria necessário o de- outros que trabalham para esse movi-
poimento de profissionais em saúde mento não são voluntários dedicados,
mental. Seria também crucial o apoio mas sim indivíduos bem pagos. Uma
de profissionais em saúde mental para grande parcela da renda de alguns de-
que as leis de tutela, visando especifica- les provém dos seus ataques a novos
mente as novas religiões e processos da movimentos religiosos. Eles perderiam
vara de família baseados em acusações muito se fossem desacreditados, algo
de controle mental, tivessem qualquer contra o qual reagem violentamente.
possibilidade de êxito. Seria necessário Os “peritos” do movimento anti‑seitas
literatura para apoiar afirmações feitas cobram centenas de dólares por hora
em tribunal e também na lei; o concei- pelos seus serviços. Por exemplo, “uma
w w w

to de controle mental teria que se tor- boa parte da renda [de Margarent
nar não só uma opinião pessoal, mas Singer] provém dos processos contra
uma descoberta científica comprovada. seitas” (Richardson 59).
.
a f a m i l i a

Essa literatura profissional com certe-


za viria a ser produzida, sendo na sua
maior parte de autoria dos mesmos O testemunho de “peritos”
profissionais de saúde mental que em e da Psicologia Moderna
muitas ocasiões recomendaram a re-
A umenta a passos largos a participação de
.
o r g

tirada à força de um membro novato psicólogos e psiquiatras no âmbito jurídico,


de uma religião — às vezes sem nunca mas ainda é um fator muito polêmico. Estudos
demonstram que esses profissionais muitas vezes contribuinte. Os peritos criam tam-
não alcançam conclusões confiáveis ou válidas bém para o ramo da Psicologia riscos
e que suas avaliações não são necessariamente de imperícia e negligência. (ênfase foi
mais precisas que as de leigos, suscitando fortes acrescentada)22
dúvidas quanto à validade jurídica dos pareceres

g
de psicólogos e psiquiatras. Muitos profissionais de renome no campo da
“Sempre que foi possível analisar os pareceres saúde mental estão começando a se preocupar com
de psiquiatras com critérios objetivos já existentes, a rápida erosão da sua credibilidade profissional.
descobriu‑se que na maioria das vezes estavam mais O psiquiatra Walter Reich do Instituto Nacional
errados do que certos.” Essa afirmação foi feita pelo de Saúde Mental nos EUA observa apropriada-
Dr. Jay Ziskin, psicólogo de Los Angeles, advo- mente: “A Psiquiatria se coloca em risco e degrada
gado e autor de Coping with Psychiatric Testimony a sua reputação ao se envolver em campos para
(Como enfrentar laudos psiquiátricos) em parceria os quais não tem ampla competência. Nos casos
com David Faust, diretor do departamento de [de lavagem cerebral], a experiência psiquiátrica
psicologia do Hospital de Rhode Island e pro- é limitada e não foi extensamente comprovada.
fessor-adjunto de psiquiatria e comportamento Não pode ser considerada informação perita para
humano na Universidade de Brown. Para Ziskin fins jurídicos” (Reich 1976: 403).
e Faust os métodos de análise e avaliação psiqui- William Kirk Kilpatrick, professor‑adjunto
átrica estão “repletos de perigos de distorção e são de Psicologia Educacional na Universidade de
muito incompletos e inexatos devido aos valores Boston, aborda este tema com a mesma franqueza e
pessoais, atitudes e preconceitos do examinador”. integridade profissional no seu livro, The Emperor’s
No entanto, os tribunais usam e até confiam cada New Clothes — The Naked Truth about the New
vez mais em “depoimentos” de “peritos” em psi- Psychology (A roupa nova do imperador: a verdade
quiatria. 21 Faust e Ziskin escrevem: nua e crua sobre a psicologia moderna):

À medida que os tribunais e o Nos círculos da psicologia há


público começam a perceber a imen- uma abundância de especulações,
sa diferença entre a competência que de pessoas que acreditam que o que
os peritos afirmam ter para emitir desejam é realidade, de idéias con-
laudos, e as descobertas científicas, traditórias, preconceitos, linguagem
a credibilidade da Psicologia e da confusa e ininteligível e ideologias,
Psiquiatria vai ficando prejudicada. tudo isso disfarçado de ciência.
O depoimento de um perito pode Para um comentário breve sobre
exercer um efeito prejudicial no júri. a nossa capacidade de auto‑ilusão,
A autoconfiança e a precisão podem nada melhor do que o conto de
estar inversamente relacionadas, no Hans Christian Andersen sobre o
entanto o júri pode muito bem prefe- imperador. Para mim se aplica de
rir a opinião de um perito que trans- uma forma especial à veneração que
parece excesso de confiança em vez atualmente se faz à Psicologia e aos
da de outro com opiniões opostas e psicólogos. A história trata essencial-
que se expressa com a devida cautela. mente da submissão incondicional à
Dada a sua natureza muito subjetiva opinião de peritos, (e) a insensatez
e por estarem muito vulneráveis a pre‑ de permitir que o bom senso seja
conceitos, as evidências fornecidas por substituído pelo conhecimento dos
w w w

peritos podem facilmente ser utilizadas peritos. [Na história] cada um pen-
indevidamente. O envolvimento de sa: “Eu não vejo nada, mas quem
peritos desperdiça muitas horas do sou eu para opinar?” Aquilo em que
.
a f a m i l i a

tempo, já escasso em tribunal, e rou- acreditamos é superado pela força


ba milhares de dólares do bolso do da opinião dos peritos em Psicologia

21
A pouca confiança que se pode ter nos diagnósticos psiquiátricos foi adequadamente demonstrada na revisão de lei na Califórnia (vol.62:
693).
.
o r g

Ver também “The Expert Witness in Psychology and Psychiatry” (A testemunha perita em Psicologia e Psiquiatria), David Faust e Jay
22

Ziskin, Science, volume 241, julho de 1988.


porque a Psicologia obteve status de eles. (Bromley e Shupe; Richardson,
imperador em nossa cultura, e em Mental Health, Evolution)
parte porque todas as pessoas inte-
ligentes juram que ela está revestida
de idéias lindamente tecidas. Ataques às novas religiões sob o
g
Na realidade, grande parte da pretexto de “problemas de saúde” para
roupa psicológica é invisível. Os manipular as liberdades civis
cristãos também acreditam em mui-
tas forças invisíveis. A Psicologia, tal
como o cristianismo, é em parte uma
O s cientistas sociais Anthony e Robbins con-
cluíram que as tentativas do movimento
anti‑seitas de usar a medicina como padrão de
questão de fé. (3‑6, 8,15) avaliação para julgar religiões não convencionais,
acusando‑as, por exemplo, de lavagem cerebral,
As organizações anti-seitas têm aproveitado constitui um mau uso de noções aparentemente
bastante esse conceito popular dos profissionais científicas com objetivos políticos. Eles insistem
de saúde transformados em “peritos” para causas também que “o envolvimento dos profissionais de
judiciais, como James Richardson explica: saúde mental na repressão às religiões alternativas
constitui uma considerável ameaça às liberdades
Organizações anti-seitas, como a civis” (Melton e Moore (36‑46) citando Robbins
American Family Foundation (AFF) e Anthony 286).
e [a extinta] Cult Awareness Network Em países onde o livre exercício da religião é
têm alcançado grande sucesso em in- polêmico, as acusações de caráter médico e psi-
fluenciar o público nos EUA e em cológico são freqüentemente usadas para atacar
outros países. As duas trabalham as novas religiões. Ao acusarem as novas religiões
juntas e contam inclusive com tera- de “lavagem cerebral”, o caso passa ao âmbito
peutas e auxiliares de diferentes ca- da “medicina” e deixa de ser religioso (Robbins
tegorias, além de representantes de e Anthony 1982: 286). 23 Conseqüentemente,
certas organizações religiosas na sua seguindo uma lógica maquiavélica e distorcida,
liderança. Sendo assim existe uma li- os direitos religiosos são negados aos novos movi-
gação significativa de interesses entre mentos religiosos porque, por definição, todos os
a CAN e grupos similares: seus membros foram vítimas de “lavagem cerebral”.
1) Terapeutas para os quais ex- Portanto não podem praticar “livremente” sua
membros e membros atuais de novas própria religião, já que, como esses fabricantes de
religiões precisam de ajuda psicoló- mitos gostariam que se pensasse, todo membro de
gica, um novo movimento religioso é um robô que tem
2) Políticos que querem aprovar a mente controlada e precisa ser “resgatado”.
leis contra seitas, William Shepherd (31-370, citando Robbins
3) Assistentes sociais e conselhei- e Anthony (286) escreve:
ros para os quais as seitas destroem
famílias, e “Atrofia da liberdade psicológi-
4) Líderes religiosos que, colo- ca” ou “obediência robótica” e “lava-
cando-se como justiceiros, tentam gem cerebral” são meramente outros
proteger seus domínios acusando as termos para distúrbios mentais e pa-
seitas de roubarem crianças ou di- tológicos. Uma vez que é atribuído à
zendo que são obra do Diabo. Em pessoa um comportamento involun-
w w w

alguns casos os pais de convertidos tário, ele passa a ser considerado uma
estão envolvidos, e dentre eles alguns doença, um problema de saúde.
se encontram em um nível social e de A maneira como o Estado enca-
.
a f a m i l i a

influência política muito bons para ra o comportamento diferente sob


causar problemas para tais grupos e o ponto de vista médico dá aos ci-
colaborarem com os que se opõem a dadãos que se opõem às seitas uma
.

23
Shepherd (1985: 31‑37) acrescenta o seguinte a este ponto: O “problema das seitas” passa assim a ser do domínio médico, portanto infligir
o r g

“danos involuntários” através de métodos coercivos de persuasão traumáticos é considerado, por algumas autoridades, justificativa suficiente para
intervenção governamental contra as seitas.
oportunidade de estigmatizarem e que não se note. Muitos dos mesmos sintomas de
rotularem os membros de uma seita conversão às novas religiões que o movimento anti-
de doentes. Resgatar “vítimas” é um seitas define como padrões de “conduta destrutiva”,
objetivo louvável, e os “resgatadores” prevalecem em suas próprias organizações.
(justiceiros?) não precisam ser muito Organizações anti-seitas são, sem dúvida,

g
escrupulosos quanto aos detalhes das cruzadas formadas por pessoas profundamente
liberdades civis. “Se a adesão às seitas apegadas à sua causa, como se fosse uma causa
é essencialmente da alçada da medici- religiosa. Seus membros abraçam uma ideologia
na, então não pode ser também da pela qual militam ferozmente através de campanhas
alçada das liberdades civis, pois os na mídia e programas de conscientização pública,
doentes têm que ser tratados.” (ên- angariação de fundos e lobby junto a governos e
fase no original) congressos no mundo. Eles querem que sejam
aprovadas leis que fomentem a sua causa.
Sendo assim, “a função principal da idéia de O movimento anti-seitas trabalha em con-
lavagem cerebral aplicada a novos grupos religiosos junto no mundo inteiro para redigir e dissemi-
é a de legitimar a opressão” (Brockway e Rajashekar nar suas publicações. Colaboram com pessoas
1987: 97‑100). Essa violação dos direitos religiosos de pensamentos afins que se dedicam a definir e
torna‑se uma agressão deliberada, planejada, pro- desenvolver pesquisas sobre supostos padrões de
longada e violenta contra a Família e outras novas conduta confirmando a sua teoria de que novas
crenças religiosas. Bromley e Shupe explicam: religiões e religiões progressistas são prejudiciais.
Os membros desses grupos são, tipicamente, mi-
Aqueles que criaram o grande te- litantes que panfletam, fazem atendimento por
mor das seitas querem reunir o poder telefone e dão palestras em escolas e órgãos públicos
do Estado, das igrejas, dos profissio- fomentando sua ideologia. Apesar de tudo isso,
nais de saúde mental e de outros seto- eles não possuem respaldo ou apoio científico da
res da sociedade, para desarraigarem grande maioria da comunidade acadêmica.
o que consideram uma ameaça sem David Bromley indica o importante papel
precedentes. Eles não se importam de ex-membros insatisfeitos na militância anti-
em sacrificar os direitos dados por lei, seitas:
o procedimento padrão dentro do
mundo acadêmico ou os limites da Os relatos dos apóstatas sobre o
conduta civilizada para alcançarem seu tempo em cativeiro e as atrocida-
essa meta. Querem que as pessoas des que testemunharam nas organiza-
acreditem que as seitas representam ções salientam o lobby e as campanhas
uma ameaça extraordinária e sem contra os movimentos; reforçam as
precedentes para poderem justificar o declarações da mídia, os depoimentos
uso de meios excepcionais e inéditos em investigações e julgamentos, bem
para eliminá-las. (Impact XIII‑XV) como em sessões de desprogramação.
A degradação do status moral influen-
Quanto maior o poder concedido ao estado cia a base da enorme quantidade de
para ditar quais crenças e práticas religiosas são campanhas de controle social contra
“sadias” e quais são anormais, maior o risco de os novos movimentos religiosos. As
uma ditadura e totalitarismo religioso impostos violações que supostamente ocorre-
pelo Estado. Foi o que aconteceu na ex‑União ram são de tal importância e abran-
w w w

Soviética, onde membros ativos de igrejas cristãs gência que todo protesto pleiteando
eram freqüentemente “hospitalizados” ou enviados inocência é rejeitado sumariamente.
para algum gulag para serem “tratados”. Se um membro de um novo movi-
.
a f a m i l i a

mento religioso se declara satisfeito,


ele é considerado vítima de lavagem
O movimento anti-seitas é militante cerebral; projetos cívicos são consi-

A pesar das diferenças gritantes entre grupos


de profundo compromisso e o movimento
derados golpes de relações públicas e
grupos associados a eles são tratados
.
o r g

anti-seitas, existem semelhanças extraordinárias com escárnio e rotulados de “laran-


que as redes de organizações anti-seitas preferem jas”. Instituições que não estejam en-
volvidas diretamente no conflito são 138). De acordo com um psquiatra
incentivadas a sugerir sanções sempre que trabalha contra seitas, citado tan-
que possível, e cria-se um clima de to pelo relatório francês como pelo
hostilidade entre o público, condu- belga, é fácil ver a diferença entre uma
cente à expansão de controle e auto- religião e uma seita. Apesar de algu-
g
ridade social. (Bromley e Breschel) mas de suas funções serem similares,
uma religião é fundamentada na “li-
O extensivo uso do argumento de “controle berdade de escolha”, não existe “ma-
mental” pelo movimento anti-seitas na Europa nipulação” — ingredientes básicos das
Ocidental, tem levado alguns governos a restringi- seitas. (Introvigne, “Brainwashing”)
rem as atividades de novas religiões. Vários países
criaram comissões parlamentares para investigar O Dr. Introvigne menciona também que o
as “seitas”, com ampla participação de organiza- consenso de lavagem cerebral no meio acadêmico
ções anti-seitas da Europa, além de depoimentos é praticamente desconhecido na Europa, portan-
de apóstatas. Muitas das democracias novatas to as organizações anti-seitas conseguem vender
na Europa Oriental têm seguido os modelos da essa idéia facilmente à mídia, aos tribunais, e às
Europa Ocidental, impondo restrições ainda mais autoridades. Em alguns casos, essas organizações
severas ao livre exercício da religião. na Europa receberam recursos do governo para a
Massimo Introvigne comenta como a teoria sua luta contra seitas, o que tem contribuído para a
de controle mental tem gerado preocupação com disseminação do ódio e da intolerância religiosa.
as novas religiões na Europa:

A imprensa, constantemente ali- Os jargões do movimento anti-seitas


mentada pelo movimento anti-seitas,
começou uma horrível campanha de
“conscientização” dos “perigos das sei-
U m outro fato é que as redes anti-seitas fre-
qüentemente condenam novas religiões e
igrejas progressistas por desenvolverem seus pró-
tas”, e os parlamentos de vários países prios sistemas de símbolos e termos, sendo que
abriram inquéritos para investigá-las. os movimentos anti-seitas utilizam um dialeto só
Nas comissões na França e na Bélgica deles. Alguns termos eles pegam emprestado das
os políticos colaboraram com ativistas novas religiões e os utilizam de maneira pejorativa.
anti-seitas e ex-membros insatisfeitos Termos pseudocientíficos também são muito co-
de alguns novos movimentos religio- muns, pois dão a impressão de que até mesmo as
sos. O interesse pelas declarações dos atividades e experiências mais banais do dia-a-dia
acadêmicos foi mínimo, e os relató- são doenças que precisam ser tratadas e curadas.
rios das comissões se basearam gran- Stanislav Andreski afasta o véu para dar uma
demente nas informações recebidas espiada no mundo da semântica sócio-psicológica.
dos movimentos anti-seitas. Apesar No capítulo 1 do seu livro Social Sciences as Sorcery,
desses documentos possuírem uma (Feitiçaria à guisa de Ciências Sociais), intitulado
abordagem diferente em algumas “Por que mexer no ninho dos outros?” ele diz:
questões e terem dispensado o uso da
inadequada e ultrapassada expressão Até mesmo as antigas e valiosas
“lavagem cerebral”, as comparações percepções de situações e vida que
feitas entre religião e “seitas” com base herdamos de nossos ilustres antepas-
na manipulação e controle mental fo- sados estão sendo afogadas em uma
w w w

ram semelhantes às dos movimentos enxurrada de palavras desconexas e


anti-seitas. O relatório belga cita o tecnicalidades inúteis. Palavreado
comunicado do presidente do ADFI pretensioso e nebuloso, repetição in-
.
a f a m i l i a

na França [Associação pela Defesa da terminável de pieguice e propaganda


Família e do Indivíduo], afirmando subliminar estão na ordem do dia.
que uma seita pode ser diferenciada Daria para fazer uma enciclopédia se
de uma religião porque a primeira fôssemos desmascarar todas as doidi-
é um “grupo onde existe manipula- ces que passam como estudos cien-
.
o r g

ção mental e afetiva” (Chambre des tíficos da conduta do ser humano.


Représentants de Belgique 1997: 1, (Andreski 11, 16)
Van Driel e Richardson expandem: ou praticamente tudo o que uma pessoa que
freqüenta regularmente uma igreja ou é mem-
Qualquer ato pode ser conside- bro de um novo movimento religioso faz que
rado bom ou mau, dependendo das “adultere a qualidade da informação fornecida
palavras escolhidas para descrevê- ao cérebro”.

g
lo. “Conversão”, “recrutamento,” snapping: conversão — ou desconversão — a
“re-educação”, “socialização diver- uma causa ou religião malquista. Ted Patrick e ou-
sificada”, “controle mental”, “dou- tros desprogramadores usam tal termo para toda e
trinamento” e “lavagem cerebral” qualquer conversão ou desconversão repentina.
são palavras usadas para se referir ao reforma do pensamento: visto que o termo
mesmo processo, mas, como pode-se “lavagem cerebral” não foi aceito cientificamente,
ver, não são sinônimos. Uma pessoa muitas organizações anti-seitas optaram por este.
talvez use a palavra “abnegação” para Eles usam também “persuasão coerciva” para des-
descrever o estilo de vida de alguém, crever as mudanças em uma pessoa que passou por
e outra “exploração e autoritarismo”. uma conversão religiosa.
Dependendo do contexto, dedica-
ção, disciplina, submissão e abnega-
ção podem ser imbuídas de diferentes
Táticas do movimento anti-seitas
valores. (Van Driel e Richardson 54;
para promover campanhas de
Dyson e Barker 202–225; também ci-
desinformação sobre novas religiões
tado em Barker, Movements, 39–42)

Eis alguns termos populares usados contra as


S egue-se parte das táticas de propaganda utiliza-
das pelos militantes anti-seitas, que distorcem
a percepção do público sobre as novas religiões:
seitas, traduzidos em linguagem comum (Biermans
• Utilizar incidentes isolados envolvendo novas
1988: 38‑39):
religiões como referencial das novas religiões em
lavagem cerebral: qualquer forma de pro-
geral
selitismo empregada por uma igreja da qual o
movimento anti‑seitas discorda. O movimento anti-seitas normalmente enfoca
seita: “Palavra da moda e disseminada a esmo e salienta extensivamente incidentes tais como a
pelos meios de informação, organizações anti‑sei- tragédia em Jonestown, Waco, Templo do Sol,
tas, pastores de igrejas reconhecidas (que já não Heaven’s Gate, ou outras situações extraordi-
receiam serem enquadradas nessa categoria), e nárias de violência e os usa como referenciais da
até mesmo alguns cientistas sociais que deveriam estrutura de fé e das prováveis conseqüências na
saber o que é certo. Embora o termo tenha um vida de qualquer pessoa comprometida a uma
sentido técnico razoavelmente exato, tem sido religião. John R. Hall, professor de Sociologia
levado ao extremo por pessoas que o associam na Universidade da Califórnia, até sugere que o
indiscriminadamente a qualquer grupo que não movimento anti-seitas na verdade se beneficia de
se conforme com um círculo limitado de religiões tragédias relacionadas a seitas, e que casos como
supostamente normais da classe média.” (Bromley o de Jonestown e outros são fundamentais para
e Shupe 21-22) precipitar conflito (Wright, Armageddon, 231).
conselho de evasão: termo usado para des- Se por um lado tais incidentes são trágicos e
crever o processo pelo qual um “conselheiro de inegavelmente repreensíveis, por outro não re-
evasão” (autodenominado e com regras próprias) fletem a mentalidade de todas as pessoas de fé,
demonstra aos membros de uma nova religião, assim como violentos conflitos étnicos em um
w w w

geralmente novatos, que estão sendo vítimas de determinado país não representam a circunstância
“controle mental”, que sua conversão é uma far- política do resto do mundo.
sa, que a liderança do grupo busca os próprios Melton comenta:
.
a f a m i l i a

interesses, é manipuladora, e que eles estão sendo


explorados sem nem perceberem. Não observamos nas novas re-
bombardeio de amor: usado para menospre- ligiões nenhum nível ou padrão de
zar qualquer expressão de amor ou interesse pelo conduta que deva ser condenado e
próximo demonstrado pelo grupo. que não se observe em religiões mais
.
o r g

técnicas de alteração mental: cantar, lou- antigas. Alguns grupos (antigos e no-
var a Deus, entoar hinos, dançar, bater palmas, vos) têm sido acusados de atividades
ilícitas e violentas, e até certos líde- dia que tinham repudiado completa-
res e membros condenados juridi- mente. Em suma, conseguiram usar
camente. Caso tais atividades sejam o seu afastamento radical para ama-
comprovadamente ilegais, o correto durecerem.”
é a condenação, e nós concordamos
g
com isso. Entretanto, sabemos que
• Desrespeitar pesquisa acadêmica que não apóia
apenas um pequeno número de gru-
o mito de “controle mental”
pos sofre acusações significativas de
atividades ilegais ou violentas, e um A literatura anti-seitas normalmente ignora a
número ainda menor chegou sequer maioria das descobertas de profissionais de saúde
a ser condenado. O fato de terem mental e sociólogos que pesquisam novas religiões
ocorrido alguns casos não justifica a cujas descobertas não apóiem as teorias de “con-
condenação ou até mesmo a suspei- trole mental” ou “lavagem cerebral”. Sendo assim,
ta em relação à grande maioria dos as “teorias de controle mental são repudiadas
grupos. pelo mundo acadêmico, associações profissionais
e tribunais” (Introvigne, “Brainwashing”). Usar
termos como, por exemplo, “controle mental”
• Disseminar informação obtida principalmente
é um modismo para dar credibilidade às tenta-
de ex-membros hostis
tivas de estereotipar e causar má impressão das
Quando as organizações anti-seitas vão novas religiões apesar de tal conceito carecer de
colher informação sobre novas religiões, rara- aprovação do meio acadêmico. “Nenhum in-
mente, se é que alguma vez, vão diretamente ao quérito contra qualquer organização religiosa
grupo em questão. Procuram exclusivamente os jamais comprovou acusações de controle mental,
ex-membros que são hostis ao grupo, e deles persuasão coerciva ou lavagem cerebral” (nota
recolhem e colecionam histórias de horror. No 53 N.Y.U. L. Rev. em 1281) (Shepherd 31–37,
entanto ignoram os ex-membros que não se ênfase acrescentada).
manifestam tanto e que são a grande maioria, Coleman observa: “Quando pessoas imparciais
cujos relatos são bem diferentes e vão de posi- estudaram novos movimentos religiosos, evitando
tivos a indecisos. ‘erros’ óbvios no método de investigação, não
Os escritos de Wright salientam esse fato: encontraram evidência alguma de controle mental
ou dos danos físicos mencionados na literatura
Por exemplo, 67% dos ex-mem- anti-seitas.” (Coleman, Religions 323)24
bros de três novos movimentos re-
• Aproveitar os temores de parentes preocupados
ligiosos de um estudo anterior con-
em vez de fomentar tolerância e comunicação
duzido pelo autor relataram que
“a experiência contribuiu para o A literatura anti-seitas e os estereótipos das
seu amadurecimento intelectual”. novas religiões podem assustar os pais de novos
Levine, que estudou mais de 800 membros fazendo-os acreditar que jamais reverão
jovens convertidos de grupos extre- o seu filho depois que ele ingressar em uma nova
mistas descobriu que 90% deles se religião. Normalmente, porém, para os filhos dese-
desligaram depois de dois anos de jarem manter contato vai depender muitíssimo da
convivência. Declararam que as ex- atitude e motivação dos pais. Pais em contato com
periências ali adquiridas os ajudou a as versões exageradas dos grupos anti-seitas muitas
passar pela turbulenta crise de iden- vezes se tornam bastante agressivos e críticos das
w w w

tidade pós-adolescência. “O mais decisões de seus filhos, o que só serve para piorar
importante”, ele afirma, “é que essas o relacionamento entre eles e aumentar a divisão,
pessoas conseguiram voltar a ter o quer real quer imaginária. Se os pais se tornarem
.
a f a m i l i a

tipo de vida que seus pais queriam hostis os membros talvez achem que a brecha se
que tivessem e ficaram satisfeitas e tornou irreparável.
encaixadas no mundo de classe mé- Barker explica:
.

24
Seguem‑se referências a tais investigadores e resultados das suas investigações: Bromley e Shupe (1979); Galanter e outros, 1979,
o r g

American Journal of Psychiatry 136: 165‑170; Hill (1980); Levine e Salter, 1979, Canadian Psychiatric Association J. 21 (6): 411‑420; Ungerleider e
Wellisch, 1979, American Journal of Psychiatry 136: 279‑282.
Este processo é altamente exacer- continuam divulgando informações
bado se os pais estão também assus- desse gênero.
tados com as notícias sensacionalistas
da imprensa, ou já estão convencidos
• Redefinir a conversão a uma religião e passam
que o seu filho sofreu lavagem cere-

g
a considerá-la “doença mental”
bral e se tornou um robô incapaz de
raciocinar. Os pais então talvez co- Os críticos mais ativos das “seitas”, tentaram
mecem a ‘notar’ sinais de que o filho definir as questões e conflitos mais relacionados a
‘perdeu o juízo’. Contudo, é pouco elas como problemas de saúde mental principal-
provável que o convertido tenha sido mente (Robbins 1985: 7‑8).
drasticamente manipulado por técni- Este ponto de vista simplista e secular é di-
cas sinistras de controle mental, além fundido e instigado ocasionalmente pela mídia na
de ser extremamente improvável que imagem que passam ao público, ou pelos poucos
tenha sofrido algum dano psicológi- acadêmicos no campo das ciências sociais e de
co permanente (ou até temporário). comportamento que são contra religião, além de
(Movements 33-36) por certos líderes religiosos decididos a proteger
suas congregações a qualquer custo. As pessoas
que combatem as religiões retratam as crenças
• Apresentar estatísticas exageradas para fomentar
religiosas e conversões como formas de insanidade
medo e preocupação
mental.
É muitíssimo comum a literatura anti-seitas No estudo que fizeram de membros de várias
apresentar ao governo, autoridades e à imprensa, “seitas”, Levine e Salter concluíram que “diagnós-
número de membros, dados e estatísticas exage- ticos psiquiátricos não podiam ser aplicados na
rados sobre as novas religiões no mundo todo. maioria dos casos. Seria incorreto rotular todos
Essas informações descabidas se provam boas para estes seguidores religiosos afirmando que têm
fomentar medo e preocupação, além de convencer mais distúrbios emocionais do que outros da sua
as autoridades de que as novas religiões — só pela faixa etária”. Tampouco constataram ser nociva a
quantidade de integrantes — são uma ameaça à participação em seitas. Eles reconheceram: “Entre
sociedade. Isso também “confirma” o mito do “con- aqueles que aderem a religiões marginais, a maio-
trole mental”, pois se torna evidente que as técnicas ria não sofrerá nenhuma mudança significativa
utilizadas para tal se comprovam no supostamente nem dano, da mesma maneira que não sofreria
grande número de membros das seitas. se aderisse a qualquer outro sistema de convic-
Melton comenta: ções profundas ou seita, quer de caráter político,
comunista, por exemplo, quer químico (mundo
Existem atualmente na América das drogas) ou terapêutico (psicoterapia)” (citado
do Norte entre 700 e 1000 novas em Shupe e Bromley 80, 81).
religiões, e mais ou menos a mesma Melton e Moore observam que: “O ponto de
quantidade na Europa. O fato de não vista expresso em livros como Snapping, reflete uma
haver mais de mil novas religiões na tendência militantemente secular e uma versão
América do Norte comprova serem regressiva da experiência religiosa, característica
falsas as estimativas freqüentemente de uma interpretação tipicamente freudiana, bem
publicadas na literatura popular so- como de outras interpretações hostis da religião
bre seitas de que existem de 3000 a em geral e especificamente do processo de con-
5000 grupos. Depois do estudo de versão” (36‑46).
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uma geração, não existe absoluta- Barker adverte que “a sociedade envereda por
mente nenhuma evidência da pos- um perigoso caminho quando começa a diagnos-
sibilidade sequer dessa quantidade, ticar doenças mentais com base apenas nas crenças
.
a f a m i l i a

e é difícil levar a sério pessoas que religiosas e na ideologia25 das pessoas. As nações

25
Shepherd (1985: 31‑37) escreve: “É claro que podem surgir distúrbios psiquiátricos, mas mudar de religião não é forçosamente nem por
definição um campo onde o Estado deva obrigar o uso da psiquiatria. Quando usamos a retórica da doença mental para justificar intervenção,
.

podemos tanto camuflar como exacerbar tensões na sociedade que, para começar, tornam a adesão a novos grupos religiosos atraente, e
o r g

alimentar a veemência justiceira do movimento anti‑seitas. (Robbins e Anthony, 1982; Shupe e Bromley, 1980.) E ao estigmatizarmos os novos
movimentos religiosos podemos forçá-los a se fecharem e se alienarem mais (maior afastamento) (Robbins, 1979‑80: 48).”
do Ocidente têm censurado com veemência esse Um relatório de uma pesquisa patroci-
tipo de avaliação” (Movements 55‑57). nada pela Federação Mundial Luterana e pelo
Conselho Mundial das Igrejas na Free University of
• Afirmar que novas religiões causam danos emo-
Amsterdam, intitulado “New Religious Movements
cionais ou psicológicos
and the Churches” (Novos movimentos religiosos e
g
Quanto aos efeitos da participação em religiões as igrejas), formulado em setembro de 1986, ana-
alternativas, existem, contrariamente à opinião lisou cuidadosamente este estereótipo comumente
popular, evidências de que ela pode ser benéfica divulgado pelo movimento anti‑seitas contra as
para a saúde psicológica e emocional das pessoas. conversões religiosas:
Jovens desalentados que entram para grupos reli-
giosos alternativos, talvez se sintam fracassados nas É de suma importância para
relações sociais e interpessoais depois de muitas aqueles que combatem as seitas in-
desilusões em relacionamentos anteriores. O cli- sistirem que o grupo no qual um ente
ma de amizade e apoio comum a muitos grupos querido ingressou não é uma religião
oferece um ambiente menos ameaçador, no qual reconhecida, e que este não poderia
as aptidões sociais podem ser experimentadas e ter‑se convertido a ela de verdade e
praticadas. A experiência de vida comunitária em espontaneamente. Sendo assim, “li-
tal ambiente desenfatiza a rivalidade e enfatiza a bertar” o adepto da seita não é uma
aceitação, dois fatores que incentivam novas ten- infração à liberdade religiosa nem
tativas de correr riscos no relacionamento com as uma violação do livre arbítrio da
pessoas (Movements 55‑59). pessoa, mas sim um nobre e subli-
Melton e Moore afirmam: me dever. (Brockway e Rajashekar
95‑97)
Não existe suficiente pesquisa
empírica e quantitativa que apóie o Este argumento é de vital importância prin-
pressuposto da incidência de maior cipalmente para as redes anti-seitas em países
índice de distúrbios [em novas re- cuja constituição garante liberdade de religião
ligiões] do que em congregações e associação religiosa. Por isso tais organizações
tradicionais. Quanto ao início dos normalmente rejeitam a experiência de conversão
distúrbios emocionais que ocorrem, e denigrem a teologia das religiões alternativas,
acreditamos na grande improbabili- insistindo que não estão atacando a religião, mas
dade de ser motivado principalmen- sim “condutas perniciosas”. Dessa forma se pro-
te pelos grupos e sugerimos que sua tegem de processos jurídicos por parte dos grupos
causa seja o desenvolvimento na in- religiosos que porventura venham a reivindicar o
fância e o convívio familiar antes do seu direito de adoração religiosa. Enfocam “con-
contato com o grupo (36–46). duta perniciosa” e “grupos nocivos”, eliminando
qualquer relação com religião, ou denominam o
Concluindo, o consultor, escritor e pesquisador grupo “pseudo-religioso”, na esperança de susci-
de religião, Dick Anthony argumenta: “Boletins tar o interesse das autoridades por questões que
informativos já publicaram uma grande quantidade poderiam justificar a intervenção da lei.
de textos sobre os efeitos de novas religiões. Dentro
das condições de avaliação, tais efeitos parecem
positivos na maioria dos casos” (Sipchen 1). Conclusão
• Insistir que as novas religiões são pseudo-reli-
O mito do “controle mental” é um dos maio-
w w w

giões res embustes modernos tramado contra o


público. Atualmente o movimento anti‑seitas
Os argumentos do movimento anti‑seitas de prospera grandemente por se apoiar nas suas te-
.
a f a m i l i a

que estas são pseudo‑religiões se opõem às tendên- orias de controle mental. São vários os objetivos
cias no mundo que, de uma forma geral, visam desse mito:
ampliar o âmbito de crenças e práticas religiosas 1. Gerar temor e preocupação, principalmente
reconhecidas. “Pelo menos, até ao presente, todas entre os pais dos membros de novos movimentos
as `seitas’ principais cuja condição de grupo religio- religiosos que são alvos do movimento anti‑seitas,
.
o r g

so foi questionada, foram aprovadas em tribunal” incentivando-os a apoiar e sustentar esse movimen-
(Bromley e Hammond 1987: 230‑232). to e contratar os seus desprogramadores.
2. Permitir que tanto os ex‑membros como formação”. Na verdade, o termo “lavagem cerebral”
os pais salvem as aparências e se eximam da res- não descreve de maneira alguma uma condição
ponsabilidade pelas suas ações. real. É aviltante e usado de modo pejorativo e
3. Transferir as divergências ideológicas para discriminador contra qualquer mudança de crença,
o campo da medicina, de maneira a isentar os ati- influência, conformidade, doutrinamento, socia-

g
vistas do movimento anti‑seitas da óbvia infração lização, conversão ou mudança de atitude que o
dos direitos humanos e religiosos. acusador não aprove.
4. Criar uma série de acusações tão vagas que “Lavagem cerebral”, no sentido original usado
raramente se possa provar que os “peritos” estão sobre os comunistas, não existe. Lavagem cerebral
errados, já que suas conclusões são baseadas em no sentido popular, é, no máximo, persuasão
opiniões e valores altamente especulativos, teóricos, coerciva, a qual, na ausência de encarceramento
abstratos e subjetivos. e tortura “não difere das religiões tradicionais e
5. São muitos projetos de lei no mundo todo outras influências sociais convencionais” (Súmula
relacionados ao mito do “controle mental”. A Amicus 21).
meta é coibir, controlar e limitar a liberdade de Os simpatizantes da teoria de “controle men-
religião. O movimento anti-seitas descobriu que tal” conseguem apenas comprovar o provérbio
a maneira mais eficaz e lucrativa de atacarem as “você pode levar o cavalo até o rio, mas não pode
novas religiões é conseguindo o apoio dos gover- forçá-lo a beber a água”.26 Mesmo que fosse possível
nos para seus programas anti-religião, além de fazer uma “lavagem cerebral” em alguém — algo
também dramatizarem a questão para chamarem que envolveria tortura, coerção e controle total e
a atenção da imprensa, o que salienta ainda mais até cientistas sociais e especialistas médicos duvi-
a necessidade de “peritos” no assunto. dam da duração de tais efeitos27 — não mudaria o
É impossível comprovar, ter evidências reais fato de que as pessoas têm o direito de participar e
e tangíveis ou relatos de testemunhas oculares conviver na fé religiosa de sua preferência. Como
de “crimes contra a mente”. Ninguém jamais Lifton ressalta, “Entende-se que algumas pessoas
viu a mente de alguém sendo seqüestrada, prin- prefiram viver em comunidades religiosas auto-
cipalmente sem a pessoa envolvida perceber. O suficientes administradas de forma rígida e com
simples fato é que, embora as pessoas possam ser opiniões concordes em vez de na alienação atomís-
maltratadas, subornadas, intimidadas, torturadas, tica característica da sociedade secular” (Amicus,
ludibriadas, chantageadas, ficar cegas pelo amor e 20, citando Robbins, Shepherd e McBride 59,
pelas emoções, etc., nada disso pode transformá- 61, 67–68).
las em robôs ou controlar sua mente a ponto de As organizações anti-religião usam argumentos
abandonarem, de bom grado, sua capacidade de de controle mental ou de persuasão à força nas suas
raciocínio e seu livre arbítrio. Isso simplesmente campanhas com o intuito de negarem o direito que
não acontece. cada pessoa tem à liberdade de religião, promovendo
As pessoas podem ser influenciadas, persuadi- assim sutilmente a intolerância religiosa, que pode
das, coagidas, pressionadas, convencidas, induzidas gerar a repressão dos direitos de todos os membros
e até convertidas e doutrinadas, desde que deci- da sociedade, independentemente de sua fé ou
dam voluntariamente aceitar as idéias e sugestões convicções. Vê-se claramente que o argumento de
que lhes são apresentadas. Mas nem isso produz “controle mental” não é apenas um debate acadê-
robôs sem vontade própria, vítimas de “lavagem mico, mas a base da militância anti-religião. Ao se
cerebral”, que sofrem de alguma “psicopatia de in- permitir essas atividades anti-religião sem supervisão,

O colapso do controle comunista na Europa do Leste e na ex‑União Soviética demonstra o grande erro em considerar que lavagem
w w w

26

cerebral e controle mental são realidades, usando inclusive a brutalidade para efetivá-los. O comunismo usou todo o seu poder na tentativa de
“lavar o cérebro” dos seus cidadãos durante mais de 70 anos, com pouco sucesso e obviamente pouco duradouro. Na realidade ele só conseguiu
.

controlar o comportamento exterior do povo, mas não o seu coração ou a sua mente. Infelizmente, as nações democráticas do Ocidente parecem
a f a m i l i a

estar seguindo um padrão semelhante de opressão de religiões justamente quando o antigo bloco comunista emergiu dos dias sombrios de
repressão.
27
No processo de Kropinski contra Meditação Transcendental nos EUA, as tentativas da Dra. Margaret Singer de testificar que a lavagem
cerebral é possível até mesmo sem confinamento e ameaças foram rejeitadas pelo Tribunal de Apelações de Washington D.C. O tribunal concluiu
o seguinte: “‘Kropinski... não forneceu nenhuma evidência de que a teoria particular da Dra. Singer, que afirma que as técnicas de reforma do
.

pensamento podem ser eficazes na ausência de ameaças físicas e de coerção, tenha aprovação significativa na comunidade científica, muito
o r g

menos aceitação geral.’ Em março de 1991, o tribunal decidiu que Singer... não podia depor sobre as [suas] teorias de lavagem cerebral e reforma
de pensamento porque estas não tinham ampla aceitação na comunidade científica.” (Richardson, Julho de 1991, pág.23.)
abre-se um precedente perigoso que pode gerar cada dez adultos que até à data ingressou no nosso
graves repercussões para todas as fés. grupo em tempo integral, só um permanece ativo
no movimento; 88% voltaram à vida secular. De
todas as crianças nascidas no nosso movimento,
A Família e a liberdade de escolha 54% abandonaram o movimento com os seus pais
g
C ristãos que testemunham ativamente, como
os da Família, sempre suscitaram uma certa
hostilidade entre pessoas que, ou não entendem, ou
ou sozinhas (no caso de adolescentes mais velhos
ou jovens adultos), ou se os seus pais permanecem,
foram morar com familiares fora da Família. Dos
rejeitam a mensagem do Evangelho. Algumas acos- quase 29.500 adultos que já se juntaram a uma das
saram o apóstolo Paulo, líder na Igreja Primitiva, nossas comunidades, e das 13.800 crianças nascidas
exigindo: “Queremos saber o que você crê, por- na Família, aproximadamente 25.900 adultos e
que a única coisa que sabemos a respeito desses 7.400 crianças não estão mais associados a nós.29
cristãos é que eles são combatidos em toda parte” Destes que não estão mais conosco, só pouquíssi-
(Atos 28:22 Novo Testamento Vivo). Celsus, o mos se tornaram inimigos ativos no movimento
escritor romano do primeiro século, até descreveu anti‑seitas. É claro que, sendo um movimento em
o cristianismo como “uma tentativa de subverter amadurecimento, composto de pessoas de diferen-
a sociedade para destruir a vida familiar” (Frend tes personalidades, também nos esforçamos por
1982: 63). Isto se assemelha muito às críticas que aprender com o passado, de modo que tomamos
a Família recebe hoje em dia! muitas medidas para nos reconciliarmos com ex-
A Família defende ativamente a importância membros e avaliar suas queixas, retificar erros e,
da liberdade de escolha. Ela possui uma Carta sempre que possível, reatar relações.
Magna onde constam os direitos e deveres de Como confirmam as estatísticas, a Família
cada membro, permitindo a liberdade de escolha e não tem condições nem interesse em ganhar ou
movimentação pessoal, dentro dos limites da nossa manter membros que desejem seguir uma vocação
fé cristã.28 A Família acredita na importância da ou carreira diferente do estilo de vida missionário
liberdade de decisão, no entanto nossos membros que os membros da Família devem seguir. Esse
precisam observar regras e padrões, além de crenças compromisso e devoção ao serviço de Deus e ao
religiosas que nossos membros seguem, em dife- ser humano só é possível através de uma anuência
rentes graus, de dedicação. A nossa cultura cristã voluntária por parte de cada pessoa. O apóstolo
sempre em expansão nos ensina a amar a Deus e Paulo sabiamente aconselhou os convertidos no
ao nosso próximo como a nós mesmos. Todos nos início da era cristã, “cada um esteja inteiramente
esforçamos por seguir e conduzir nossas vidas de seguro em sua própria mente” (Romanos 14:5).
acordo com a meta geral que temos em comum. Nosso fundador, David Brandt Berg (1919–
Tornar-se membro na Família é um ato vo- 1994), escreveu: “Eu sempre fui a favor estritamen-
luntário, portanto os membros têm liberdade para te de voluntários. Esse conceito é a base do nosso
se desligar do nosso convívio quando desejarem. trabalho. – Trabalho voluntário feito de boa mente
Nossa meta é ensinar as pessoas sobre Jesus Cristo e com alegria! ‘O amor de Cristo me constrange’
e não acumular membros. Reconhecemos que a (2 Coríntios 5:14). Todos trabalhamos juntos
vocação de missionário em tempo integral exige por amor a Ele e uns pelos outros, colaborando
sacrifício, é difícil e no geral uma profissão da voluntária e amorosamente.”
preferência de poucos. Levamos a sério o nosso D. H. Lawrence afirmou, “O ser humano
compromisso, e a decisão de se tornar ou continuar é livre quando segue uma voz de fé religiosa no
sendo um membro da Família é feita por livre e seu íntimo. É obediência que vem de dentro. O
espontânea vontade, sem coação. homem é livre quando faz parte de uma comuni-
w w w

As estatísticas da Família (registradas durante os dade orgânica, vivente e crente, que se empenha
34 anos da história do nosso movimento de setem- em cumprir um certo desígnio que talvez seja até
bro de 1969 a outubro de 2003) revelam que, de idealismo” (13).
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Em meados de fevereiro de 1995, a Família adotou uma carta magna, que entrou em vigor no dia 1o. de abril do mesmo ano. A Carta
Magna é basicamente composta de dois elementos principais, a “Carta Magna de Deveres e Direitos” e as “Regras Fundamentais da Família”,
junto com explicações e apêndices. Contém os mais importantes e básicos princípios, metas e crenças do nosso movimento e codifica o seu tipo
de administração. Cada membro adulto em tempo integral de 16 anos de idade para cima recebeu um exemplar da Carta Magna.
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Dados da população da Família e do grupo anterior, Meninos de Deus, foram registrados desde 1969. Temos aproximadamente 6 mil
29

membros adultos (16 anos para cima) nas comunidades da Família no mundo todo.
Publicamos esta declaração para servir de discurso à força-tarefa sobre crise na liberdade
instrumento na reivindicação e proclamação religiosa, na Academia Americana de Religião
deste direito fundamental que é a liberdade em 1994:
religiosa. Esperamos que esta matéria tenha
colaborado para mostrar que as teorias de “con- Desejo declarar que considero

g
trole mental” e “lavagem cerebral” são mitos, de vital importância para o planeta
dos quais as organizações anti-religião e rivais no momento, ensinar tolerância re-
religiosos se apropriaram para promover suas ligiosa. Precisamos estender as mãos
verdadeiras intenções que são a discriminação às pessoas cujas religiões parecem di-
e a intolerância religiosa. Não pedimos que ferentes das nossas e mostrar que nos
concorde com a nossa fé, mas lhe pedimos to- importamos com elas e com o direito
lerância pelas pessoas que possuem convicções que têm à sua fé e de viverem como
diferentes das suas. acharem melhor de acordo com essa
O general Ramsey Clark, ex-procurador ge- fé; que as amamos e faremos o possí-
ral dos EUA, fez a seguinte admoestação em um vel para protegê-las.

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Biografias
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Andreski, Stanislav Biermans, John T.
Antes de se tornar professor de Sociologia John T. Biermans exerce a advocacia em Nova
na Universidade de Reading em 1964, Stanislav Iorque. Graduado pela Universidade de Toronto
Andreski foi suplente na Faculdade de Brunel e Universidade de San Francisco, é autor do livro
(1947‑1960), professor de Sociologia em Santiago, The Odyssey of New Religions Today (1988).
Chile (1960‑1961), e membro sênior de pesquisas
em Ibaden, Nigéria. Autor de vários livros, entre Brockway, Allan R.
eles Military Organization and Society, The African O reverendo Brockway é ministro metodista
Predicament e Social Sciences as Sorcery (1972). e foi secretário do Comitê Para Assuntos da Igreja
Anthony, Dick e do Povo Judaico (subcomitê para Diálogo com
Dick Anthony tem uma vasta experiência os Povos de Todas as Fés) na sede do Conselho
como psicólogo pesquisador, avaliando os efeitos Mundial de Igrejas em Genebra, até 1988. Ensinou
da participação em novos movimentos religiosos também religião na Faculdade de Selly Oak e na
na saúde mental. Os resultados da sua pesquisa Universidade de Birmingham na Inglaterra. É
foram divulgados em mais de 50 artigos em pu- professor de religião na Universidade do Sul da
blicações para profissionais e em vários livros. O Flórida, em Tampa.
seu depoimento como perito foi usado na arena
jurídica para avaliar as teorias e testemunhos de Bromley, David G.
organizações anti‑seitas de lavagem cerebral, teorias Foi do corpo docente da Universidade de
de “comportamento robótico” e de controle mental Virgina, Universidade do Texas e Universidade de
promovidas por Singer, West e outros. Hartford. Atualmente é professor de Sociologia na
Universidade do Mercado Comum em Richmond,
Barker, Eileen ligado ao Departamento de Estudos Religiosos.
Eileen Barker é professora de Sociologia da A maior parte do seu trabalho atual é na área
Religião, especialista em Estudo de Religião, da sociologia da religião, movimentos religio-
pela London School of Economics. Sua área sos e desvios, concentrando-se principalmente
de estudo principal nos últimos 25 anos tem em movimentos religiosos contemporâneos. Já
sido as novas religiões e a reação da sociedade a foi presidente da Associação para Sociologia da
elas. A maioria de suas pesquisas inclui viver nas Religião (ASR) e editor emérito do Informativo
comunidades e/ou entrevistar as pessoas que ela Para o Estudo Científico da Religião. Autor de
está estudando. Barker é autora de mais de 160 vários textos sobre novas religiões e organizações
textos, inclusive do premiado The Making of a anti-seitas.
Moonie: Brainwashing or Choice? (1994), e New
Religious Movements: A Practical Introduction Coleman, Lee
(1989). Em 1988 ela fundou a INFORM, um O Dr. Coleman é psiquiatra em Berkely na
serviço de informações sobre novas religiões na Califórnia. Devido ao seu interesse de longa data
Inglaterra, patrocinado por igrejas tradicionais por problemas de psiquiatria e lei publicou 24
e pela Secretaria da Segurança Pública nesse artigos em informativos profissionais e leigos, além
mesmo país. do livro The Reign of Error: Psychiatry, Authority
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and Law (Boston: Beacon Press, 1984).


Beckford, James A.
James Beckford é professor de Sociologia na Cox, Harvey Gallagher (Jr.)
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Universidade de Warwick, na Inglaterra. Suas Harvey Cox é professor de Teologia na


pesquisas e publicações se concentram nos aspectos Faculdade Victor S. Thomas da Universidade de
teóricos e empíricos das organizações religiosas, Harvard. Sua área de pesquisa e ensino é a questão
novas religiões, problemas entre igreja e Estado, teológica, social e política que o cristianismo en-
religião cívica e polêmicas religiosas em diferentes frenta no mundo não ocidental, valores religiosos
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países. e conflitos culturais.


Faust, David Trabalhou em vários departamentos da
O Dr. Faust é diretor do Departamento de Sociedade Internacional da Sociologia da Religião
Psicologia do Hospital de Rhode Island e Professor- e para a Federação Internacional de Universidades
assistente do Departamento de Psiquiatria e Católicas. Já ministrou seminários para grupos de
Comportamento Humano na Universidade de padres e bispos católicos, líderes protestantes e

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Brown. agentes da lei na Itália, Dinamarca, França, Europa
Oriental, América Latina e Estados Unidos.
Hadden, Jeffrey K.
Jeffrey Hadden (falecido em 26 de janeiro Kilpatrick, William Kirk
de 2003) foi professor de Sociologia e Estudos William Kilpatrick é professor de Psicologia
Religiosos na Universidade de Virginia. Foi pre- Educacional na Faculdade de Boston, onde ministra
sidente da Sociedade de Sociologia do Sul (SSS) e cursos nas áreas de desenvolvimento humano e edu-
da Associação para a Sociologia da Religião (ASR), cação moral. Formado na Faculdade de Holy Cross,
e Sociedade para o Estudo Científico da Religião também é graduado na Universidade de Harvard e
(SSSR, pela sigla em inglês). Os escritos de Hadden Universidade de Purdue. Orador sobre psicologia e
foram publicados extensivamente no campo da so- religião em muitas faculdades e universidades dos
ciologia da religião. Ele também utilizou a Internet Estados Unidos. Autor de Psychological Seduction
para prover material para os alunos e o público (Nashvill: T. Nelson, 1983), The Emperor’s New
em geral, formando uma fonte de recursos para Clothes: The Naked Truth about the New Psychology
consultas sobre religião, novas religiões, liberdade (Westchester: Crossway Books, 1985), e Why Johnny
religiosa e questões religiosas atuais, inclusive a Can’t Tell Right from Wrong (New York: Simon e
polêmica da lavagem cerebral, no seu site da uni- Schuster, 1992). Recebeu recursos financeiros da
versidade: www.religiousmovements.org. National Endowment for the Humanities (Doações
Nacionais para Humanidades).
Hexham, Irving e Poewe, Karla
Irving Hexham é professor de Estudos Lewis, James R.
Religiosos na Universidade de Calgary. É autor James R. Lewis, cientista social, é autor ou
de vários livros, além de assinar diversos artigos em co‑autor de diversos estudos e artigos científicos,
boletins informativos e capítulos em outros livros. muitos dos quais enfocam a dinâmica da partici-
Sua esposa e às vezes co-autora, Karla Poewe, é pação em novos movimentos religiosos.
professora de Antropologia na Universidade de
Calgary, no Canadá. Lifton, Robert J.
O psiquiatra Robert Lifton se tornou conheci-
Introvigne, Massimo do em 1961 quando publicou o seu livro Thought
Massimo Introvigne é jurista e cientista so- Reform and the Psychology of Totalism: A Study of
cial (bacharel em Filosofia e direito jurídico pela Brainswashing in China. Estudiosos têm rejeitado
Universidade de Turim, Itália). É sócio do escri- as tentativas de Lifton de aplicar seus estudos dos
tório de advocacia Jacobacci e Perani (o maior prisioneiros de guerra americanos e suas teorias
da Itália) e professor part-time na Rainha dos de “persuasão coerciva” a vários outros grupos
Apóstolos, em Roma. Ele é o fundador e dire- e práticas na sociedade. Lifton trabalhou com o
tor do Centro de Estudos das Novas Religiões Dr. Louis Jolyon West e faz freqüentes palestras
(CESNUR), estabelecido em 1988 em Torino, na nas convenções do movimento anti‑seitas, reali-
Itália, e no momento ativo na França e nos Estados zadas por grupos como a extinta Cult Awareness
Unidos. CESNUR é uma rede internacional com- Network (CAN).
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posta por aproximadamente 700 estudiosos da


religiões minoritárias que já organizou/presidiu 15 Melton, J. Gordon
conferências internacionais. No relatório de 1991 J. G. Melton é autor e editor sênior da extensa
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dos cardeais católicos, o CESNUR foi considera- Encyclopedia of American Religions (Detroit: Gale
do uma das fontes internacionais de informação Research, 7ª. Edição, 2002). Ele é fundador e
mais confiáveis sobre novos movimentos religiosos diretor do Instituto Para o Estudo das Religiões
(www.cesnur.org). Ele é autor de 20 livros, inclu- Americanas (ISAR, pela sigla em inglês), com sede
sive Le Nuove Religioni (A Nova Religião,1989), e em Santa Bárbara, na Califórnia. Ali são feitas
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I Mormoni (Os Mórmons, 1991), e editor de nove pesquisas de religiões, principalmente as menores
livros na área de sociologia da religião. nos EUA. Conta com um extenso arquivo de
textos principais e secundários sobre os grupos e sociológicos e religiosos. Formado na Universidade
movimentos religiosos já estudados. Como diretor de Harvard e na Universidade da Carolina do Norte,
do ISAR, o dr. Melton já escreveu e editou mais já lecionou e fez pesquisas na Universidade de Yale,
de 30 livros, além de ser responsável por mais de Faculdade de Queens da Universidade Municipal de
250 títulos produzidos pelo Instituto. Nova Iorque, Universidade Central de Michigan,
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Sindicato de Graduados em Teologia e na Escola de
Moore, Robert L. Pesquisa Social de Nova Iorque. Robbins concen-
Robert L. Moore é professor sênior de tra‑se na pesquisa de novos movimentos religiosos
Psicologia no Centro de Teologia, Ética e Ciências nos EUA e na Europa Ocidental; analisa teorias
Humanas — um instituto interdisciplinar do que ligam o aumento de novas religiões a mudanças
Seminário Teológico de Chicago. sócio‑culturais, a dinâmica das conversões e afas-
Por mais de uma década o professor Moore foi tamento nos movimentos, padrões de organização
presidente do Departamento de Religião e Ciências e institucionalização, e controvérsias sociais dos
Sociais na Academia Americana de Religião. Ele novos movimentos religiosos.
é autor e editor de vários livros sobre psicologia e
espiritualidade. Além de seu trabalho acadêmico Shepherd, William C.
e clínico, o Dr. Moore há muito se empenha em William Shepherd (falecido em 1982) tinha
favor de uma comunidade humana internacional e Ph.D. em estudos religiosos pela Universidade
justiça social, trabalhando na área de direitos civis, de Yale e foi professor de Estudos Religiosos na
direitos humanos, meio ambiente, comunicação Universidade de Montana. Sua esposa, Molly,
entre fés e colaboração em ação compassiva. advogada, terminou e publicou o livro To Secure
the Blessings of Liberty (1985).
Rajashekar, J. Paul
O Dr. Rajashekar foi secretário da Igreja Shupe, Anson D. (Jr.)
Luterana e Povos de Outras Crenças associado ao Anson D. Shupe, Jr., é professor de Sociologia
Departamento de Estudos da Federação Mundial na Universidade de Purdue, em Indiana. Suas
Luterana. Atualmente é professor de Teologia pesquisas são principalmente na área de movi-
Sistemática no Seminário Luterano de Teologia mentos sociais, sociologia da religião e sociologia
na Filadélfia. Suas áreas de interesse são ética social política. Participa, junto com David Bromley,
e política, diálogo entre culturas e ecumenismo de um estudo abrangente de movimentos sociais
cristão. e reação social.

Richardson, James T. Singer, Margaret


James T. Richardson é professor de sociologia, Margaret Singer [falecida em 23 de novembro de
advogado e diretor do Programa de Mestres em 2003], tinha um consultório particular de psicologia,
Estudos Judiciais da Universidade de Nevada, além de prestar depoimentos como “testemunha
Reno, onde leciona desde que se doutorou pela perita” contra novos movimentos religiosos em pro-
Universidade do Estado de Washington, em 1968. cessos jurídicos. Trabalhou como professora-adjunta
Em 1986, concluiu o curso de direito da Escola de na Universidade da Califórnia em Berkeley, mas
Direito de Nevada e foi aprovado na Ordem dos nunca ocupou ali nenhum cargo efetivo. Fez parte da
Advogados desse estado no mesmo ano. É autor diretoria da extinta Cult Awareness Network (CAN).
de 6 livros e de mais de 100 ensaios e capítulos Apresentou a teoria da “Manipulação Sistemática de
em livros. Suas obras sobre religião abordam os Influências Sociais” com a “teoria dos cinco dês da
processos de conversão e também tratam novas reforma do pensamento” que, em termos simples,
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religiões da perspectiva de movimentos sociais. diz o seguinte: “O disfarce dos novos movimentos
Grande parte do seu trabalho recente se concentrou religiosos leva à dependência, a qual debilita as pessoas
em questões de liberdade religiosa e da utilização devido ao controle que o grupo exerce sobre elas e as
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de sistemas legais para exercer controle social sobre faz detestar principalmente o mundo exterior, o que,
minorias religiosas. por sua vez, as dessensibiliza (controla mentalmente),
de forma que ficam incapazes de usar totalmente a
Robbins, Thomas consciência que outrora tinham para tomarem decisões
Thomas Robbins é sociólogo de religião, au- sobre sua conduta.”
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tor de inúmeros artigos sobre novos movimentos Ela apresentou a sua teoria como se tivesse
religiosos para periódicos importantes de estudos forte base científica, mas é absolutamente falsa e
foi desafiada pela comunidade profissional a ponto do Instituto Cato, um bem conceituado cen-
de, em alguns casos, Singer ter sido desqualificada tro de discussão de políticas públicas da capital,
como testemunha perita. (ver Súmula Amicus, 29 Washington, dedicada aos princípios tradicionais
de fevereiro de 1988). Em 1990, o juiz D. Lowell americanos de governo limitado, liberdade indi-
Jensen, nos EUA, revisou detalhadamente o his- vidual e paz.

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tórico controverso de Singer como “testemunha
perita” e a proibiu de depor, afirmando que “a evi- West, Louis Jolyon (“Jolly”)
dência oferecida ao tribunal mostra que nem a APA Dr. West, (falecido em 1998), teve que renun-
nem a ASA [American Sociological Association] ciar ao seu cargo no Instituto de Neuropsiquiatria
avaliza as declarações da Dra. Singer”. em Los Angeles em 1989 por irregularidades na
administração do subsídio de pesquisa. Tem
Streiker, Lowell D. desempenhado papel-chave em dar credibilida-
Lowell Streiker é ministro ordenado pela Igreja de aos principais participantes do movimento
Unida de Cristo, mestre e doutor em religião pela anti‑seitas, Citizien’s Freedom Foundation (CFF)
Universidade de Princeton. É autor, co-autor, e a extinta Cult Awareness Network (CAN). Ele
editor e contribuiu para mais de 20 livros. Foi foi um dos conselheiros da junta consultiva do
consultor em assuntos religiosos para a Conferência grupo anti‑religião American Family Foundation,
Nacional de Cristãos e Judeus para várias deno- formado por membros do CFF em 1979. No
minações religiosas, para membros do congresso princípio da sua carreira, nas décadas de 1950
Americano e da Casa Branca. e 1960, West conduziu experiências que faziam
De 1976 a 1979, foi diretor executivo da parte dos programas de controle mental da CIA,
Associação de Saúde Mental do Município de a qual subsidiava as suas pesquisas dos efeitos do
San Mateo, Califórnia. Antes disso, tinha sido LSD em seres humanos, através de uma fundação
diretor executivo da Associação de Saúde Mental particular de pesquisas médicas, a Geschikter Fund.
de Delaware, onde participou da renovação dos Depois de anos negando ter trabalhado para a CIA,
estatutos da saúde mental e presidiu campanhas ele finalmente admitiu, em 1977, a um repórter
para a renovação ou encerramento de sanatórios do New York Times que sabia a procedência do
com tratamento desumano. dinheiro. No princípio da década de 70, as críticas
Uma organização desumana que o preocupava a West pelas suas experimentações em animais e
era a Cult Awareness Network (CAN), a qual seres humanos e racismo o impediram de usar o
ele disse estar tão profundamente envolvida em subsídio governamental para o Centro de Estudo
desprogramação ilegal que ele (considerado por da Violência. West participou da junta consultiva
alguns novos movimentos religiosos um “con- da extinta CAN.
selheiro de evasão”) “teve que reparar os danos
causados por desprogramações [feitas pela extinta Wright, Stuart
CAN] as quais, com o passar dos anos, deram O Dr. Wright é professor de Sociologia na
resultados ruins”. Universidade Lamar, no Texas. Fez pós-doutorado
e foi palestrante na Universidade de Yale entre
Szasz, Thomas S. 1984–85, onde recebeu uma bolsa do NIMH
Szasz, nasceu em 1920 em Budapeste, imigrou (Instituto Nacional para Doenças Mentais) o efeito
para os EUA, estudou medicina na Universidade sócio-psicológico das novas religiões nas pessoas.
de Cincinnati, fez especialização em psiquiatria e Publicou uma monografia sobre o assunto, Leaving
residência no Hospital de Clínicas da Universidade Cults: The Dynamics of Defection (Abandonando
de Chicago e recebeu treinamento em psicanálise seitas: A dinâmica do retrocesso na fé, 1987), além
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no Instituto de Psicanálise de Chicago. É co- de diversos artigos e capítulos de livros.


fundador e membro da diretoria da Associação
Americana Para a Abolição do Internamento de Ziskin, Jay
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Pacientes com Doenças Nervosas e membro da Dr. Jay Ziskin é advogado e psicólogo em
diretoria do Comitê Nacional Sobre Crime e prática independente em psicologia forense e
Criminalidade. Foi eleito o “humanitário do ano” co-autor, ao lado de David Faust, de uma série
em 1972 pela Associação Humanista da América. de três volumes na sua 5ª edição, Coping with
Atualmente é professor emérito de psiquiatria no Psychiatric and Psychological Testimony [Lidando
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Centro de Ciências Médicas SUNY, em Syracuse. com o Testemunho Psiquiátrico e Psicológico]


Autor de mais de 24 livros, é também palestrante (Law & Psychology Press, Venice, CA: 1995).
Bibliografia
Súmula Amicus Curiae da Sociedade Para o Estudo Científico da Religião. 4ª Vara Civil nº D007153 do Tribunal de
Apelação para o Estado da Califórnia (George contra Krishna Consciousness of California); Anthony; Richardson; Baker;
Bettis; Fichter; Kahoe; Lewis; Malony; Marty; Parsons; Robbins; Weiss; Stark; Melton; Hammond; Mauss; Beckford. 29
g
de fevereiro de 1988
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Internacional, contate-nos pelos endereços:
A Família Internacional é um grupo cristão atuante em mais de cem países.
A Família Internacional
A Família tem quatro objetivos principais: Caixa Postal 66345
1. Transmitir a mensagem vivificadora de amor esperança e salvação por 05311-970 - São Paulo - SP
intermédio de Jesus Cristo, conforme ensina a Palavra de Deus. Comunicando
www.afamilia.org
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a alegria de conhecer Jesus como Salvador pessoal.


E-mail: afamilia@afamilia.org
2. Oferecer assistência e consolo aos necessitados, conselho personalizado,
realizar apresentações musicais motivadoras e beneficentes, prestar socorro The Family International
.

a vítimas de desastres, e ajudar em esforços humanitários. PMB 102


a f a m i l i a

3. Criar e distribuir uma variedade de produções de caráter devocional, 2020 Pennsylvania Ave NW
Washington, D.C. 20006–1846
motivador e educativo.
USA
4. Comunicar uma mensagem de preparação e esperança para os dias
por vir, denominado na Bíblia de “A Grande Tribulação (Mateus 24:21), período Telefone nos EUA:
que antecederá a segunda vinda de Jesus Cristo e o estabelecimento de Seu 1 (800) 4–A–FAMILY [1 (800) 423–3264]
reino na Terra. ou 1 (202) 298–0838
.

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E-mail: publicaffairs@thefamily.org

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