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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS -


IFG

COODENAÇÃO DA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS.

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE


SOCIAL: ESTUDO DE CASO RESIDENCIAL REAL CONQUISTA - GOIÂNIA-GO

Trabalho de conclusão de curso para Graduação em Tecnologia em Construção de

Edifícios

Gisele de Oliveira Silva

Lorrayne Correia Sousa

Samuel Avelar Vaz

Thiago Dias Borges

Dezembro, 2010
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS -


IFG

COODENAÇÃO DA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS.

Avaliação de desempenho térmico em habitações de interesse social: Estudo de caso Re-


sidencial Real Conquista - Goiânia-GO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para conclusão do Curso Superior de Tecnolo-
gia em Construção de Edifícios, da Coordena-
ção da Área de Construção Civil no
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS –
IFG para obter o grau de Tecnólogo.
Orientador: Profª. Esp. Arq. Andréia Alves
do Prado

Gisele de Oliveira Silva

Lorrayne Correia Sousa

Samuel Avelar Vaz

Thiago Dias Borges

Dezembro, 2010
SILVA, Gisele de Oliveira, SOUSA, Lorrayne Correia, VAZ, Samuel Ave-
lar, BORGES, Thiago Dias.

Avaliação de desempenho térmico em habitações de interesse social: Es-


tudo de caso Residencial Real Conquista - Goiânia-GO / Gisele de Oliveira Silva,
Lorrayne Correia Sousa, Samuel Avelar Vaz, Thiago Dias Borges.
Goiânia: Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás -
IFGO, 2010.

86 p.

Profª, Esp. Andréia Alves do Prado

Trabalho de Conclusão de Curso


Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás – IFGO,
2010.

1. Trabalho Cientifico – Trabalho de conclusão de Curso. 2. Avaliação de


desempenho térmico em habitações de interesse social: Estudo de caso Residencial
Real Conquista - Goiânia-GO. I. Gisele de Oliveira Silva, Lorrayne Correia de Sousa,
Samuel Avelar Vaz, Thiago Dias Borges. II. Instituto Federal de Educação, Ciências
e Tecnologia de Goiás – IFGO – Curso Tecnologia em Construção de Edifícios.
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE
SOCIAL: ESTUDO DE CASO RESIDENCIAL REAL CONQUISTA - GOIÂNIA-GO

Trabalho de conclusão de curso para obtenção de Grau de Tecnólogo do Curso Superior de


Tecnologia em Construção de Edifícios do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS, por uma comissão formada pelos professores:

Goiânia, 06 de dezembro de 2010

Banca examinadora

_________________________________

Profª Arq. Esp. Andréia Alves do Prado

Orientadora

_________________________________

Prof. Msc. Eng. Civil Glydson Antonelli

_________________________________

Prof. Msc. Arq. Patrícia Layne Alves


Agradecimentos

Agradecemos primeiramente a Deus


que nos abençoou para que pudéssemos
chegar em uma fase tão importante de nossas vidas.
Aos nossos familiares que são nosso alicerce,
que nos ajudaram e nos fortaleceram
À nossa orientadora Andréia Prado,
pelo companheirismo e dedicação.
A todos os nossos professores
que colaboraram para a realização desse trabalho.
Aos moradores do Setor Residencial Real Conquista
que nos receberam em suas casas
Aos mestres de obra Sr. Dário e Sr. José Carlos e operários
que colaboraram com as nossas visitas técnicas,
A nossa gratidão também a todos os nossos colegas e
profissionais que direta ou indiretamente nos ajudaram
e principalmente aos nossos amigos de grupo
que mutuamente nos apoiamos e encorajamos dia após dia.
RESUMO

O alto déficit habitacional no Brasil estimula a criação de diversos programas habitacionais,


no entanto, as habitações sociais são propagadas sem a devida preocupação com o contexto
social, cultural e regional do local em que são construídas. Pesquisas comprovam que a falta
de qualidade no espaço construído interfere na qualidade de vida de seus usuários. Nos últi-
mos anos, normas brasileiras entraram em vigor a fim de garantir o desempenho adequado aos
edifícios, propondo requisitos e critérios mínimos a serem seguidos tanto em fase de projeto
quanto em fase de execução da construção. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o desem-
penho térmico do sistema construtivo empregado no empreendimento de habitação de interes-
se social Residencial Real Conquista na cidade de Goiânia – GO, gerenciado pela Agência
Goiana de Habitação (AGEHAB). Dessa forma, foi feito um estudo de caso, visando analisar
o empreendimento em fase de projeto e em uso, verificando sua conformidade com as normas
brasileiras de desempenho NBR 15.220(ABNT, 2005) e NBR 15.575 (ABNT, 2008), por
meio de avaliações do projeto arquitetônico, quanto aos parâmetros construtivos sugeridos;
medições feitas no local, verificando a temperatura e umidade relativa do ar, visando avaliar a
troca térmica entre os ambientes; e avaliação da percepção do usuário. Foi feita uma revisão
bibliográfica referente ao assunto, buscando subsidiar a instrumentação para coleta de dados.
Os resultados permitiram verificar se os níveis de desempenho fixados pelas normas estão
condizentes com os usuários das habitações.

Palavras-chave: Desempenho Térmico, Alvenaria pré-fabricada, Habitações de Interesse


Social, Residencial Real Conquista.

6
ABSTRACT

The high housing deficit in Brazil encouraged the creation of various housing programs, how-
ever, social housing are propagated without due concern for the social, cultural and regional
where they are built. Research has shown that lack of quality in the built environment affects
the quality of life of its users. In recent years, Brazilian standards came into effect to ensure
adequate performance of the buildings and proposed minimum requirements and criteria to be
followed both in design phase and in the implementation phase of construction. This research
aims to evaluate the thermal performance of a construction system employed in the develop-
ment of social housing Residential Real Conquista, in Goiânia - GO, managed by the Agência
Goiana de Habitação (AGEHAB). Was made a case study, to evaluate the project in design
phase and in use by checking their conformity with the Brazilian standards of performance
NBR 15220 (ABNT, 2005) and NBR 15575 (ABNT, 2008), through assessments architectural
design, building on the parameters suggested; measurements made on site, checking the tem-
perature and relative humidity of air, to evaluate the thermal exchange between the environ-
ments, and evaluation of user perception. We conducted a literature review concerning the
issue, seeking support instrumentation for data collection. The results will determine whether
the performance levels set by the rules are consistent with the users of housing.

Keywords: Thermal Performance, Social Housing, Residential Real Conquista.

7
SUMÁRIO

Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Gráficos
Lista de Abreviaturas e Siglas

Capítulo 1
1.1 Introdução.......................................................................................................................... 16
1.2 Problematização................................................................................................................. 17
1.3 Justificativa........................................................................................................................ 17
1.4 Objetivos............................................................................................................................ 18
1.4.1 Objetivo geral.................................................................................................................. 18
1.4.2 Objetivos específicos...................................................................................................... 18
1.5 Metodologia....................................................................................................................... 19
1.6 Limitações da pesquisa...................................................................................................... 19
1.7 Estrutura do trabalho.......................................................................................................... 20

Capítulo 2
2.1 Revisão bibliográfica......................................................................................................... 21
2.2 Déficit habitacional no Brasil............................................................................................ 21
2.3 Desempenho ambiental em habitações de interesse social ............................................... 23
2.3.1 Avaliação de desempenho térmico segundo as normas brasileiras................................. 24
2.3.2 Propriedades térmicas dos materiais............................................................................... 29
2.3.3 Propriedades térmicas do sistema construtivo.................................................................33
2.4 Diretrizes construtivas para a região de Goiânia................................................................ 36

Capítulo 3
3.1 Metodologia da pesquisa.................................................................................................... 41
3.2 Análise de projeto e sistemas construtivos........................................................................ 43
3.3 Medições no local...............................................................................................................43
3.4 Entrevista estruturada......................................................................................................... 44

Capítulo 4
4.1 Estudo de caso.................................................................................................................... 46
4.2 Caracterização do empreendimento................................................................................... 46
4.3 Sistema construtivo de alvenaria pré-fabricada com blocos cerâmicos............................. 49
4.3.1 Histórico.......................................................................................................................... 49
4.3.2 Descrição do processo de pré fabricação dos painéis cerâmicos.................................... 50
4.4 Análise dos dados .............................................................................................................. 63
4.4.1 Avaliação do projeto arquitetônico................................................................................. 63
4.4.2 Medições no local .......................................................................................................... 69
4.4.3 Entrevista........................................................................................................................ 72

Capítulo 5
5.1 Considerações finais...........................................................................................................80
5.2 Conclusão............................................................................................................................80
5.3 Sugestões para trabalhos futuros.........................................................................................81

8
Referências Bibliográficas

Apêndice 01 – Modelo do questionário aplicado

9
Lista de Figuras

Figura 2.1 - Gráfico de representação do Déficit Habitacional no Brasil................................ 22


Figura 2.2 – Diagrama do conforto térmico humano............................................................... 25
Figura 2.3 – Corpo humano-trocas de calor-balanço térmico-termoregulação........................ 27
Figura 2.4 – O efeito da oportunidade adaptativa.................................................................... 28
Figura 2.5 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro................................................................... 36
Figura 2.6 – Zona Bioclimática 6............................................................................................. 37
Figura 2.7 – Postos meteorológicos......................................................................................... 39
Figura 2.8 – Representação do zoneamento climático do Brasil............................................. 40
Figura 3.1 – Termômetro Infravermelho – Modelo TI890...................................................... 43
Figura 4.1 – Unidade habitacional finalizada.......................................................................... 47
Figura 4.2 – Unidade habitacional finalizada.......................................................................... 47
Figura 4.3 - Localização do Residencial Real Conquista em Goiânia..................................... 48
Figura 4.4 – Implantação do Residencial Real Conquista em Goiânia................................... 49
Figura 4.5– Formas dos painéis............................................................................................... 51
Figura 4.6 – Armaduras dos painéis......................................................................................... 52
Figura 4.7 – Montagem dos blocos cerâmicos......................................................................... 53
Figura 4.8 – Blocos cerâmicos das laterais.............................................................................. 53
Figura 4.9 – Montagem dos kits de água fria........................................................................... 54
Figura 4.10 – Concretagem...................................................................................................... 54
Figura 4.11 – Revestimento horizontal de argamassa.............................................................. 55
Figura 4.12 – Tipos de pontos de içamento nos painéis.......................................................... 56
Figura 4.13 – Içamento dos painéis......................................................................................... 57
Figura 4.14 – Revestimento vertical de argamassa.................................................................. 57
Figura 4.15 – Armazenamento dos painéis.............................................................................. 58
Figura 4.16 – Transporte dos painéis....................................................................................... 59
Figura 4.17 – Fundação............................................................................................................ 59
Figura 4.18 – Montagem dos painéis....................................................................................... 60
Figura 4.19 – Junção dos painéis............................................................................................. 61
Figura 4.20 – Habitação finalizada.......................................................................................... 61
Figura 4.21 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – Planta bai-
xa.............................................................................................................................................. 63
Figura 4.22 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – (a) Corte
Transversal, (b) Corte Longitudinal......................................................................................... 64
Figura 4.23 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – a)Fachada
frontal, ( b)Fachada lateral....................................................................................................... 65

10
Lista de Tabelas

Tabela 1.1 – Propriedade térmica dos materiais...................................................................... 32


Tabela 1.2 – Níveis de desempenho térmico........................................................................... 34
Tabela 4.1 – Relatório de Cálculo de Desempenho................................................................. 68
Tabela 4.2 – Resumo de Cálculo de Desempenho................................................................... 68

11
Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Comparativo entre as temperaturas internas e externas do ar e da superfície das


alvenarias pré-fabricadas com blocos cerâmicos......................................................................70
Gráfico 2 – Relação entre a temperatura interna da habitação e velocidade dos ventos no inte-
rior da habitação........................................................................................................................71
Gráfico 3 – Relação entre a temperatura interna da habitação e umidade relativa do ar no inte-
rior da habitação........................................................................................................................71
Gráfico 4 – Relação entre temperatura e cor da casa................................................................72
Gráfico 5 – Moradores por unidade habitacional......................................................................73
Gráfico 6 – Renda familiar mensal...........................................................................................73
Gráfico 7 – Nível de escolaridade do chefe da família.............................................................74
Gráfico 8 – Origem dos moradores...........................................................................................74
Gráfico 9 – Análise da suficiência do tamanho da casa............................................................75
Gráfico 10 – Temperatura das habitações no verão..................................................................76
Gráfico 11 – Temperatura das habitações no inverno...............................................................76
Gráfico 12 – Ventilação da cozinha..........................................................................................77
Gráfico 13 – Ventilação dos quartos.........................................................................................77
Gráfico 14 – Uso do ventilador.................................................................................................78
Gráfico 15 – Uso de agasalho/cobertor no interior da edificação durante o inverno................78
Gráfico 16 – Detecção de mofo nas habitações........................................................................79

12
Lista de Abreviaturas e Siglas

A – Medida de área – Unidade: m²

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI – American Concrete Institute

AGEHAB – Agência Goiana de Habitação

BNH – Banco Nacional da Habitação

cm – Centímetro – unidade do Sistema Internacional de Unidades - 0,01 metros

CT – Capacidade térmica de componentes - Unidade: J/(m2.K) - Quociente da capacidade


térmica de um componente pela sua área.

EHIS – Empreendimento de Habitações de Interesse Social

EPI – Equipamento de Proteção Individual

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EUA – Estados Unidos da América

FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FJP – Fundação João Pinheiro

FSo – Fator de ganho de calor solar de elementos opacos ou Fator solar de elementos opacos -
Quociente da taxa de radiação solar transmitida através de um componente opaco pela taxa da
radiação solar total incidente sobre a superfície externa do mesmo.

HIS – Habitações de Interesse Social

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISO – International Organization for Standardization

K – Kelvin - unidade de base do Sistema Internacional de Unidades (SI) para a grande-


za temperatura termodinâmica. O kelvin é a fração 1/273,16 da temperatura termodinâmi-
13
ca do ponto triplo da água.[1] É uma das sete unidades de base do SI, muito utilizada
na Química e Física. É utilizado para medir a temperatura absoluta de um objeto, com zero
absoluto sendo 0 K.

m – Metro - unidade de medida de comprimento padrão que tem por base as dimensões da
Terra e o sistema numérico decimal. É uma das unidades básicas do Sistema Internacional de
Unidades. Atualmente o metro é definido como sendo "o comprimento do trajeto percorrido
pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo" (unidade de
base ratificada pela 17.ª Conferência Geral de Pesos e Medidas em 1983).[1][2] O trajeto total
percorrido pela luz no vácuo em um segundo se chama segundo luz. A adoção desta definição
corresponde a fixar a velocidade da luz no vácuo em 299 792 458 m/s.

NBR – Norma Brasileira

PHS – Política Nacional de Habitação

PHIS – Programa de Habitação de Interesse Social

RT - Resistência Térmica Total – Unidade: (m2.K)/W - Somatório do conjunto de resistên-


cias térmicas correspondentes às camadas de um elemento ou componente, incluindo as resis-
tências superficiais interna e externa.

SFH – Sistema Financeiro de Habitação

SNH – Sistema Nacional de Habitação

TCA - Tilt Up Concrete Association

U – Transmitância Térmica ou Coeficiente global de transferência de calor – Unidade:


W/(m2.K) - Inverso da Resistência Térmica Total.

W - Watt ou Vátio - unidade de potência do Sistema Internacional de Unidades (SI). É equi-


valente a um joule por segundo (1 J/s).

α – Difusividade térmica - Quociente da condutividade térmica de um material (λ) pela sua


capacidade de armazenar energia térmica (ρc).

14
φ – Atraso térmico – Unidade: hora (h) - Tempo transcorrido entre uma variação térmica em
um meio e sua manifestação na superfície oposta de um componente construtivo submetido a
um regime periódico de transmissão de calor.

15
Capítulo 1

1.1 - Introdução

Mesmo com toda evolução tecnológica, a habitação ainda mantém sua função
primordial: proteger o ser humano das intempéries e de intrusos. No entanto, com o desenvol-
vimento da técnica, o homem passou a utilizar materiais tornando o abrigo cada vez mais ela-
borado.

Na busca pela realização do sonho da casa própria, muitas famílias adotam o sis-
tema de autoconstrução, construindo habitações com improviso, sem planejamento adequado
e desconhecendo os parâmetros principais de conforto, segurança e custo.

Segundo estudos da Fundação João Pinheiro, apesar dos problemas que envolvem
o setor habitacional no país, a grande maioria dos domicílios encontra-se em boas condições
habitacionais. Do total dos domicílios urbanos no país, em 2007, 67,3% se revelaram adequa-
dos. São 32.390 milhões de moradias, das quais 12,626 milhões localizadas nas regiões me-
tropolitanas. Nestas, o percentual das que estão em boas condições de habitação é maior:
72,8%.

Visando solucionar os problemas habitacionais, surgem programas para financia-


mento de Habitações de Interesse Social. De acordo com Miron (2008), ultimamente no Bra-
sil, têm sido realizados empreendimentos habitacionais de interesse social (EHIS) por meio de
programas integrados, envolvendo assistência social e obras de infra-estrutura em áreas urba-
nas degradadas.

Para a realização deste tipo de empreendimento existem vários fatores que devem
ser levados em consideração, tais como a regularização fundiária, o reassentamento da popu-
lação, o impacto ambiental, restrições orçamentárias, atendimento a prazos, atendimento a
requisitos dos usuários, participação comunitária e inclusão social.

Com os constantes avanços da construção civil, diversas maneiras diferentes de se


construir uma edificação estão surgindo. O modo de construção com alvenaria convencional
ainda é o mais utilizado, porém novos modelos têm substituído este modo, como é o caso da
alvenaria pré-fabricada, que utiliza blocos cerâmicos convencionais e mais concreto armado

16
em sua composição em relação à convencional, o que a torna uma alvenaria auto-portante,
além de apresentar grande economia para fabricação acima de 300 casas.

Um dos mais recentes exemplos de construção com a alvenaria pré-fabricada é o


setor Residencial Real Conquista, em Goiânia-GO, setor criado exclusivamente pelos gover-
nos federal, estadual e municipal que faz parte do Programa de Habitação de Interesse Social
(PHIS), onde grande maioria das residências são executadas com alvenaria pré-fabricada, que
devem apresentar desempenho satisfatório como uma edificação feita de alvenaria convencio-
nal, atendendo aos requisitos das normas brasileiras de desempenho NBR 15.220
(ABNT,2005) e NBR 15.575 (ABNT, 2008).

1.2 - Problematização

Com a propagação de programas habitacionais para população de baixa renda sur-


gem diversas pesquisas tratando da avaliação de seus sistemas construtivos, não só em relação
às técnicas empregadas, mas também em relação ao seu desempenho, visando diagnosticar
condições de habitabilidade.

Pesquisas apontam que grande parte das construções apresentam desempenho ina-
dequado, promovendo baixa qualidade de vida aos seus usuários, pois o modelo padronizado
de HIS desconsidera questões regionais e culturais. A qualidade construtiva é precária e não
atende a condições de habitabilidade.

Segundo a norma brasileira NBR 15.575 (ABNT, 2008), os problemas de desem-


penho relacionados ao conforto ambiental podem ser constatados por meio de uma avaliação
da percepção do usuário ou por meio de simulações computacionais e medições no local.

1.3 - Justificativa

Segundo Miron (2008) a habitação pode ser definida como um sistema, um con-
junto de componentes físicos que constituem o meio ambiente, no qual os seres humanos inte-
ragem através de sistemas sociais, como família, vizinhança e comunidade.

Quando se trata de construção de habitações privadas, o cliente define aceitação


ou rejeição do produto, discriminando o que lhe atende ou não. No caso de habitações sociais,
o cliente é praticamente anônimo, não tem o poder de exigir, ou mesmo expressar suas neces-

17
sidades, o que não deveria ocorrer, pois, ao quando há uma melhora na qualidade da habita-
ção, consequentemente há uma melhora na qualidade de vida de seus usuários.

Nos conjuntos habitacionais a casa-padrão é projetada para um morador abstrato,


cuja única referência concreta é a sua condição social de classe definida pelo seu nível de ren-
da. É proposto, então, uma moradia economicamente indiferenciada e socialmente controlada,
sem a devida preocupação pós-ocupação da satisfação do ambiente construído. (NOGUEIRA
et AL, 2006)

Dentre os níveis de satisfação que estão envolvidos em uma habitação, o conforto


térmico é responsável por uma grande parcela do conforto ambiental (GRIGOLETTI, 2007).
E tendo em vista, as condições climáticas em que se encontra a cidade de Goiânia, que possui
um clima úmido com temperatura predominante entre 30°C e 40°C, o conforto térmico é um
dos pontos que mais provoca o descontentamento da população nos ambientes construídos.

1.4 - Objetivos

1.4.1 - Objetivo geral

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o desempenho térmico de unidades habi-
tacionais do EHIS Residencial Real Conquista, na cidade de Goiânia, segundo as normas bra-
sileiras de desempenho NBR 15.220/2005 e NBR 15.575/2008.

1.4.2 - Objetivos específicos

 Analisar as normas brasileiras;

 Caracterizar o empreendimento Residencial Real Conquista;

 Compreender o sistema construtivo de alvenaria pré-fabricada com bloco cerâmico;

 Analisar o desempenho térmico do sistema construtivo de alvenaria pré-fabricada com


bloco cerâmico;

18
1.5 - Metodologia

Para a realização desta pesquisa, foram realizadas pesquisas bibliográficas dos


conceitos relacionados ao desempenho térmico, sistema construtivo, normas brasileiras de
desempenho e de EHIS.

Em conjunto, foi realizado um estudo de caso, onde analisou-se a conformidade


das habitações com as recomendações das normas brasileiras que regulamentam o desempe-
nho térmico em edificações, NBR 15.220 (ABNT, 2005) e NBR 15.575 (ABNT, 2008), atra-
vés da verificação da percepção térmica dos usuários com a aplicação de questionários; e de
medições nas habitações, verificando a temperatura externa e interna dos ambientes, umidade
relativa do ar, avaliando a troca térmica entre os ambientes.

O estudo de caso foi realizado no EHIS Residencial Real Conquista na cidade de


Goiânia, no estado de Goiás, o qual é vinculado a AGEHAB.

Os resultados permitiram verificar se o sistema construtivo de alvenaria pré-


fabricada com bloco cerâmico atende os níveis de desempenho fixados pelas normas, e se
estão condizentes com a percepção dos usuários das habitações.

1.6 - Limitações da Pesquisa

A presente pesquisa restringiu-se à aplicação dos conceitos de desempenho de


conforto térmico na análise técnica e comportamental para a comparação do desempenho e-
xistente no sistema habitacional estudado.

Não se trata da avaliação do material que compõe o sistema construtivo, mas sim
do sistema construtivo como um todo, como produto final, habitação, em um determinado
contexto geográfico.

Dessa forma, ressalta-se que os resultados obtidos e as diretrizes construtivas pro-


postas ao final da pesquisa, restringiram-se às condições climáticas do contexto geográfico em
que se encontra a cidade de Goiânia-GO.

19
1.7 - Estrutura do Trabalho

No capítulo 1, apresenta-se as considerações iniciais, tais como introdução ao te-


ma, problematização e a justificativa da pesquisa, bem como os objetivos geral e específicos,
a limitação do trabalho e a metodologia da pesquisa.

No capítulo 2, é apresentado um levantamento bibliográfico com uma fundamen-


tação teórica a respeito da habitação de interesse social e do desempenho ambiental destas
habitações; caracterizando a cidade de Goiânia, quanto a tipologias das habitações populares
nela implantadas e as condições climáticas da região; e definindo os requisitos ambientais e
critérios de desempenho ambiental propostos pelas normas brasileiras a edifícios habitacio-
nais, focando no conforto térmico.

No capítulo 3, é descrita a metodologia utilizada para o desenvolvimento do traba-


lho, detalhando cada fase da pesquisa e o objeto do estudo de caso, apresentando os instru-
mentos para coleta de dados.

No capítulo 4, é apresentado os resultados e a análise dos dados, os quais foram


obtidos por meio das avaliações e medições realizadas no local.

No capítulo 5, estão relatadas as considerações finais da pesquisa, incluindo su-


gestões para pesquisas futuras.

20
Capítulo 2

2.1 - Revisão bibliográfica

Neste capítulo são apresentados alguns dados de pesquisas bibliográficas realiza-


das para melhor entendimento e acompanhamento do estudo realizado. Através dessa revisão
estão detalhados conceitos como a habitação de interesse social e sua implantação, e também
uma profunda análise do sistema construtivo e suas características que é um dos principais
focos da pesquisa.

2.2 - Déficit Habitacional no Brasil

Há muito tempo, o Brasil, como país emergente, vem enfrentando grandes pro-
blemas na área de habitação. A população mais pobre que carece de moradia digna e acessível
sofre por não ter muitas opções, ou opção nenhuma. Com o aumento significativo da popula-
ção brasileira, estudos são feitos visando uma melhor forma de solucionar o problema da mo-
radia.

Últimos estudos realizados pela Fundação João Pinheiro (2007), revela que há um
déficit brasileiro de 5,572 milhões de moradias. Déficit esse que sofreu queda de 428 mil mo-
radias de um ano para outro, de acordo com informações do Ministério das Cidades (2009).
Figura 2.1. Desse total, 83% dos domicílios estão localizados em áreas urbanas. A maior
concentração do déficit habitacional – 96,6% do total – continuava abrangendo as famílias
com renda inferior a cinco salários mínimos.

A tendência no Brasil é de que esse déficit diminua a cada ano mais, através de
planos de habitação lançados pelo governo, que facilitam a aquisição de casas e facilitam a
construção de casas populares.

21
Figura 2.1 - Gráfico de representação do Déficit Habitacional no Brasil no período entre 2007
e 2008 – (Fonte: FJP, Ministério das Cidades, 2010).

De acordo com o projeto de Lei Complementar do Senado nº. 447 de 2003, habi-
tação social é a habitação urbana ou rural, nova ou usada, com o respectivo terreno, destinada
à população de baixa renda, a qual consiste na parcela da população que possui renda mensal
inferior a cinco salários mínimos, considerada insuficiente para suprir as necessidades básicas
(DIÁRIO DO SENADO FEDERAL, 2003).

De acordo com Bonduki (2008), durante a ditadura militar, houve um alto inves-
timento em conjuntos habitacionais, a partir de uma Política Nacional de Habitação (PNH), a
qual criou o Sistema Nacional de Habitação (SNH), financiado pelo Sistema Financeiro da
Habitação (SFH), que se estruturou com recursos oriundos do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS).

Com o fim da ditadura militar, houve a extinção do BNH, cuja história se emba-
sou na implantação em grande escala de habitações (BONDUKI, 2008). No entanto, nesta
política habitacional havia um desprezo em relação à qualidade do projeto. As soluções eram
padronizadas e desconsideravam aspectos culturais e ambientais da região onde eram implan-
tados os conjuntos habitacionais.

Em 1996, o governo federal lançou novos programas habitacionais nacionais, os


quais financiam moradias para famílias de classe média através da Caixa Econômica Federal
com carta de crédito e pelo FGTS. Para famílias de baixa renda foi criado o programa Pró-
moradia, implantado em parceria com Estado e Município (BONDUKI, 2008).
22
Em 2003, foi criado o Ministério das Cidades, responsável pelas áreas de habita-
ção, saneamento, transportes urbanos e política de ordenação territorial, visando planejar e
articular a ação urbana, trabalhando na estruturação e implementação do SNH, elaborando o
PNH e estabelecendo as regras gerais do financiamento habitacional, propondo projetos de
urbanização que visam melhorar a qualidade de vida em assentamentos urbanos, carentes de
infra-estrutura e serviços básicos. Com essa melhoria no setor de habitação, cada estado brasi-
leiro foi se adaptando às formas de construção que trariam melhores resultados, e diminuiriam
com rapidez o déficit habitacional. (Ministério das Cidades, 2010).

Em Goiás foram criados alguns exemplos de projetos de habitações de interesse


social, como o Residencial Real Conquista, o qual surgiu como uma forma de solucionar um
problema habitacional urgente, e que agora tem apresentado resultados satisfatórios para a
redução do déficit habitacional em geral.

2.3 - Desempenho ambiental em habitações de interesse social

Guerra et al.(2009) esclarece que os projetos de habitações de interesse social são


de responsabilidade da empresa construtora, no entanto, seguem requisitos determinados pelo
agente financiador, como por exemplo, limites rígidos de área construída. As tipologias da
habitação social visam suprir a necessidade básica dos moradores com quarto, sala, cozinha e
banheiro, com área útil mínima de 37m² por unidade habitacional.

Com o passar do tempo e aprimoramento das construções desse tipo de habitação,


diversos tipos de sistemas construtivos foram sendo implantados para que possa ser definido
um modelo que ofereça, ao mesmo tempo, um conforto maior aos habitantes, tanto térmico,
quanto acústico, lumínico e etc., que seja financeiramente econômico, e, acompanhando as
tendências mundiais de construção, que apresente soluções sustentáveis.

De acordo com a Norma Brasileira NBR15.575 (ABNT, 2008), independente do


sistema construtivo da habitação, alguns requisitos mínimos devem ser obedecidos, para que
haja um desempenho satisfatório da moradia, requisitos esses que podem ser seguidos tanto
na fase de projeto (na escolha de materiais, dimensões dos ambientes, aberturas e coberturas)
quanto após a construção.

23
2.3.1 - Avaliação de desempenho térmico segundo as normas brasileiras

Fatores como o sol, o vento e a umidade relativa são determinantes no conforto


bioclimáticos. Segundo ROCHA (2004),a estreita associação entre construções, clima e vege-
tação influi na área urbana e são indicativos do conforto ambiental, que fazem parte do nosso
patrimônio cultural, que durante séculos personalizou as cidades.

O conforto ambiental, por estar diretamente associado à produtividade do indiví-


duo enquanto em seu ambiente de trabalho, e ao seu repouso quando em sua moradia, é um
fator a caracterizar a qualidade da edificação, da mesma forma e ao mesmo nível em que o
são a durabilidade, a segurança estrutural, a segurança ao fogo, a estanqueidade, entre outros
aspectos (ROCHA, 2004).

A edificação afeta sempre o microclima e o conforto ambiental dos que a habitam.


Todavia, fabricar o clima, isto é, criar condições artificiais para produzir conforto ambiental é
tecnicamente trivial, porém há o custo da energia consumida pelos climatizadores artificiais,
além de que o seu uso indiscriminado poderá criar ao longo do tempo, edificações doentes –
conseqüências negativas quando a questão do conforto ambiental não é levada em conta no
momento do projeto (ROCHA, 2004).

As condições climáticas comumente não interferem na temperatura interna do


corpo humano, que permanece constante, pois o homem é um ser homeotérmico e sua tempe-
ratura interna varia de 33ºC a 41ºC (ROCHA, 2004). As alterações só irão ocorrer quando
temperatura do ambiente ultrapassar limites nos quais o organismo não consegue equilibrar a
temperatura, quer seja baixa ou alta temperatura.

24
.

Figura 2.2 – Diagrama do conforto térmico humano. (Fonte: ROCHA, 2004).

Na Figura 2.2 observa-se a relação entre temperatura e umidade relativa do ar.


Pode-se perceber que o corpo humano não necessita de climatização artificial quando estas
permanecerem entre 20ºC e 30ºC e 30% e 80%, respectivamente. Porém, quando a temperatu-
ra está abaixo dos 20ºC ou acima dos 30ºC, e a umidade inferior a 30% ou superior a 80%, se
faz necessário lançar mão de climatizadores artificiais para que o corpo humano entre nova-
mente em equilíbrio.

 Conforto térmico

A satisfação psicológica e fisiológica de uma pessoa com relação às condições


térmicas do ambiente é conhecida como conforto térmico que é uma das condições que garan-
tem uma melhor qualidade de vida. No Brasil, a preocupação com o desempenho térmico de
habitações é recente, sobretudo nas chamadas habitações de interesse social. O calor em ex-
cesso afeta o desempenho das pessoas, causa inquietação, perda de concentração, aumento de
suor, falta de ar, aumenta a impaciência e ansiedade.

25
A avaliação do desempenho térmico de uma edificação engloba a resposta global
do projeto arquitetônico proposto em relação às trocas térmicas entre o ambiente interno cons-
truído e o ambiente externo, onde a caracterização das condições climáticas locais é uma das
etapas mais importantes. Sendo assim, o desempenho térmico de um edifício está relacionado
à temperatura do ar interno, umidade relativa do ar interior, velocidade do ar interior, tempe-
ratura radiante média das superfícies interiores, nas diferentes estações do ano.

Segundo Roaf et al (2009), para que fiquemos saudáveis, é preciso que o nosso
corpo mantenha de forma quase constante, a temperatura de 37°C. Para garantir uma tempera-
tura corporal constante é preciso que haja um equilíbrio entre o calor produzido pelo corpo e
suas perdas térmicas. O calor produzido (de metabolismo – geralmente medido em watts por
metro quadrado (W/m²) de área de superfície corporal) está relacionado às atividades do indi-
víduo – quanto mais atividades, maior o calor. Existem quatro formas essenciais de perda
térmica, como mostra a Figura 2.3.

 Convecção – perda térmica para o ar ou ganho de calor do ar. Isso depende da tempe-
ratura e da velocidade do ar junto à superfície do corpo (pele ou roupas).

 Radiação – perda térmica direta para o entorno ou ganho de calor do entorno. Isso de-
pende da temperatura das superfícies do entorno (a temperatura radiante).

 Condução – perda térmica direta ou ganho térmico das superfícies em contato com o
corpo, o que depende da temperatura da superfície. Na maioria dos casos, isso pouco
contribui para a perda térmica.

 Evaporação – perda térmica para que ocorra a evaporação da umidade da pele. De-
pende da quantidade de água no ar (umidade) e da velocidade do ar junto ao corpo.

26
Figura 2.3 – Corpo humano-trocas de calor-balanço térmico-termoregulação.

(Fonte: SIMOES, 2010).

Segundo Roaf et al.(2009) , a oportunidade de equilíbrio geralmente é vista como


a capacidade de abrir uma janela, baixar variedade de condições aceitáveis será maior. Mu-
danças na vestimenta, atividade e postura, além da movimentação do ar, alterarão a tempera-
tura de conforto.

Outras oportunidades adaptativas não exercerão efeito direto sobre a temperatura


de conforto, mas permitirão que os usuários mudem o clima interno para que ele fique de a-
cordo com as suas necessidades. O comportamento adaptativo real é uma mistura desses dois
tipos de ação – alterar as condições de acordo com o conforto e alterar a temperatura de con-
forto de acordo com as condições prevalecentes, conforme mostra a Figura 2.4.

O alcance das condições consideradas confortáveis é afetado pelas características


da edificação e as oportunidades de adaptação individual dos usuários. Uma persiana, utilizar
um ventilador, entre outras atividades que se denomina “oportunidade adaptativa” que consis-
te em quanto mais oportunidade os usuários tiverem de adaptar o ambiente ao seu gosto, me-
nos chances eles terão de experimentar o ambiente térmico e a variedade de condições aceitá-
veis será maior.
27
Figura 2.4 – O efeito da oportunidade adaptativa: quanto maior a probabilidade de controlar o
ambiente – ou as necessidades dos usuários – menor será a probabilidade de estresse térmico.
(Fonte: ROAF, 2009)

 Desempenho térmico

Desempenho térmico de uma edificação pode ser definido como o conjunto de ca-
racterísticas ou capacidades de comportamento e rendimento de uma edificação, em especial
quando comparado às normas vigentes.

A edificação habitacional deve reunir características que atendam as exigências de


conforto térmico dos usuários, considerando-se a região de implantação da obra e as respecti-
vas características bioclimáticas definidas na NBR 15220-3 (ABNT,2005) e considerando-se
que o desempenho térmico do edifício depende do comportamento interativo entre fachada,
cobertura e piso.

De acordo com SIQUEIRA et al (2005), o desempenho térmico de edificações é


um fator importante em habitações, notadamente naquelas destinadas a pessoas de baixa ren-
da. Uma edificação projetada para o clima no qual está inserida torna-se confortável, além de
economizar energia. A avaliação do desempenho térmico de uma edificação engloba a respos-
ta global do projeto arquitetônico proposto em relação às trocas térmicas entre o ambiente
construído e o ambiente externo, onde a caracterização das condições climáticas locais é uma
das etapas mais importantes. As condições de exposição da edificação ao clima são caracteri-
zadas pelos valores locais horários da radiação solar, da temperatura e umidade relativa do ar
28
e também pela velocidade predominante do vento. Nos métodos de avaliação do desempenho
térmico, os dados climáticos são caracterizados pelos dias típicos de projeto, para os períodos
de inverno e verão.

Nesse sentido, a NBR 15.575 (ABNT, 2008) apresenta critérios mínimos a serem
seguidos a fim de garantir o desempenho térmico adequado da habitação, os quais podem ser
atendidos por meio de diretrizes construtivas como controlar o tamanho de aberturas para ven-
tilação em função da área do piso do cômodo, promover o sombreamento das aberturas em
diferentes períodos do ano, conhecer a transmitância térmica do sistema construtivo e o atraso
térmico dos materiais, bem como o fator de calor solar máximo admissível para fechamentos
opacos (paredes e coberturas), e proporcionar estratégias de condicionamento térmico passi-
vo.

Segundo a ABNT, a avaliação de desempenho de uma edificação pode ser feita


tanto na fase de projeto, quanto após a construção [NBR 15.575 (ABNT, 2008)]. Em relação à
edificação construída, a avaliação pode ser feita através de medições in-loco de variáveis re-
presentativas do desempenho, enquanto que na fase de projeto esta avaliação pode ser feita
por meio de simulação computacional ou por meio da verificação do cumprimento de diretri-
zes construtivas.

Segundo a NBR 15.575 (ABNT, 2008), os critérios para avaliação de desempenho


consistem em especificações quantitativas dos requisitos expressos em termos de quantidades
mensuráveis a fim de que possam ser objetivamente determinados.

2.3.2 - Propriedades térmicas dos materiais

Segundo a NBR 15.220 (ABNT, 2005), as propriedades térmicas dos materiais in-
terferem no desempenho final do sistema construtivo proposto. As principais propriedades
térmicas são: resistência térmica, transmitância térmica, capacidade térmica, fator solar, atraso
térmico.

Resistência térmica (R): é a diferença de temperatura verificada entre as superfí-


cies de um elemento ou componente construtivo pela densidade de fluxo de calor, em regime
estacionário. É calculada em função da espessura do sistema construtivo (e) e da condutivida-
de térmica do material (λ), valores fornecidos pela norma.

29
Equação:

Transmitância térmica (U): é o coeficiente de transmissão de calor. É o inverso da


resistência térmica total (R).

Equação:

Capacidade térmica ( : consiste na quantidade de calor necessária para variar


em uma unidade a temperatura de um sistema. É calculada em função da condutividade térmi-
ca da camada (λ), resistência térmica da camada (R), calor específico do material da camada
(c) e da densidade de massa aparente do material da camada (ρ).

Equação:

Fator solar de elementos opacos (FSo): é o quociente da taxa de radiação solar


transmitida através de um componente pela taxa da radiação solar total incidente sobre a su-
perfície externa do mesmo. É calculado em função da transmitância térmica (U), absortância à
radiação solar (α), função da cor dada pela norma, e resistência superficial externa (Rse).

Equação:

Atraso térmico: é o tempo transcorrido entre uma variação térmica em um meio e


sua manifestação na superfície oposta de um componente construtivo submetido a um regime
periódico de transmissão de calor. Pode ser medido em elementos homogêneos ou heterogê-
neos.

Para elementos heterogêneos, que é um componente formado por diferentes mate-


riais superpostos em “n” camadas paralelas às faces (perpendiculares ao fluxo de calor), o
atraso térmico varia conforme a ordem das camadas. NBR 15.520 (ABNT, 2005).

Nesses casos utiliza-se a seguinte fórmula:

Equação.

Onde:

é a resistência térmica de superfície a superfície do componente;


30
é dado pela expressão abaixo:

é dado pela expressão abaixo:

Onde

é dado pela expressão abaixo:

Notas:

1- Nas equações acima, o índice "ext" se refere à última camada do componente, junto à face
externa.

2- Considerar nulo caso seja negativo. (NBR 15.220, ABNT, 2005)

Na tabela 1.1 a seguir consta os dados de diversos materiais de construção em par-


ticular:

31
Tabela 1.1 – Propriedade térmica dos materiais (NBR 15.520 – ABNT, 2005)

32
2.3.3 - Propriedades térmicas do sistema construtivo

O desempenho térmico do sistema construtivo de alvenaria pré- fabricada com


bloco cerâmico, de acordo com a NBR15.575-1 (ABNT, 2008), devera atender ao critério
mínimo exigido.

Os níveis de conforto térmico modificam-se de acordo com a cor das fachadas, é


recomendado que sejam pintadas com cores claras, a fim de melhorar as condições para o
verão e para o inverno. O desempenho térmico pode ser otimizado pelo controle da ventilação
do ambiente e do sombreamento das janelas.

O IPT avaliou o desempenho térmico de unidade habitacional construído com


painel JET CASA e seus resultados foram apresentados através do Relatório Técnico 59.033.
Neste relatório, o IPT analisou dois dormitórios de uma unidade habitacional térrea isolada,
com paredes externas e internas em painéis de blocos cerâmicos de 9 cm de espessura, reves-
tidos com 1cm de argamassa em ambos os lados, pé direito de 2,60 m, cobertura em laje ma-
ciça de concreto com 4 cm de espessura e telhado em telhas cerâmicas tipo “portuguesa” de
espessura 2 cm. Considerou-se a orientação da janela variável (Norte, Sul, Leste e Oeste),
mantendo-se fixa a sua posição relativa às paredes, pressupondo-se, portanto, rotações suces-
sivas da edificação como um todo.

As condições climáticas adotadas nas análises representam “dias típicos de proje-


to”, para o período de verão e para o período de inverno, na zona climática que inclui a cidade
de São Paulo. Os resultados são apresentados na tabela 1.2.

De modo geral, o desempenho térmico da edificação foi considerado satisfatório


para a condição de inverno, com nível de desempenho classificado como “B” em todas as
situações consideradas. Para a condição de verão, o desempenho térmico depende da cor das
superfícies externas e das condições de sombreamento das janelas e de ventilação dos ambien-
tes. O desempenho térmico é nível “B” em praticamente todas as condições analisadas quando
a cor da superfície externa das paredes é clara, com exceção da situação em que a janela, sem
sombreamento, está voltada para Oeste e o ambiente não está ventilado, apresentando neste
caso desempenho térmico nível “C”. Quando a cor da superfície externa das paredes é média
ou escura o desempenho térmico é nível “C” em praticamente todas as condições analisadas,

33
com exceção de situações em que a janela tenha sombreamento ou orientação leste ou sul e o
ambiente esteja ventilado, quando apresenta desempenho térmico nível “B”.

A conclusão do IPT foi de que, para o sistema de parede e cobertura em avaliação,


o desempenho térmico é satisfatório, classificado como nível “B”, (ver tabela 1.2 abaixo),
desde que a superfície externa das paredes receba pintura em cores claras e seja garantido um
sombreamento das janelas e a ventilação dos ambientes durante o período de verão.
(VILLAR, 2005)

Tabela 1.2 – Níveis de desempenho térmico. (Fonte: VILLAR, 2005)

Normalmente a verificação do desempenho térmico de uma edificação passa pelas


seguintes etapas: Caracterização das exigências humanas de conforto térmico; Caracterização
das condições típicas de exposição ao clima; Caracterização da edificação e sua ocupação;

34
Caracterização do comportamento térmico da edificação; Avaliação do desempenho térmico
da edificação.

Segundo o IPT, as exigências humanas de conforto térmico são caracterizadas pe-


los valores ou intervalos de valores inter-relacionados das seguintes variáveis: Temperatura,
Umidade relativa e umidade do ar, Temperatura radiante média do ambiente.

Os valores são fixados em função das características do ocupante da habitação,


dadas pela sua taxa metabólica e pelo índice de resistência térmica da sua vestimenta, e de-
vem representar condições satisfatórias de conforto térmico.

Isso é feito de acordo com a norma ISO7730, que apresenta os critérios para a a-
valiação de conforto térmico de ambientes com condições térmicas moderadas, considerando
todos os parâmetros de conforto citados. Essa norma estabelece que as condições ambientais
internas de um recinto devem ser tais que pelo menos 80% dos seus ocupantes expressem
satisfação em relação ao ambiente térmico.

 Caracterização da edificação e de sua ocupação

Segundo o IPT, identificam-se inicialmente os ambientes típicos e efetua-se, para


cada ambiente, o levantamento das informações relativas a:

 Condições de ocupação: Período de ocupação, número de ocupantes, ativida-


des típicas dos ocupantes, taxas de liberação de energia térmica e de vapor
d`água de equipamentos e processos no interior do recinto, taxas de ventilação
do ambiente, uso do dispositivos do sombreamento de aberturas e vedações ex-
ternas.

 Materiais, componentes e elementos: Capacidade térmica específica, densi-


dade de massa e condutividade térmica dos materiais; transmitância, absortân-
cia e refletância à radiação solar e emissividade das superfícies dos elementos
e componentes; resistência térmica dos espaços de ar; forma, dimensões e ori-
entação dos elementos e componentes.

35
2.4 - Diretrizes construtivas para a região de Goiânia

Segundo a NBR 15.220 (ABNT, 2005), o Brasil compreende 8 zonas bioclimáti-


cas, sendo que a região onde está situada a cidade de Goiânia é classificada como Zona Bio-
climática 6, como mostram as Figuras 2.5 e 2.6

Figura 2.5 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro (Fonte: NBR 15.220:3 ABNT, 2005)

36
Figura 2.6 – Zona Bioclimática 6 (Fonte: NBR 15.220:3, 2005)

São determinados parâmetros segundo cada zona bioclimática para a formulação


de diretrizes construtivas, estabelecendo critérios como tamanho das aberturas para ventila-
ção, formas de proteção das aberturas, tipos de vedações externas e estratégias de condicio-
namento térmico passivo, no entanto não têm caráter normativo, apenas orientativo.

Para a zona bioclimática 6, a norma orienta aberturas para ventilação médias e


sombreadas, com área entre 15% e 25% a área de piso do ambiente, e vedações verticais (pa-
redes) pesadas e cobertura leve e isolada.

De acordo com a NBR 15.220 (ABNT, 2005), em regiões quentes e secas, a sen-
sação térmica no período de verão pode ser amenizada através da evaporação da água. O res-
friamento evaporativo pode ser obtido através do uso de vegetação, fontes de água ou outros

37
recursos que permitam a evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar.
As sensações térmicas podem ser melhoradas através da desumidificação dos ambientes, obti-
da através da renovação do ar interno por ar externo através da ventilação dos ambientes.

A ventilação cruzada é obtida através da circulação de ar pelos ambientes da edi-


ficação. Isto significa que se o ambiente tem janelas em apenas uma fachada, a porta deveria
ser mantida aberta para permitir a ventilação cruzada. Também deve-se atentar para os ventos
predominantes da região e para o entorno, pois o entorno pode alterar significativamente a
direção dos ventos.

Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso
de paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o calor
armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a noite, quando
as temperaturas externas diminuem.

É importante salientar que a norma NBR 15.575 (ABNT, 2008) trata das especifi-
cações de desempenho, considerando um conjunto de requisitos e critérios estabelecido para o
edifício ou seus sistemas, sendo uma expressão das funções exigidas e que correspondem a
um uso claramente definido, como por exemplo, habitação.

Nessa mesma norma, as necessidades ou exigências dos usuários de um edifício


habitacional estão relacionadas intimamente a itens de segurança, habitabilidade e sustentabi-
lidade.

- Segurança: as exigências do usuário em relação à segurança compreendem os seguintes


fatores: segurança estrutural, segurança contra o fogo e segurança no uso e na operação, e
estão diretamente relacionados aos materiais empregados na concepção do edifício, bem co-
mo os sistemas construtivos escolhidos para sua construção.

- Habitabilidade: as exigências do usuário relacionadas à habitabilidade compreendem os


seguintes fatores: estanqueidade, conforto ambiental, qualidade do ar, funcionalidade e aces-
sibilidade, conforto tátil e antropodinâmico.

- Sustentabilidade: as exigências do usuário relacionadas à sustentabilidade compreendem os


seguintes fatores: durabilidade, manutenibilidade e impacto ambiental. E, tais exigências de-

38
vem ser avaliadas tanto em fase de projeto, na concepção do edifício, quanto na fase pós-
ocupação.

Caracterização das condições climáticas

Segundo o IPT, as condições de exposição da edificação ao clima são caracteriza-


dos pelos valores horários da temperatura, da umidade relativa do ar e da radiação solar glo-
bal, bem como pela velocidade média do vento predominantes nos chamados “dias típicos de
projeto”, para os períodos de verão e de inverno. Esses dias são caracterizados em função da
suas freqüências de ocorrência que representam níveis de exigência na avaliação. Para a ca-
racterização climática deve-se levar em consideração os dados meteorológicos do local consi-
derado, englobando assim as características peculiares do microclima local, de acordo com as
Figuras 2.7 e 2.8. No entanto ainda é pequena a disponibilidade de dados climáticos usados
com esse propósito no Brasil.

Figura 2.7 – Postos Meteorológicos – (Fonte: IPT)


39
Figura 2.8 – Representação do zoneamento climático do Brasil – FONTE: IPT

40
Capítulo 3

3.1 – Metodologia empregada

Essa pesquisa tem o objetivo de analisar o sistema construtivo de alvenaria pré fa-
bricada em relação ao seu desempenho térmico nas condições climática da cidade de Goiânia,
e leva em consideração as exigências e sensação térmica dos usuários. Foi realizado um estu-
do de caso, onde descreve o desempenho térmico do ambiente construído em uso, por meio de
procedimentos que permitem o cruzamento de avaliações técnicas feitas com base em simula-
ções e medições no local, com opiniões dos usuários das habitações.

Inicialmente, foi feita uma pesquisa bibliográfica nacional e internacional, e coleta


de dados, como mostra o fluxograma da página a seguir. Em seguida foi feita uma pesquisa
documental, por meio de entrevistas com responsáveis pela obra diretamente no EHIS, e tam-
bém com responsáveis pela área de obras da AGEHAB, visando levantar dados referentes ao
processo de implantação do empreendimento em estudo, Residencial Real Conquista na cida-
de de Goiânia – GO, e dados da política habitacional no estado de Goiás.

Simultaneamente à etapa foi feita a coleta de dados focalizando o desempenho


térmico das habitações. Este levantamento foi realizado por meio de análises dos projetos
arquitetônicos, cálculo das propriedades térmicas do sistema construtivos medições no local e
entrevistas com moradores. Com base nos resultados coletados, foi feita uma caracterização
do desempenho do sistema construtivo usado, bem como a verificação dos níveis de desem-
penho fixados pelas normas como garantia de satisfação das exigências dos usuários em rela-
ção ao conforto térmico.

41
42
3.2 - Análise de projeto e sistema construtivo

Foram realizadas análises de projeto e do sistema construtivo utilizado para os re-


quisitos de desempenho térmico proposto pela NBR 15.220 (ABNT, 2005), a qual propõe
diretrizes construtivas de acordo com a zona bioclimática em que a habitação está localizada,
e pela NBR 15.575 (ABNT, 2008), que propõe critérios mínimos de desempenho conforme as
propriedades térmicas dos materiais.

3.3 - Medições no local

Foram feitas medições no local da temperatura do ar e da umidade do ar interno e


externo, segundo recomendações da norma ISO 7726, (1998) - Ergonomia do ambiente térmi-
co: instrumentos para medição de grandezas físicas, a qual embasa a norma NBR 15.575
(ABNT, 2008), visando verificar a troca térmica entre os ambientes. Foram escolhidas 6 uni-
dades habitacionais por amostra intencional, considerando a disponibilidade dos moradores,
visando avaliar as condições de conforto no mês de setembro, segundo os parâmetros propos-
tos pela norma NBR 15.575 (ABNT, 2008). De acordo com esta norma, a avaliação do de-
sempenho térmico de edificações, por medições feitas no local, deve ser em edificações em
escala real (1:1), e com instrumentos adequados, para se medir a temperatura e a umidade do
ar no centro dos recintos dormitórios e salas, seguindo as especificações de equipamentos e
montagem dos sensores, apresentadas na ISO 7726 (1998).

O equipamento utilizado para as medições foi o medidor de temperatura modelo


TI890, marca Unotherm, como mostra a Figura 3.1:

Figura 3.1 – Termômetro Infravermelho – Modelo TI890 – Unotherm. (Fonte:


www.instrutherm.com.br)
43
A ISO 7726:1998 especifica índices mínimos de temperatura e umidade que ga-
rantem as condições de conforto térmico no ambiente, as quais variam conforme a época do
ano. Dessa forma, orienta-se que para o período de medição o dia tomado para análise deve
corresponder a um dia típico de verão ou de inverno, precedido por pelo menos um dia com
características semelhantes. Recomenda-se, como regra geral, trabalhar com uma sequência
de três dias e analisar os dados do terceiro dia (NBR 15.575:2008).

Para efeito da avaliação por medição, o dia típico é caracterizado unicamente pe-
los valores da temperatura do ar exterior medidos no local, conforme a localização da habita-
ção. Segundo orientações da norma NBR 15.575 (ABNT, 2008), a cidade de Goiânia, possui
temperatura máxima de 34,6ºC no verão e mínima de 9,6ºC no inverno

3.4 - Entrevista estruturada

Para desenvolvimento da pesquisa de satisfação foi necessário realizar diversas


visitas técnicas no Residencial Real Conquista, para verificar a percepção dos usuários com
aplicação de questionários, onde foi avaliado o tamanho da casa, a ventilação, o desempenho
térmico mês de setembro, época mais seca do ano, e também a segurança do imóvel.

As informações obtidas foram comparadas com as informações técnicas, e anali-


sadas buscando confiabilidade as circunstâncias de satisfação, uso e ocupação dos ambientes
construídos avaliados.

Para o dimensionamento da amostra para aplicação do questionário no levanta-


mento de dados juntos aos usuários, foi utilizada a metodologia proposta por Granja et
al.(2009), utilizada em uma pesquisa de satisfação para clientes de empreendimentos de habi-
tação de interesse social em Campinas – SP, para verificar a potencialidade do conceito de
valor desejado com o intuito de introduzir melhorias nos projetos habitacionais.

Sendo assim, o cálculo foi baseado conforme Equação 1.

n = _____Z2.p.(1-p).N_______

(N-1)ε2 + [Z2.p. (1-p)] (3.1)

44
Sendo:

n = Tamanho da amostra a ser entrevistada;

Z = 1.96, corresponde ao número de desvios padrão da distribuição normal com base


no nível de significância adotado de 95%;

p = 50%, corresponde a proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria


a ser estudada. Este valor foi determinado considerando que não existem estimativas anterio-
res de nenhum dos atributos de valor selecionados;

N = 1521, corresponde ao tamanho do universo a ser estudado, ou seja, quantidade to-


tal de unidades habitacionais;

ε = 7%, corresponde ao erro máximo aceitável de estimação.

O resultado obtido pela equação resultaram em 200 entrevistas à moradores, que


aceitaram participar e foram esclarecidos sobre a finalidade e objetivo do questionário aplica-
do (Apêndice 02).

45
Capítulo 4

4.1 - Estudo de caso

4.1.1 - Caracterização do empreendimento

O projeto do Residencial Real Conquista, implantado em Goiânia, foi criado para


abrigar as famílias que estavam acampadas em uma área invadida no Parque Oeste Industrial,
área essa que por determinação judicial, deveria ser desocupada. Como medida provisória de
assentamento dessas famílias, algumas delas foram encaminhadas para um novo acampamen-
to no Parque Grajaú, também em Goiânia, e outras ficaram alojadas em ginásios da cidade.

Como era essa uma medida provisória de instalação, nova decisão judicial exigiu
do governo estadual e municipal que essas famílias fossem remanejadas para local definitivo e
com condições adequadas de moradia.

Enquanto as famílias estavam nesses abrigos provisórios, foi realizado um cadas-


tro para que pudesse ser feita uma estimativa da quantidade de famílias, quantidade de pesso-
as em cada uma delas, condições financeiras e de saúde de cada família. Durante esse cadas-
tramento, iniciaram-se as obras em uma área doada pela prefeitura da cidade para a constru-
ção de casas populares para instalar definitivamente as famílias.

Com o cumprimento da ordem judicial de desocupação dos ginásios e da área no


Parque Grajaú, e a não finalização das casas na área de instalação definitiva, as famílias tive-
ram que mudar para novo local. Como dessa vez não foi feito remanejamento para novas á-
reas, algumas famílias tiveram que alugar algum imóvel, enquanto outras ficaram instaladas
em casa de familiares, aguardando liberação de suas futuras residências.

Foi quando se deu início a ocupação do Residencial Real Conquista, que foi assim
batizado segundo plebiscito realizado pelos moradores enquanto ainda estavam no acampa-
mento no Parque Grajaú. O Residencial foi financiado com recursos dos governos estadual e
federal.

As primeiras casas foram executadas pelo processo convencional de construção,


logo após a finalização do processo licitatório começaram a serem executadas as primeiras

46
casas pelo sistema de alvenaria pré-fabricada com bloco cerâmico, um sistema de elementos
pré fabricados, da empresa JET CASA, que agilizou bastante a liberação de novas casas.

De acordo com AGEHAB, o projeto foi definido pela equipe técnica da própria
agência, composta por arquitetos e engenheiros, e, em seguida, por meio de licitações terceiri-
zou-se a construção das habitações.

Segundo AGEHAB, o sistema JET CASA, é um processo industrializado, no qual


o desperdício de material é mínimo, reduzindo o custo da obra em até 30%. e a rapidez de
execução permite a construção de até 120 casas por mês. Em uma área livre no loteamento foi
instalada a Fábrica de Casas, onde são produzidas as peças pré-fabricadas que serão montadas
no local da unidade habitacional.

Com as habitações concluídas as fachadas das habitações, bem como suas abertu-
ras não se alteram. O acabamento final é feito com tinta acrílica de cores variadas, como mos-
tram as Figuras 4.1 e 4.2. As aberturas externas são de ferro, seguindo modelo veneziana ou
com vidro, e as internas de madeira compensada.

Figura 4.1 – Unidade habitacional finalizada. (Fonte: Arquivo pessoal)

47
Figura 4.2 – Unidade habitacional finalizada. (Fonte: Arquivo pessoal)

O critério de ocupação foi bem simples. Com a liberação das primeiras 900 casas,
foram chamadas as famílias que eram compostas por algum idoso, gestante, portadores de
deficiência, grande quantidade de filhos e famílias muito numerosas, todas cadastradas previ-
amente.

A partir daí as famílias foram sendo assentadas. Hoje o Residencial Real Conquis-
ta, localizado na região sudoeste da cidade, (Figura 4.3), conta com 1.597 famílias instaladas,
segundo informações da AGEHAB, todas as casas possuem energia elétrica, água tratada, e a
maioria possui sistema de aquecimento solar, e ainda recentemente o bairro foi todo asfaltado.
A AGEHAB tem o objetivo de abrigar 2.470 famílias no total.

Figura 4.3 - Localização do Residencial Real Conquista em Goiânia (FONTE:


www.google.com.br)
48
Conforme o projeto de implantação do loteamento na Figura 4.4, as habitações lo-
calizadas nos lotes com as cores rosa, preto, amarelo e azul já foram entregues, ficando o res-
tante a ser executado.

Figura 4.4 – Implantação do Residencial Real Conquista em Goiânia. (FONTE: documentos


AGEHAB)

4.2 - O sistema construtivo de alvenaria pré-fabricada com blocos cerâmicos

4.2.1 - Histórico

O procedimento de execução de alvenaria pré-fabricada com blocos cerâmicos é


originário da técnica tilt-up que consiste na concretagem dos painéis de vedação de uma cons-
trução sobre sua laje de piso, ou ainda em uma laje separada destinada a este fim e então içá-
los e posicioná-los com a ajuda de um guindaste. Este método de construção tem sido usado
49
nos EUA desde 1900. O American Concrete Institute - ACI 318 cita a existência de três pu-
blicações do pesquisador Collins, dedicadas para o processo construtivo tilt-up. São elas:
“Projetos de Edifícios em Tilt-up (Collins,1963)”, “Manual da Construção em Tilt-up (Col-
lins, 1955)” e “Edificando com Tilt-up (Collins, 1958)”. Durante este período a construção
em Tilt-up começou a ter aceitação nos Estados Unidos, e as técnicas construtivas foram se
aprimorando. Em terras brasileiras o tilt-up tem desde 1993 o carimbo da construtora Walter
Torre Jr. começou a atuar no mercado de galpões industriais, desde o início com a idéia de
fazer imóveis para locação, com projetos personalizados, que atendessem às necessidades
específicas de cada cliente e contratos de longo prazo. Em uma viagem aos Estados Unidos o
empresário descobriu o tilt-up e achou que era o método ideal para o seu tipo de negócio. As-
sociou-se a dois institutos americanos especializados em construção nesse sistema, o Ameri-
can Concrete Institute (ACI) e a Tilt Up Concrete Association (TCA). Em parceria com a Con
Steel que executava os projetos enquanto a Walter Torre Jr. executava. É a mesma Con Steel
que agora tem parceria com a Dall’Acqua Engenharia, uma construtora paulistana nascida em
1968, com um currículo de mais de 400 obras espalhadas por vinte estados brasileiros.(MELO
et al, 2004). A alvenaria pré-fabricada com blocos cerâmicos surgiu recentemente na década
de 90 e vem crescendo até os dias de hoje.

4.2.2 - Descrição do processo de pré-fabricação dos painéis cerâmicos

 Instalação da Fábrica

A fábrica de alvenaria pré-moldada é montada próxima ao local de montagem e


projetada conforme a expectativa de produção do construtor. São executados tablados de con-
creto armado com gabaritos, onde serão executados os painéis. As superfícies desses tablados
devem ser perfeitamente desempenadas e sarrafeadas. O local de armazenamento dos painéis
prontos a serem levados para a obra, devem sempre ocupar posição estratégica de forma que
não interrompa o trânsito.

50
 Equipamentos e Ferramentas

Pórtico rolante, formas metálicas, pá, peneira, alicate, labanca, peneira, pincel, ro-
lo, colher de pedreiro, desempenadeira, girica, padiola, betoneira, chave Phillips, aparelho de
solda, prumo, nível, trena, EPI’s, EPC’s, etc.

 Materiais Empregados

Cimento, areia, brita, cal/aditivo, bloco cerâmico, aço, suporte para içamento (pa-
rabolts), eletrodo revestido para a execução de soldas, chapas metálicas em “L”, eletrodutos,
quadro de distribuição, caixas, tomadas, lâmpadas, tubos PVC, conexões, registros, válvulas,
etc.

 Forma dos painéis

Colocação das formas (metálicas) e aplicação de desmoldante sobre a supefície


onde será a fabricação dos painéis, como mostra a Figura 4.5.

Figura 4.5 – Formas dos painéis. (Fonte: JAIME et AL, 2009)

 Armaduras

Os painéis são contornados por treliças e amarrados por nervuras que são verga-
lhões soldados às treliças, conforme projeto específico, como ilustra a Figura 4.6. Tal armadu-
51
ra é capaz de suportar os carregamentos e esforços preestabelecidos dentro dos limites de ten-
sões e deformações previstas para içamento e trabalho normal do painel ocasionado pelo coti-
diano. As armaduras devem ser dobradas segundo orientação de projeto, a montagem das ar-
maduras é aceita desde que, todos os itens de controle tenham sido observados e atendidos.

Também são soldadas chapas metálicas em “L” nas laterais dos painéis para pos-
terior fixação de painel com painel e ganchos para içamento.

Figura 4.6 – Armaduras dos painéis (Fonte: Arquivo pessoal)

Especificações das armaduras:

 Treliça nervurada de aço (CA-60), com h=6cm e L=5cm em todo o perímetro dos pai-
néis;
 Barras de aço Ø 8mm (CA-50 ou CA-60) empregadas no quadro periférico, comple-
mentares às treliças, e nas nervuras verticais dos painéis (barras para içamento);
 Barras de aço Ø 5mm (CA-60) empregadas nas nervuras horizontais dos painéis (ver-
gas e contra vergas);
 Barras de aço Ø 8mm (CA-50 ou CA-60), como reforços tipo L com comprimento de
0,8m, empregadas em cada canto superior e nos encontros das nervuras horizontais
com as verticais;
 Barras de aço Ø 8mm (CA-50 ou CA-60), como reforços tipo L com comprimento de
0,5m, empregadas em cada um dos cantos inferiores dos painéis;
 Chapas metálicas de ligação, dispostas nas laterais dos painéis.

52
 Blocos cerâmicos vazados

Os blocos cerâmicos vazados (tijolos furados) de 8 furos quadrados, com dimen-


sões de 9 x 19 x 19cm e resistência à compressão média de 1,5 MPa (blocos classe 15, con-
forme NBR 7171), são preparados com diferentes tamanhos e posicionados conforme modu-
lação dos painéis guiados sobre a superfície destinada a cada painel na fábrica, como mostra a
Figura 4.7.

Figura 4.7 – Montagem dos blocos cerâmicos. (Fonte: JAIME et al, 2009)

Aqueles que ficarão nas extremidades tem seus furos que são voltados para a ex-
tremidade capeados por uma nata de cimento para evitar desperdício de concreto. (Figura 4.8)

Figura 4.8 – Blocos cerâmicos das laterais. (Fonte: Arquivo pessoal)

53
 Instalações

São montados os kits de água fria e elétrica nos painéis antes da aplicação de ar-
gamassa de revestimento. (Figura 4.9)

As instalações são previstas em projetos.

Figura 4.9 – Montagem dos kits de água fria. (Fonte: JAIME et al, 2009)

 Concretagem

O concreto betonado com cura inicial média de 7 dias e controle tecnológico do


concreto aos 28 dias com fck=25MPa preenche as nervuras e espaçamento entre blocos cerâ-
micos, como ilustra a Figura 4.10.

Figura 4.10 – Concretagem. (Fonte: JAIME et al, 2009)

54
 Aplicação de argamassa de revestimento na face do painel

Antes do içamento dos painéis os painéis são chapiscados com rolo e posterior-
mente, executa-se a aplicação de argamassa de revestimento (reboco). Esta etapa não tem fun-
ção estrutural, constituindo apenas um revestimento semelhante ao processo convencional,
porém sendo executado na horizontal. (Figura 4.11).

Figura 4.11 – Revestimento horizontal de argamassa. (Fonte: JAIME et al, 2009)

 Desforma dos painéis

Após o término do revestimento em argamassa e cura dos painéis, realiza-se a


desforma, que é apenas a retirada das formas (metálicas), que os envolvem. Para facilitar a
desforma aplica-se um desmoldante, antes da fabricação dos painéis.

 Içamento

Após a desforma dos painéis executa-se o içamento dos mesmos. Através de pon-
tos já previstos na fabricação são encaixados os ganchos do pórtico. A disposição dos insertos
deve ser planejada antes do içamento para evitar perda de tempo, alterações na locação dos
insertos ou ainda que estes sejam subutilizados estruturalmente, conforme mostra a Figura
4.12. Depois de encaixados os ganchos, inicia-se o içamento de forma mecânica controlado
pelo operário treinado para a função. O içamento retira o painel da fôrma e o posiciona na
vertical.

55
Considerando-se que esta é a pior condição de carregamento, atenção especial de-
ve ser dada ao içamento. O carregamento aplicado ao painel durante o içamento é influencia-
do por uma série de fatores que devem ser considerados no projeto, como por exemplo:

1. Peso próprio;
2. O arranque sofrido pelo painel quando este é separado da superfície onde foi
concretado pelo guindaste (aderência com a laje de piso);
3. A variação da inclinação do painel em relação ao plano horizontal que altera os
esforços solicitantes no painel. Em geral, a situação crítica ocorre quando o ângu-
lo está em torno de 30º.

O painel deve ser dimensionado para suportar os esforços durante o içamento que
dependem do sistema utilizado (número de pontos de içamento e posição dos insertos), como
mostra Figura 4.13. Os esforços no painel dependem de sua espessura e do sistema de içamen-
to adotado. A resistência do concreto e a espessura em geral são escolhidas prevendo-se seu
comportamento na fase de içamento.

Figura 4.12 – Tipos de pontos de içamento nos painéis. (Fonte: MELO et al, 2004)

56
Figura 4.13 – Içamento dos painéis. (Fonte: Arquivo Pessoal)

 Revestimento de argamassa na vertical

Os painéis são chapiscados com rolo e posteriormente, executa-se a aplicação de


argamassa de revestimento (reboco). Esta etapa não tem função estrutural, constituindo ape-
nas um revestimento semelhante ao processo convencional, porém sendo executado na verti-
cal, como mostra a Figura 4.14.

Figura 4.14 – Revestimento vertical de argamassa. (Fonte: Arquivo pessoal)

57
 Armazenamento

Este deve ser feito sobre apoios evitando o contato direto com o solo e os painéis
são posicionados na vertical, como mostra a Figura 4.15, de modo a evitar futuras deforma-
ções que poderiam aparecer se os painéis fossem armazenados na horizontal.

Figura 4.15 – Armazenamento dos painéis. (Fonte: Arquivo pessoal)

 Transporte

Para retirar os painéis da estocagem e colocá-los no caminhão que irá transportá-


los ao local de montagem se faz necessário o uso do pórtico rolante da fábrica e o descarre-
gamento dos painéis na obra é realizado por caminhão munck.

Os painéis, quando transportados, devem se encontrar na posição vertical leve-


mente inclinado apoiando-se em cavaletes, formando uma inclinação de 6% a 8% em relação
à vertical e devidamente amarrados, de acordo com a Figura 4.16, a seguir.

58
Figura 4.16 – Transporte dos painéis. (Fonte: Arquivo pessoal)

 Fundação

Os painéis são apoiados sobre a fundação devidamente projetada para resistir às


cargas atuantes (Figura 4.17), sendo a parte inferior dos painéis assentada com argamassa
colante em canaletas armadas, que se apóiam em estacas executadas com trado, escavadas no
solo até encontrar apoio firme.

Figura 4.17 – Fundação. (Fonte: Arquivo pessoal)

59
 Montagem

Nesta fase, os painéis transportados ao seu local de montagem são retirados do


caminhão através do caminhão Munck, sendo devidamente colocados sobre a argamassa de
assentamento, aplicada nas canaletas de concreto, a ligação painel fundação se dá somente
pela argamassa de assentamento, como mostra a Figura 4.18.

Figura 4.18 – Montagem dos painéis. (Fonte: JAIME et al, 2009)

 Ligação painel/painel

O primeiro painel é escorado temporariamente até que o segundo seja soldado a


ele e os demais são soldados sucessivamente da seguinte forma: os três componentes de liga-
ção metálicos dispostos nas laterais dos painéis, são soldados a cada 70 cm com auxílio de
uma barra de aço de 10 mm de diâmetro (CA-25) e distância de 1 a 3 centímetros entre pai-
néis, conforme Figura 4.19.

Estes componentes de ligação metálicos recebem pintura prévia de primer anticor-


rosivo antes de serem introduzidos nos painéis. Após a execução da solda, aplica-se uma de-
mão reforçada de fundo anticorrosivo à base de resina sintética.

60
Figura 4.19 – Junção dos painéis. (Fonte: JAIME et al, 2009)

 Finalizações e Acabamentos

As juntas são preenchidas com argamassa, aplicada externamente, antes da pintu-


ra. Executa-se a montagem do telhado e após o preenchimento das juntas pode-se então efetu-
ar a pintura da edificação, como mostra a Figura 4.20.

Figura 4.20 – Unidade habitacional finalizada. (Fonte: Arquivo pessoal)

61
 Vantagens e Desvantagens

o Vantagens:

 Maior velocidade com o aumento da produtividade;


 Controles de qualidade mais efetivos. A necessidade de uso de elementos padroniza-
dos leva ao aperfeiçoamento da cadeia produtiva;
 Redução de custo;
 Industrialização do processo com uniformização do produto;
 Diminuição do desperdício de materiais;
 Canteiro de obras mais organizado;
 Antecipação da construção, ocupação e vendas, que são benefícios financeiros;
 Aumento do controle de qualidade associado à maior velocidade de construção e pro-
dução efetiva de elementos simultaneamente;
 Possibilidade de construção sem restrições climáticas para fabricação dos painéis;
 Redução do custo de aluguel de andaimes e aceleração das tarefas seguintes;
 Diminuição de custo e de desperdício pela replicação e transparência do processo;
 Soluções com melhor construtibilidade antes do início da produção devido à interação
dos projetistas;
 Envolvimento de fornecedores, que pode melhorar o fluxo de entregas e levar à redu-
ção de custos dos insumos.
 Possibilidade de acompanhamento do cronograma do departamento de suprimentos
aos clientes;
 Maior efetividade na monitoração do produto com eliminação de desperdício;
 Possibilidade de colocação de painéis com os acabamentos todos prontos e
 Possibilidade de criar mão-de-obra com vários treinamentos, capaz de realizar todas as
etapas do processo.

o Desvantagens:

 Por ser um processo novo, não temos profissionais no mercado com experiência em
quantidade satisfatória, por isso é acrescido custo para treinamento dos funcionários;
 As instalações devem ser pensadas por painéis, portanto o custo de conexões e tubula-
ções muitas vezes é maior por isso, pois em alvenaria convencional elas são executa-
das após a alvenaria finalizada;
62
 Os painéis de parede e laje são estruturais, não podendo ser demolidos total ou parci-
almente pelo usuário em reformas posteriores e
 No caso das juntas flexíveis entre os painéis deve ser prevista uma manutenção perió-
dica, com revisão e eventual substituição do selante, assim como para as ligações me-
tálicas, verificando-se eventuais pontos de corrosão e promovendo os reparos e prote-
ções necessárias.

4.3 - Análise de dados

4.3.1 - Avaliação do Projeto Arquitetônico

A planta da edificação é padrão, independente do sistema construtivo utilizado,


como mostram as Figuras 4.20; 4.21a e 4.21b; 4.22a e 4.23b, com área total construída de
40,16 metros quadrados.

Figura 4.21 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – Planta Baixa.
(Fonte: documentos AGEHAB)

63
(a)

(b)

Figura 4.22 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – (a) Corte
Transversal, (b) Corte Longitudinal. (Fonte: documentos AGEHAB)

(a)

64
(b)

Figura 4.23 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – (a) Fachada
Frontal, (b) Fachada Lateral. (Fonte: documentos AGEHAB)

A NBR 15220-3 (ABNT, 2005) nos fornece recomendações quanto ao desempe-


nho térmico de habitações de interesse social unifamiliares na fase de projeto. Para a zona
bioclimática 6, na qual a cidade de Goiânia está inserida, devem ser atendidas as seguintes
diretrizes:

1. Aberturas para ventilação

 NBR 15220 (ABNT, 2005): Médias (15% < A < 25%);

 NBR 15575 (ABNT, 2008): A ≥ 8.

2. Sombreamento das aberturas: Sombrear aberturas;

3. Tipos de vedações externas:

NBR 15220 (ABNT, 2005):


 Parede Pesada
U ≤ 2,20 W/m².K
φ ≥ 6,5 Horas
FSo ≤ 3,5%
 Cobertura Leve Isolada
U ≤ 2,00 W/m².K
φ ≤ 3,3 Horas
FSo ≤ 6,5%
65
NBR 15575: (ABNT, 2008):

 Parede
α² ≤ 0,6  U ≤ 3,7
C ≥130 J/K.

 Cobertura
U ≤ 2,30 W/m².K

A partir desses parâmetros, o projeto arquitetônico e o detalhamento a seguir, fi-


zemos as seguintes considerações:

66
Considerações item 01:

 Quanto à NBR 15220 (ABNT, 2005):

a) Sala + Cozinha + Hall – Área = 16,81m² e A = 5,76m². De acordo com a norma deve-
ria ser entre (2,52 < A < 4,20), sendo assim, está além do recomendado pela norma;
b) Quartos – Área = 8,38m² cada e A = 1,20m². De acordo com a norma deveria ser entre
(1,26 < A < 2,10), sendo assim, não atende à norma;
c) Banheiro – Área = 2,49m² e A = 0,32m². De acordo com a norma deveria ser entre
(0,37 < A < 0,62), sendo assim, não atende à norma.

 Quanto à NBR 15575 (ABNT, 2008)

d) Sala + Cozinha + Hall – Área = 16,81m² e A = 5,76m². De acordo com a norma deve-
ria ser no mínimo 1,34m², sendo assim, está dentro dos parâmetros recomendados pela
norma;
e) Quartos – Área = 8,38m² e A = 1,20m². De acordo com a norma deveria ser no míni-
mo 0,67m², sendo assim, está dentro dos parâmetros recomendados pela norma;
f) Banheiro – Área = 2,49m², portanto: A = 0,32m². De acordo com a norma deveria ser
no mínimo 0,20m², sendo assim, está dentro dos parâmetros recomendados pela nor-
ma.

Considerações item 02:

De acordo com o projeto arquitetônico referente não foi estudado particular-


mente a localização de cada casa em relação ao sol. Porém é possível controlar a entrada de
luz pelas aberturas localizadas em fachadas, a critério do usuário, com o uso de venezianas,
cortinas, toldos, entre outros. Porém por se tratar de moradores com um poder aquisitivo re-
duzido, esses artifícios foram observados em poucas casas. O próprio projeto não dispõe de
recursos para tal finalidade, como por exemplo, o beiral do projeto é de apenas 40 cm, não
possibilitando assim o sombreamento das aberturas.

Considerações item 03:

Quanto às paredes, utilizamos o software Transmitância, (versão 1.0 beta) pro-


duzido no LabEEE (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações) por Alexandre Si-
67
mon Lee e Roberto Lamberts com a colaboração de Ana Lígia Papst de Abreu e Fernando
Simon Westphal, que é uma ferramenta computacional embasada na norma NBR 15220
(ABNT, 2003), criada para auxiliar no cálculo de propriedades térmicas de componentes
construtivos gerando o relatório de cálculo da tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Relatório de Cálculo de Desempenho (LABEE, 2010)

O programa também gera o seguinte resumo da tabela 4.2:

Tabela 4.2 – Resumo de Cálculo de Desempenho (LABEE, 2010)

De acordo com essas informações deduzimos que a transmitância térmica (U) e o


atraso térmico (φ) não atendem aos requisitos mínimos recomendados pela NBR 15220

68
(ABNT, 2005) para a Zona Bioclimática 06. Ficando dentro dos parâmetros apenas o fator
solar (FSo).

De acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2008), atende quanto à transmitância tér-
mica e capacidade térmica.

Quanto à cobertura projetada, refere-se à cobertura de telha de barro sem forro


que atende aos seguintes valores:

U ≤ 4,55 W/m².K
CT = 18 kJ/m².k
φ ≤ 0,3 Horas

Estes valores não atendem às recomendações da norma NBR 15.220 (ABNT,


2005) e nem a NBR15.575 (ABNT, 2008).

4.3.2 - Medições no local

Para obtenção dos resultados de desempenho, foram realizadas medições em 6 ca-


sas diferentes, de acordo com a disponibilidade dos moradores, dentre as quais, foram 2 amos-
tras pintadas com tinta na cor branca, 2 da cor verde, e duas casas na cor creme. O dia em que
foram realizadas as medições foi 4, 5 e 6 de setembro de 2010, o horário entre 14:00 e 14:30
hrs, dia com sol, temperatura ambiente em torno de 35° e umidade relativa do ar entre 18% e
22%.

De acordo com as medições feitas no local, foram obtidos os resultados, descritos


nos Gráficos 01, 02, 03 e 04:

69
Gráfico 01 – Comparativo entre as temperaturas internas e externas do ar e da superfície das
alvenarias pré-fabricadas com blocos cerâmicos.

70
Gráfico 02 – Relação entre a temperatura interna da habitação e velocidade dos ventos no
interior da habitação.

Gráfico 03 – Relação entre a temperatura interna da habitação e umidade relativa do ar no


interior da habitação.

71
Gráfico 04 –Relação entre temperatura e cor da casa

4.3.3 - Entrevista

A satisfação dos usuários foi avaliada através de questionários aplicados aos mo-
radores que é fundamental para a retroalimentação de todo o processo de construção das edi-
ficações. Entende-se que a iniciativa de dirigir-se ao usuário da habitação, através de pergun-
tas em questionários padronizados elaborados por pessoas entendidas do processo, é uma
forma de medir a sua satisfação no que diz respeito ao conforto térmico da habitação.

Por amostragem, aplicamos 200 questionários (vide modelo Apêndice 02) e a par-
tir das respostas desses questionários pode-se observar que a maioria das casas possuem entre
3 e 4 moradores com uma renda familiar mensal entre 1 e 2 salários mínimos, pois a maioria
dos chefes de família tem ensino fundamental incompleto. As famílias são advindas de diver-
sos setores de Goiânia, porém em sua maioria do setor Parque Oeste Industrial/Grajaú. Con-
forme gráficos 05 a 16 abaixo:

72
Gráfico 05 – Moradores por unidade habitacional

Gráfico 06 – Renda familiar mensal

73
Gráfico 07 – Nível de escolaridade do chefe de família

Gráfico 08 – Origem dos moradores

74
No que tange às características das casas, pode-se constatar por meio das observa-
ções não participantes uma insatisfação quanto ao tamanho da cozinha e do banheiro. Isso se
deve ainda mais pelo fato de ser do modelo de cozinha americana que não agrada as donas de
casa principalmente. Assim sendo a satisfação quanto ao tamanho da sala se torna pouca tam-
bém e quanto aos quartos observamos uma equivalência entre satisfação e pouca satisfação. A
técnica de ventilação cruzada na área comum (sala e cozinha) aliada aos vãos além do exigido
em norma, proporcionam aos moradores uma boa ventilação nesse local. O que contradiz com
os demais ambientes (quartos e banheiro). Porém metade dos moradores entrevistados ainda
julgam a casa suficiente para abrigar toda a família. Observe os dados dos gráficos a seguir:

Gráfico 09 – Análise da suficiência do tamanho da casa

Em relação ao conforto térmico, grande maioria dos moradores estão insatisfeitos,


pois consideram que a casa é muito quente ou quente no verão, e muito fria durante o inverno.

75
Gráfico 10 – Temperatura das habitações no verão

Gráfico 11 – Temperatura das habitações no inverno

76
Gráfico 12 – Ventilação da cozinha

Gráfico 13 – Ventilação dos quartos

77
Gráfico 14 – Uso de ventilador

Foi observado que a maioria das famílias não usam ventiladores por não possuirem, caso

tivessem certamente usariam.

Gráfico 15 – Uso de agasalho/cobertor no interior da edificação durante o inverno

78
Gráfico 16 – Detecção de mofo nas habitações

Entre as casas que apresentaram mofo a maioria foi detectado nas alvenarias dos banheiros.

79
Capítulo 5

5.1 - Considerações finais

5.1.1 - Conclusão

O caso estudado nos mostra a caracterização de um empreendimento de habita-


ções populares de interesse social denominado Residencial Real Conquista. A partir dos dados
coletados do projeto arquitetônico e verificados “in loco” pode-se compreender, analisar e
avaliar o desempenho térmico do sistema construtivo de alvenaria pré-fabricada com blocos
cerâmicos e propor estratégias para a melhoria do sistema apresentado em confronto com as
normas brasileiras referenciadas.

Um sistema construtivo para ser utilizado em habitações populares deve atender


as necessidades mínimas de desempenho térmico independente de sua localização em relação
ao sol. Também o projeto arquitetônico deve prever requisitos necessários ao conforto térmico
do usuário, como: o sombreamento das aberturas com recursos do próprio sistema construti-
vo, (como por exemplo, o uso de beirais com dimensões adequadas proporcionaria um ambi-
ente menos vítima das intempéries), o aumento dos vãos das esquadrias possibilitaria a reno-
vação do ar interno por ar externo através da ventilação dos ambientes, o aumento do pé direi-
to da edificação ampliaria a área de circulação do ar interno e caso a altura do oitão/cobertura
fosse maior, possibilitaria a execução de técnicas construtivas para a saída do ar quente arma-
zenado na cobertura com o acréscimo de forro na habitação.

De acordo com a NBR15220 (ABNT, 2005), o atendimento das características de


paredes pesadas aliado ao acréscimo de um forro de madeira de 1,0 cm no projeto, atenderia
ao mínimo recomendado, para que o calor armazenado em seu interior durante o dia seja ex-
ternado durante a noite, possibilitando assim uma troca térmica eficaz da edificação.

Entre outras possíveis soluções pode ser feito um controle de qualidade durante o
processo de fabricação dos painéis pré-fabricados, o que evitaria problemas futuros, trazendo
um desempenho melhor em todos os sentidos, pode-se também substituir as esquadrias metá-
licas por esquadrias de madeira, que apresentam um desempenho e conforto térmico muito
melhor para a edificação e para o usuário.

80
É importante ressaltar também a importância da existência de vegetação ao redor
da edificação e no bairro em geral, deve-se levar em consideração que, por se tratar de um
bairro relativamente novo, ainda não houve tempo suficiente para crescimento de árvores que
servirão como barreiras contra o ataque direto do sol às paredes da residência.

Com tudo isso é possível ao sistema proposto de alvenaria pré-fabricada com blo-
cos cerâmicos um desempenho térmico conforme as normas vigentes que garantiria o confor-
to térmico dos usuários das habitações de interesse popular, visando dispor de recursos técni-
cos mínimos que sejam socialmente includentes.

5.1.2 - Sugestões para trabalhos futuros

Sugerimos aos trabalhos futuros os seguintes temas:

1. Paralelo entre o desempenho térmico das alvenarias pré-fabricadas com blocos cerâ-
micos e alvenaria convencional;

2. Análise do desempenho acústico das habitações de interesse social;

3. Parâmetros para sombreamento das aberturas das edificações;

4. Análise do desempenho térmico dos materiais utilizados na edificação;

5. Manifestações patológicas nos painéis pré-fabricados com blocos cerâmicos;

6. Estudo da viabilidade do uso de painéis pré-fabricados em relação à alvenaria conven-


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APÊNDICE 01 – QUESTIONÁRIO

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