Edifícios
Dezembro, 2010
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Dezembro, 2010
SILVA, Gisele de Oliveira, SOUSA, Lorrayne Correia, VAZ, Samuel Ave-
lar, BORGES, Thiago Dias.
86 p.
Banca examinadora
_________________________________
Orientadora
_________________________________
_________________________________
6
ABSTRACT
The high housing deficit in Brazil encouraged the creation of various housing programs, how-
ever, social housing are propagated without due concern for the social, cultural and regional
where they are built. Research has shown that lack of quality in the built environment affects
the quality of life of its users. In recent years, Brazilian standards came into effect to ensure
adequate performance of the buildings and proposed minimum requirements and criteria to be
followed both in design phase and in the implementation phase of construction. This research
aims to evaluate the thermal performance of a construction system employed in the develop-
ment of social housing Residential Real Conquista, in Goiânia - GO, managed by the Agência
Goiana de Habitação (AGEHAB). Was made a case study, to evaluate the project in design
phase and in use by checking their conformity with the Brazilian standards of performance
NBR 15220 (ABNT, 2005) and NBR 15575 (ABNT, 2008), through assessments architectural
design, building on the parameters suggested; measurements made on site, checking the tem-
perature and relative humidity of air, to evaluate the thermal exchange between the environ-
ments, and evaluation of user perception. We conducted a literature review concerning the
issue, seeking support instrumentation for data collection. The results will determine whether
the performance levels set by the rules are consistent with the users of housing.
7
SUMÁRIO
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Lista de Gráficos
Lista de Abreviaturas e Siglas
Capítulo 1
1.1 Introdução.......................................................................................................................... 16
1.2 Problematização................................................................................................................. 17
1.3 Justificativa........................................................................................................................ 17
1.4 Objetivos............................................................................................................................ 18
1.4.1 Objetivo geral.................................................................................................................. 18
1.4.2 Objetivos específicos...................................................................................................... 18
1.5 Metodologia....................................................................................................................... 19
1.6 Limitações da pesquisa...................................................................................................... 19
1.7 Estrutura do trabalho.......................................................................................................... 20
Capítulo 2
2.1 Revisão bibliográfica......................................................................................................... 21
2.2 Déficit habitacional no Brasil............................................................................................ 21
2.3 Desempenho ambiental em habitações de interesse social ............................................... 23
2.3.1 Avaliação de desempenho térmico segundo as normas brasileiras................................. 24
2.3.2 Propriedades térmicas dos materiais............................................................................... 29
2.3.3 Propriedades térmicas do sistema construtivo.................................................................33
2.4 Diretrizes construtivas para a região de Goiânia................................................................ 36
Capítulo 3
3.1 Metodologia da pesquisa.................................................................................................... 41
3.2 Análise de projeto e sistemas construtivos........................................................................ 43
3.3 Medições no local...............................................................................................................43
3.4 Entrevista estruturada......................................................................................................... 44
Capítulo 4
4.1 Estudo de caso.................................................................................................................... 46
4.2 Caracterização do empreendimento................................................................................... 46
4.3 Sistema construtivo de alvenaria pré-fabricada com blocos cerâmicos............................. 49
4.3.1 Histórico.......................................................................................................................... 49
4.3.2 Descrição do processo de pré fabricação dos painéis cerâmicos.................................... 50
4.4 Análise dos dados .............................................................................................................. 63
4.4.1 Avaliação do projeto arquitetônico................................................................................. 63
4.4.2 Medições no local .......................................................................................................... 69
4.4.3 Entrevista........................................................................................................................ 72
Capítulo 5
5.1 Considerações finais...........................................................................................................80
5.2 Conclusão............................................................................................................................80
5.3 Sugestões para trabalhos futuros.........................................................................................81
8
Referências Bibliográficas
9
Lista de Figuras
10
Lista de Tabelas
11
Lista de Gráficos
12
Lista de Abreviaturas e Siglas
FSo – Fator de ganho de calor solar de elementos opacos ou Fator solar de elementos opacos -
Quociente da taxa de radiação solar transmitida através de um componente opaco pela taxa da
radiação solar total incidente sobre a superfície externa do mesmo.
m – Metro - unidade de medida de comprimento padrão que tem por base as dimensões da
Terra e o sistema numérico decimal. É uma das unidades básicas do Sistema Internacional de
Unidades. Atualmente o metro é definido como sendo "o comprimento do trajeto percorrido
pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 de segundo" (unidade de
base ratificada pela 17.ª Conferência Geral de Pesos e Medidas em 1983).[1][2] O trajeto total
percorrido pela luz no vácuo em um segundo se chama segundo luz. A adoção desta definição
corresponde a fixar a velocidade da luz no vácuo em 299 792 458 m/s.
14
φ – Atraso térmico – Unidade: hora (h) - Tempo transcorrido entre uma variação térmica em
um meio e sua manifestação na superfície oposta de um componente construtivo submetido a
um regime periódico de transmissão de calor.
15
Capítulo 1
1.1 - Introdução
Mesmo com toda evolução tecnológica, a habitação ainda mantém sua função
primordial: proteger o ser humano das intempéries e de intrusos. No entanto, com o desenvol-
vimento da técnica, o homem passou a utilizar materiais tornando o abrigo cada vez mais ela-
borado.
Na busca pela realização do sonho da casa própria, muitas famílias adotam o sis-
tema de autoconstrução, construindo habitações com improviso, sem planejamento adequado
e desconhecendo os parâmetros principais de conforto, segurança e custo.
Segundo estudos da Fundação João Pinheiro, apesar dos problemas que envolvem
o setor habitacional no país, a grande maioria dos domicílios encontra-se em boas condições
habitacionais. Do total dos domicílios urbanos no país, em 2007, 67,3% se revelaram adequa-
dos. São 32.390 milhões de moradias, das quais 12,626 milhões localizadas nas regiões me-
tropolitanas. Nestas, o percentual das que estão em boas condições de habitação é maior:
72,8%.
Para a realização deste tipo de empreendimento existem vários fatores que devem
ser levados em consideração, tais como a regularização fundiária, o reassentamento da popu-
lação, o impacto ambiental, restrições orçamentárias, atendimento a prazos, atendimento a
requisitos dos usuários, participação comunitária e inclusão social.
16
em sua composição em relação à convencional, o que a torna uma alvenaria auto-portante,
além de apresentar grande economia para fabricação acima de 300 casas.
1.2 - Problematização
Pesquisas apontam que grande parte das construções apresentam desempenho ina-
dequado, promovendo baixa qualidade de vida aos seus usuários, pois o modelo padronizado
de HIS desconsidera questões regionais e culturais. A qualidade construtiva é precária e não
atende a condições de habitabilidade.
1.3 - Justificativa
Segundo Miron (2008) a habitação pode ser definida como um sistema, um con-
junto de componentes físicos que constituem o meio ambiente, no qual os seres humanos inte-
ragem através de sistemas sociais, como família, vizinhança e comunidade.
17
sidades, o que não deveria ocorrer, pois, ao quando há uma melhora na qualidade da habita-
ção, consequentemente há uma melhora na qualidade de vida de seus usuários.
1.4 - Objetivos
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o desempenho térmico de unidades habi-
tacionais do EHIS Residencial Real Conquista, na cidade de Goiânia, segundo as normas bra-
sileiras de desempenho NBR 15.220/2005 e NBR 15.575/2008.
18
1.5 - Metodologia
Não se trata da avaliação do material que compõe o sistema construtivo, mas sim
do sistema construtivo como um todo, como produto final, habitação, em um determinado
contexto geográfico.
19
1.7 - Estrutura do Trabalho
20
Capítulo 2
Há muito tempo, o Brasil, como país emergente, vem enfrentando grandes pro-
blemas na área de habitação. A população mais pobre que carece de moradia digna e acessível
sofre por não ter muitas opções, ou opção nenhuma. Com o aumento significativo da popula-
ção brasileira, estudos são feitos visando uma melhor forma de solucionar o problema da mo-
radia.
Últimos estudos realizados pela Fundação João Pinheiro (2007), revela que há um
déficit brasileiro de 5,572 milhões de moradias. Déficit esse que sofreu queda de 428 mil mo-
radias de um ano para outro, de acordo com informações do Ministério das Cidades (2009).
Figura 2.1. Desse total, 83% dos domicílios estão localizados em áreas urbanas. A maior
concentração do déficit habitacional – 96,6% do total – continuava abrangendo as famílias
com renda inferior a cinco salários mínimos.
A tendência no Brasil é de que esse déficit diminua a cada ano mais, através de
planos de habitação lançados pelo governo, que facilitam a aquisição de casas e facilitam a
construção de casas populares.
21
Figura 2.1 - Gráfico de representação do Déficit Habitacional no Brasil no período entre 2007
e 2008 – (Fonte: FJP, Ministério das Cidades, 2010).
De acordo com o projeto de Lei Complementar do Senado nº. 447 de 2003, habi-
tação social é a habitação urbana ou rural, nova ou usada, com o respectivo terreno, destinada
à população de baixa renda, a qual consiste na parcela da população que possui renda mensal
inferior a cinco salários mínimos, considerada insuficiente para suprir as necessidades básicas
(DIÁRIO DO SENADO FEDERAL, 2003).
De acordo com Bonduki (2008), durante a ditadura militar, houve um alto inves-
timento em conjuntos habitacionais, a partir de uma Política Nacional de Habitação (PNH), a
qual criou o Sistema Nacional de Habitação (SNH), financiado pelo Sistema Financeiro da
Habitação (SFH), que se estruturou com recursos oriundos do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS).
Com o fim da ditadura militar, houve a extinção do BNH, cuja história se emba-
sou na implantação em grande escala de habitações (BONDUKI, 2008). No entanto, nesta
política habitacional havia um desprezo em relação à qualidade do projeto. As soluções eram
padronizadas e desconsideravam aspectos culturais e ambientais da região onde eram implan-
tados os conjuntos habitacionais.
23
2.3.1 - Avaliação de desempenho térmico segundo as normas brasileiras
24
.
Conforto térmico
25
A avaliação do desempenho térmico de uma edificação engloba a resposta global
do projeto arquitetônico proposto em relação às trocas térmicas entre o ambiente interno cons-
truído e o ambiente externo, onde a caracterização das condições climáticas locais é uma das
etapas mais importantes. Sendo assim, o desempenho térmico de um edifício está relacionado
à temperatura do ar interno, umidade relativa do ar interior, velocidade do ar interior, tempe-
ratura radiante média das superfícies interiores, nas diferentes estações do ano.
Segundo Roaf et al (2009), para que fiquemos saudáveis, é preciso que o nosso
corpo mantenha de forma quase constante, a temperatura de 37°C. Para garantir uma tempera-
tura corporal constante é preciso que haja um equilíbrio entre o calor produzido pelo corpo e
suas perdas térmicas. O calor produzido (de metabolismo – geralmente medido em watts por
metro quadrado (W/m²) de área de superfície corporal) está relacionado às atividades do indi-
víduo – quanto mais atividades, maior o calor. Existem quatro formas essenciais de perda
térmica, como mostra a Figura 2.3.
Convecção – perda térmica para o ar ou ganho de calor do ar. Isso depende da tempe-
ratura e da velocidade do ar junto à superfície do corpo (pele ou roupas).
Radiação – perda térmica direta para o entorno ou ganho de calor do entorno. Isso de-
pende da temperatura das superfícies do entorno (a temperatura radiante).
Condução – perda térmica direta ou ganho térmico das superfícies em contato com o
corpo, o que depende da temperatura da superfície. Na maioria dos casos, isso pouco
contribui para a perda térmica.
Evaporação – perda térmica para que ocorra a evaporação da umidade da pele. De-
pende da quantidade de água no ar (umidade) e da velocidade do ar junto ao corpo.
26
Figura 2.3 – Corpo humano-trocas de calor-balanço térmico-termoregulação.
Desempenho térmico
Desempenho térmico de uma edificação pode ser definido como o conjunto de ca-
racterísticas ou capacidades de comportamento e rendimento de uma edificação, em especial
quando comparado às normas vigentes.
Nesse sentido, a NBR 15.575 (ABNT, 2008) apresenta critérios mínimos a serem
seguidos a fim de garantir o desempenho térmico adequado da habitação, os quais podem ser
atendidos por meio de diretrizes construtivas como controlar o tamanho de aberturas para ven-
tilação em função da área do piso do cômodo, promover o sombreamento das aberturas em
diferentes períodos do ano, conhecer a transmitância térmica do sistema construtivo e o atraso
térmico dos materiais, bem como o fator de calor solar máximo admissível para fechamentos
opacos (paredes e coberturas), e proporcionar estratégias de condicionamento térmico passi-
vo.
Segundo a NBR 15.220 (ABNT, 2005), as propriedades térmicas dos materiais in-
terferem no desempenho final do sistema construtivo proposto. As principais propriedades
térmicas são: resistência térmica, transmitância térmica, capacidade térmica, fator solar, atraso
térmico.
29
Equação:
Equação:
Equação:
Equação:
Equação.
Onde:
Onde
Notas:
1- Nas equações acima, o índice "ext" se refere à última camada do componente, junto à face
externa.
31
Tabela 1.1 – Propriedade térmica dos materiais (NBR 15.520 – ABNT, 2005)
32
2.3.3 - Propriedades térmicas do sistema construtivo
33
com exceção de situações em que a janela tenha sombreamento ou orientação leste ou sul e o
ambiente esteja ventilado, quando apresenta desempenho térmico nível “B”.
34
Caracterização do comportamento térmico da edificação; Avaliação do desempenho térmico
da edificação.
Isso é feito de acordo com a norma ISO7730, que apresenta os critérios para a a-
valiação de conforto térmico de ambientes com condições térmicas moderadas, considerando
todos os parâmetros de conforto citados. Essa norma estabelece que as condições ambientais
internas de um recinto devem ser tais que pelo menos 80% dos seus ocupantes expressem
satisfação em relação ao ambiente térmico.
35
2.4 - Diretrizes construtivas para a região de Goiânia
Figura 2.5 – Zoneamento Bioclimático Brasileiro (Fonte: NBR 15.220:3 ABNT, 2005)
36
Figura 2.6 – Zona Bioclimática 6 (Fonte: NBR 15.220:3, 2005)
De acordo com a NBR 15.220 (ABNT, 2005), em regiões quentes e secas, a sen-
sação térmica no período de verão pode ser amenizada através da evaporação da água. O res-
friamento evaporativo pode ser obtido através do uso de vegetação, fontes de água ou outros
37
recursos que permitam a evaporação da água diretamente no ambiente que se deseja resfriar.
As sensações térmicas podem ser melhoradas através da desumidificação dos ambientes, obti-
da através da renovação do ar interno por ar externo através da ventilação dos ambientes.
Temperaturas internas mais agradáveis também podem ser obtidas através do uso
de paredes (externas e internas) e coberturas com maior massa térmica, de forma que o calor
armazenado em seu interior durante o dia seja devolvido ao exterior durante a noite, quando
as temperaturas externas diminuem.
É importante salientar que a norma NBR 15.575 (ABNT, 2008) trata das especifi-
cações de desempenho, considerando um conjunto de requisitos e critérios estabelecido para o
edifício ou seus sistemas, sendo uma expressão das funções exigidas e que correspondem a
um uso claramente definido, como por exemplo, habitação.
38
vem ser avaliadas tanto em fase de projeto, na concepção do edifício, quanto na fase pós-
ocupação.
40
Capítulo 3
Essa pesquisa tem o objetivo de analisar o sistema construtivo de alvenaria pré fa-
bricada em relação ao seu desempenho térmico nas condições climática da cidade de Goiânia,
e leva em consideração as exigências e sensação térmica dos usuários. Foi realizado um estu-
do de caso, onde descreve o desempenho térmico do ambiente construído em uso, por meio de
procedimentos que permitem o cruzamento de avaliações técnicas feitas com base em simula-
ções e medições no local, com opiniões dos usuários das habitações.
41
42
3.2 - Análise de projeto e sistema construtivo
Para efeito da avaliação por medição, o dia típico é caracterizado unicamente pe-
los valores da temperatura do ar exterior medidos no local, conforme a localização da habita-
ção. Segundo orientações da norma NBR 15.575 (ABNT, 2008), a cidade de Goiânia, possui
temperatura máxima de 34,6ºC no verão e mínima de 9,6ºC no inverno
n = _____Z2.p.(1-p).N_______
44
Sendo:
45
Capítulo 4
Como era essa uma medida provisória de instalação, nova decisão judicial exigiu
do governo estadual e municipal que essas famílias fossem remanejadas para local definitivo e
com condições adequadas de moradia.
Foi quando se deu início a ocupação do Residencial Real Conquista, que foi assim
batizado segundo plebiscito realizado pelos moradores enquanto ainda estavam no acampa-
mento no Parque Grajaú. O Residencial foi financiado com recursos dos governos estadual e
federal.
46
casas pelo sistema de alvenaria pré-fabricada com bloco cerâmico, um sistema de elementos
pré fabricados, da empresa JET CASA, que agilizou bastante a liberação de novas casas.
De acordo com AGEHAB, o projeto foi definido pela equipe técnica da própria
agência, composta por arquitetos e engenheiros, e, em seguida, por meio de licitações terceiri-
zou-se a construção das habitações.
Com as habitações concluídas as fachadas das habitações, bem como suas abertu-
ras não se alteram. O acabamento final é feito com tinta acrílica de cores variadas, como mos-
tram as Figuras 4.1 e 4.2. As aberturas externas são de ferro, seguindo modelo veneziana ou
com vidro, e as internas de madeira compensada.
47
Figura 4.2 – Unidade habitacional finalizada. (Fonte: Arquivo pessoal)
O critério de ocupação foi bem simples. Com a liberação das primeiras 900 casas,
foram chamadas as famílias que eram compostas por algum idoso, gestante, portadores de
deficiência, grande quantidade de filhos e famílias muito numerosas, todas cadastradas previ-
amente.
A partir daí as famílias foram sendo assentadas. Hoje o Residencial Real Conquis-
ta, localizado na região sudoeste da cidade, (Figura 4.3), conta com 1.597 famílias instaladas,
segundo informações da AGEHAB, todas as casas possuem energia elétrica, água tratada, e a
maioria possui sistema de aquecimento solar, e ainda recentemente o bairro foi todo asfaltado.
A AGEHAB tem o objetivo de abrigar 2.470 famílias no total.
4.2.1 - Histórico
Instalação da Fábrica
50
Equipamentos e Ferramentas
Pórtico rolante, formas metálicas, pá, peneira, alicate, labanca, peneira, pincel, ro-
lo, colher de pedreiro, desempenadeira, girica, padiola, betoneira, chave Phillips, aparelho de
solda, prumo, nível, trena, EPI’s, EPC’s, etc.
Materiais Empregados
Cimento, areia, brita, cal/aditivo, bloco cerâmico, aço, suporte para içamento (pa-
rabolts), eletrodo revestido para a execução de soldas, chapas metálicas em “L”, eletrodutos,
quadro de distribuição, caixas, tomadas, lâmpadas, tubos PVC, conexões, registros, válvulas,
etc.
Armaduras
Os painéis são contornados por treliças e amarrados por nervuras que são verga-
lhões soldados às treliças, conforme projeto específico, como ilustra a Figura 4.6. Tal armadu-
51
ra é capaz de suportar os carregamentos e esforços preestabelecidos dentro dos limites de ten-
sões e deformações previstas para içamento e trabalho normal do painel ocasionado pelo coti-
diano. As armaduras devem ser dobradas segundo orientação de projeto, a montagem das ar-
maduras é aceita desde que, todos os itens de controle tenham sido observados e atendidos.
Também são soldadas chapas metálicas em “L” nas laterais dos painéis para pos-
terior fixação de painel com painel e ganchos para içamento.
Treliça nervurada de aço (CA-60), com h=6cm e L=5cm em todo o perímetro dos pai-
néis;
Barras de aço Ø 8mm (CA-50 ou CA-60) empregadas no quadro periférico, comple-
mentares às treliças, e nas nervuras verticais dos painéis (barras para içamento);
Barras de aço Ø 5mm (CA-60) empregadas nas nervuras horizontais dos painéis (ver-
gas e contra vergas);
Barras de aço Ø 8mm (CA-50 ou CA-60), como reforços tipo L com comprimento de
0,8m, empregadas em cada canto superior e nos encontros das nervuras horizontais
com as verticais;
Barras de aço Ø 8mm (CA-50 ou CA-60), como reforços tipo L com comprimento de
0,5m, empregadas em cada um dos cantos inferiores dos painéis;
Chapas metálicas de ligação, dispostas nas laterais dos painéis.
52
Blocos cerâmicos vazados
Figura 4.7 – Montagem dos blocos cerâmicos. (Fonte: JAIME et al, 2009)
Aqueles que ficarão nas extremidades tem seus furos que são voltados para a ex-
tremidade capeados por uma nata de cimento para evitar desperdício de concreto. (Figura 4.8)
53
Instalações
São montados os kits de água fria e elétrica nos painéis antes da aplicação de ar-
gamassa de revestimento. (Figura 4.9)
Figura 4.9 – Montagem dos kits de água fria. (Fonte: JAIME et al, 2009)
Concretagem
54
Aplicação de argamassa de revestimento na face do painel
Antes do içamento dos painéis os painéis são chapiscados com rolo e posterior-
mente, executa-se a aplicação de argamassa de revestimento (reboco). Esta etapa não tem fun-
ção estrutural, constituindo apenas um revestimento semelhante ao processo convencional,
porém sendo executado na horizontal. (Figura 4.11).
Içamento
Após a desforma dos painéis executa-se o içamento dos mesmos. Através de pon-
tos já previstos na fabricação são encaixados os ganchos do pórtico. A disposição dos insertos
deve ser planejada antes do içamento para evitar perda de tempo, alterações na locação dos
insertos ou ainda que estes sejam subutilizados estruturalmente, conforme mostra a Figura
4.12. Depois de encaixados os ganchos, inicia-se o içamento de forma mecânica controlado
pelo operário treinado para a função. O içamento retira o painel da fôrma e o posiciona na
vertical.
55
Considerando-se que esta é a pior condição de carregamento, atenção especial de-
ve ser dada ao içamento. O carregamento aplicado ao painel durante o içamento é influencia-
do por uma série de fatores que devem ser considerados no projeto, como por exemplo:
1. Peso próprio;
2. O arranque sofrido pelo painel quando este é separado da superfície onde foi
concretado pelo guindaste (aderência com a laje de piso);
3. A variação da inclinação do painel em relação ao plano horizontal que altera os
esforços solicitantes no painel. Em geral, a situação crítica ocorre quando o ângu-
lo está em torno de 30º.
O painel deve ser dimensionado para suportar os esforços durante o içamento que
dependem do sistema utilizado (número de pontos de içamento e posição dos insertos), como
mostra Figura 4.13. Os esforços no painel dependem de sua espessura e do sistema de içamen-
to adotado. A resistência do concreto e a espessura em geral são escolhidas prevendo-se seu
comportamento na fase de içamento.
Figura 4.12 – Tipos de pontos de içamento nos painéis. (Fonte: MELO et al, 2004)
56
Figura 4.13 – Içamento dos painéis. (Fonte: Arquivo Pessoal)
57
Armazenamento
Este deve ser feito sobre apoios evitando o contato direto com o solo e os painéis
são posicionados na vertical, como mostra a Figura 4.15, de modo a evitar futuras deforma-
ções que poderiam aparecer se os painéis fossem armazenados na horizontal.
Transporte
58
Figura 4.16 – Transporte dos painéis. (Fonte: Arquivo pessoal)
Fundação
59
Montagem
Ligação painel/painel
60
Figura 4.19 – Junção dos painéis. (Fonte: JAIME et al, 2009)
Finalizações e Acabamentos
61
Vantagens e Desvantagens
o Vantagens:
o Desvantagens:
Por ser um processo novo, não temos profissionais no mercado com experiência em
quantidade satisfatória, por isso é acrescido custo para treinamento dos funcionários;
As instalações devem ser pensadas por painéis, portanto o custo de conexões e tubula-
ções muitas vezes é maior por isso, pois em alvenaria convencional elas são executa-
das após a alvenaria finalizada;
62
Os painéis de parede e laje são estruturais, não podendo ser demolidos total ou parci-
almente pelo usuário em reformas posteriores e
No caso das juntas flexíveis entre os painéis deve ser prevista uma manutenção perió-
dica, com revisão e eventual substituição do selante, assim como para as ligações me-
tálicas, verificando-se eventuais pontos de corrosão e promovendo os reparos e prote-
ções necessárias.
Figura 4.21 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – Planta Baixa.
(Fonte: documentos AGEHAB)
63
(a)
(b)
Figura 4.22 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – (a) Corte
Transversal, (b) Corte Longitudinal. (Fonte: documentos AGEHAB)
(a)
64
(b)
Figura 4.23 – Projeto padrão unidade habitacional Residencial Real Conquista – (a) Fachada
Frontal, (b) Fachada Lateral. (Fonte: documentos AGEHAB)
Parede
α² ≤ 0,6 U ≤ 3,7
C ≥130 J/K.
Cobertura
U ≤ 2,30 W/m².K
66
Considerações item 01:
a) Sala + Cozinha + Hall – Área = 16,81m² e A = 5,76m². De acordo com a norma deve-
ria ser entre (2,52 < A < 4,20), sendo assim, está além do recomendado pela norma;
b) Quartos – Área = 8,38m² cada e A = 1,20m². De acordo com a norma deveria ser entre
(1,26 < A < 2,10), sendo assim, não atende à norma;
c) Banheiro – Área = 2,49m² e A = 0,32m². De acordo com a norma deveria ser entre
(0,37 < A < 0,62), sendo assim, não atende à norma.
d) Sala + Cozinha + Hall – Área = 16,81m² e A = 5,76m². De acordo com a norma deve-
ria ser no mínimo 1,34m², sendo assim, está dentro dos parâmetros recomendados pela
norma;
e) Quartos – Área = 8,38m² e A = 1,20m². De acordo com a norma deveria ser no míni-
mo 0,67m², sendo assim, está dentro dos parâmetros recomendados pela norma;
f) Banheiro – Área = 2,49m², portanto: A = 0,32m². De acordo com a norma deveria ser
no mínimo 0,20m², sendo assim, está dentro dos parâmetros recomendados pela nor-
ma.
68
(ABNT, 2005) para a Zona Bioclimática 06. Ficando dentro dos parâmetros apenas o fator
solar (FSo).
De acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2008), atende quanto à transmitância tér-
mica e capacidade térmica.
U ≤ 4,55 W/m².K
CT = 18 kJ/m².k
φ ≤ 0,3 Horas
69
Gráfico 01 – Comparativo entre as temperaturas internas e externas do ar e da superfície das
alvenarias pré-fabricadas com blocos cerâmicos.
70
Gráfico 02 – Relação entre a temperatura interna da habitação e velocidade dos ventos no
interior da habitação.
71
Gráfico 04 –Relação entre temperatura e cor da casa
4.3.3 - Entrevista
A satisfação dos usuários foi avaliada através de questionários aplicados aos mo-
radores que é fundamental para a retroalimentação de todo o processo de construção das edi-
ficações. Entende-se que a iniciativa de dirigir-se ao usuário da habitação, através de pergun-
tas em questionários padronizados elaborados por pessoas entendidas do processo, é uma
forma de medir a sua satisfação no que diz respeito ao conforto térmico da habitação.
Por amostragem, aplicamos 200 questionários (vide modelo Apêndice 02) e a par-
tir das respostas desses questionários pode-se observar que a maioria das casas possuem entre
3 e 4 moradores com uma renda familiar mensal entre 1 e 2 salários mínimos, pois a maioria
dos chefes de família tem ensino fundamental incompleto. As famílias são advindas de diver-
sos setores de Goiânia, porém em sua maioria do setor Parque Oeste Industrial/Grajaú. Con-
forme gráficos 05 a 16 abaixo:
72
Gráfico 05 – Moradores por unidade habitacional
73
Gráfico 07 – Nível de escolaridade do chefe de família
74
No que tange às características das casas, pode-se constatar por meio das observa-
ções não participantes uma insatisfação quanto ao tamanho da cozinha e do banheiro. Isso se
deve ainda mais pelo fato de ser do modelo de cozinha americana que não agrada as donas de
casa principalmente. Assim sendo a satisfação quanto ao tamanho da sala se torna pouca tam-
bém e quanto aos quartos observamos uma equivalência entre satisfação e pouca satisfação. A
técnica de ventilação cruzada na área comum (sala e cozinha) aliada aos vãos além do exigido
em norma, proporcionam aos moradores uma boa ventilação nesse local. O que contradiz com
os demais ambientes (quartos e banheiro). Porém metade dos moradores entrevistados ainda
julgam a casa suficiente para abrigar toda a família. Observe os dados dos gráficos a seguir:
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Gráfico 10 – Temperatura das habitações no verão
76
Gráfico 12 – Ventilação da cozinha
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Gráfico 14 – Uso de ventilador
Foi observado que a maioria das famílias não usam ventiladores por não possuirem, caso
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Gráfico 16 – Detecção de mofo nas habitações
Entre as casas que apresentaram mofo a maioria foi detectado nas alvenarias dos banheiros.
79
Capítulo 5
5.1.1 - Conclusão
Entre outras possíveis soluções pode ser feito um controle de qualidade durante o
processo de fabricação dos painéis pré-fabricados, o que evitaria problemas futuros, trazendo
um desempenho melhor em todos os sentidos, pode-se também substituir as esquadrias metá-
licas por esquadrias de madeira, que apresentam um desempenho e conforto térmico muito
melhor para a edificação e para o usuário.
80
É importante ressaltar também a importância da existência de vegetação ao redor
da edificação e no bairro em geral, deve-se levar em consideração que, por se tratar de um
bairro relativamente novo, ainda não houve tempo suficiente para crescimento de árvores que
servirão como barreiras contra o ataque direto do sol às paredes da residência.
Com tudo isso é possível ao sistema proposto de alvenaria pré-fabricada com blo-
cos cerâmicos um desempenho térmico conforme as normas vigentes que garantiria o confor-
to térmico dos usuários das habitações de interesse popular, visando dispor de recursos técni-
cos mínimos que sejam socialmente includentes.
1. Paralelo entre o desempenho térmico das alvenarias pré-fabricadas com blocos cerâ-
micos e alvenaria convencional;
81
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lng=PT .Acessado em Novembro/2010
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APÊNDICE 01 – QUESTIONÁRIO
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