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Neste trabalho procuramos apresentar a questão ambiental com enfoque nos problemas
ambientais do espaço urbano e tratar da legislação ambiental brasileira. Primeiramente, faremos
uma breve abordagem histórico-filosófica da relação do homem com a natureza, iniciando nossa
reflexão pelo pensamento clássico grego, passando pelo pensamento medieval e pelo
racionalismo na Idade Moderna, as transformações tecnológicas na produção e como a questão
ambiental veio emergindo nas últimas décadas nos países industrializados e no último no Brasil.
Em seguida, apresentamos o conceito de meio ambiente e de degradação ambiental de acordo
com a Lei n° 6938/81 e a partir daí apresentar as principais agressões ao meio ambiente urbano,
poluição do solo, da água, do ar, sonora, luminosa, degradação da fauna e da flora e sugestões
para melhor preservá-lo. Seguindo, tratamos dos princípios do Direito Ambiental (estruturais, da
ubiquidade, da precaução, da prevenção, do poluidor-pagador e da cooperação), versando sobre
o artigo 225 da nossa Constituição Federal que assegura o meio ambiente equilibrado para a
sadia qualidade de vida, avaliando a efetividade da lei na educação, prevenção e punição aos
crimes contra o meio ambiente nas cidades. Depois, discutiremos o grau de responsabilidade civil
na preservação do meio ambiente nas cidades e pelos danos provocados ao mesmo.
Palavras - chave: Meio ambiente urbano. Poluição. Legislação.
Introdução
Nas últimas décadas o mundo vem sofrendo cada vez mais com os reveses da natureza. A
questão ambiental, então, foi sendo com frequência abordada e discutida por estudiosos,
governos e pela sociedade. São inúmeros os sinais de algo não vai bem com o funcionamento do
nosso planeta: enchentes, secas prolongadas, aumento da temperatura, extinção de varias
espécies animais e vegetais, efeito estufa, buraco na camada de ozônio, entre outros.
No perímetro urbano, principalmente nas grandes e médias cidades, é perceptível o aumento do
nível de poluição. A fumaça de veículos, lixo nas ruas e grandes lixões, rios, lagoas e córregos
contaminados por resíduos, chaminés de fabricas despejando gases tóxicos, essas e outras são
causas do desequilíbrio ambiental.
Todos esses fatos vêm preocupando a humanidade e nos faz pensar como será o mundo daqui a
poucas décadas com tanto desequilíbrio ambiental.
A nossa Constituição Federal versa sobre o meio ambiente equilibrado com qualidade de vida
para todos, e essa responsabilidade de manter essa sadia qualidade de vida é dever dos
governos e da sociedade civil. Mas parece que de fato responsabilidade de preservar o meio
ambiente não é assumida, quanto mais de melhorar e reparar o mesmo.
Visamos com esse trabalho trazer a tona o crescente aumento dos problemas ambientais
urbanos, pois nas cidades habita grande parte da população mundial e brasileira, e os prejuízos
ao meio ambiente se apresentam maiores.
Ao longo de sua história, o ser humano precisou relacionar-se com a natureza, relacionamento
esse que se deu de varias maneiras. As intervenções do homem no meio ambiente foram
imprescindíveis para a preservação da espécie humana na Terra.
Nos primórdios, o homem, precisou criar mecanismos de adaptação num mundo repleto de
perigos. Uma série de transformações ocorridas no período histórico denominado de Neolítico
(cultivo de plantas, domesticação de animais) fez com que a ação humana interferisse
diretamente sobre o meio natural. As essas mudanças damos o nome de revolução neolítica ou
agropastoril, e foi uma das mais importantes revoluções culturais da História.
Na Antiguidade, em particular a filosofia grega, a physis (natureza) é concebida como eterna,
imperecível e em constate estado de transformação. A physis está integrada no cosmos
(Universo), e sendo eterna dá origem às coisas físicas que são mortais. Portanto, no pensamento
grego o homem está incorporado ao cosmos. A natureza era tida como uma potência superior. O
ser humano, integrado a physis, estava em casa, pois era parte da mesma e nela se integrava.
O pensamento na Idade Média mantinha esse relacionamento do homem com o meio. Para os
gregos a natureza se movia permanentemente, esse movimento chama-se devir, determinado por
um sentido imanente. No entanto, para o pensamento medieval a essência do mundo é Deus. A
filosofia medieval separava o infinito (Deus) do finito (mundo, homem). Segundo Baracho Junior:
Nela o Universo é criação de Deus e expressa em seus mínimos detalhes a ordenação racional e
hierárquica de essências, ainda que imersas em um jogo permanentemente entre a forma que as
revela e a matéria que as oculta, em uma Terra que é o centro do Universo.
O período moderno é o momento de radical ruptura entre o homem e a natureza. O homem
procurava um novo centro que estaria em si mesmo, ou seja, na razão, definida como capacidade
humana de questionar e julgar a realidade. Para o pensamento racionalista existe uma separação
entre sujeito e objeto, pois somente com essa distinção seria capaz de se ter maior segurança
nos fundamentos. Desse modo, a natureza passa a ser vista como uma realidade exterior ao ser
humano.
Essa fase histórica está marcada pelo início das revoluções burguesas e industriais. Influenciados
pelos ideais iluministas de que a razão evolui com o progresso, o homem moderno imbuído dessa
crença intensifica seu domínio e exploração sobre o meio natural.
O rápido avanço da ciência, da tecnologia e da indústria trazia consigo a crença no conhecimento
ilimitado da humanidade. Mas todo esse crescimento escondia uma face má. A natureza era cada
vez mais dominada e devastada. O inicio do século XX reproduz claramente esse pensamento.
As duas grandes guerras mundiais demonstraram para o mundo o incontrolável poder de
ganância que o homem tinha sobre a ciência. Foram criadas armas de destruição em massa que
até os nossos dias provocam danos por causa da radiação.
Após a Segunda Guerra Mundial com o crescente processo de industrialização começaram a
surgir as primeiras ideias de preocupação com o meio ambiente. A degradação ambiental
tornava-se um problema de ordem social em diversos países. Hoje os reveses na natureza estão
cada vez mais evidentes (aquecimento global, efeito estufa, queimadas,...) e interferindo
diretamente na qualidade de vida da humanidade.
Com o processo de industrialização no Brasil, a partir da década de 50, começaram as primeiras
discussões sobre a questão ambiental em nosso país. A legislação brasileira dispunha, até a
década de 70, de dispositivos jurídicos soltos que tratavam das questões ambientais. Somente a
partir desta década é que a preocupação com o meio ambiente se torna evidente. Mas foi a partir
da década de 90 que o Direito Ambiental, sendo desligado do Direito Administrativo, começou a
ter importância.
O direito segue princípios que regem o ordenamento jurídico, o que facilita a interpretação da lei
de acordo com a intenção do legislador. No Direito Ambiental são cinco os princípios que o
regem: estruturais, da ubiquidade, da precaução, da prevenção, do poluidor-pagador e da
cooperação.
Dentro dos princípios estruturais estão: o princípio da globalidade, os danos ao meio ambiente
afetam a todos, princípio da horizontalidade, o meio ambiente pode afetar uma série de políticas e
essas devem tê-lo como marco, princípio da sustentabilidade, liga desenvolvimento econômico e
preservação ambiental e o princípio da solidariedade, proteção as espécies vivas e aos recursos
finitos.
O principio da ubiquidade diz respeito ao que está ao mesmo tempo em toda parte, ou seja, o
meio ambiente deve está contido em todos os ramos do conhecimento. O princípio da precaução
está situado no campo da probabilidade, de algo que não se conhece, daí não se deve interferir
no meio ambiente sem saber se isso será desfavorável ou não.
O princípio da precaução diz respeito à prevenção, eliminar os riscos e a promoção da educação
ambiental como assegura o artigo 225, inciso VI, da Constituição Federal. O princípio do poluidor-
pagador trata sobre a reparação, por parte de quem polui, dos danos causados ao meio
ambiente. O princípio da cooperação visa a união do poder público e da sociedade civil num
esforço conjunto para a promoção do direito a um ambiente sadio a todos.
A Constituição Federal no seu artigo no artigo 225 indica:
todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A questão ambiental recebe tratamento especial pela nossa Constituição. Ela versa sobre a
proteção, recuperação e melhoria do meio ambiente. Antes de 1988 a legislação brasileira tratava
o cuidado ao meio ambiente apenas como defesa da espécie humana e sua saúde física. Com a
Constituição de 88 a preocupação se volta para a sadia qualidade de vida com bem-estar.
O artigo 225 versa sobre a preservação da diversidade biológica de nosso país; proteção de
territórios e seus componentes, estudo prévio de impacto ambiental na instalação de atividades
que poderão causar prejuízos para o meio; controle na produção, comercialização e emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comprometam a vida; promoção da educação ambiental,
ensino e conscientização; e proteção da fauna e da flora para que não se provoque a extinção de
espécies ou crueldade aos animais.
Parece-nos que a prevenção, baseada na educação ambiental, ainda deixa muito a desejar.
Necessário se faz integrar aos currículos escolares e acadêmicos o ensino e a conscientização
ambiental, além da utilização dos meios de comunicação para a promoção desse fim.
A nossa legislação versa, ainda, sobre a melhoria do meio ambiente e a punição aos danos
causados a ele. Contudo em nossas cidades o cuidado com o meio não parece ser levado a sério
por governos e pela sociedade. A falta de políticas públicas que beneficiem o ambiente onde
vivemos traz prejuízos à sadia qualidade de vida. Além do mais os crimes cometidos contra o
meio ambiente passam muitas vezes despercebidos pelas autoridades, e ainda sofrem penas
leves o que demonstra o grau de consciência ambiental dos nossos legisladores.
A responsabilidade civil ambiental tem como foco traçar os parâmetros para a verificação do dano
causado e a responsabilização do agente causador, seja ele pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado.
No direito ambiental a responsabilidade civil está baseada no artigo 37 § 6º, da Constituição
Federal, e no art. 14 § 1º, da Lei nº 6.938/81. Assim, percebemos a natureza objetiva da
responsabilidade civil atribuída ao causador de agressão ao meio ambiente.
A Lei n. 6.938, de 31 d agosto de 1981, que em seu art. 14, § 1°, determina:
sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados
terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao
meio ambiente.
A Constituição Federal, assimilando este dispositivo, em seu art. 225, § 3°, estabelece que as
condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação da
obrigação de reparar os danos causados.
Assim desejamos mostrar que os dispositivos legais deixam bem claro a responsabilidade civil
pelos danos ao meio ambiente, bem como prever punições para os atos lesivos.
Impõe-se, por conseguinte, que a sadia qualidade de vida, oriunda de um meio ambiente
equilibrado, passa pela responsabilidade de todo cidadão no cuidado com a natureza.
Principalmente nas cidades aonde vem se concentrado grande parte da população mundial. E no
Brasil, onde nossa Constituição Federal versa com importância sobre o tema, se faz necessária a
correta aplicabilidade da lei deste a educação ambiental as medidas punitivas.
Considerações finais
Referências
BARACHO JUNIOR, José Alfredo de Oliveira. Responsabilidade civil por dano ao meio ambiente.
Belo Horizonte: Del Rey, 1999.
BRASIL. Legislação de Direito Ambiental. Organização de Luis Paulo Sirvinskas. 3. ed. São
Paulo: Rideel, 2008.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia: história e grandes temas. 16. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006.
_______. História global: Brasil e geral. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
DOURADO, Maria de Fátima Abreu Marques. Responsabilidade civil ambiental. Jus Navigandi,
Teresina, ano 10, n. 905, 25 dez. 2005. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2009.
MARQUES, José Roberto. Meio ambiente urbano. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
MORAIS, Luís Carlos Silva de. Curso de Direito Ambiental. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
Autor:
Lisandro Santos de Sousa
lisandrosousa_jus@hotmail.com
Natural de Parnaíba, litoral do Piauí, acadêmico de Direito na Universidade Estadual do Piauí.
(Fonte: www.artigos.com)