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Resumo:
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Palavras-chave: Exame criminológico. Detento. Sociedade.
1. Introdução
Afirmar que o exame criminológico é uma questão de segurança pública, não é uma assertiva
hiperbólica. É algo verídico.
Com o passar dos séculos, as punições deixaram de ter um caráter uniforme de punir crimes de
grande perversidade, e passaram a estar de acordo com a constituição de seu país e/ou estado.
De modo particular, o sistema prisional brasileiro adota a punição sob o prisma da readaptação
do delinquente a vida social. Embora o crime seja da natureza mais horrenda.
Assim, um dos requisitos básicos para que de fato a reeducação social se efetivasse seria o
estado dispor de ambientes prisionais apropriados para tal fim. E promover a individualização da
pena, segregando de maior periculosidade dos detentos que cometeram infrações de menor
complexidade. Fato difícil de ocorrer.
A cada dia, cresce no seio da sociedade brasileira, insegurança. Milhões de pessoas são
expostas dia-a-dia as diversas práticas de crimes. A maioria deles é praticada por indivíduos
beneficiários de algum tipo de benefício de mudança de regime ou livramento condicional.
Esses colaboram para intensificar a insegurança que é intrínseca “pelo fato de o homem não ser
auto-suficiente no plano material e espiritual, ele não se sente totalmente seguro. Necessita, ao
mesmo tempo, da natureza, que lhe fornece meios de sobrevivência e comanda a sua vida
biológica, e do meio social, que é o ambiente propício ao seu desenvolvimento moral. O seu
estado de permanente dependência proporciona-lhe a inquietude” (NADER, 2000, p.116).
Dessa maneira, a extinção do exame criminológico faz aflorar, neste grupo social naturalmente
inseguro, o sentido de desamparo por parte do Estado, uma vez que, não é levada em
consideração a segurança da mesma perante uma decisão judicial que pode colocar no seu meio
um apenado de grande periculosidade submetido a um simplório atestado carcerário.
A alteração dessa lei provoca uma discussão devido a exclusão do exame criminológico nos
procedimentos que tenham como finalidade certificar a conduta social do detento para que possa
ser deferida a solicitação de mudança de regime.
Com a alteração entra em debate a interpretação de alguns juízes que ainda utilizam o exame
para concederem benefícios de liberdade a apenados que se enquadram nos requisitos previstos
no artigo 83 do Código Penal.
Esses juízes entendem que a partir da sanção alteradora da referida lei o exame criminológico
deixou de ser obrigatório, não constando mais no texto legal. Porém, está facultado ao
magistrado requerer-lo perante seu entendimento de necessita de uma avaliação precisa do
detento.
É sensata a interpretação de juízes como esses, porque admitem que a realidade prisional não
afeta apenas o âmbito infra-estrutural como também a personalidade daqueles que lá se
encontram. Valorizando, dessa forma, o trabalho da chamada equipe multidisciplinar formada por
psicólogo, psiquiatria e assistente social, encarregada de diagnosticar a aptidão social do preso.
Mas para um outro grupo, o fato de não conter menção alguma ao exame é devido a morosidade
que o mesmo provocava. Todos pretendem ver agilização nos processos judiciais. Desde que
não comprometa a segurança social.
Como pode-se mencionar que a atitude de banir o exame criminológico consiste num avanço
para justiça brasileira, se ela percebe o mérito do exame seja obrigatoriamente ou não.
O principal critério para inexistirem injustiças é não interpretar a lei literalmente, olvidando-se dos
possíveis danos que uma de liberdade pode causar considerando apenas o parecer do diretor do
estabelecimento penitenciário. Ele na maioria das vezes está azafamado. Além de não dispor de
recursos técnicos para aferir se o comportamento do presidiário é um conjunto de atitudes
falseadas a fim de conquistar a liberdade, ainda que provisória.
5. O Caso Richthofen
Suzane Louise von Richthofen foi condenada, no dia 22 de julho de 2006, a trinta e nove anos de
prisão, em regime fechado, por parricídio (matar o pai) e matricídio (assassinar a mãe).
Recentemente seu advogado e tutor, o Dr. Denivaldo Barni, fez o pedido de progressão de
regime para sua cliente.
O juiz da 1ª Vara de Execuções Criminais, Dr. Luís Geraldo Sant' Ana Lanfredi, determinou no dia
25 de maio do corrente ano, que ex-estudante de direito seja submetido ao exame criminológico
para a concessão do benefício. Embora, como alega a defesa de Suzane, ela tenha cumprido
mais de um sexto de pena ( 76 meses) por meio de prestação de serviços e tenha tido um bom
comportamento carcerário o juiz exigiu o exame.
Esse fato corrobora a relevância do exame criminológico,tendo se passado mais de cinco anos da
sanção da Lei de Execução Penal nº 10.792/03 a qual extinguiu o exame. O procedimento do Dr.
Luís Lanfredi afirma que para casos análogos este método certificação de conduta social,
personalidade e aptidão para estar em sociedade, é superior a um atestado de comportamento
carcerário. Entende-se o réu como ser humano que é dotado de qualidades morais inúmeras
vezes inobserváveis.
Torna-se notório aos críticos que refutam a importância do exame criminológico, que ele é por
meio do próprio quadro vulnerável do sistema prisional somado às práticas de delitos
monstruosos, um instrumento exigido de maneira exterior a lei, todavia obedecendo a autoridade
do magistrado munido do Princípio de Complementação Coerente e Dependente do Preceito, o
qual afirma que “ é um dado da experiência que o Direito codificado não é suficiente, pelo simples
enunciado das normas, para proporcionar ao juiz a solução necessária ao julgamento. O Direito
Positivo apresenta-se mediante normas, genéricas e abstratas, que podem ser aplicadas com
automatismo. Ao lidar com conceitos amplos e gerais da norma jurídica, guiado pelo ratio legis3 e
pelo elemento teleológico, o juiz avalia o alcance da disposição com discernimento” (NADER,
2000, p. 169).
Deste modo, é explícito o entendimento cada vez maior dos Egrégios Tribunais da importância do
exame em avaliações que envolvam partícipes de homicídios praticados com violência.
6. Considerações Finais
Para grande parte dos leitores deste artigo a impressão primária foi de que o mesmo abordaria
um assunto minúsculo em relação aos problemas enfrentados pela sociedade no tocante a
segurança.
Entretanto, percebeu-se a abrangência deste instrumento de certificação de conduta. Por meio de
uma análise da precariedade prisional de garantir uma reintrodução satisfatória do apenado na
sociedade.
Além de ter apresentado este mecanismo de avaliação, o exame criminológico, como um meio de
segurança imposto involuntariamente pela sociedade, como forma de proteção.
Através da análise histórica observou-se a mudança na maneira de punir por parte do Estado.
Surgindo na nossa Constituição Cidadã o valor ressocializador. Configurando a pena como o
método capaz de formar a consciência, no apenado, de que seu ato causou danos irreparáveis à
sociedade e, a ele, sua liberdade. Por mais utópica que possa ser, essa é a premissa
embasadora da ressocialização. A construção de uma nova conduta social.
No mais, a discussão relativa a obrigatoriedade do exame mostrou que mesmo não constando na
Lei de Execução Penal se formou um entendimento unânime pela sua necessidade na avaliação
dos candidatos à progressão de regime e livramento condicional, uma vez que são benefícios que
envolvem a ordem e a paz social.
7. Referências
Brasil. Lei nº 7.210 de 11 de julho de 1984. Disponível em: . Acesso em: 10 de jun. 2009.
____. Lei nº 10.792 de 01 de dezembro de 2003. Disponível em: . Acesso em: 10 de jun. 2009.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
PORFÌRIO, Fernando. Suzane Richthofen deve passar por exame criminológico. São Paulo, 25
de maio. 2009. Disponível em: . Acesso em: 01 de jun. 2009.
SÁ, Alvino Augusto de. Criminologia clínica e psicologia criminal. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2007.
Autor:
Gilberto de Simone Junior
gilberto_jus@yahoo.com.br
Nascido em São Paulo,capital, em 27 de abril de 1988. Reside no Piauí desde 1997. Acadêmico
do Curso de Direito da Universidade Estadual do Piauí.
Fonte: (www.artigos.com)