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Ação rescisória
Conceito
O recurso e a ação rescisória são os dois remédios processuais cabíveis que podem ser usados
contra a sentença.
O que caracteriza o recurso é que a impugnação da decisão acontece dentro da mesma relação
jurídica processual da resolução judicial que se impugna. Portanto, só cabem recursos enquanto
não verificado o trânsito em julgado da sentença. Operada a coisa julgada, a sentença toma-se
imutável e indiscutível para as partes do processo; conforme art.467 do CPC.
Há casos, entretanto, em que a veemência dos vícios da sentença vem realmente abalar as
razões em que se fundamenta a imutabilidade dos julgados, fazendo com que, sempre no
interesse público, a exigência de justiça prevaleça sobre a de segurança. Para esses casos,
nosso ordenamento jurídico previu o remédio especifico da ação rescisória, pelo qual,
instaurando-se nova relação jurídica processual, pode ser desconstituída a sentença. A ação que
visa rescindir a sentença transitada em julgado é a ação rescisória.
Nesse contexto, podemos definir a ação rescisória como a ação por meio da qual se pede a
desconstituição da coisa julgada material, o que pressupõe tenha ocorrido litigiosidade à qual se
pôs fim com apreciação do seu mérito.
A coisa julgada preserva a segurança das relações jurídicas, enquanto a rescisória visa a obter
justiça. Esta constitui, assim exceção, e aquela, regra.
Pressupostos
Além dos pressupostos comuns a qualquer ação, a rescisória para ser admitida exige quatro
requisitos básicos a saber:
a) decisão judicial de mérito transitada em julgado,
b) não decurso do prazo decadencial de dois anos, nos termos do art.495 do CPC,
c) Enquadramento em uma ou mais das hipóteses previstas no art.485 do CPC,
d) Deposito que alude o art. 488, inc.II do CPC.
Esses são os pressupostos específicos para a propositura de ação rescisória, os quais analisarei.
Decisão de Mérito
Na técnica processual moderna, o mérito da causa é a própria lide, ou seja, o fundo da questão
substancial controvertida.
O importante para uma sentença ser qualificada como de mérito não é a linguagem usada pelo
julgador, mas o conteúdo do ato decisório, ou seja, a matéria enfrentada pelo juiz.
O pressuposto especifico da Ação Rescisória, que se adiciona aos demais exigíveis das ações
cíveis em geral, é a presença de decisão de mérito transitada em julgado e da observância do
prazo decadencial, sem os quais não tem procedibilidade. Não cabe Ação rescisória que visa
desconstituir sentença terminativa, por não haver decisão acerca do mérito da questão.
Todavia, não existe necessidade da exaustão das vias recursais pelo interessado. Nesse sentido
esclarece a Súmula nº 514/ STF que preconiza:
Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que
contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.
Sendo assim, mesmo que o interessado tivesse à sua disposição meios recursais e não fizesse
uso dele em tempo hábil, ainda sim, se a hipótese se encontrasse no rol do art. 485 do CPC, ele
poderia fazer uso da ação rescisória contra sentença de mérito.
O art.495 do CPC preconiza que: o direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos,
contados do trânsito em julgado da decisão.
A regra para definir o termo inicial do biênio é o transito em julgado da última decisão, proferida
nos autos, incluindo-se a remessa necessária, ou seja, aquelas ações que estão sujeitas por lei
ao duplo grau de jurisdição, as quais não produzem efeito enquanto não forem confirmadas pelo
tribunal.
As condutas narradas no inciso I são tipificadas no Código Penal nos artigos 319 , 316 e 317
respectivamente.
Para que a rescisória seja favoravelmente acolhida não é necessário que o juiz tenha sido
previamente condenado no juízo criminal. Permite-se que a prova do vicío seja feita no curso da
própria rescisória.
A regra do inciso II visa resguardar o principio do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV), em toda
a sua dimensão, incluindo- se o juízo natural, imparcial e competente.
Os casos que determinam o impedimento do juiz encontram-se descritos nos arts. 134 e 137 do
CPC.
Já nos casos do inciso III, cabe ao juiz impedir que as partes utilizem o processo para,
maliciosamente, obterem resultado contrário à ordem jurídica. Quando o magistrado concluir que
as partes estão manejando a relação processual para praticar ato simulado ou conseguir fim
proibido por lei, deverá proferir sentença que impeça que as partes alcancem seus objetivos.
Os vícios determinantes de dolo processual por dolo processual por constituírem má-fé não são
presumidos.
O inciso IV expõe que a coisa julgada, na definição do Código, é o caráter de que se reveste a
sentença já não mais sujeita a recurso, tornando-a imutável e indiscutível.
Após o trânsito em julgado, cria-se para os órgãos judiciários uma impossibilidade de voltar a
decidir a questão que foi objeto da sentença. Sendo assim, qualquer nova decisão entre as
mesmas partes, violará a intangibilidade da rés iudicata. E a sentença, assim obtida, ainda que
confirme a anterior, será rescindível, dado o impedimento em que se achava o juiz de proferir
nova decisão.
O vocábulo “lei” tem como fonte primária o art. 59 da CF, onde há um conjunto de várias espécies
normativas compreendidas no âmbito do processo legislativo, a saber: emendas à constituição,
leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e
resoluções.
O dispositivo não se refere à justiça ou injustiça no modo de interpretar a lei. Nem se pode
pretender rescindir a sentença sob invocação de melhor interpretação da norma jurídica aplicada
pelo julgador.
No contexto do inciso VI, prova tem acepção ampla. Vale dizer, refere-se à prova documental, à
oral e a pericial, abrangendo a falsidade material e a ideológica.
O inciso VIII determina que para o êxito da rescisão não é suficiente que o ato jurídico (confissão,
desistência ou transação) seja passível de invalidação. É indispensável que a sentença tenha tido
como base o ato viciado.
Por fim, o inciso IX esclarece que para que o erro de fato dê lugar à rescindibilidade da sentença
deve-se averiguar se o erro foi causa da conclusão da sentença; se há de ser apurado mediante
simples exame das peças do processo, não se admitindo, de modo algum, na rescisória, a
produção de quaisquer outras provas tendentes a demonstrar que não existia o fato admitido pelo
juiz ou que ocorrera o fato por ele considerado inexistente.
Para coibir abusos na propositura da ação rescisória, o legislador achou por bem determinar que
a parte que propuser a ação rescisória deve depositar a importância de 5% sobre o valor da
causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou
improcedente.
Verificada a situação acima, a multa reverterá em favor do réu, sem prejuízo do direito que este
ainda tem, como vencedor de reembolso das custas e honorários advocatícios (art. 494).
Muitos doutrinadores entendem que o referido depósito é inconstitucional porque fere o principio
do acesso a justiça, uma vez que essa exigência pode, em muitos casos, restringir o exercício do
direito de propor a ação rescisória.
Da ação declaratória
Da legitimidade
O Código de Processo Civil em seu art. 487 declara os legítimos para propor a ação em estudo.
A parte que tem legitimidade para propor a ação são: o autor, o réu e ainda o assistente.
Se houve sucessão inter vivos ou mortis causa na relação jurídica que foi objeto da sentença, o
sucessor da parte também é legitimado a propor a rescisória.
Outrossim, é importante ressaltar que o terceiro só terá legitimidade quando tiver interesse
jurídico. Não é suficiente um simples interesse de fato.
No caso em que o Ministério Público atuou como custus legis, em consonância com os arts. 82,
83, 84 e 246 do CPC, a falta de intervenção do seu órgão, por si só, muitas vezes não gera
nulidade, pois deve ser observado o principio da instrumentalidade das formas (arts. 154 e 244 do
CPC), pelo qual não deve ser declarada nulidade se não houve prejuízo. O prejuízo é o que pode
determinar o acolhimento, ou não, sob esta perspectiva, do rescisório.
A petição inicial, endereçada ao tribunal, deve satisfazer às exigências comuns constantes do art.
282 do CPC.
Entretanto, o art. 488 impõe duas providencias especiais ao autor da rescisória: I) cumular ao
pedido da rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; II) depositar a importância de
5% sobre o valor da causa, a título de multa, caso não seja, por unanimidade de votos, declarada
inadmissível.
Ação anulatória
O art. 486, do CPC prescreve que: Os atos do judiciais, que não dependem de sentença ou que
esta for meramente homologatória, podem ser rescindidas, como os atos jurídicos em geral, nos
termos da lei civil.
São eles:
a) atos judiciais que independem de sentença (p.ex.: execução, adjudicação, arrematação,
remição etc., quando não opostos embargos).
O que caracteriza, em principio, tais atos, é o fato de que, sendo formalmente decisões
interlocutórias, materialmente, no entanto, não resolvem, no curso do processo questão incidente
alguma, limitando-se, como regra, a verificar a regularidade formal daquele ato processual.
Em ato judicial de tal natureza, o órgão judicante limita-se ao exame das formalidades legais, não
emitindo nenhum valor a respeito. Daí a sua eventual impugnação não ocorrer através de
rescisória, pela ausência de exame de mérito e, consequentemente, de coisa julgada material.
Posto isto, o alvo da ação anulatória não é a coisa julgada, como se vê da ação rescisória. Trata-
se de ação contitutiva- negativa que se volta contra ato realizado ou praticado, no processo, pelas
partes ou ainda terceiro juridicamente interessado, nunca por órgão judicial.
Atos judiciais, não sentenciais, ou quando esta for meramente homologatória, podem ser
anulados, não rescindidos, como atos jurídicos em geral, nos temos de normas d direito material.
Tal ação, em regra, será processada e julgada no juízo de primeiro grau, sendo relevante que o
ato anulado tenha sido prolatado por tribunal. Da respectiva decisão serão cabíveis os recursos
pertinentes.
O prazo para os eu ajuizamento é regulado pelo art. 178 do CC, ou seja, quatro anos,
observando-se os termos iniciais previstos nos respectivos incisos, para os casos de
anulabilidade.
Autor:
simone almeida silva neves
sialmeida@oi.com.br
Estudante do 10º período em Direito da Universidade Fumec.
Fonte: (www.artigos.com)