INTRODUÇÃO
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No que respeita à promoção das vocações ao sacerdócio e de
especial consagração, “tal problema tornou-se dramático devido à
alteração do contexto social e à aridez religiosa causada pelo
consumismo e secularismo”,(2) entre outros factores.
As mudanças culturais devem ser assumidas em atitude de
discernimento crítico e de abertura à esperança.
2
do primado absoluto de Deus (3).
3
9. Acresce a tudo isto que nas nossas comunidades muitos fieis
manifestam desinteresse pela cultura vocacional, esquecendo que
todos e cada um dos membros das comunidades cristãs são
responsáveis pela promoção das diversas vocações eclesiais para a
construção do Reino de Deus, a consagração do mundo e a
edificação da Igreja: as vocações ao ministério ordenado e de
especial consagração, e as vocações laicais.
Além disso, a escassez do número das vocações sacerdotais e de
especial consagração conduz, por vezes, a uma Pastoral Vocacional
que acentua mais as tarefas e actividades a realizar, do que o
mistério de Cristo e da Igreja que cada vocação contém e está
chamada a significar.
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Paulo II, um “salto de qualidade” na praxis da pastoral vocacional
(5), como veremos adiante.
Chamados à comunhão
5
15. A acção vocacional tem como dever “premente e irrecusável
anunciar e testemunhar o sentido cristão da vocação”, a boa notícia
do chamamento. O povo cristão tem direito a escutar este
“Evangelho da Vocação”.
Deste Evangelho faz parte a proclamação da especificidade e do
valor das diversas vocações: ministério ordenado (presbíteros e
diáconos), vida consagrada religiosa e secular, e laical. Deve
proclamar a beleza inestimável do celibato e da virgindade como
formas de viver o amor “com um coração novo, grande e puro, com
um autêntico esquecimento de si mesmo, com dedicação plena,
contínua e fiel” (7), assim como anunciar a complementaridade da
castidade conjugal e da castidade celibatária.
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consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as família e
as comunidades…” (9), antes de quaisquer programas, iniciativas
ou acções pastorais, é o grande desafio para todos os que procuram
ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas do
mundo.
A pastoral das vocações, situa-se na compreensão da Igreja como
comunhão e missão. Sendo assim, os vocacionados ao ministério
dão continuidade ao serviço de Jesus, ungido pelo Espírito Santo,
para levar a Boa Nova aos pobres, a luz aos que andam nas trevas,
a liberdade aos que estão prisioneiros, a vida a todos os homens.
7
históricas e culturais exigem que a pastoral das vocações seja vista
como um dos objectivos primários de toda a comunidade cristã”
(12). Isto supõe e exige dar início a uma cultura do chamamento, ou
seja, passar de uma atitude da espera e do acolhimento dos que se
sentem chamados e se oferecem para as diversas vocações,
especialmente para o sacerdócio ministerial e para a vida de
especial consagração religiosa e secular, a uma pastoral da
proposta directa, do convite e do chamamento pessoal.
Torna-se urgente o anúncio explícito da excelência e da riqueza das
vocações de especial consagração aos jovens. Consequentemente,
a pastoral deve ser mais corajosa e franca em relação à proposta
vocacional, mais concreta e incisiva na apresentação da
mensagem-proposta, mais dirigida à pessoa e não apenas ao grupo,
mais feita de envolvimento concreto e não de apelos vagos a uma
fé abstracta e distante da vida, mais provocadora do que
consoladora.
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especialmente, com a pastoral juvenil. Em todo este processo terá
um papel importante a solicitude dos pais cristãos.
9
26. Torna-se necessário redescobrir a liturgia como lugar de
encontro vocacional:
- Na celebração eucarística, exaltando o sentido da oferta
espontânea, consciente, generosa e total de si mesmo, e a oblação
da própria vida no desempenho dos diversos ministérios
necessários para o serviço do Povo de Deus e da causa de Jesus.
Neste aspecto há que prestar atenção aos acólitos. Eles
“constituem um viveiro de vocações sacerdotais (15) ... se bem
acompanhados.
- Na celebração dos vários sacramentos, especialmente do Crisma,
aprofundando a dimensão vocacional da vida cristã e abrindo para
a compreensão dos diversos ministérios indispensáveis à vida e à
missão da comunidade cristã, bem como à participação voluntária e
gratuita na comunidade humana (16);
- Na celebração do Matrimónio fazendo descobrir o matrimónio
como vocação e a família como Igreja doméstica, mãe e geradora
de vocações.
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aos mais pobres e necessitados, educando para o valor do
sacrifício, da doação incondicional e gratuita, para o
empenhamento desinteressado, para aceitar o convite a perder a
vida. Deste modo, o voluntariado converter-se-á em caminho de
compromissos progressivos que podem levar, de chamamento em
chamamento, a decisões definitivas, até numa vocação de especial
consagração.
11
pelos outros ou pelo Outro, a confiança em si próprio e no próximo,
a liberdade de acolher responsavelmente o dom recebido.
IV – ESTRUTURAS PASTORAIS
12
estar presente na pastoral vocacional da Igreja, que é o espírito de
comunhão. “A crise vocacional é também crise de comunhão em
promover e fazer crescer as vocações” (19). As vocações
desenvolvem-se onde se vive um espírito autenticamente eclesial,
numa Igreja como comunhão.
A nível paroquial
13
36. Reconhecendo que toda a acção vocacional é a “categoria
unificadora da pastoral em geral”, o Conselho Pastoral Paroquial
deve ser o lugar privilegiado do interesse pela Pastoral das
Vocações nas paróquias.
Sinal de unidade e de comunhão e lugar onde brotam as
preocupações, necessidades e esperanças da comunidade cristã, o
Conselho Pastoral Paroquial deverá, na sua programação anual,
prever e promover que toda a pastoral seja vocacional e,
nomeadamente:
- sensibilizar para uma visão da comunidade paroquial como uma
comunidade de ministérios;
- sensibilizar para a realidade das vocações, nomeadamente para
as vocações de especial consagração;
- promover grupos de oração pelas vocações;
- promover momentos de formação sobre a Vocação;
- sensibilizar as famílias, os catequistas, os educadores, os
movimentos, os agentes pastorais para a urgência da Pastoral
Vocacional;
- criar uma equipa de animação vocacional;
- dinamizar, entre outras, a Semana Diocesana dos Seminários e a
Semana de Oração pelas Vocações.
A nível diocesano
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- Preparar e oferecer subsídios pastorais de utilidade comum;
- Promover a formação de educadores e animadores vocacionais.
A nível nacional
CONCLUSÃO
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40. Novas vocações surgirão na medida em que houver
compromisso e testemunho da vocação baptismal, comunidades
eclesiais entusiasmadas com a presença do Ressuscitado e capazes
de anunciar o Evangelho transformador da esperança.
Na proposta vocacional, procurem as nossas comunidades eclesiais
ser mais entusiastas e entusiasmadoras, mais alegres e vivas,
menos tímidas e mais arrojadas, mais corajosas e encorajadoras,
mais optimistas e portadoras de esperança.
É hora de chamar com a audácia dos verdadeiros apóstolos.
Também aqui é imperioso “fazer-se ao largo” numa mentalidade
nova e com iniciativas diferentes.
É fundamental suscitar e acompanhar vocações à maneira de Jesus:
semear, acreditando que é Deus quem semeia; acompanhar,
fazendo caminho com aquele que é chamado à vocação; descobrir
que Jesus faz caminho com aquele que se vê chamado; falar com
clareza e exigência, apelando ao testemunho da radicalidade e à
imitação de Cristo sem reservas; ajudar a tomar decisões e a
comprometer-se; ajudar a descobrir critérios de discernimento
vocacional.
16
Reino.
Exortamos as famílias, os catequistas e os professores cristãos a
que promovam uma autêntica cultura vocacional, ajudando os
jovens a descobrir o projecto que Deus tem para cada um,
cultivando a disponibilidade em fazer da vida um dom para a
missão, motivando-os para o encontro pessoal com o Senhor.
Encorajamos as famílias a viverem como verdadeiras “igrejas
domésticas”, sendo espaços que possibilitem o surgir das diferentes
vocações.
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Notas
(1) JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte (Roma
2001), nº 46.
(2) JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte (Roma
2001), nº 46.
(3) Cf. JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Ecclesia in Europa
(Roma 2003), nº 38.
(4) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis (Roma
1992), nº 10.
(5) Cf. OBRA PONTIFÍCIA PARA AS VOCAÇÕES ECLESIÁSTICAS, Novas
Vocações para uma Nova Europa (In verbo tuo…). Documento final
do Congresso sobre Vocações para o Sacerdócio e a Vida
Consagrada na Europa, Roma, 5-10 de Maio de 1997 (Roma 1998)
[NVNE], nº 13.
(6) JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte (Roma
2001), nº 42.
(7) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis (Roma
1992), nº 22.
(8)Cf. OBRA PONTIFÍCIA PARA AS VOCAÇÕES ECLESIÁSTICAS, NVNE,
nº 26.
(9) JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte (Roma
2001), nº 43.
(10) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis
17
(Roma 1992), nº 33.
(11) OBRA PONTIFÍCIA PARA AS VOCAÇÕES ECLESIÁSTICAS, NVNE,
nº 19.
(12) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Ecclesia in Europa (Roma
2003), nº 40.
(13) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Ecclesia in Europa (Roma
2003), nº 40.
(14) CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Bases para a Pastoral
Juvenil (Fátima 2002), nº 18.
(15) Cf. Carta do Santo Padre João Paulo II aos sacerdotes por
ocasião de Quinta-feira Santa de 2004, nº 6.
(16) Cf. CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Bases para a
Pastoral Juvenil (Fátima 2002), nº 19.
(17)JOÃO PAULO II, Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte (Roma
2001), nº 46.
(18) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Ecclesia in Europa (Roma
2003), nº 33.
(19) OBRA PONTIFÍCIA PARA AS VOCAÇÕES ECLESIÁSTICAS, NVNE,
nº 29.
(20) JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pastores Gregis (Roma
2003), nº 54.
(21) OBRA PONTIFÍCIA PARA AS VOCAÇÕES ECLESIÁSTICAS, NVNE,
nº 29.
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