Gitte Stald
Uso e adaptação
O telemóvel actual tem uma série de funcionalidades. O seu uso pode ser visto
como prático ou relacionado com o conteúdo.
Os jovens utilizam-no essencialmente como forma de comunicação. Depois desta
as funcionalidades mais utilizadas são o alarme, relógio, bloco de notas e agenda. A
internet, MMS, jogos, música e rádio são os serviços menos usados, apesar da maioria
dos jovens questionados terem telemóveis com tecnologias avançadas e assinaturas que
lhes permitiam o uso desses serviços. Argumentos para a não utilização prendem-se com
questões financeiras e a fraca qualidade, exceptuando o serviço de rádio e MP3 que está
em franco crescimento.
As fotos são tiradas com os telemóveis mas raramente são enviadas através dos
mesmos. São mostradas através do dispositivo físico ou guardadas no computador
através de ligações infravermelhos ou Bluetooth e compartilhadas via e-mail, Messenger
ou chats.
Outra razão para a limitada utilização dos telemóveis é o baixo nível de literacia
tecnológica. Muitos não se dão ao trabalho de configurar os dispositivos e usá-los;
também preferem um ecrã maior, um teclado melhor e uma ligação mais rápida que a
oferecida pelos telemóveis. No entanto, a maioria que se considera analfabeto
tecnológico, nas entrevistas demonstrou ter conhecimentos dos potenciais serviços,
funções, soluções e as qualidades desejáveis e indesejáveis dos conteúdos. A utilização
das ligações através de Bluetooth, infravermelhos e portas USB têm vindo a crescer.
Os telemóveis cada vez mais oferecem diferentes tecnologias, formatos de
comunicação, conteúdos e ligações a outros meios de comunicação. O impacto a longo
prazo destas possibilidades não é de fácil previsão pois nos diferentes países do Mundo,
elas são adaptadas e integradas de diferentes formas segundo vários conjuntos de
condições que as afectam: factores culturais, aspectos sociais e constrangimentos
práticos.
A escolha dos telemóveis e da utilização dos serviços também são indicativos da
mobilidade e das tendências nas culturas juvenis. Neste aspecto os jovens dividem-se em
duas categorias: os que adquirem os telemóveis mais avançados, mais na moda e mais
caros, não pelas suas funcionalidades mas como demonstração social e se não o
conseguem adquirir podem mesmo ficar com traumas; e os que não se importam com a
aparência do telemóvel desde que funcione.
Os primeiros, principalmente as raparigas, gostam de decorar os telemóveis,
modificar as configuração, os toques de acordo com a imagem que querem transmitir e
principalmente de acordo com a percepção do telemóvel como uma "casca", um
dispositivo físico que contém e representa o sensível e conteúdos pessoais relativos à
identificação pessoal.
Todos os entrevistados tinham telemóvel e apenas um pequeno grupo não o
prioriza como algo absolutamente indispensável. Um pequeno grupo tinha telemóveis
antigos e simples e raramente efectuavam chamadas ou utilizavam mensagens escritas.
Outro grupo também tinha uma postura descontraída face à utilização do telemóvel mas
mais consciente; deixavam os telemóveis em casa várias vezes e cultivavam a atitude de
não estarem dependentes dele, no entanto, esta atitude não expressa necessariamente
resistência à cultura de grupo mas sim, mostrar controle.
Todos concordam que o telemóvel em si e combinado com outros meios de
comunicação social, é extremamente útil, necessário e bom para manter todo o tipo de
relacionamentos.
Disponibilidade
Comunicação Fática
Com o telefone sempre ligado não há momentos livres, embora o ideal seja
controlar a sua utilização o que significaria, em simultâneo, controlar a sua vida. O
que se perderia se desligássemos o telefone e demasiado para que essa hipótese
possa ser considerada. Então continuamos a ver que há adolescentes que são
continuamente interrompidos no dia-a-dia, levantando-se a questão acerca da
habilidade cognitiva que é necessária para se concentrar, lidar com múltiplas tarefas
e grandes quantidades de informação.
Stress
Presença
O ser humano tem capacidade de dividir a sua atenção quando interage com
uma actividade principal e outras paralelas, embora seja a principal que determina a
acção num dado momento.
Quando alguém utiliza o telemóvel acaba por conseguir estar concentrado em
duas actividades, se está acompanhado. No entanto, vai proporcionar uma grande
frustração a quem está em comunicação, quando há pessoas por perto em termos
de interacção. Por outro lado, causa um sentimento de exclusão por parte de quem
está presente mas sem permissão para participar. Numa comunicação por telemóvel
está-se fisicamente presente num espaço, mas mentalmente presente em um outro.
Ele proporciona um sentimento de proximidade e segurança numa determinada
situação, chegando a ser comparado a um “guarda-costas” simbólico.
Um outro aspecto prende-se com a função do telemóvel como uma ligação
pessoal, uma espécie de diário de vida que guarda momentos, memórias,
pensamentos de uma forma visual e textual.
O telemóvel acaba por ter também uma função de blogmóvel privado que pode
ser partilhado com amigos. Permite documentar experiências pessoais com som,
imagens e video e é um equipamento que está sempre presente, disponível, no local
onde uma situação acontece. É assim uma ferramenta chave para capturar
momentos, armazenar informação e documentar experiências.
Conclusão