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Introdução:
Neste trabalho analisaremos o instituto da Transação como um todo, seu conceito civil e tributário
e trataremos especificamente da transação tributária em face dos princípios estatais, da
transação e o REFIS, apresentaremos exemplosda transação civil e tributária e faremos um
paralelo entre a transação no direito civil e no tributário.
ouvem a cada passo, cujo reiterado emprego pode propiciar falsa idéia acerca do instituto em
questão. Com efeito, em todos os casos apresentados,transigir quer dizer apenas negociar,
manter relações de comércio.
Em sentido técnico,porém, a transação éum negócio jurídico bilateral,ou seja, firmado entre
devedor e credor, no qual através de concessões mútuas, se extinguem litígios e
conseqüentemente a obrigação.
Hugo de Brito Machado[3], ao analisar a transação, dicciona :"No sentido jurídico restrito, a
palavra transação reflete maisadequadamente a sua origem,posto queela deriva do latim, de
transactio, resultando da ação expressa pelo verbo transigere, que quer dizer
transigir,albergando,portanto a idéia de renúncia".
A doutrina não é unânime quanto à natureza jurídica da transação ,em razão de dois
entendimentos distintos: uma corrente entende ter ela natureza contratual, ao passo que em outra
linha de pensamento, oposta à primeira,se diciciona ser a transação uma das modalidades de
extinção da obrigação.
O Código Civil Francês, o Italiano,o Espanhol,o Português e o Alemão, citados pelo por Carlos
Alberto Maluf[4]tipificam a transação como sendo um contrato, posição esta só adotada,no
Brasil,com a edição da Lei.10.406, de 10 de janeiro de 2002 (novo Código Civil), visto que o
comando Civil anterior (Código Civil de 1916), a posicionava como sendo um dos meios de
extinção da obrigação.
Silvio Rodrigues[5], comentando o artigo. 2.044 do Código Civil Francês, para embasar sua tese,
conceitua a transação,como sendo:"o negócio jurídico bilateral através do qual as partes
previnem ou extinguem relações jurídicas duvidosas ou litigiosas,por meio de concessões
recíprocas,ou ainda em troca de determinadas vantagens pecuniárias".
Preceituava o artigo 1.025 do Código Civil de 1916,quando tratava da transação,que: "é licito aos
interessados prevenirem,ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas".
Já o novel Código Civil Brasileiro tipifica a transação em seuTítulo VI, quando conceitua os vários
tipos de contratos, estando,o instituto estudado no artigo 840. Contudo, a definição legal é a
mesma do Código revogado. Destarte, segundo a dicção literal do artigo 840 do
Códigosubstantivo civil, a transação é assim tipificada : "é licito aos interessados prevenirem,ou
terminarem o litígio mediante concessões mútuas".
Carlos Alberto Maluf[6] citando Caio Mario Pereira,define a transação como sendo " uma especial
modalidade de negócio jurídico que se aproxima do contrato,na sua constituição, e do
pagamento,nos seus efeitos". Ensinando, ainda, que embora o termo transação seja utilizado
largamente como sinônimo de quaisquer atos negociais de efeito patrimoniais, com estes não se
confundem,poissignificaum negócio jurídico certo,realizado por acordo de vontadesobjetivando
extinguir uma obrigação.
À luz do pensamento jurídico,capitaneado por vários juristas,o doutrinador Carlos Alberto Maluf[7]
chama a atenção para o seguinte ponto :" Sobrelevanotar que quase eles tomaram como ponto
de partida um trabalho do processualista Francesco Carnelutti intituladoSulla causa della
transazione, em queo mestre italiano coloca como "causa da transação (causa no sentido de
motivo), a composição da lide mediante uma parcial renúncia às recíprocas pretensões",
esclarecendo em seguida que o "efeito característico da transação não é só a extinção ou
prevenção da lide, mas, além disso, no " meio pelo qual se obtémtal resultado: `aliquo dato,
aliquo retendo". Mais adiante, ojurista brasileiro nos apresenta outra tese interessante,qual seja, a
de que a transação pode ser um uma figura híbrida do Direito Civil e Direito Processual, em razão
de ter como preceito a composição de uma lide.
Ao analisar o instituto civil datransação Pontes de Miranda[8] leciona ser o mesmo um "negócio
jurídico bilateral, em que duas ou mais pessoas acordam em concessões recíprocas, com o
propósito de pôr termo à controvérsia sobre determinada ou determinadas relações jurídicas, seu
conteúdo, extensão, validade ou eficácia" .
1- Acordo entre as partes: por ser um negócio jurídico bilateral, a transação se constitui emum
pacto firmado por sujeitos de direito, que divergem em uma relação obrigacional estabelecida
entre si.
2-Intenção de por fim a um litígio existente: como se deflui do conceito instituído pelo Código
Substantivo Civil vigente, a transação é um dos meios para resolução de relaçõesnegociais
controvertidas estando estas em Juízo ou fora dele,ou seja, quando houver dúvidas acerca de um
relação jurídica de caráter obrigacional entre as partes,sem litígioou dúvida, não há transação.
O artigo 1.036 do Código Civil de 1916 e o artigo 850 do "novo" Código Civil disciplinam a matéria
da mesma maneira ao preceituar que: "é nula a transação a respeito de litígio decidido por
sentença passada em julgado,se dela não tinha ciência algum dos transatores,ou quando,por
título ulteriormente descoberto,se verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da
transação".
A transação não cria novo direito, declara ou reconhece os pré-existentes. Essa é a concepção
do nosso Direito Civil em seu Código contemporâneo(art.843).Depende, pois, de forma pré-
definida para ter eficácia e validade, podendo ser produzida por escritura pública ou por termo
nos autos de um processo judicial, no qual as partes litigam.
Só os Direitos Patrimoniais são passiveis de transação, que uma vez efetivada, põe fim à
obrigação existente entre as partes acordantes, e só a elas.
Sob a égide do Código Civil de 1916, a transação era um dos meios de extinção da obrigação e
corolariamente era recepcionado pelo Código Comercial quando este comandava que as
obrigações comerciais dissolviam-se por todos os meios de extinção das obrigações civis.
Em nosso Direito Tributário, o instituto da transação foi recepcionado como uma das formas de
extinção das obrigações tributárias. Todavia, sofreu mutações, e porque não dizer mutilações,
profundas quando incorporada a este ramo do Direito Público, distanciando-se do conceito civil,
em razão da metamorfosede suas originaiscaracterísticas.
Como informado em capítulo anterior,o Código Tributário Nacional, em seu artigo 156, prevê que
dentre as formas extintivas do crédito tributário está a Transação. Lembremos:
Brasil - LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional
e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Denominado
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL pelo art. 7º do Ato Complementar nº 36, de 13.3.1967.
CAPÍTULO IV
SEÇÃO I
Modalidades de Extinção
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a
ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e
149.
Mais adiante,o diploma codificador comanda no artigo 171 que: "A lei pode facultar, nas
condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação
que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e conseqüente extinção de
crédito tributário".E, em seu parágrafo único, sentencia:" A lei indicará a autoridade competente
para autorizar a transação em cada caso".
nos ordenamentos jurídicos dos mesmos não há sua previsão legal como forma de extinção da
obrigação tributária. Vejamos:
a) Pago;
b) Compensación;
c) Confusión;
d) Condonación o remisión; y
e) Prescripción.
La novación se admite únicamente cuando se mejoran las garantías a favor del sujeto activo, sin
demérito de la efectividad en la recaudación.
LA ASAMBLEA NACIONAL
DECRETA
el siguiente,
Capítulo V
Artículo 39. La obligación tributaria se extingue por los siguientes medios comunes:
Pago.
2. Compensación.
3. Confusión.
4. Remisión.
5. Declaratoria de incobrabilidad.
CAPITULO IV
EXTINCION DE LA OBLIGACION TRIBUTARIA
SECCION PRIMERA
MEDIOS DE EXTINCION
ARTICULO 35.-
1. Pago.
2. Compensación.
3. Confusión.
4. Condonación o remisión.
5. Prescripción.
TITULO UNICO
CAPITULO PRIMERO
DISPOSICIONES PRELIMINARES
Artículo 28. (Modos de extinción de la obligación).- La obligación tributaria puede extinguirse por
pago, compensación, confusión, remisión y prescripción.
TITULO NOVENO
EXTINCION DEL DEBITO TRIBUTARIO
ARTICULO 54º.- La extinción del débito tributario se produce de los siguientes modos:
a) Pago;
b) Compensación;
c) Prescripción.-
Decreto Supremo No. 1016-A publicado en el Registro Oficial No. S-958 del 23 de diciembre de
1975
Art. 36.- Modos de extinción.- La obligación tributario se extingue, en todo o en parte, por
cualesquiera de los siguientes modos:
1. Solución o pago;
2. Compensación;
3. Confusión;
4. Remisión; y, también cumplirse en las fechas que se fijen en los convenios de pago que se
celebren de acuerdo con la Ley.
5. Prescripción.
Devemos observar que a inclusão do instituto da Transação como comando legal tributário, deve-
se ao fato de o legislador entender que,na busca por recursos financeiros,todos os institutos de
direito civil são válidos,desde que rigorosamente adaptados aos ditames do Direito Público.
Diante da exposição alhures, podemos concluir que a transação tributária é um dos meios para
extinção da obrigação tributária, caracterizando-se como um acordo, permitido e no estrito liame
da lei, no qual o Estado credor efetua concessões aosujeito passivo, que também as fará, com o
fito de decidirem um vínculo obrigacional litigioso existente entre ambos.
Ichihara[10] leciona que a " finalidade da transação é facilitar a extinção do crédito tributário,o que
vulgarmente podemoschamar de ¨acordo¨ ."
"O vocábulo transação é tomado aqui na acepção jurídica pelo Código Tributário Nacional.
Portanto, não é empregado no sentido vulgar a caracterizar negócio de qualquer natureza. É
sempre acionado com o objetivo de prevenir ou terminar litígios mediante concessões recíprocas
entre os sujeitos da relação jurídica tributária",opina Carlos Valder do Nascimento[11]
José Eduardo Melo[12] entende ser a transação um " autêntico acordo entre a Fazenda Pública e
os devedores ". Neste ponto há de se considerar a advertência de Vittorino Cassione[13]de que
"o instituto da transação somente ocorre em caso excepcionais,em que o devedor está em
situação difícil.
José Jaime de Macedo Oliveira[14], em seus comentários ao Código Tributário Nacional, indica
ser a transação "hipótese especialíssima ( tanto que a lei tem que indicar autoridade competente
para firmá-la),cuja característica básica, que a distingue da renúncia da remissão e da doação é a
reciprocidade de ônus e vantagens". Considerando ainda, em relação ao artigo 174 do citado
diploma legal, que:" o presente artigo refere-se a ' terminação de litígio' (e não 'determinação de
litígio',erradamente lá escrito),só se pode cogitar de transação em havendo processo contencioso
de natureza judicial".
Sacha Coelho[15],em seu Manual de Direito Tributário, indica que: "Transigir não é pagar é
operar a possibilidade de pagar. Éabrir mão de direitos para resolver litígios preventiva ou
litigiosamente (antes do litígio ou para evitá-lo) ou durante este para obviá-lo".
Deflui-se dos conceitos acima que a transação em Direito Tributário exige habilitação legal,assim
entendida como a autorização expressa emlei específica, para que a Administração Pública
possa transacionar,não podendo esta ultrapassar seus exatos limites. Tal fato é ilustrado no
acórdão abaixo:
"A transação se lançada sob o império da lei vigente,não pode estar sujeita a modificações
posteriores só pela querença de uma das partes, mormente se a alteração advém de simples
resolução administrativa,sob pena de se negar o princípio dopacta sunt servanda. Assim,se foi
celebrada transação concernente a crédito tributário sem se considerar o reajuste pela variação
do indicador econômico,deixando evidentea renúncia da fazeda ao critério correcional,para se
louvar em valores fixos,inadmissível a incidência, a posteriori e in perjus,de uma inovação
monetariamente mais onerosa em seu favor", ."(TJMG -Ap.78.146/5 5ª Câmara Cível. Rel. Des.
Corrêa de Martins- O Estado de Minas"09.08.90)[16].
O instituto estudado sob a ótica do Direito Tributário está sujeito a todos os princípios e
mandamentos legais inerentes ao ramo do Direito Público, apesar de possuir os mesmos
elementos constitutivos do Direito Privado.
Vale ressaltar que os princípios de Direito Público compõem o rol dos princípios também
aplicados ao gênero Direitos Humanos e,impositivamente, à sua espécie, Direitos dos Cidadãos.
A transação tributária contém os mesmo elementos constitutivos que a transação do Direito Civil,
a saber, acordo entre as partes, intenção de pôr fim a um litígio existente e concessões
recíprocas. Entretanto,a mesma, em Direito Tributário, caracteriza-se pela necessidade de Lei
autorizadora.
No pólo ativo da relação está sempre o Estado, ou o ente a que ele delega a função de receber
tributos, como por exemplo a Fazenda Pública. Pelo fato do acordo formulado decorrer
exclusivamente da lei,ou seja, não havendo poder de discricionariedade do sujeito ativo ao
proceder a transação este deverá seguir a risca o mandamento contido na norma jurídica que
permitiu o pacto.
" Ementa: execução fiscal. parcelamento. suspensão do processo. precedentes do EG. STJ. O
crédito tributário só se extingue nas hipóteses previstas no artigo 156 do CTN, nas quais não se
insere o parcelamento da dívida. O parcelamento constitui mera dilação do prazo de pagamento,
não constituindo novação ou transação e, portanto, não sendo fato hábil a extinguir a execução, o
que somente poderá ocorrer quando do adimplemento da última parcela, no prazo
consignado.Súmula: Deram provimento ao apelo."(TJMG –AP. nº1.0000.00.314792-3/000(1)-Data
do acórdão: 08/04/2003 Rel. Des BRANDÃO TEIXEIR, publicado em 23/05/2003 ).
Em face da tese acima, Vladimir Passos Freitas, citando Eduardo Marcial Ferreira Jardim[18],
entende que" nos lindes da tributação,contudo,tenho para mim que não há lugar para a
transação,..., não padece dúvida que o aludido instituto afigura-se incompatível com aspremissas
à tributação,dentre elas a necessária discricionariedade que preside a transação..." .
4Transação, exemplos:
Art. 1º. - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar com a xxxxxxxxxxxxx S/A, transação em
juízo, nos termos do artigo 171, do Código Tributário Nacional - CTN, com vistas à extinção da
demanda judicial, relacionada com a incidência do ICMS nas operações de exportação de
celulose efetuadas após a vigência da Lei Complementar nº. 65, de 15 de abril de 1991.
Art. 2º. - O equivalente a 60% (sessenta por cento) dos valores depositados em juízo, atualizada
monetariamente e acrescidos de juros, vinculado ao processo objeto de demanda judicial referida
no artigo anterior, será levantado pelo Estado do Espírito Santo, observado o seguinte:
II.20% (vinte por cento) constituirão créditos da xxxxxxxxxxx S/A, a ser compensado com os
débitos em operações sujeitas a incidência do ICMS.
Art. 3º. - O saldo equivalente a 40% (quarenta por cento) dos valores depositados em juízo,
atualizado monetariamente e acrescido de juros, será levantado pela xxxxxxxxx S/A.
Art. 4º. - Fica assegurado aos municípios, na forma da Lei, a participação de 25% (vinte e cinco
por cento), sobre o montante do valor levantado pelo Estado do Espírito Santo, consignado no
inciso I, do artigo 2º..
Art. 5º. - O saldo do crédito referido no inciso II do artigo 2º. será atualizado a partir da data do
levantamento ''Prórata'' dia, com base nos índices de correção monetárias e juros utilizados pelo
Banco do Estado do Espírito Santo, na atualização dos depósitos judiciais.
Art. 6º. - Fica mantida até 31 de março de 2.002, a carga tributária máxima efetiva de até 4,55%
(quatro inteiros e cinqüenta e cinco centésimos por cento), do valor FDB da celulose exportada,
mediante o estorno de crédito proporcional.
Art. 7º. - Nas transferências internas de madeira, com destino à industrialização, a base de
cálculo do ICMS, será apurada, até 31 de março de 2.004, com fundamento no critério de
execução florestal previsto na legislação do imposto de renda.
Art. 8º. - Ficam excluídas da incidência do ICMS, até 31 de março de 2004, as transferências de
madeira de reservas florestais com destino a estabelecimento industrial desde que ambos
estejam localizados no mesmo município.
Ordeno, portanto, a todas as autoridades que a cumpram e a façam cumprir como nela se
contém.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Governador do Estado
XXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Secretário de Estado da Fazenda
Exemplo- 2: CONVÊNIO ICMS N.º 33 DE 26 DE ABRIL DE 2000[20]
CONVÊNIO
Cláusula primeira. Ficam os Estados e o Distrito Federal autorizados a celebrar transação que
importe em extinção de crédito tributário, a não constituir crédito tributário ou a desconstituí-lo,
sempre que o litígio envolva matéria tributável igual a objeto de reiteradas decisões do Superior
Tribunal de Justiça ou de decisão proferida por pelo menos dois terços dos membros do Pleno do
Supremo Tribunal Federal, definitivas de mérito e desfavoráveis ao sujeito ativo.
Parágrafo único - No caso de litígio judicial, a celebração fica condicionada à renúncia a eventual
direito a verbas de sucumbência, responsabilizando-se ainda o sujeito passivo da obrigação
tributária pelo pagamento das custas e demais ônus processuais.
Cláusula segunda. Este convênio entra em vigor na data de sua ratificação nacional, produzindo
efeitos até 30 de setembro de 2000.
O Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, na sua 106ª reunião ordinária, realizada
em Porto Alegre, RS, no dia 28 de junho de 2002, tendo em vista o disposto naLei Complementar
nº 24, de 7 de janeiro de 1975, resolve celebrar o seguinte
CONVÊNIO
Cláusula segunda. Este convênio entra em vigor na data da publicação de sua ratificação
nacional, produzindo efeitos a partir de 1° de agosto de 2002.
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus representantes, decretou e eu, em seu nome,
sanciono a seguinte Lei:
"Art. 217 - O Poder Executivo poderá realizar transação, conceder moratória, parcelamento de
débito fiscal e ampliação de prazo de recolhimento de tributo, observadas, relativamente ao
ICMS, as condições gerais definidas em convênio.
Art. 2º - O art. 218 da Lei n.º 6.763, de 26 de dezembro de 1975, fica revigorado com a seguinte
redação:
Parágrafo único - A transação de que trata este artigo dependerá de parecer conclusivo favorável
emitido por comissão composta por servidores fazendários da área de Administração Tributária e
por Procurador da Fazenda Estadual, a ser instituída pelo Secretário de Estado da Fazenda por
meio de resolução."
A Câmara Municipal de Tangará da Serra, Estado de Mato Grosso, tendo em vista o que dispõe o
artigo 63 da Lei Orgânica Municipal, aprovou do Executivo Municipal; e
Artigo 2º- Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Prefeitura Municipal de Tangará da Serra, Estado de Mato Grosso, aos vinte e seis dias do mês
de fevereiro do ano de dois mil e dois, 25º Aniversário de Emancipação Político – Administrativo.
Minuta – Anexo I
Instrumento particular de termo de confissão de dívida,cumulada com transação que fazem entre
as partes abaixo qualificadas.
Pelo presente instrumento particular de Termo de Confissão de Dívida,cumulada com Transação
que fazem entre si de um lado o Município de Tangará da Serra – MT., Pessoa Jurídica de Direito
xxxxxxxxxxxxx,nº 50 – W, nesta Cidade de Tangará da Serra – MT., adiante denominado
CREDOR, no ato representado pelo atual Prefeito Municipal xxxxxxxxx, brasileiro , casado,
portador da cédula de Identidade – RG nºxxxxxxx, SSP – MT., e CPF/MF nº xxxxxxxxx,residente
e domiciliado nestacidade de Tangará da Serra – MT.,e ,de outro a Empresaxxxxxxxxx xxxxxxx
Lanchonete – ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº xxxxxxxxxx,com
sede à Rua xxxxxxxxxxx, no TerminalRodoviário de Tangará da Serra- MT adiante denominada
DEVEDORA,representado por seu proprietário, Sr. xxxxxxxxxxx, brasileiro,divorciado,
comerciante,portador da Cédula de Identidade – RG nº xxxxxxx, SSP/MT e CPF/MF nº xxxxxxxxx,
residente e domiciliado na Cidade de Tangará da Serra – MT., as partes resolvem proceder a
presente transação, ajustando-a de conformidade com as cláusulas e condições que a seguir são
estabelecidas:
– A presente transação tem por finalidade a extinção de parte da dívida ativa não-tributária
descrita na cláusula segunda do presente Contrato.
3.1 – A DEVEDORA, neste ato, assume e confessa a dívida contraída junto ao CREDOR
correspondente ao valor descrito na cláusula anterior, importância com a qual concorda
expressamente.
4.1.1.1 – O prazo para conclusão é de 30 (trinta) dias, contados da data de expedição da ordem
de serviços.
4.1.1.2 – Para execução da obra a DEVEDORA gastará a importância de R$ 6.200,00 (seis mil e
duzentos reais), conforme orçamento que faz parte integrante do presente Contrato.
4.1.1.3 – Todas as demais despesas com pagamento de taxas e demais encargos correrão por
conta da DEVEDORA.
4.2 – Assim, em virtude dos custos com a execução das obras de reforma da sala da Lanchonete
da Rodoviária, parte do débito da DEVEDORA, no valor de R$ 12.703,87 (doze mil, setecentos e
três reais, oitenta e sete centavos), será liquidado, deduzindo-se a importância de R$ 6.200,00
(seis mil e duzentos reais).
4.2.1 – O saldo devedor remanescente de R$ 6.503,87 (seis mil, quinhentos e três reais, oitenta e
sete centavos), acrescido de juros de mora e correção monetária deverá ser liquidado,
impreterivelmente, dentro de 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação da Lei.
4.2.2 – A liquidação somente será efetivada quando houver a conclusão das obras de reforma da
sala da lanchonete do Terminal Rodoviário de Tangará da Serra – MT., mediante a apresentação
de Termo de Conclusão a ser expedido pela Secretaria Municipal de Infra-Estrutura.
4.3 – A não liquidação da dívida no prazo estabelecido no item 4.21, importará na automática
rescisão do contrato de locação.
5.1 – As benfeitorias, objeto das obras de reforma da sala da lanchonete do Terminal Rodoviário
de Tangará da Serra – MT., serão incorporadas ao imóvel de propriedade do CREDOR, as quais
não gerarão qualquer direito de indenização, posto que, as mesmas, de forma indireta, estão
sendo pagas pelo CREDOR.
5.2 – O presente Contrato tem como fundamento legal o artigo 1.025 do Código Civil, Lei nº
4.320/64, de 17 de março de 1964, bem como a Lei Municipal nº xxxx/2002, de xxx de.xx. de
2002.
6.1 – Fica eleito o Foro da Comarca de Tangará da Serra – MT., para dirimir quaisquer dúvidas
acerca da interpretação do presente Instrumento Particular de Termo de Confissão de Dívida,
cumulada com Transação, com exclusão de qualquer outro, por mais privilegiado que seja.
E, por estarem justas e acordadas, as partes firmam o presente Instrumento Particular de Termo
de Confissão de Dívida, cumulada com Transação, em 04 (quatro) vias de igual forma e teor,
juntamente com as testemunhas abaixo arroladas, tudo para que surta seus jurídicos e legais
efeitos.
_________________________
Credor
___________________________
Devedora
TESTEMUNHAS:
___________________________________________________
O princípio da legalidade,ou autorização legal para a transação está presente nos comandos
legais apresentados,testificando que só através de uma Lei autorizadora é possível,em Direito
Tributário, haverum pacto entre "fisco" e contribuinte.
As normas ofertadas alhures deixam patente queseu nascimento advém da intenção de pôr fima
um litígio envolvendo o devedor e o credor do crédito tributário.
O REFIS (Programa de Recuperação Fiscal), editado pelo Poder Executivo Federal,é outro
exemplo de transação tributária, em razão de apresentar as características do instituto tributário
estudado.
O programa instituído pela Lei nº 9.964, de 10 de abril de 2000, na dicção da Receita Federal[24]
"destina-se a promover a regularização de todos os créditos da União, na condição de
Contribuinte ou Responsável, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da
Receita Federal – SRF, e pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, constituídos ou não,
inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou não, com exigibilidade suspensa ou não, inclusive
os retidos e não recolhidos, com vencimento até 29 de fevereiro de 2000".
Altera a legislação tributária, dispõe sobre parcelamento de débitos junto à Secretaria da Receita
Federal, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e ao Instituto Nacional do Seguro Social e dá
outras providências
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se aos débitos constituídos ou não, inscritos ou não como
Dívida Ativa, mesmo em fase de execução fiscal já ajuizada, ou que tenham sido objeto de
parcelamento anterior, não integralmente quitado, ainda que cancelado por falta de pagamento.
§ 3º O débito objeto do parcelamento será consolidado no mês do pedido e será dividido pelo
número de prestações, sendo que o montante de cada parcela mensal não poderá ser inferior a:
I - um inteiro e cinco décimos por cento da receita bruta auferida, pela pessoa jurídica, no mês
imediatamente anterior ao do vencimento da parcela, exceto em relação às optantes pelo Sistema
Simplificado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de
Pequeno Porte - SIMPLES, instituído pelaLei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 , e às
microempresas e empresas de pequeno porte enquadradas no disposto no art. 2º- da Lei nº
9.841, de 5 de outubro de 1999, observado o disposto no art. 8º desta Lei, salvo na hipótese do
inciso II deste parágrafo, o prazo mínimo de cento e vinte meses;
II - dois mil reais, considerado cumulativamente com o limite estabelecido no inciso I, no caso das
pessoas jurídicas ali referidas;
§ 6º O valor de cada uma das parcelas, determinado na forma dos §§ 3º e 4º, será acrescido de
juros correspondentes à variação mensal da Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP, a partir do
mês subseqüente ao da consolidação, até o mês do pagamento.
§ 8º A redução prevista no § 7º não será cumulativa com qualquer outra redução admitida em lei,
ressalvado o disposto no § 11.
§ 10. A opção pelo parcelamento de que trata este artigo exclui a concessão de qualquer outro,
extinguindo os parcelamentos anteriormente concedidos, admitida a transferência de seus saldos
para a modalidade desta Lei.
§ 11. O sujeito passivo fará jus a redução adicional da multa, após a redução referida no § 7º à
razão de vinte e cinco centésimos por cento sobre o valor remanescente para cada ponto
percentual do saldo do débito que for liquidado até a data prevista para o requerimento do
parcelamento referido neste artigo, após deduzida a primeira parcela determinada nos termos do
§ 3º ou 4º.
Art. 2º Os débitos incluídos no Programa de Recuperação Fiscal - REFIS, de que trata a Lei nº
9.964, de 10 de abril de 2000, ou no parcelamento a ele alternativo, poderão, a critério da pessoa
jurídica, ser parcelados nas condições previstas no art. 1º, nos termos a serem estabelecidos pelo
Comitê Gestor do mencionado Programa.
I - a opção pelo parcelamento na forma deste artigo implica desistência compulsória e definitiva
do REFIS ou do parcelamento a ele alternativo;
III - será objeto do parcelamento nos termos do art. 1º o saldo devedor dos débitos relativos aos
tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal.
Art. 3º Ressalvado o disposto no art. 2º, não será concedido o parcelamento de que trata o art. 1º
na hipótese de existência de parcelamentos concedidos sob outras modalidades, admitida a
transferência dos saldos remanescentes para a modalidade prevista nesta Lei, mediante
requerimento do sujeito passivo.
Resumindo,temos que o REFIS é um pacto de dois sujeitos,um no pólo ativo e outro no passivo
da relação jurídica obrigacional tributária,no qual, via concessões mútuas, resolvemas questões
atinentes a crédito tributário exigido, sendo este ato uma transação tributária especial.
A especificidade desta transação, se dar por dois motivos: o primeiro decorre da feitura do pacto
em si e o seguinte do cumprimento do dever assumido,ou seja,em suafase inicial,a feitura da
avenca devem as partes proceder aconcessões mútuas e assumirem obrigações,notadamente,o
pagamento parcelado pelo lado devedor, e no segundo momento com a adimplência do obrigado
haver extinção de sua obrigação tributária.
Portanto,o REFIS é uma transação que se perfaz em dois momentos, no primeiro ocorre o acordo
das partes envolvidas,com concessões mútuas e o parcelamento, e, no segundo após a
satisfação das prestações pecuniárias se dá à extinção do dever .
Estamos a dizer que inexiste, cientificamente, exclusão do crédito tributário. Existem, tão-
somente, as modalidades de sua extinção. Sim, porque a isenção impede o seu nascimento, e a
anistia dispensa o pagamento de multa fiscal devida, assim como a remissão dispensa o
pagamento de tributo devido, esta última corretamente arrolada entre as causas extintivas.
CONDENAÇÃO.
pelo Fisco, mas sim uma faculdade dada à pessoa jurídica que, ao
Recurso especial não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as
acima
Tal posição não é totalmente aceita,pois existem doutrinadores eaté julgadores que entendem
que o Programa de Recuperação Fiscal é expressão do instituto do parcelamento de débito
tributário e corolariamente da suspensão ou exclusão do crédito tributário.
do crédito tributário.
5. Agravo regimental improvido. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros
da
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Luiz Fux. AGRESP 450052 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL
NO RECURSO ESPECIAL 2002/0090922-6 - DJ DATA:04/08/2003 PG:00230 – Rel. Min. LUIZ
FUX (1122)- data da decisão 24/06/2003 - T1 - PRIMEIRA TURMA.
" O efeito da opção pelo REFIS éa suspensão das execuções fiscais. Se o Executivo Fiscal ficar
suspenso não há como exigir o recolhimento das custas" (TRF- Ac. Agr. Inst. N. 2001.04.020884-
0 de 20.06.2001. Rel. Juíza Tânia Terezinha Cardoso Escobar).
SOCIAL.
Social.
2. O salário-educação é uma contribuição arrecadada e fiscalizada
da norma.
obrigações tributárias.
7. Recurso especial conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os
Ministros da
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Luiz Fux. RESP 490685 / PR ; RECURSO ESPECIAL
Cabe-nos comentar que a transação,por sua própria natureza, não implica em renúncia de receita
financeira, razão pela qual o administrador público que transaciona não é alcançado pelos
dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal[27],notadamente, porquepara que se implantar a
transação, deverá haver uma Leique a autorize, e ainda, disciplinando o grau de
discricionariedade que a administração pública pode ter, pois, ao comentar este caráter da
transaçãoAliomar Baleeiro[28] ensina que :" A autoridade só pode celebrá-la,com relativo
discricionarismo administrativo,na apreciação dos das condições, conveniências e oportunidades
que a lei lho faculta e dentro dos limites e requisitos por ela fixados".
Por fim, temos a acrescentar que a adesão ao Programa de Recuperação Fiscal –REFIS, ilide a
Ação Penal, conforme comando da citada Lei 10.684/2003 e interpretação jurisprudencial abaixo
transcrita, desde que a mesma se dê antes do recebimento da exordial acusatória. Vejamos:
Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator.Ausente, ocasionalmente, o Sr. Ministro José
Arnaldo da Fonseca.RESP 393927 / Rs ; Recurso Especial
2001/0151505-0 - Dj Data:22/03/2004 Pg:00342- Rel. Min. Felix Fischer (1109) - 17/02/2004 – T5-
Quinta Turma.
INOCORRÊNCIA.
Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os autos, em que são partes as acima
Por fim, há de se observar que a transação tributária proporciona o termino de um litígio, não se
prestando para a função de preveni-los,sendo para a sua consecução necessários os pré-
requisitos legais atinentes àcapacidade,interessee etc.
Ao analisar o Instituto da transação tributária, para proferir parecer, àluz de fato concreto, qual
seja, uma transação havia entre um dos Estado de nossa Federação e contribuintes de ICMS do
setor sucroalcooleiro ,nos autos de uma Ação Popular, o professor Aldemario Araújo
Castro[29],em judicioso parecer se manifestou da seguinte forma:
"N O T A
PGFN/PFN-XX/Nº 02/97-AAC
"Acordo dos Usineiros". Principais aspectos das "transações tributárias" realizadas entre o Estado
de Xxxxxx e várias empresas do setor sucroalcooleiro em relação à cobrança do ICM sobre a
"cana própria".
I
Introdução
Entre julho de 1988 e abril de 1989, o Estado de Xxxxxx realizou uma série de "transações
tributárias" com várias empresas do setor sucroalcooleiro em relação à cobrança do antigo ICM
sobre a "cana própria".
II
Inexistência de Créditos em Favor das Empresas
4. Com efeito, estamos diante, para o antigo ICM, assim como para o atual ICMS, de um tributo
indireto. Para a doutrina e a jurisprudência, tributo indireto, consoante critério econômico ou
financeiro, é aquele em que ocorre o fenômeno da repercussão. Este seria a transferência da
carga fiscal para um terceiro. Teríamos, então, um "contribuinte de direito" - obrigado ao
recolhimento ante o Fisco competente - e um "contribuinte de fato" - suportando o ônus financeiro
(2).
7. Neste rumo, com base no art. 166 do CTN e mesmo na Súmula 576 do STF (7), somente a
demonstração da assunção do encargo tributário representado pelo ICM poderia redundar em
créditos em favor das empresas do setor sucroalcooleiro envolvidas (8).
8. Assim, as "transações" realizadas pelo Estado de Xxxxxx são ilícitas e nitidamente lesivas ao
Erário. Simplesmente, inexiste qualquer crédito em favor das empresas intervenientes que
pudesse servir como móvel ou objeto para os acordos (9).
III
Ausência de Autorização Legislativa
9. Admitida a existência de créditos, somente para argumentar, nos deparamos com outro óbice
fundamental para a validade jurídica dos acordos realizados. A participação do Estado de Xxxxxx
reclamava autorização legislativa cabível, fato não verificado, ao menos a partir dos elementos
que nos foram disponibilizados.
10. Com efeito, o art. 156 do Código Tributário Nacional, precisamente no inciso III (10),
contempla a transação como forma de extinção do crédito tributário. Entretanto, conforme dispõe
expressamente o art. 171 do mesmo Código Tributário Nacional (11), a celebração da transação
reclama lei definidora, entre outros, das condições e autoridade competente para autorizar o
acordo em cada caso.
11. A lei da entidade tributante, autorizadora da transação, e não a simples previsão genérica do
CTN, é considerada pacificamente pela doutrina e jurisprudência como condição inafastável de
validade dos acordos realizados. A própria indisponibilidade do interesse público pelo
administrador, viga-mestra do direito administrativo, corrobora a necessidade da lei especificada
(12).
12. Por outro lado, vale registrar, a figura tributária mais próxima das ocorrências verificadas é a
compensação (art. 156, inciso II e art. 170 do CTN (13)). Afinal, não verificamos as concessões
mútuas típicas da transação, e sim, a utilização de supostos créditos do sujeito passivo contra a
Fazenda estadual com a finalidade de extinguir créditos tributários (futuros), traço característico
fundamental da compensação.
13. Entretanto, tal consideração não altera a premissa posta, quer sejam "transações tributárias",
quer sejam "compensações tributárias", reclamavam a lei autorizativa antes destacada.
14. Portanto, não fora a inexistência de créditos sobre os quais pudessem recair as "transações",
ou "compensações", a falta de lei autorizativa emanada da Assembléia Legislativa de Xxxxxx
inquina de ilicitude insanável os acordos realizados.
IV
Determinação do Montante dos Créditos
15. Mais uma vez superando os obstáculos anteriores, permitindo assim discutir outros aspectos
dos acordos entabulados, verificamos que a forma de calcular os montantes dos supostos
créditos contra o Fisco estadual viola inapelavelmente comezinhas regras inseridas na legislação
tributária em vigor.
(a)
Juros de Mora: Termo Inicial e Capitalização
16. O termo inicial de contagem dos juros de mora em caso de repetição de indébito encontra-se
regulado expressamente pelo Código Tributário Nacional. O marco para tanto é justamente o
trânsito em julgado da decisão que determinar a devolução. É a dicção do art. 167 do CTN,
confirmada pela jurisprudência mais autorizada (14).
17. No caso em tela, admitida a existência de créditos em favor das empresas interessadas, a
contagem dos juros de mora não poderia adotar critério distinto daquele previsto no CTN e
consagrado pela jurisprudência.
18. A fixação da contagem dos juros de mora nos termos postos, substancialmente distinta
daquela realizada em outras searas jurídicas, encontra razão de ser justamente na natureza e
especial destinação dos encargos tributários. Afinal, como destacado por J. M. DE CARVALHO
SANTOS, os tributos são para o Poder Público assim como os alimentos para os seres humanos.
20. Por outro lado, descabe completamente o cálculo de eventuais juros de mora de forma
capitalizada. Se o Fisco não repete o indébito com juros capitalizados, conforme o mesmo art.
167 do CTN, antes destacado, ofende a lógica mais elementar, o princípio da isonomia e a mais
rasteira noção de justiça admitir que eventuais créditos contra o Erário possam ser "indenizados
pelo atraso" desta forma.
(b)
Juros de Mora: Incidência sobre o Valor Histórico do Principal
21. Entendemos que os juros moratórios devem ser aplicados sobre o principal corrigido. Afinal,
somente assim a "indenização pelo atraso" na devolução guardaria relação com a exata extensão
do indébito no momento da restituição. Este, inclusive, é o critério utilizado e consagrado no
âmbito da Fazenda Nacional.
22. Para os pactos realizados, no entanto, não pode prevalecer o critério acatado no âmbito
federal. Isto porque, caberia a lei autorizadora das transações dispor sobre as condições dos
ajustes, como dito no art. 171 do CTN, antes ressaltado. À mingua de tal fixação, pela ausência
da lei em comento, não restaria outra alternativa senão adotar o mesmo critério utilizado pelo
Estado de Xxxxxx na cobrança de seus créditos. Portanto, fazer incidir juros de mora sobre o
principal não corrigido (art. 188 da Lei nº 4.418/82).
(c)
Correção Monetária
23. As cláusulas definidoras da correção monetária nos pactos em análise também não
apresentam a menor consistência jurídica. Com efeito, somente o cúmulo da insensatez poderia
admitir como juridicamente válida a "previsão contratual" de conteúdo aleatório e
monumentalmente desvantajosa para uma das partes "contratantes".
24. Nesta linha de considerações, o ordenamento jurídico pátrio rechaça com vigor, e
explicitamente, o tipo de cláusula presente nos termos materializadores das "transações" em
questão. Já no Código Civil, de 1916, encontramos no art. 115 a repulsa às chamadas cláusulas
leoninas (16). A jurisprudência corrobora esta posição e qualifica de inválida a "previsão
contratual" com tais características (17).
25. Atualmente, o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 51, inciso IV, considera cláusula
abusiva, nula de pleno direito, aquela que estabeleça obrigação iníqüa, que coloque um dos
contratantes em desvantagem exagerada ou seja incompatível com a boa-fé ou a eqüidade
26. Assim, parece não restar nenhuma dúvida séria acerca da invalidade das cláusulas de
correção monetária inseridas nos termos em tela. Fixar, para os supostos créditos das empresas
intervenientes, correção monetária aleatória, pelo maior índice observado no mercado, viola todos
os cânones de eqüidade e boa-fé. Estabelece, sem qualquer indagação de relevo em sentido
contrário, colossal desvantagem econômica para uma das partes - justamente o Poder Público,
representante da coletividade. A conclusão pela invalidade, por nulidade, destas disposições
também encontra-se consagrada na cultura jurídica brasileira.
28. Num primeiro momento, a jurisprudência fixou-se no sentido de ser incabível a atualização
monetária na repetição do indébito, ao menos na ausência de norma que a estabelecesse
expressamente (18).
29. Posteriormente, o STF modificou seu posicionamento inicial sobre a matéria. Fixou a
orientação de que o indébito será corrigido, independentemente de lei expressa neste sentido, por
uma questão de eqüidade e isonomia no relacionamento entre a Fazenda Pública e o
contribuinte. Segundo o Ministro CUNHA PEIXOTO, o precedente do Plenário do STF nesta linha
seria o ERE 77.698 (19).
30. A evolução não parou aí. Podemos identificar uma terceira fase, vivenciada no momento
atual, conhecida pela máxima da correção monetária plena, real ou integral. Segundo o
entendimento atualmente corrente, o indébito tributário deve ser corrigido pelos índices da
inflação real, desconsiderando a forma como o Erário corrige seus créditos.
31. Estas premissas, por várias razões, conduzem a conclusão inarredável quanto ao resultado
iníquo da utilização de um verdadeiro coquetel de índices de atualização monetária. Não existem
precedentes neste sentido. No máximo, o desgaste monetário real da moeda poderia ser
utilizado. Jamais uma combinação de fatores condutora a um verdadeiro enriquecimento sem
causa.
32. E, assim como advogamos quanto a incidência de juros moratórios sobre o valor histórico do
principal, na ausência de critério de correção monetária dos supostos créditos, até mesmo pela
falta de lei autorizativa dos pactos, não poderia ser utilizado parâmetro distinto daquele fixado
pelo próprio Erário estadual na atualização de seus créditos.
V
Conclusões
33.1. Inexistem créditos de ICM decorrentes de "operações" com a "cana própria" que pudessem
ser móveis para os pactos denominados "acordos dos usineiros".
33.2. Mesmo se existissem tais créditos, não houve autorização legislativa hábil para os pactos
serem firmados.
33.3. A determinação dos montantes dos supostos créditos apresenta vícios absolutamente
inaceitáveis do ponto de vista jurídico: (a) termo inicial de contagem de juros de mora indevidos;
(b) capitalização indevida dos juros moratórios; (c) incidência indevida de juros de mora sobre o
principal corrigido e (d) cláusulas de atualização monetária abusivas.
34. Sobre a matéria, como solicitado, são as considerações apresentadas ao Sr. Coordenador-
Geral de Administração Tributária da Secretaria da Fazenda do Estado de Xxxxxx.
NOTAS
(STF. Pleno. Unânime. Representação nº 1394-AL. Rel. Min. DJACI FALCÃO. DJ de 25.09.87)
(STJ. 1ª Turma. Unânime. REsp nº 4404-SP. Rel. Min. GARCIA VIEIRA. DJ de 05.08.91)
(3) "II - operações relativas à circulação de mercadoris realizadas por produtores, industriais e
comerciantes, imposto que não será cumulativo e do qual se abaterá, nos termos do disposto em
lei complementar, o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado."
(4) "I - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à
circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo
mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal."
(5) "Art. 166. A restituição de tributos que comportam, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido referido encargo,
ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la."
(7) "Súmula nº 546 do STF. Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando
reconhecido por decisão que o contribuinte de jure não recuperou do contribuinte de facto o
quantum respectivo."
(8) "TRIBUTÁRIO - ICM - INDÉBITO FISCAL - RESTITUIÇÃO - PROVA - CTN, ART. 166 -
SÚMULA 546 STF - SÚMULA 07 STJ. A RESTITUIÇÃO DO ICM PAGO INDEVIDAMENTE SÓ É
POSSÍVEL SE FICAR PROVADO QUE O CONTRIBUINTE DE JURE NÃO RECUPEROU DO
CONTRIBUINTE DE FACTO O QUANTUM RESPECTIVO. A PRETENSÃO DE SIMPLES
REEXAME DE PROVA NÃO ENSEJA RECURSO ESPECIAL. RECURSO NÃO CONHECIDO.
(STJ. 2ª Turma. Unânime. REsp nº 15760-SP. Rel. Min. PEÇANHA MARTINS. DJ de 26.09.94)
(9) "ICM - CANA-DE-AÇÚCAR - ÍNDICES FIXADOS PELO IAA. O ICM É DEVIDO NA ENTRADA
DA CANA-DE-AÇÚCAR, NA USINA, TODAVIA O RECOLHIMENTO OCORRE NA SAÍDA DO
AÇÚCAR E DO ÁLCOOL PRODUZIDOS EM RAZÃO DO FENÔMENO DO DIFERIMENTO.
PRESUME-SE SER ESTA MEDIDA BENÉFICA AO CONTRIBUINTE, PELA POSSIBILIDADE DE
GIRAR O CAPITAL, SALVO PROVA EM CONTRÁRIO. EM REALIDADE O USINEIRO NÃO
PAGA O ICM, QUER NA ENTRADA DE CANA-DE-AÇÚCAR, QUE NA SAÍDA DO AÇÚCAR E
DO ÁLCOOL, PORQUE O TRIBUTO É EMBUTIDO NO PREÇO PAGO PELO CONSUMIDOR.
PROVIMENTO NEGADO."
(STJ. 1ª Turma. Unânime. REsp nº 7610-SP. Rel. Min. GARCIA VIEIRA. DJ de 13.05.91)
(10) "Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
(...)
III - a transação;"
(11) "Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da
obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em
determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada
caso."
(TARS. 1ª Câmara Cível. Unânime. Apelação Cível nº 194019311. Rel. Juiz SALVADOR
HORÁCIO VIZZOTTO. Em 31.05.94)
(...)
II - a compensação;
(...)
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada
caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com
créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos
deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a
correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da
compensação e a do vencimento."
(14) "ICM - REPETIÇÃO DE INDÉBITO - JUROS DE MORA. OS JUROS DE MORA, NA
RESTITUIÇÃO, DEVEM SER CONTADOS A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO. O
VENERANDO ACÓRDÃO HOSTILIZADO VIOLOU O PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 167 DO
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO."
(STJ. 1ª Turma. Unânime. REsp nº 28-SP. Rel. Min. GARCIA VIEIRA. DJ de 12.11.90)
(STJ. 2ª Turma. Unânime. REsp nº 9926-SP. Rel. Min. ILMAR GALVÃO. DJ de 17.06.91)
(15) "Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor
de sentença."
(16) "Art. 115. São lícitas, em geral, todas as condições que a lei não vedar expressamente. Entre
as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o ato, ou o sujeitarem ao arbítrio
de uma das partes."
(STJ. 4ª Turma. Maioria. REsp nº 4273-RS. Rel. Min. ATHOS CARNEIRO. DJ de 30.09.91)
(STJ. 1ª Seção. Unânime. Mandado de Segurança nº 1902-DF. Rel. Min. PÁDUA RIBEIRO. DJ
de 14.06.93)
(TRF da 5ª Região. 3ª Turma. Unânime. Apelação Cível nº 548200-CE. Rel. Juiz LÁZARO
GUIMARÃES. DJ de 16.09.94. Idem para a Apelação Cível nº 5024004-AL julgada pela 2ª Turma)
(18) "QUANTO À CORREÇÃO MONETÁRIA, NÃO HÁ LEI QUE A ADMITA PARA A HIPÓTESE
DE RESTITUIÇÃO DE TRIBUTO RECOLHIDO INDEVIDAMENTE. DIVERSOS JULGADOS
DESSA EG. SUPREMA CORTE CONSAGRAM O ENTENDIMENTO DE QUE ELA SOMENTE É
APLICÁVEL QUANDO DECORRE DE PRECEITO CONSTITUCIONAL OU SE PREVISTA
EXPRESSAMENTE EM LEI (RE 66.583 IN RTJ 53/378, RE 68.196 IN RTJ 56/858, RE 69.741 IN
RTJ 58/117, RE 71.050 IN RTJ 59/848 E RE 73.210 IN RTJ 62/483)." (RTJ 75/811)
Ressalte-se que em e-mail enviado ao autor,no momento em que autorizava a publicação de seu
parecer,nesta obra,o professor Aldemario Castro observou que seu parecer refletia um exemplo
negativo de transação e que este instituto deveria ser implementado com "um estrito controle".
Vejamos o texto completo:
Para: <fhp@fisepe.pe.gov.br>
A autorização para reprodução está dada.Ressalto que ali temos um exemplo NEGATIVO de
transação (a utilização do instituto pressupõe, a meu ver, um estrito controle).
2. Até onde sei, uma ação popular, ainda em curso, anulou os acordos
mencionados.
Atenciosamente,
Aldemario A Castro
PFN -
Conclusão:
Neste texto estudamos o instituto da transação sob seu aspecto civil e tributário.
Referências:
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Campus 1992.
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Moussallem. Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 65, mai. 2003. Disponível em:
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WWW.stf.gov.br.
[5] RODRIGUES, Sílvio, Direito Civil, Parte geral das Obrigações V. 02,Editora Saraiva,
1995.p.314.
[7] Ibidem.p.35
[8] MIRANDA,Pontes. Tratado de Direito Privado, 3ª ed., vol. 25, São Paulo, Ed. RT, 1971, p. 117.
[9] www.direitovivo.com.br./códigos/02/04/2003.
[12]Ob.cit p231.
[13] Ob.cit.p.168.
[16] Ob.cit.p.487.
[17] Ob.cit.p.62.
[18] FREITAS, Vladimir Passos apud ,Jardim,Eduardo Marcial Ferreira Código Tributário Nacional
Comentado,editora Revista dos Tribunais,1999.p368.
[19] http://www.seplan.es.gov.br/scripts/Legislacao/Leis/Lei4901.asp
[20]Publicado no DOU de 08.05.00. Ratificação Nacional. DOU de 26.05.00, pelo Ato Declaratório
04/00. Prorrogado até 31.10.2001 pelo Convênio ICMS 72/00. Prorrogado até 31.07.2001 pelo
Convênio ICMS 84/2000. Prorrogado até 31.07.2002, pelo Convênio ICMS 51/2001. Prorrogado
até 31.07.2004, pelo Convênio ICMS 81/2002. Ratificação Tácita nos termos do Art. 4.º da Lei
Complementar Federal n.º 24/75. Incorporação no DOE de 29.09.2003, pela Resolução SER n.º
48/2003.
[22]http://www.sef.mg.gov.br/slt/leis/l13435_1999.htm
[23] www.tangaradaserra.mt.gov.br/cidadao/mleis.asp?codigo=861/30-01-2003.
[24] http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/Refis/refis.htm#Objetivo
[25] Ob.cit.p69.
[26] www.sacha.adv.br/principal.htm.
[28] Ob.Cit.p.575.
[29] http://www.aldemario.adv.br/artigo1.htm
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